A foto da direita é tudo aquilo que, em termos de imagem, se pode obter, sobre a Capela do Espírito Santo, no novo site camarário. Esta foto não é passível de ampliação. A foto da esquerda é a que consta do site da Junta de Freguesia de Santiago, já depois de ampliada uma primeira vez. Pode ainda ser ampliada novamente. Depois disto, cabe ao leitor tirar as devidas conclusões. Mais palavras para quê?
quinta-feira, 31 de maio de 2007
O carro de som
Abençoada seja a Senhora Câmara, que parece nadar em dinheiro! A ronda do carro de som, que por aí anda, desalmadamente, apregoando aos quatro ventos os foros territoriais do Orçamento Participativo, foi contratada a uma conhecida empresa privada. Depois do assessor, o megafone. À razão de 13 reuniões, a coisa deve ficar a um preço módico. E que tal colocarem também estes gastos sob os desígnios do pagode?
A acta
O Secretário do Presidente da Câmara, que é também o chefe da redacção do “Raio de Luz”, assina, no último número deste mensário, um pormenorizado relato sobre a cerimónia de imposição das condecorações municipais. Admiram-se de quê? Não é ao Secretário que cabe redigir a acta?
Prémio Sequerra (2)
Pelo segundo mês consecutivo, o Prémio Sequerra, destinado a premiar a independência, a isenção e a objectividade da nossa imprensa local, vai direitinho para o “Raio de Luz”. No número de Maio, António Marques assina a prosa agora laureada, que é sobre o novo Espaço Zambujal. Segue o excerto decisivo: Com este projecto agora materializado e colocado ao serviço das populações e colectividades da freguesia e do concelho o executivo e o Presidente da Junta de Freguesia do Castelo, o Dr. Francisco de Jesus merecem os nossos parabéns já que era, aliás, uma ideia que a Junta de Freguesia vinha há alguns anos a tentar dinamizar. É sempre assim, o pensar e falar é uma coisa, o fazer é outra completamente diferente.
De repente, não me perguntem porquê, lembrei-me do estatuto editorial do “Raio de Luz”…
De repente, não me perguntem porquê, lembrei-me do estatuto editorial do “Raio de Luz”…
Tenham vergonha!
Perante as múltiplas entradas aqui publicadas, a Câmara Municipal de Sesimbra parece ter sentido a necessidade de, nos últimos dias, se desdobrar, via Sesimbra FM, em sucessivas explicações sobre o novo site municipal. Dizem que a coisa está em fase experimental, e que ainda estão a proceder a ajustamentos, a actualizar conteúdos. Esta prosápia é notável, e até espantosa. Estão a ajustar o quê? O sistema métrico? A experimentar o quê? A sintaxe, que tão vilipendiada foi nalgumas passagens do novo portal? E quando irão actualizar o inexplicável silêncio lançado, na Sesimbr'AconteceNet, sobre a iniciativa que a Biblioteca Municipal promove hoje à noite? Amanhã?
Em dez meses, em dez longos meses, não tiveram informação suficiente para escrever meia dúzia de linhas de apresentação da Capela do Espírito Santo?
Dez meses, dez longos meses, dois deles consabidamente em testes, não serviram para afinar o produto?
Tenham vergonha!
Em dez meses, em dez longos meses, não tiveram informação suficiente para escrever meia dúzia de linhas de apresentação da Capela do Espírito Santo?
Dez meses, dez longos meses, dois deles consabidamente em testes, não serviram para afinar o produto?
Tenham vergonha!
quarta-feira, 30 de maio de 2007
Letras são tretas (2)
Eu bem dizia que a coisa ia ser vista à lupa. Navegando no novo site camarário, constatei agora que os maravilhosos textos sobre as lendas já não estão on-line. Moral da história: O cavaleiro da lenda das três bolas de ouro foi apeado. A caixa grande do Senhor das Chagas já não voa por sobre a Pedra Alta. E o grande mouro, que levou os três bananos no tempo de D. Afonso Henriques, seguiu as pisadas do Orçamento Participativo. Ficou KO.
Letras são tretas (1)
No site da Câmara, a sessão de amanhã, na Biblioteca, sobre a pesca do bacalhau continua fora da agenda Sesimbr’AconteceNet. Mas as áreas das freguesias do Castelo e da Quinta do Conde já foram corrigidas. Esta gente é assim, só lá vai com o rigor da matemática, não se convence com duas cantigas, apenas cede perante os números. Má sorte a da Biblioteca, que tem de lidar com palavras…
A coisa está preta
Augusto e Felícia vão acabar o mês, que ainda corre, tal e qual como o começaram: mal, muito mal - como quem está de saída.
As corridas do primeiro de Maio e as medalhas das Chagas estiveram às moscas. O arranque do Orçamento Participativo, que ontem se revelou o fiasco dos fiascos, demonstra à puridade que o PC já nem sequer consegue mobilizar os seus.
O novo site camarário, parido ao fim de quase um ano, e zurzido em dois tempos, é uma lástima sob diversos pontos de vista. O “Sesimbra Município” veio com um chorrilho de asneiras. A “Sesimbr’Acontece”, à parte os tiques estalinistas, mostra ser um título de inspiração coimbrã.
Os militantes que escrevem nos jornais encetaram a via arrogante do autismo político. Pretendem fazer-nos crer que os comunistas sesimbrenses, ungidos de uma superioridade moral que ainda ninguém vislumbrou, são diferentes, cumprem as suas promessas e fazem obra incomparável. Ontem mesmo, Fernando Patrício, num acabado exercício de humor, escreveu, no “Notícias da Zona”, que “há obras por todo o concelho”. Talvez se estivesse a referir à instalação de marquises ou à construção de barbecues. Ao consultar o novo site da Câmara, apenas vejo assinaladas três obras no terreno, pois as do Vereador Gameiro não contam. Assinaladas com três pontos negros, acrescente-se. De facto, a coisa está preta.
As corridas do primeiro de Maio e as medalhas das Chagas estiveram às moscas. O arranque do Orçamento Participativo, que ontem se revelou o fiasco dos fiascos, demonstra à puridade que o PC já nem sequer consegue mobilizar os seus.
O novo site camarário, parido ao fim de quase um ano, e zurzido em dois tempos, é uma lástima sob diversos pontos de vista. O “Sesimbra Município” veio com um chorrilho de asneiras. A “Sesimbr’Acontece”, à parte os tiques estalinistas, mostra ser um título de inspiração coimbrã.
Os militantes que escrevem nos jornais encetaram a via arrogante do autismo político. Pretendem fazer-nos crer que os comunistas sesimbrenses, ungidos de uma superioridade moral que ainda ninguém vislumbrou, são diferentes, cumprem as suas promessas e fazem obra incomparável. Ontem mesmo, Fernando Patrício, num acabado exercício de humor, escreveu, no “Notícias da Zona”, que “há obras por todo o concelho”. Talvez se estivesse a referir à instalação de marquises ou à construção de barbecues. Ao consultar o novo site da Câmara, apenas vejo assinaladas três obras no terreno, pois as do Vereador Gameiro não contam. Assinaladas com três pontos negros, acrescente-se. De facto, a coisa está preta.
KO ao primeiro round
O Orçamento Participativo ficou KO logo ao primeiro round. Aconteceu ontem, no Auditório Conde de Ferreira, sala onde marcaram presença 31 pessoas, boa parte das quais afecta ao poder comunista, para escolherem os 7 delegados que cabem à freguesia de Santiago. Sob qualquer ponto de vista, o luminoso fiasco fere de morte, per omnia seculum seculorum, a legitimidade da coisa. A Augusto e Felícia nem sequer valeram as diligências do carro de som que, nos últimos dias, percorreu a vila num frenesim. Mas, diga-se em abono da verdade, este notável expediente soviético que dá pelo nome de Orçamento Participativo já serviu para alguma coisa: a contratação, ad hoc, de mais um assessor, um destacado militante comunista vindo de fora.
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terça-feira, 29 de maio de 2007
Cardos e papoilas
Um comentário feito à entrada anterior chamou-me a atenção. Procurei informar-me. Confirmei, há pouco, que praticamente toda a vegetação rasteira do Castelo de Sesimbra foi dizimada pela aplicação de um herbicida. Hoje mesmo, uma visita pedagógica ao local foi transferida para outra paragem, fora das muralhas.
Esequiel Lino deixou que o único monumento nacional do concelho se transformasse numa alfurja tremenda e num antro de meliantes. Quem veio a seguir pôs ordem na casa, lavou-lhe a cara, devolveu-lhe a vida perdida e deu passos muito significativos para recuperá-la. Presentemente, é a desolação que se vê. O marasmo da estagnação, próprio de quem gasta em fogo de vista o que tem e o que não tem. E um ódio surdo à Natureza, no pino da Primavera: uma rasoira cega ceifando, na mesma leva, cardos e papoilas.
Esequiel Lino deixou que o único monumento nacional do concelho se transformasse numa alfurja tremenda e num antro de meliantes. Quem veio a seguir pôs ordem na casa, lavou-lhe a cara, devolveu-lhe a vida perdida e deu passos muito significativos para recuperá-la. Presentemente, é a desolação que se vê. O marasmo da estagnação, próprio de quem gasta em fogo de vista o que tem e o que não tem. E um ódio surdo à Natureza, no pino da Primavera: uma rasoira cega ceifando, na mesma leva, cardos e papoilas.
Paródia
A CDU, pelos vistos, quer paródia. Agora foi Fernando Patrício, nas páginas do “Notícias da Zona”, num artigo em que nos vem lembrar que a coligação, ao contrário de outras forças políticas do concelho, honra os seus compromissos. Trata-se, segundo o autarca, de “uma força política de palavra que trabalha com honestidade e competência”. Presunção e água benta…
Mas vamos aos factos. Para o líder da bancada da CDU na Assembleia Municipal, em matéria de espaços verdes – pois que disso se trata neste número do NZ –, o cumprimento de promessas por parte do poder comunista consistiu, até ao momento, no seguinte, que passo a citar:
1.º Na Quinta do Conde, a CDU vai construir “o maior espaço verde do Concelho junto ao supermercado Modelo”;
2.º “Na freguesia de Santiago, por detrás da Biblioteca, um antigo depósito de lixo é hoje um parque de merendas”;
3.º “Na freguesia do Castelo nasce um espaço verde na Charneca da Caparica (SIC!) enquanto que outro foi construído na Carrasqueira junto aos centros comerciais Plus e Super Sol”;
4.º A CDU aposta “na valorização da mata de Sesimbra, um projecto que segundo a WWF (uma organização ecologista internacional com mais de 5 milhões de membros) é um exemplo para o mundo”.
Registando esta atracção fatal, que invariavelmente associa os espaços verdes a zonas comerciais e empreendimentos imobiliários, devo lembrar a Fernando Patrício que o parque anunciado para a Quinta do Conde vale aquilo que vale, pois, por ora, não passa de uma simples promessa. Tiro na água.
Por detrás da Biblioteca está o Cine-Teatro. Espero que não queiram trazer farnéis para o foyer. Quando se chega da Quinta do Conde para liderar uma bancada da Assembleia Municipal, convém conhecer a sede do concelho, saber um pouco daquilo que se fala. Se, porventura, Fernando Patrício confundiu a Biblioteca com o Ginásio (acredito que não lhe faça grande diferença) e se está a referir à Mata do Desportivo, deveria ser um pouco mais prudente naquilo que afirma, inteirar-se do historial do espaço, saber em que grau de imundície foi o mesmo herdado da gestão de Esequiel Lino, e não se pôr agora a ver espaços verdes, por dá cá aquela palha, onde não há senão uma ou duas mesas destinadas à ingestão de couratos.
Quanto ao que diz do Castelo, é tudo tão pífio, que me limitarei a um convite: experimente Fernando Patrício passear, numa tarde de Verão, no espaço verde junto ao Plus.
Nas páginas seguintes deste número do jornal, Augusto consegue ser honesto quando torce o rabo à porca, para admitir que o concelho não tem um único grande parque urbano. A sinceridade fica-lhe bem. Pena que, na campanha de 2005, tenha prometido, num piscar de olhos, se a memória me não atraiçoa, dois desses magníficos parques urbanos. Ficamos à espera. Afinal, a CDU cumpre as suas promessas.
Mas vamos aos factos. Para o líder da bancada da CDU na Assembleia Municipal, em matéria de espaços verdes – pois que disso se trata neste número do NZ –, o cumprimento de promessas por parte do poder comunista consistiu, até ao momento, no seguinte, que passo a citar:
1.º Na Quinta do Conde, a CDU vai construir “o maior espaço verde do Concelho junto ao supermercado Modelo”;
2.º “Na freguesia de Santiago, por detrás da Biblioteca, um antigo depósito de lixo é hoje um parque de merendas”;
3.º “Na freguesia do Castelo nasce um espaço verde na Charneca da Caparica (SIC!) enquanto que outro foi construído na Carrasqueira junto aos centros comerciais Plus e Super Sol”;
4.º A CDU aposta “na valorização da mata de Sesimbra, um projecto que segundo a WWF (uma organização ecologista internacional com mais de 5 milhões de membros) é um exemplo para o mundo”.
Registando esta atracção fatal, que invariavelmente associa os espaços verdes a zonas comerciais e empreendimentos imobiliários, devo lembrar a Fernando Patrício que o parque anunciado para a Quinta do Conde vale aquilo que vale, pois, por ora, não passa de uma simples promessa. Tiro na água.
Por detrás da Biblioteca está o Cine-Teatro. Espero que não queiram trazer farnéis para o foyer. Quando se chega da Quinta do Conde para liderar uma bancada da Assembleia Municipal, convém conhecer a sede do concelho, saber um pouco daquilo que se fala. Se, porventura, Fernando Patrício confundiu a Biblioteca com o Ginásio (acredito que não lhe faça grande diferença) e se está a referir à Mata do Desportivo, deveria ser um pouco mais prudente naquilo que afirma, inteirar-se do historial do espaço, saber em que grau de imundície foi o mesmo herdado da gestão de Esequiel Lino, e não se pôr agora a ver espaços verdes, por dá cá aquela palha, onde não há senão uma ou duas mesas destinadas à ingestão de couratos.
Quanto ao que diz do Castelo, é tudo tão pífio, que me limitarei a um convite: experimente Fernando Patrício passear, numa tarde de Verão, no espaço verde junto ao Plus.
Nas páginas seguintes deste número do jornal, Augusto consegue ser honesto quando torce o rabo à porca, para admitir que o concelho não tem um único grande parque urbano. A sinceridade fica-lhe bem. Pena que, na campanha de 2005, tenha prometido, num piscar de olhos, se a memória me não atraiçoa, dois desses magníficos parques urbanos. Ficamos à espera. Afinal, a CDU cumpre as suas promessas.
segunda-feira, 28 de maio de 2007
Nada será como dantes...
Pelas contas do novo site camarário, a freguesia da Quinta do Conde também sai muito beneficiada. São 1422 quilómetros quadrados. Nada será como dantes...
Nem tanto ao mar...
Pela leitura, sempre aprazível, do novo site camarário, fico a saber que a freguesia do Castelo tem uma área de 17877 quilómetros quadrados. A prodigiosa informação de Augusto opera milagres. Consta que holandeses e israelitas vêm a caminho. Querem saber como se faz…
Dão-se alvíssaras...
Por que será que, no novo site da Câmara, a iniciativa da Biblioteca Municipal sobre a pesca do bacalhau, aprazada para o próximo dia 31, Dia do Pescador, continua omissa, não constando da agenda on-line Sesimbr’AconteceNet? Será descaramento? Será teimosia? O controleiro dos blogues está de folga? Entrou em férias? Ou meteu baixa? Dão-se alvíssaras…
Uma imensa trapalhada
Dêem-me o devido desconto, pois eu não ouvi a emissão da Sesimbra FM. Mas, a fazer fé nesta estação, parece que Miguel Manso, o editor do novo site camarário, terá hoje, perante os jornalistas, na apresentação do projecto, pedido aos munícipes que possam ter críticas a fazer ao portal agora estreado (bem como às publicações camarárias), que as apresentem on-line, no próprio site, e não “na rua”. Ao que parece, Miguel Manso também esclareceu que a responsabilidade do novo site é do Gabinete de Informação e Relações Públicas da edilidade.
O pedido de Miguel Manso, ao jeito de quem não quer que o poder caia na rua, a ser exacto, deixa-me estupefacto. Os regimes de partido único, como o do Dr. Salazar, começaram assim. Se a moda sugerida pegar, lá terá a CGTP de abandonar as tradicionais “manifs” e ir cordatamente apresentar os seus queixumes ao primeiro-ministro. Já não bastava a Augusto e Felícia a responsabilidade, em última instância, pelo site desastroso que foi posto em linha. Terão, agora, também de explicar a imensa trapalhada que são estas declarações.
O pedido de Miguel Manso, ao jeito de quem não quer que o poder caia na rua, a ser exacto, deixa-me estupefacto. Os regimes de partido único, como o do Dr. Salazar, começaram assim. Se a moda sugerida pegar, lá terá a CGTP de abandonar as tradicionais “manifs” e ir cordatamente apresentar os seus queixumes ao primeiro-ministro. Já não bastava a Augusto e Felícia a responsabilidade, em última instância, pelo site desastroso que foi posto em linha. Terão, agora, também de explicar a imensa trapalhada que são estas declarações.
domingo, 27 de maio de 2007
www.desvergonha.cms.pt (4)
À lupa
Se bem me lembro, o candidato Augusto prometeu transformar Sesimbra no maior destino turístico da península de Setúbal. Por isso, mal se percebe que as fotos do novo site sejam minúsculas e não se deixem ampliar. Mas, bem vistas as coisas, não virá daí grande mal ao mundo. Pelas amostras que pude ler, algo que me diz que, em breve, todo o portal terá de ser visto à lupa. A questão resume-se ao seguinte: a rapariga regressa do posto do turismo ou, depois das trutas arrecadadas no Seixal, irão finalmente pescar à linha em Almada? Valha-lhes o Cristo-Rei!
Se bem me lembro, o candidato Augusto prometeu transformar Sesimbra no maior destino turístico da península de Setúbal. Por isso, mal se percebe que as fotos do novo site sejam minúsculas e não se deixem ampliar. Mas, bem vistas as coisas, não virá daí grande mal ao mundo. Pelas amostras que pude ler, algo que me diz que, em breve, todo o portal terá de ser visto à lupa. A questão resume-se ao seguinte: a rapariga regressa do posto do turismo ou, depois das trutas arrecadadas no Seixal, irão finalmente pescar à linha em Almada? Valha-lhes o Cristo-Rei!
www.desvergonha.cms.pt (3)
Arquivo cesto
Ao que parece, o Arquivo Municipal não quis deixar de se associar a esta festa tão bonita, tão popular e tão comovente como é a do novo site da Câmara Municipal de Sesimbra. Ou não fosse verdade que, e passo a citar, de acordo com as prioridades definidas existem um conjunto de tarefas a realizar por este serviço. Se os senhores nos dizem que existem um conjunto de tarefas é porque existem, e pronto. Quem pensar o contrário deve julgar que num Arquivo, além de catalogarem e guardarem papéis, ainda têm de saber escrevê-los. Ou então tem a presunção de acreditar que alguém há-de rever as prosas dos arquivistas. Era só o que faltava.
Ao que parece, o Arquivo Municipal não quis deixar de se associar a esta festa tão bonita, tão popular e tão comovente como é a do novo site da Câmara Municipal de Sesimbra. Ou não fosse verdade que, e passo a citar, de acordo com as prioridades definidas existem um conjunto de tarefas a realizar por este serviço. Se os senhores nos dizem que existem um conjunto de tarefas é porque existem, e pronto. Quem pensar o contrário deve julgar que num Arquivo, além de catalogarem e guardarem papéis, ainda têm de saber escrevê-los. Ou então tem a presunção de acreditar que alguém há-de rever as prosas dos arquivistas. Era só o que faltava.
www.desvergonha.cms.pt (2)
As lêndeas
Uma das boas inovações do site da responsabilidade de Augusto e Felícia é a rubrica dedicada ao “património lendário”. Convenhamos que a escrita empregue, de tão criativa, torna a designação profética. Aqui vão alguns saborosos nacos de prosa.
Primeiro. Sobre a lenda da Senhora do Cabo, pode-se ler penosamente o seguinte: Durante várias noites, um velho de Alcabideche via brilhar no Espichel uma luz, que a Virgem Maria em sonho lhe explicou tratar-se de uma representação da sua imagem, seguindo o velho até lá, quando na Caparica encontra uma velha com o mesmo sonho.
Não discuto que a luz seja uma representação de uma imagem da Virgem Maria: a minha teologia não chega para tanto. Já a pontuação adoptada e a sintaxe engendrada deixaram-me sem fôlego. Calculo que, perante este tratado da arte de mal escrever, Augusto fique sem pinga de sangue.
Segundo. Na abordagem à lenda das três bolas de ouro, o cavaleiro, perdão, o cavalheiro começa assim: Numa noite escura, um cavaleiro chegou a Sesimbra em busca de uma parteira que socorresse um nascimento no campo, tendo Leonor Maria acudido aos pedidos de ajuda de um cavaleiro, que a fez subir para o cavalo, vendou-a e levou-a consigo.
Não é por nada, mas isto de cavaleiros em Sesimbra tem muito – mas mesmo muito – que se lhe diga. Por isso, não me espanta que um deles venha agora implorar à Leonor Maria que socorra um nascimento. Se fôssemos mal intencionados, poderíamos pensar que à pobre da Leonor lhe foi pedido que acudisse a uma dama em trabalhos de parto. Mas não. Trata-se, exacta e rigorosamente, de “socorrer um nascimento”, seja lá isso o que for. A pontuação, esgalhada em estilo mata-cavalos, com as vírgulas a galope, mantém-se absolutamente notável. Já o encadeamento das frases é de tal modo exemplar, que ficamos sem perceber se o cavaleiro que vendou a Leonor era o mesmo que, três linhas antes, havia começado a história. Cada um é para o que nasce, e o redactor do portal não nasceu para isto. Numa questão de cavaleiros, ou Augusto toma as rédeas em mãos ou a carroça acaba por tombar.
Terceiro. Sobre o Senhor das Chagas, o novel site começa por rezar assim: Segundo a tradição, em torno do ano de 1536 terá aparecido nas praias de Sesimbra uma grande caixa com a imagem de um cristo crucificado, por sobre uma pedra que a areia nunca cobriu, tendo esta imagem sido levada para a capela da Misericórdia.
Uma caixa grande surgindo “em torno” do ano de 1536, e “por sobre” uma pedra poderia bem ser a legenda de um daqueles quadros de Salvador Dali em que os relógios derretem e o diabo a sete. Mas não. Corações ao alto! Semelhante pérola é nossa, muita nossa, só nossa, Ká-da-Casa, made in Augusto, olareques!
Quarto. Só mais uma, e sem comentários, que não são precisos para nada: Preparava D. Afonso Henriques a conquista de Sesimbra, enviando um seu emissário, Pero Moniz, declarar guerra ao rei de Badajoz, sendo este cavaleiro ofendido por um grande árabe, que em resposta recebeu três fortes socos que o prostraram por terra.
Uma das boas inovações do site da responsabilidade de Augusto e Felícia é a rubrica dedicada ao “património lendário”. Convenhamos que a escrita empregue, de tão criativa, torna a designação profética. Aqui vão alguns saborosos nacos de prosa.
Primeiro. Sobre a lenda da Senhora do Cabo, pode-se ler penosamente o seguinte: Durante várias noites, um velho de Alcabideche via brilhar no Espichel uma luz, que a Virgem Maria em sonho lhe explicou tratar-se de uma representação da sua imagem, seguindo o velho até lá, quando na Caparica encontra uma velha com o mesmo sonho.
Não discuto que a luz seja uma representação de uma imagem da Virgem Maria: a minha teologia não chega para tanto. Já a pontuação adoptada e a sintaxe engendrada deixaram-me sem fôlego. Calculo que, perante este tratado da arte de mal escrever, Augusto fique sem pinga de sangue.
Segundo. Na abordagem à lenda das três bolas de ouro, o cavaleiro, perdão, o cavalheiro começa assim: Numa noite escura, um cavaleiro chegou a Sesimbra em busca de uma parteira que socorresse um nascimento no campo, tendo Leonor Maria acudido aos pedidos de ajuda de um cavaleiro, que a fez subir para o cavalo, vendou-a e levou-a consigo.
Não é por nada, mas isto de cavaleiros em Sesimbra tem muito – mas mesmo muito – que se lhe diga. Por isso, não me espanta que um deles venha agora implorar à Leonor Maria que socorra um nascimento. Se fôssemos mal intencionados, poderíamos pensar que à pobre da Leonor lhe foi pedido que acudisse a uma dama em trabalhos de parto. Mas não. Trata-se, exacta e rigorosamente, de “socorrer um nascimento”, seja lá isso o que for. A pontuação, esgalhada em estilo mata-cavalos, com as vírgulas a galope, mantém-se absolutamente notável. Já o encadeamento das frases é de tal modo exemplar, que ficamos sem perceber se o cavaleiro que vendou a Leonor era o mesmo que, três linhas antes, havia começado a história. Cada um é para o que nasce, e o redactor do portal não nasceu para isto. Numa questão de cavaleiros, ou Augusto toma as rédeas em mãos ou a carroça acaba por tombar.
Terceiro. Sobre o Senhor das Chagas, o novel site começa por rezar assim: Segundo a tradição, em torno do ano de 1536 terá aparecido nas praias de Sesimbra uma grande caixa com a imagem de um cristo crucificado, por sobre uma pedra que a areia nunca cobriu, tendo esta imagem sido levada para a capela da Misericórdia.
Uma caixa grande surgindo “em torno” do ano de 1536, e “por sobre” uma pedra poderia bem ser a legenda de um daqueles quadros de Salvador Dali em que os relógios derretem e o diabo a sete. Mas não. Corações ao alto! Semelhante pérola é nossa, muita nossa, só nossa, Ká-da-Casa, made in Augusto, olareques!
Quarto. Só mais uma, e sem comentários, que não são precisos para nada: Preparava D. Afonso Henriques a conquista de Sesimbra, enviando um seu emissário, Pero Moniz, declarar guerra ao rei de Badajoz, sendo este cavaleiro ofendido por um grande árabe, que em resposta recebeu três fortes socos que o prostraram por terra.
www.desvergonha.cms.pt (1)
Estaline on-line
Já está em linha o novo site da Câmara Municipal de Sesimbra. A gestão comunista andou meses a fio a anunciá-lo com indisfarçável excitação. Para quem, como eu, estava de fora, terá mesmo chegado a passar a ideia de que a oitava maravilha do mundo informático vinha a caminho. Mas, como se tornou hábito, a partida foi dada com um tiro de pólvora muito seca.
Do prisma informativo, os tiques estalinistas são bem evidentes. Deixo-vos apenas dois exemplos:
Primeiro: A agenda Sesimbr’AconteceNet anuncia, para o próximo dia 31, diversos eventos no âmbito das comemorações do Dia do Pescador. Misteriosamente, não alude à sessão sobre a pesca do bacalhau que, nessa noite, vai ter lugar na Biblioteca Municipal de Sesimbra. Foi, seguramente, falta de espaço. Sim, só pode ter sido isso, falta de espaço.
Segundo: Na área da Cultura, são indicados os três actuais núcleos do Museu Municipal. O Núcleo de Arqueologia e a Exposição Museu do Mar têm direito, cada qual, a um texto de apresentação, ilustrado com uma fotografia. Porém, ao clicarmos no Núcleo da Capela do Espírito Santo, caímos no regaço da Branca de Neve. Nem uma palavra. Nem uma imagem. Branco mais branco não há. Coisa estranha, insólita e bizarra: o mais importante projecto museológico até hoje concretizado no concelho – e o único cujas colecções estão devidamente estudadas e divulgadas em catálogo – é descaradamente desprezado pela gestão estalinista de Augusto. A anatomia não explica tudo. A dor de cotovelo cega…
Já está em linha o novo site da Câmara Municipal de Sesimbra. A gestão comunista andou meses a fio a anunciá-lo com indisfarçável excitação. Para quem, como eu, estava de fora, terá mesmo chegado a passar a ideia de que a oitava maravilha do mundo informático vinha a caminho. Mas, como se tornou hábito, a partida foi dada com um tiro de pólvora muito seca.
Do prisma informativo, os tiques estalinistas são bem evidentes. Deixo-vos apenas dois exemplos:
Primeiro: A agenda Sesimbr’AconteceNet anuncia, para o próximo dia 31, diversos eventos no âmbito das comemorações do Dia do Pescador. Misteriosamente, não alude à sessão sobre a pesca do bacalhau que, nessa noite, vai ter lugar na Biblioteca Municipal de Sesimbra. Foi, seguramente, falta de espaço. Sim, só pode ter sido isso, falta de espaço.
Segundo: Na área da Cultura, são indicados os três actuais núcleos do Museu Municipal. O Núcleo de Arqueologia e a Exposição Museu do Mar têm direito, cada qual, a um texto de apresentação, ilustrado com uma fotografia. Porém, ao clicarmos no Núcleo da Capela do Espírito Santo, caímos no regaço da Branca de Neve. Nem uma palavra. Nem uma imagem. Branco mais branco não há. Coisa estranha, insólita e bizarra: o mais importante projecto museológico até hoje concretizado no concelho – e o único cujas colecções estão devidamente estudadas e divulgadas em catálogo – é descaradamente desprezado pela gestão estalinista de Augusto. A anatomia não explica tudo. A dor de cotovelo cega…
sexta-feira, 25 de maio de 2007
Deitar contas à vida
Anteontem, ao dar-me conta de que passei a morar no Norte do Alentejo, sofri um abalo psíquico. Profundo. Com o devido respeito - sempre de grande conveniência nos dias que correm -, confesso-vos que estou a pensar em mudar de poiso, para um sítio algures a norte do Tejo ou lá para baixo, para o Allgarve de Pinho. O que Augusto e Lino (o outro) não tinham conseguido (fazerem-me vacilar), logrou-o agora o Dr. Almeida Santos com o oportuno lembrete das pontes dinamitadas pelos terroristas.
quarta-feira, 23 de maio de 2007
E para Alfarim, não vai nada, nada, nada?
O Marquês de Pombal de Alfarim deixou alguns comentários na anterior entrada da “Magra Carta”, elogiando o trabalho do actual executivo camarário. Deve tratar-se de um presumível fidalgo lá do sítio. Por isso, talvez me saiba dizer quando é que a edilidade, no seu agora proclamado ímpeto obreiro, se digna requalificar o largo de Alfarim: será no Verão, no meio da azáfama banhista? Ou no Inverno, por alturas da festa local? E, já agora, as obras de saneamento naquela aldeia, com arranque previsto para Junho, que inspiraram a capa da manilha aos "designers" do boletim municipal, quando é que dão sinais de vida?
terça-feira, 22 de maio de 2007
Se fosse eu, tingia a cara de negro...
Convenhamos que não há muito mais a esperar de uma câmara municipal de acentuado pendor marxista-leninista, como, presentemente, é o caso da de Sesimbra. Pelo que se vê, a religião só é fato que lhes sirva quando se presta a animar o Carnaval todo o ano. Ora, com a Festa das Chagas é diferente, a coisa fia mais fino, e a estrutura solene, tradicional e compassada da procissão corta as vazas aos penetras e aos arrivistas. Por isso, a importância que o boletim municipal, no seu último número, deixou de dar à Festa é de uma eloquência acabada. Uma oitava parte de página par, ao fundo, soterrada pela notícia, extremamente relevante, dos aniversários do “Jornal de Sesimbra” e da “Sesimbra FM”. Já o tamanho da fotografia avivou-me na memória, por alguns segundos, os fantásticos desenhos da série “Onde está o Wally?”.
Mas uma desgraça nunca vem só. Repare-se na peregrina sintaxe do primeiro período do escrito, que, para geral ilustração, passo a transcrever: “As Comemorações da Festa em Honra do Senhor Jesus das Chagas, Padroeiro dos pescadores de Sesimbra, teve o seu grande momento, durante a habitual procissão, entre a Capela da Misericórdia e a Igreja Matriz, no dia 4 de Maio”. Como é que foi que disse? Importa-se de repetir? As Comemorações teve? Não será antes As Comemorações tiveram? E Augusto, que terá ele para nos dizer, agora que a jornalista efectiva de “O Sesimbrense” foi despachada para o Posto de Turismo? Honra seja feita à rapariga, estou em crer que ela, como pexita que é, pelo menos nunca faria decorrer a procissão de 4 de Maio entre a Capela da Misericórdia e a Igreja Matriz, pois, na verdade, o trajecto é o inverso. Claro está que no Seixal, além de serem pouco dados à gramática, não devem fazer a mais pequena ideia da coisa…
Mas uma desgraça nunca vem só. Repare-se na peregrina sintaxe do primeiro período do escrito, que, para geral ilustração, passo a transcrever: “As Comemorações da Festa em Honra do Senhor Jesus das Chagas, Padroeiro dos pescadores de Sesimbra, teve o seu grande momento, durante a habitual procissão, entre a Capela da Misericórdia e a Igreja Matriz, no dia 4 de Maio”. Como é que foi que disse? Importa-se de repetir? As Comemorações teve? Não será antes As Comemorações tiveram? E Augusto, que terá ele para nos dizer, agora que a jornalista efectiva de “O Sesimbrense” foi despachada para o Posto de Turismo? Honra seja feita à rapariga, estou em crer que ela, como pexita que é, pelo menos nunca faria decorrer a procissão de 4 de Maio entre a Capela da Misericórdia e a Igreja Matriz, pois, na verdade, o trajecto é o inverso. Claro está que no Seixal, além de serem pouco dados à gramática, não devem fazer a mais pequena ideia da coisa…
sexta-feira, 18 de maio de 2007
É pena
Estes últimos episódios que envolvem "O Sesimbrense" constituem temas de actualidade picante, fricativa, certamente, mas nem por isso menos triste e lamentável.
"O Sesimbrense" não é um jornaleco qualquer, tem pergaminhos, mereceu respeito, tem uma longa e honrosa história.
Mas um jornal vale o que valerem as pessoas que o fazem, que o representam e que o simbolizam.
Sem grande margem de erro, podemos pensar que a entrada em cena da Liga dos Amigos de Sesimbra foi um factor de desagregação do jornal que deveria ser a face mais visível (ou mesmo a única) de uma instituição fantasma, virtual, inócua, que apenas serviu para distribuir mais uns títulos supostamente honoríficos a uns quantos senadores de opereta que forçaram a saída de Carlos Batista (a pretexto de não ser vice-presidente da Liga) para colocar no seu lugar David Sequerra que (estranha e ironicamente) também não era, na altura, vice-presidente da dita Liga.
O resto foi o que se sabe. Culpados, alguns, vítimas, muitas, todos os leitores.
E, sobretudo, o próprio jornal que é, hoje, uma barca arrombada, sem arrais e sem rumo.
O pior terá, porventura, sido a agonia e o descrédito dos últimos anos, com "O Sesimbrense" a servir de palco de vaidades, de trampolim de ambições, abdicando da sua isenção, numa colagem flagrante a actores políticos.
A Dra. Isabel Peneque é, muito provavelmente, a menos culpada, e talvez o seu grande equívoco tenha sido aceitar um lugar para o qual não está, visivelmente, preparada.
É este nosso pequeno mundo, feito de ilusão de glória, de protagonismo de pechisbeque, de mediocridade pretensiosa.
E é pena...
"O Sesimbrense" não é um jornaleco qualquer, tem pergaminhos, mereceu respeito, tem uma longa e honrosa história.
Mas um jornal vale o que valerem as pessoas que o fazem, que o representam e que o simbolizam.
Sem grande margem de erro, podemos pensar que a entrada em cena da Liga dos Amigos de Sesimbra foi um factor de desagregação do jornal que deveria ser a face mais visível (ou mesmo a única) de uma instituição fantasma, virtual, inócua, que apenas serviu para distribuir mais uns títulos supostamente honoríficos a uns quantos senadores de opereta que forçaram a saída de Carlos Batista (a pretexto de não ser vice-presidente da Liga) para colocar no seu lugar David Sequerra que (estranha e ironicamente) também não era, na altura, vice-presidente da dita Liga.
O resto foi o que se sabe. Culpados, alguns, vítimas, muitas, todos os leitores.
E, sobretudo, o próprio jornal que é, hoje, uma barca arrombada, sem arrais e sem rumo.
O pior terá, porventura, sido a agonia e o descrédito dos últimos anos, com "O Sesimbrense" a servir de palco de vaidades, de trampolim de ambições, abdicando da sua isenção, numa colagem flagrante a actores políticos.
A Dra. Isabel Peneque é, muito provavelmente, a menos culpada, e talvez o seu grande equívoco tenha sido aceitar um lugar para o qual não está, visivelmente, preparada.
É este nosso pequeno mundo, feito de ilusão de glória, de protagonismo de pechisbeque, de mediocridade pretensiosa.
E é pena...
A chave da vida
Os armazéns Saint Pierre são uma instituição lendária, cinco andares imutáveis, cheios de tecidos e de memórias, ali mesmo na falda, base ou sopé do Sacré Coeur.
O elevador é, só por si, um poema. Arranca do rés-do-chão e só pára no quinto andar.
Depois, vagarosamente, desce, parando em todas as estações e apeadeiros cujos nomes nos são anunciados por um homenzinho patusco que desempenha com grande dignidade e amor o seu papel de cicerone naquele universo de cortinados, lençóis, almofadas, atoalhados, tapetes, eu sei lá.
O elevador da sua vida já chegou para cima dos setenta, pela certa. Parece um velho actor, de voz colocada, repetindo as deixas sem falhas, com suavidade e perceptível ternura, como se aquela caixa que se enche de uma vez e se esvazia aos poucos fosse a sua casa, melhor, a sua vida.
Quando nos deseja, com certa cerimónia e humildade simpática, um bom resto de dia, temos vontade de bater palmas e chamá-lo à boca de cena, encore, encore...
Pergunto a mim mesmo quantos anos terá aquele homem passado no elevador, rodeado de desconhecidos que sobem e descem sem lhe ligar, numa indiferença que não o impede de representar o seu admirável papel de anfitrião, como se Saint Pierre fosse ele próprio.
Por que trabalhará ainda? Terá família? Será aquela a sua forma de fugir à solidão?
Se eu fosse o comissário Maigret, esperá-lo-ia à saída do trabalho, convidá-lo-ia para beber um "demi" bem tirado, numa esplanada, e procuraria compreender o que leva aquele homem a passar o que lhe resta de vida dentro de um elevador que só pára quando desce.
Talvez ele seja feliz assim, não sei. É um segredo cuja chave talvez só Saint Pierre possua...
O elevador é, só por si, um poema. Arranca do rés-do-chão e só pára no quinto andar.
Depois, vagarosamente, desce, parando em todas as estações e apeadeiros cujos nomes nos são anunciados por um homenzinho patusco que desempenha com grande dignidade e amor o seu papel de cicerone naquele universo de cortinados, lençóis, almofadas, atoalhados, tapetes, eu sei lá.
O elevador da sua vida já chegou para cima dos setenta, pela certa. Parece um velho actor, de voz colocada, repetindo as deixas sem falhas, com suavidade e perceptível ternura, como se aquela caixa que se enche de uma vez e se esvazia aos poucos fosse a sua casa, melhor, a sua vida.
Quando nos deseja, com certa cerimónia e humildade simpática, um bom resto de dia, temos vontade de bater palmas e chamá-lo à boca de cena, encore, encore...
Pergunto a mim mesmo quantos anos terá aquele homem passado no elevador, rodeado de desconhecidos que sobem e descem sem lhe ligar, numa indiferença que não o impede de representar o seu admirável papel de anfitrião, como se Saint Pierre fosse ele próprio.
Por que trabalhará ainda? Terá família? Será aquela a sua forma de fugir à solidão?
Se eu fosse o comissário Maigret, esperá-lo-ia à saída do trabalho, convidá-lo-ia para beber um "demi" bem tirado, numa esplanada, e procuraria compreender o que leva aquele homem a passar o que lhe resta de vida dentro de um elevador que só pára quando desce.
Talvez ele seja feliz assim, não sei. É um segredo cuja chave talvez só Saint Pierre possua...
Fruta ou legumes
Por alguma razão Yves Montand canta "À Paris" e também "À pied".
O certo é que Paris é uma cidade maravilhosa que, para ser conhecida e saboreada, deve ser percorrida a pé, palmilhada, rua a rua, ponte a ponte, ponte a pé, porta a porta, num namoro pegado.
Assim foi que, andando, andando, em busca do Grand Palais, na mira de uma exposição, passámos junto do palácio do Eliseu onde um batalhão de polícias e jornalistas enchia a rua.
Deitámos um olho, não vimos o Nicolas e seguimos caminho até chegarmos aos Campos Elíseos, local onde deparámos com intermináveis barreiras que nos impediam a travessia da bela avenida.
Assim como assim, optámos por assumir o papel de turistas e esperar para ver o triunfal passeio do novo presidente, rumo ao Arco do (seu) Triunfo.
A nota curiosa e insólita ocorreu quando, depois de me ter revistado, um "gendarme" me perguntou se eu levava comigo fruta ou legumes.
Entre nós, portugueses, a expressão consagrada é fruta ou chocolate, pelo que não pude deixar de sorrir. É certo que estávamos no meio dos campos (Elíseos), mas longe de mim levar fruta ou legumes no saco.
No fundo, o polícia queria prevenir qualquer tentativa de lançamento de tomate ou maçã podre ao senhor Sarkosy, precaução que se louva.
Os cavalos da Guarda Republicana é que, talvez fartos de tanto esperar no meio dos ditos campos, deixaram no pavimento da mais bela avenida do Mundo belas poias que o carro descapotável do senhor presidente terá, porventura, evitado, esquecendo a velha ideia de que pisar merda dá sorte.
Em sua casa, Mme Royal, sentada diante do seu plasma, talvez tivesse gostado de ver um cavalo descarregar em cima do seu rival. Mas não, tal não aconteceu, e a era Sarkosy começou ali, diante dos nossos olhos, a trote, em direcção ao Arco, ao futuro, um futuro tão desconhecido como o soldado cujo túmulo ali se encontra há décadas...
O certo é que Paris é uma cidade maravilhosa que, para ser conhecida e saboreada, deve ser percorrida a pé, palmilhada, rua a rua, ponte a ponte, ponte a pé, porta a porta, num namoro pegado.
Assim foi que, andando, andando, em busca do Grand Palais, na mira de uma exposição, passámos junto do palácio do Eliseu onde um batalhão de polícias e jornalistas enchia a rua.
Deitámos um olho, não vimos o Nicolas e seguimos caminho até chegarmos aos Campos Elíseos, local onde deparámos com intermináveis barreiras que nos impediam a travessia da bela avenida.
Assim como assim, optámos por assumir o papel de turistas e esperar para ver o triunfal passeio do novo presidente, rumo ao Arco do (seu) Triunfo.
A nota curiosa e insólita ocorreu quando, depois de me ter revistado, um "gendarme" me perguntou se eu levava comigo fruta ou legumes.
Entre nós, portugueses, a expressão consagrada é fruta ou chocolate, pelo que não pude deixar de sorrir. É certo que estávamos no meio dos campos (Elíseos), mas longe de mim levar fruta ou legumes no saco.
No fundo, o polícia queria prevenir qualquer tentativa de lançamento de tomate ou maçã podre ao senhor Sarkosy, precaução que se louva.
Os cavalos da Guarda Republicana é que, talvez fartos de tanto esperar no meio dos ditos campos, deixaram no pavimento da mais bela avenida do Mundo belas poias que o carro descapotável do senhor presidente terá, porventura, evitado, esquecendo a velha ideia de que pisar merda dá sorte.
Em sua casa, Mme Royal, sentada diante do seu plasma, talvez tivesse gostado de ver um cavalo descarregar em cima do seu rival. Mas não, tal não aconteceu, e a era Sarkosy começou ali, diante dos nossos olhos, a trote, em direcção ao Arco, ao futuro, um futuro tão desconhecido como o soldado cujo túmulo ali se encontra há décadas...
Ao que nós chegámos
Mete dó ver o Presidente da República muito preocupado com as consequências que do caso da criança desaparecida possam advir para a imagem do nosso país. Que coisas destas aconteçam, todos os dias, por esse mundo fora, a crianças das mais diversas nacionalidades, ainda vá. Agora uma pequena inglesa, desaparecida no coração do Allgarve do ministro Pinho, já fia mais fino, e pode até ser prejudicial para o negócio. Portugal, que o primeiro-ministro resume a dois ou três números com outras tantas casas decimais, é um cadáver em adiantado estado de putrefacção.
Sabedoria
Nunca é de mais enaltecer a sabedoria. As freguesias limítrofes de Sarilhos Grandes e de Sarilhos Pequenos pertencem a concelhos distintos. Os sarilhos maiores ficaram para o Montijo; os menores, para a Moita. É o que se chama distribuir o mal pelas aldeias.
quarta-feira, 16 de maio de 2007
Prazos de validade
“O Sesimbrense” está prestes a bater no fundo. Pelo segundo número consecutivo, o editorial do jornal, assinado pela sua directora, presta-se a uma lavagem de roupa suja, tão evidente quanto insólita. Desta vez, a Dr.ª Peneque tem, pelo menos, o mérito de ser explícita. Diz ela que há dois anos, a então Direcção da Liga dos Amigos de Sesimbra, errou ao conceder uma licença sem vencimento, por quatro anos, à jornalista efectiva d’O SESIMBRENSE”. Por conseguinte, como o lugar da dita jornalista ficou em aberto, o jornal, dada a sua débil condição financeira não pode contratar agora um jornalista e sujeitar-se a, daqui a dois anos (será este o prazo de validade de Augusto?), ter de arcar com o vencimento de dois funcionários, em vez de um, para o mesmo lugar. Por isso, “O Sesimbrense” tem aberto as portas a estagiários que, por estarem nessa mesma condição, estão a aprender e não têm, portanto, os conhecimentos da profissão que um profissional encartado terá.
Confesso que se me tornou penoso ler isto. Mais penoso será ainda dissecá-lo. Mas, indo por partes, tentarei fazê-lo.
1.º Para meu espanto, a Dr.ª Peneque, num passo de mágica, parece continuar a esquecer-se de que é directora de “O Sesimbrense”; e de que, como tal, tem a responsabilidade de coordenar, orientar e superintender a acção do estagiário – que, naturalmente, faz o seu melhor –, suprindo as lacunas ou as deficiências que o trabalho deste possa apresentar. Volto a dizê-lo à Dr.ª Peneque: não há, nunca houve, o lugar de director estagiário.
2.º É notável que o problema do quinzenário seja hoje o de haver, ou não haver, dinheiro para pagar a jornalistas. Que me lembre, Carlos Batista foi, durante décadas, e abnegadamente, o redactor-principal (e, depois, o director) de “O Sesimbrense”, assegurando, com pontualidade, a saída de um jornal que, ao tempo, ainda dizia alguma coisa aos seus leitores. Não consta que Carlos Batista tenha, alguma vez, ganho qualquer salário. Pode a sua actuação não ter estado isenta de críticas. Pode o homem não ter sido perfeito. Mas foi afastado, de forma injusta, vergonhosa e muito pouco clara, do jornal que, durante tantos anos, ajudou a fazer.
3.º Veio depois o Dr. Sequerra e foi o regabofe que se viu. Não vale a pena escrever, aqui e agora, no molhado das lágrimas de riso que ele então nos suscitou. “O Sesimbrense” deixou de prosseguir a defesa dos interesses regionais, e, subordinado a motivações pessoais e movimentações político-partidárias, passou a servir de poleiro e trampolim a várias espécies de aves canoras e de arribação. Arma de arremesso até Outubro de 2005, o jornal transformou-se, a partir de então, na voz do dono. Ó Dr.ª Peneque! Francamente! Claro que a rapariga pediu a licença por quatro anos! Como podia alguém esperar que ela a tivesse pedido só por dois anos, quando os mandatos autárquicos duram o dobro, e o Dr. Sequerra, certamente consultado pela Liga, apôs no papel, preto no branco, da transferência, um nihil obstat? Afinal de contas, tratava-se de constituir a equipa da sempre dinâmica Dr.ª Felícia, a heroína que, segundo o Dr. Sequerra, nos devolveu, ao cabo de muitos anos, as bandeiras azuis!
4.º Se eu pensasse que a Dr.ª Peneque viveu em Marte até Julho do ano passado, estava capaz de a compreender. Afinal, “O Sesimbrense” ainda não é distribuído naquele planeta. Sucede que, nos anos mais recentes, a Dr.ª Peneque não foi vista a descolar em qualquer foguetão. Daí ser agora levado a pensar que ela, antes de ter aceitado ser subdirectora de um jornal sem director, já era leitora do mesmo. Estava, por certo, a par, do que ia encontrar em matéria de redacção. Tinha, também, a obrigação de saber quão venerador, atento e obrigado se encontrava o jornal perante os poderes constituídos quando o Dr. Sequerra lhe entregou o facho. E aqui é que bate o ponto. A Dr.ª Peneque ainda não mexeu uma palha para devolver “O Sesimbrense” ao seu estatuto de jornal isento e inconformado. Antes pelo contrário, por tudo aquilo que aqui foi sendo dito. E este problema é que, seguramente, não diz respeito ao estagiário. É um problema do Director do jornal e da Direcção da Liga. Depois deste último número, a situação tornou-se patética, e mesmo desesperada. Mas há uma luz de esperança. Valha-nos a fé ilimitada que a Dr.ª Peneque aparenta demonstrar no regresso a casa da jornalista efectiva, já daqui a dois anos… Afinal, a fé move montanhas, mesmo as que são capazes de parir um rato.
Confesso que se me tornou penoso ler isto. Mais penoso será ainda dissecá-lo. Mas, indo por partes, tentarei fazê-lo.
1.º Para meu espanto, a Dr.ª Peneque, num passo de mágica, parece continuar a esquecer-se de que é directora de “O Sesimbrense”; e de que, como tal, tem a responsabilidade de coordenar, orientar e superintender a acção do estagiário – que, naturalmente, faz o seu melhor –, suprindo as lacunas ou as deficiências que o trabalho deste possa apresentar. Volto a dizê-lo à Dr.ª Peneque: não há, nunca houve, o lugar de director estagiário.
2.º É notável que o problema do quinzenário seja hoje o de haver, ou não haver, dinheiro para pagar a jornalistas. Que me lembre, Carlos Batista foi, durante décadas, e abnegadamente, o redactor-principal (e, depois, o director) de “O Sesimbrense”, assegurando, com pontualidade, a saída de um jornal que, ao tempo, ainda dizia alguma coisa aos seus leitores. Não consta que Carlos Batista tenha, alguma vez, ganho qualquer salário. Pode a sua actuação não ter estado isenta de críticas. Pode o homem não ter sido perfeito. Mas foi afastado, de forma injusta, vergonhosa e muito pouco clara, do jornal que, durante tantos anos, ajudou a fazer.
3.º Veio depois o Dr. Sequerra e foi o regabofe que se viu. Não vale a pena escrever, aqui e agora, no molhado das lágrimas de riso que ele então nos suscitou. “O Sesimbrense” deixou de prosseguir a defesa dos interesses regionais, e, subordinado a motivações pessoais e movimentações político-partidárias, passou a servir de poleiro e trampolim a várias espécies de aves canoras e de arribação. Arma de arremesso até Outubro de 2005, o jornal transformou-se, a partir de então, na voz do dono. Ó Dr.ª Peneque! Francamente! Claro que a rapariga pediu a licença por quatro anos! Como podia alguém esperar que ela a tivesse pedido só por dois anos, quando os mandatos autárquicos duram o dobro, e o Dr. Sequerra, certamente consultado pela Liga, apôs no papel, preto no branco, da transferência, um nihil obstat? Afinal de contas, tratava-se de constituir a equipa da sempre dinâmica Dr.ª Felícia, a heroína que, segundo o Dr. Sequerra, nos devolveu, ao cabo de muitos anos, as bandeiras azuis!
4.º Se eu pensasse que a Dr.ª Peneque viveu em Marte até Julho do ano passado, estava capaz de a compreender. Afinal, “O Sesimbrense” ainda não é distribuído naquele planeta. Sucede que, nos anos mais recentes, a Dr.ª Peneque não foi vista a descolar em qualquer foguetão. Daí ser agora levado a pensar que ela, antes de ter aceitado ser subdirectora de um jornal sem director, já era leitora do mesmo. Estava, por certo, a par, do que ia encontrar em matéria de redacção. Tinha, também, a obrigação de saber quão venerador, atento e obrigado se encontrava o jornal perante os poderes constituídos quando o Dr. Sequerra lhe entregou o facho. E aqui é que bate o ponto. A Dr.ª Peneque ainda não mexeu uma palha para devolver “O Sesimbrense” ao seu estatuto de jornal isento e inconformado. Antes pelo contrário, por tudo aquilo que aqui foi sendo dito. E este problema é que, seguramente, não diz respeito ao estagiário. É um problema do Director do jornal e da Direcção da Liga. Depois deste último número, a situação tornou-se patética, e mesmo desesperada. Mas há uma luz de esperança. Valha-nos a fé ilimitada que a Dr.ª Peneque aparenta demonstrar no regresso a casa da jornalista efectiva, já daqui a dois anos… Afinal, a fé move montanhas, mesmo as que são capazes de parir um rato.
Felícia no país dos sovietes
Vai para uma semana, Augusto fez aprovar à tira, em sessão de Câmara, a proposta de procedimento e calendarização do Orçamento Participativo de 2007. Digo à tira, pois, na ausência de Polido, teve de usar o voto de qualidade. Não fora o voto favorável do vereador do PSD, Carlos Filipe de Oliveira, e a proposta teria chumbado perante o voto contrário dos três vereadores do PS.
Verdade se diga que Augusto não morre de amores pela ideia. A luminária entusiasta chama-se Felícia Costa, como está bem de ver pelo intenso folclorismo de que a medida passa a revestir-se.
A ideia agora definida, sendo um hino à burocracia e ao entorpecimento, reveste-se, aliás, de um descaramento soviético. Vou tentar resumi-la, mas peço ao leitor que tome algum fôlego para me seguir nesta epopeia.
Para distribuir 100 mil contos – o dinheiro não dá para mandar cantar um cego – por três freguesias, Augusto criou 13 “fóruns territoriais”, numa relação o mais próxima possível com as assembleias de voto existentes, devendo aquela verba ser distribuída proporcionalmente ao número de eleitores.
Contas feitas, às Pedreiras cabem, por exemplo, pouco mais de 1200 contos de reis. Claro que esta verba não chega para a cova de um dente, e calculo que não seja difícil apurar o que, sendo prioritário para aquela aldeia, possa ser feito com 1200 contos. Mas, convenhamos, ir para o terreno, passar logo à acção, não tinha a mínima piada. O Carnaval tem de durar todo o ano.
Por isso, a seguir, em Maio e Junho, vem a eleição de um “colégio de delegados”, escolhidos em cada fórum territorial com o seguinte critério: “1 delegado por cada 1000 eleitores com arredondamento por excesso, ou seja, caso o fórum territorial tenha um número inferior a 1000 eleitores, elegerá na mesma um delegado". Pelos cálculos de Augusto, a coisa, que é suposto distribuir 100 mil contos, vai ter 41 delegados!
Segue-se uma Assembleia de Delegados “para discussão da metodologia de elaboração da proposta para o orçamento participativo e respectiva calendarização”, até 6 de Julho de 2007.
Durante os meses de Julho e Agosto, os Delegados devem preparar as respectivas propostas, a apresentar em nova Assembleia a realizar no início de Setembro, devendo a proposta final a aprovar pela Assembleia de Delegados estar concluída até 30 de Setembro de 2007.
A coroar esta organização piramidal, está o Gabinete de Apoio ao Orçamento Participativo – o GAOP –, que integra o Presidente da Câmara Municipal de Sesimbra, o Vereador do Pelouro Administrativo e Financeiro, o Director do Departamento Administrativo e Financeiro e um Assessor para o Orçamento Participativo. Entre outras funções, o GAOP tem a missão misteriosa – et voilà! – de dar acompanhamento e apoio político a todo o processo do Orçamento Participativo. Apoio político? Em teoria, até compreendo que o GAOP dê apoio administrativo e logístico ao processo de elaboração do Orçamento. Agora, apoio político? Não seria melhor chamar-lhe apoio partidário?
Verdade se diga que Augusto não morre de amores pela ideia. A luminária entusiasta chama-se Felícia Costa, como está bem de ver pelo intenso folclorismo de que a medida passa a revestir-se.
A ideia agora definida, sendo um hino à burocracia e ao entorpecimento, reveste-se, aliás, de um descaramento soviético. Vou tentar resumi-la, mas peço ao leitor que tome algum fôlego para me seguir nesta epopeia.
Para distribuir 100 mil contos – o dinheiro não dá para mandar cantar um cego – por três freguesias, Augusto criou 13 “fóruns territoriais”, numa relação o mais próxima possível com as assembleias de voto existentes, devendo aquela verba ser distribuída proporcionalmente ao número de eleitores.
Contas feitas, às Pedreiras cabem, por exemplo, pouco mais de 1200 contos de reis. Claro que esta verba não chega para a cova de um dente, e calculo que não seja difícil apurar o que, sendo prioritário para aquela aldeia, possa ser feito com 1200 contos. Mas, convenhamos, ir para o terreno, passar logo à acção, não tinha a mínima piada. O Carnaval tem de durar todo o ano.
Por isso, a seguir, em Maio e Junho, vem a eleição de um “colégio de delegados”, escolhidos em cada fórum territorial com o seguinte critério: “1 delegado por cada 1000 eleitores com arredondamento por excesso, ou seja, caso o fórum territorial tenha um número inferior a 1000 eleitores, elegerá na mesma um delegado". Pelos cálculos de Augusto, a coisa, que é suposto distribuir 100 mil contos, vai ter 41 delegados!
Segue-se uma Assembleia de Delegados “para discussão da metodologia de elaboração da proposta para o orçamento participativo e respectiva calendarização”, até 6 de Julho de 2007.
Durante os meses de Julho e Agosto, os Delegados devem preparar as respectivas propostas, a apresentar em nova Assembleia a realizar no início de Setembro, devendo a proposta final a aprovar pela Assembleia de Delegados estar concluída até 30 de Setembro de 2007.
A coroar esta organização piramidal, está o Gabinete de Apoio ao Orçamento Participativo – o GAOP –, que integra o Presidente da Câmara Municipal de Sesimbra, o Vereador do Pelouro Administrativo e Financeiro, o Director do Departamento Administrativo e Financeiro e um Assessor para o Orçamento Participativo. Entre outras funções, o GAOP tem a missão misteriosa – et voilà! – de dar acompanhamento e apoio político a todo o processo do Orçamento Participativo. Apoio político? Em teoria, até compreendo que o GAOP dê apoio administrativo e logístico ao processo de elaboração do Orçamento. Agora, apoio político? Não seria melhor chamar-lhe apoio partidário?
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terça-feira, 15 de maio de 2007
A superioridade moral dos comunistas
Se há coisa que torna os comunistas particularmente insuportáveis é a arrogância maniqueísta com que pretendem fazer-nos crer na sua suposta superioridade moral, como se a natureza humana se dividisse em duas à porta do prédio da Soeiro Pereira Gomes e em todos os quadrantes partidários não houvesse bons e maus políticos. Lamentável, mas previsivelmente, Carlos Gonçalves, “responsável pelo Concelho de Sesimbra” (leia-se, em bom português, “controleiro” do concelho de Sesimbra) e membro da DORS e do Comité Central do PCP, na crónica que assina no último “Notícias da Zona”, enveredou por este caminho, que é frágil e desastroso. Ao reportar-se à situação política do concelho; ao visar a Assembleia Municipal, a Junta de Freguesia da Quinta do Conde e o Vereador das Obras Públicas (queria, por certo, dizer “Obras Municipais”); e ao proclamar que “honra, ética e cultura democrática são algumas palavras que estes políticos à direita da CDU na Quinta do Conde desconhecem”, Carlos Gonçalves dá uns poucos de tiros nos pés. Mas vamos por partes.
1.º A CDU, diz o senhor, cumpriu o compromisso assumido com a Rotunda do Marco do Grilo. A gente lê e não acredita! Como pode o PCP cumprir este compromisso se a obrigação, a responsabilidade e a execução da obra, neste caso, é apenas da Administração Central? Reivindicaram, ao menos? Balelas. A reivindicação já vem de longe, do primeiro mandato de Amadeu Penim.
2.º Os tais políticos à direita, devido a um “problema de amnésia colectiva”, fizeram, segundo este senhor, com que Sesimbra não tivesse um provedor. Sabendo eu que a votação relativa à eleição do provedor autárquico foi por voto secreto; que certos elementos da CDU sesimbrense não viam com bons olhos a manutenção deste cargo; e que outros prefeririam que fosse Esequiel Lino a ocupá-lo, como pode Carlos Gonçalves afirmar tão peremptoriamente que nenhum comunista votou contra Aurélio? Compreendo – oh, se compreendo – o conceito musculado de democracia que este seu tique, próprio de quem é dono das consciências, nos revela. Mas não vejo como nos possa ele convencer daquilo que afirma. Andou a espreitar os seus camaradas pelas costas, no momento em que escreviam no boletim de voto? Será que o senhor não tem noção do ridículo?
3.º O Vereador Gameiro leva um valente puxão de orelhas de Carlos Gonçalves. Parece que o Vereador Gameiro não fez umas obritas na Quinta do Conde. O PCP descarta-se, deste modo, de aspectos menos positivos, ou mais criticáveis, da actuação do Vereador Gameiro. Registo o facto. E retiro dele todas as consequências. Constato, assim, que, para Carlos Gonçalves, Augusto, o Presidente, como ele comunista, que é suposto superintender, não sabe, não quer, ou não pode corrigir o rumo dos acontecimentos. Porquê? Se o que Gameiro não fez é importante para as populações, por que é que o Partido não o fez saber a Augusto? Ou, se o fez saber, será que Augusto reservou um par de orelhas moucas aos seus camaradas? Está-se nas tintas? Ou será que a ideia é apenas queimar o vereador socialista, e os interesses das populações, neste caso, são só para inglês ver? Há seriedade nisto? Honra? Ética? Cultura democrática?
Do que Carlos Gonçalves se não apercebe é que, ao individualizar, desta forma, a gestão de Alberto Gameiro, está necessariamente a fazer com que o PCP prescinda de colher os louros que essa gestão há-de render. Por acaso, em 2006, a taxa de execução orçamental das obras municipais, o tal pelouro de Gameiro, foi uma das mais elevadas de sempre. Em 2007, as dotações que lhe foram atribuídas são deveras significativas. Nova perplexidade! Se Gameiro não cumprisse, por que haveria Augusto de consentir em lhe dar meios reforçados?
Seria bom que Carlos Gonçalves recordasse a velha máxima que pela boca faz morrer o peixe. Quero vê-lo, daqui a dois anos, a vangloriar-se de o saneamento no Castelo ter tido um avanço significativo; a regozijar-se com a abertura do Museu do Mar na recuperada Fortaleza (a promessa é de Augusto); a ufanar-se com os novos jardins e parques urbanos do concelho; e a orgulhar-se da habitação social que a sua camarada Felícia, por certo, vai fazer construir. Espero que sim, para bem de Sesimbra. Ou, então, que faça como Egas Moniz. Não, não me refiro ao Nobel da Medicina...
1.º A CDU, diz o senhor, cumpriu o compromisso assumido com a Rotunda do Marco do Grilo. A gente lê e não acredita! Como pode o PCP cumprir este compromisso se a obrigação, a responsabilidade e a execução da obra, neste caso, é apenas da Administração Central? Reivindicaram, ao menos? Balelas. A reivindicação já vem de longe, do primeiro mandato de Amadeu Penim.
2.º Os tais políticos à direita, devido a um “problema de amnésia colectiva”, fizeram, segundo este senhor, com que Sesimbra não tivesse um provedor. Sabendo eu que a votação relativa à eleição do provedor autárquico foi por voto secreto; que certos elementos da CDU sesimbrense não viam com bons olhos a manutenção deste cargo; e que outros prefeririam que fosse Esequiel Lino a ocupá-lo, como pode Carlos Gonçalves afirmar tão peremptoriamente que nenhum comunista votou contra Aurélio? Compreendo – oh, se compreendo – o conceito musculado de democracia que este seu tique, próprio de quem é dono das consciências, nos revela. Mas não vejo como nos possa ele convencer daquilo que afirma. Andou a espreitar os seus camaradas pelas costas, no momento em que escreviam no boletim de voto? Será que o senhor não tem noção do ridículo?
3.º O Vereador Gameiro leva um valente puxão de orelhas de Carlos Gonçalves. Parece que o Vereador Gameiro não fez umas obritas na Quinta do Conde. O PCP descarta-se, deste modo, de aspectos menos positivos, ou mais criticáveis, da actuação do Vereador Gameiro. Registo o facto. E retiro dele todas as consequências. Constato, assim, que, para Carlos Gonçalves, Augusto, o Presidente, como ele comunista, que é suposto superintender, não sabe, não quer, ou não pode corrigir o rumo dos acontecimentos. Porquê? Se o que Gameiro não fez é importante para as populações, por que é que o Partido não o fez saber a Augusto? Ou, se o fez saber, será que Augusto reservou um par de orelhas moucas aos seus camaradas? Está-se nas tintas? Ou será que a ideia é apenas queimar o vereador socialista, e os interesses das populações, neste caso, são só para inglês ver? Há seriedade nisto? Honra? Ética? Cultura democrática?
Do que Carlos Gonçalves se não apercebe é que, ao individualizar, desta forma, a gestão de Alberto Gameiro, está necessariamente a fazer com que o PCP prescinda de colher os louros que essa gestão há-de render. Por acaso, em 2006, a taxa de execução orçamental das obras municipais, o tal pelouro de Gameiro, foi uma das mais elevadas de sempre. Em 2007, as dotações que lhe foram atribuídas são deveras significativas. Nova perplexidade! Se Gameiro não cumprisse, por que haveria Augusto de consentir em lhe dar meios reforçados?
Seria bom que Carlos Gonçalves recordasse a velha máxima que pela boca faz morrer o peixe. Quero vê-lo, daqui a dois anos, a vangloriar-se de o saneamento no Castelo ter tido um avanço significativo; a regozijar-se com a abertura do Museu do Mar na recuperada Fortaleza (a promessa é de Augusto); a ufanar-se com os novos jardins e parques urbanos do concelho; e a orgulhar-se da habitação social que a sua camarada Felícia, por certo, vai fazer construir. Espero que sim, para bem de Sesimbra. Ou, então, que faça como Egas Moniz. Não, não me refiro ao Nobel da Medicina...
segunda-feira, 14 de maio de 2007
Ligação directa
Aqui vai um bilhete-postal. O “site”, novinho em folha, da Junta de Freguesia de Santiago passa a ser um dos meus favoritos. Para visitar e revisitar. A não perder, a entrevista, em Windows Media Player, ao actor sesimbrense João Vasco. Na rubrica "personalidade do mês".
domingo, 13 de maio de 2007
Alegoria
Confesso, não resisti. Voltei ao blogue do PC de Sesimbra para ouvir um pouco mais de música, e dei de caras com um vídeo protagonizado por uma senhora loira, que conduz o seu automóvel com extrema perigosidade por estradas norte-americanas. Desvairada, a senhora vai provocando inúmeros despistes, embates e explosões; mas, no fim, faz-se justiça, pois a sinistra condutora passa, também ela, à condição de acidentada, e acaba por ser derrubada por um calhau, que, vindo do céu, a atinge, em cheio, na cabeça.
O blogue sesimbrense do PCP
Há cerca de um ano, se alguém lhes falasse em blogues, fugiam disso como o Diabo foge da cruz. Mas, como diz o povo na sua infinita sabedoria, “quem desdenha quer comprar”, e a verdade é que em 13 de Dezembro do ano passado, a Comissão Concelhia de Sesimbra do PCP criou o seu próprio blogue, a que deu o nome de “Sesimbra para ti”. O entusiasmo parece ter sido sol de pouca dura (apesar da proximidade do solstício de Inverno), pois desde dia 20 desse mês – data em que se formulam votos de um bom Natal e um feliz 2007 – que o blogue não é actualizado. Não sei, nem me interessa, se a coisa será para continuar e está a aguardar melhores dias, ou se apenas respondeu e correspondeu a um lampejo impulsivo. Noto, porém, que a militância, nesta sua vertente cibernética, deixa muito a desejar. Não há unhas para tocar guitarra? Será que a inspiração não dá para mais?
Mas o que me faz mais espécie é a música seleccionada pelos comunistas sesimbrenses, patente nos “video clips” que são oferecidos “on-line” aos nautas visitantes. Calhou-me ouvir The Cure e U2 (com a célebre canção “With or without you”). Tomo a coisa pelo seu simbolismo, e, levado pela razão poética, não discuto a necessidade de uma valente cura no concelho, depois de ano e meio repleto de desvarios. Já o que um tanto me tolhe é ver como os bisnetos de Marx, enleados nos braços de Euterpe, sucumbem às delícias do pop-rock burguês. No caso dos U2, trata-se, para mais, de uma colossal “big band”, provavelmente a “maior banda do mundo”, autêntica máquina de fazer dinheiro. E, o que é pior, com respeito aos irlandeses estamos perante gente assumidamente catolicíssima. Quando esperava poder ouvir aqui os inevitáveis cantores de intervenção e protesto, na pureza lusitana das suas trovas, sai-me isto na rifa!
You too? Not at all. With or without you? Without, for sure. See you later…
Mas o que me faz mais espécie é a música seleccionada pelos comunistas sesimbrenses, patente nos “video clips” que são oferecidos “on-line” aos nautas visitantes. Calhou-me ouvir The Cure e U2 (com a célebre canção “With or without you”). Tomo a coisa pelo seu simbolismo, e, levado pela razão poética, não discuto a necessidade de uma valente cura no concelho, depois de ano e meio repleto de desvarios. Já o que um tanto me tolhe é ver como os bisnetos de Marx, enleados nos braços de Euterpe, sucumbem às delícias do pop-rock burguês. No caso dos U2, trata-se, para mais, de uma colossal “big band”, provavelmente a “maior banda do mundo”, autêntica máquina de fazer dinheiro. E, o que é pior, com respeito aos irlandeses estamos perante gente assumidamente catolicíssima. Quando esperava poder ouvir aqui os inevitáveis cantores de intervenção e protesto, na pureza lusitana das suas trovas, sai-me isto na rifa!
You too? Not at all. With or without you? Without, for sure. See you later…
sexta-feira, 11 de maio de 2007
Descubra as diferenças...
Foi uma das coisas que aprendi nos bancos do liceu, na disciplina de Jornalismo: conhecer a imprensa escrita é sobretudo pegar nos jornais, pô-los lado a lado e comparar a importância relativa que dedicam às matérias que tratam. No nosso concelho, o exercício reveste-se de grande interesse. Confronte-se, por exemplo, a última edição de “O Sesimbrense”, já aqui ampla e suficientemente glosada, com o mais recente número do “Jornal de Sesimbra”. Estou à vontade para o fazer, pois não morro de amores por nenhum dos títulos. Aponto cinco casos, que considero flagrantes:
1. No JS, a visita dos jovens ao Parlamento Europeu, a convite do PCP, mereceu 3/5 de uma página par. N’“O Sesimbrense”, foi o que se viu: manchete e as quatro centrais. Uma alegria! Um fartar vilanagem!
2. A inauguração do Espaço Zambujal teve uma chamada, breve e discreta, na capa do “Jornal de Sesimbra”, e uma reportagem concisa, na contracapa. Desta vez, Augusto e Odete não nos são apresentados como autarcas embevecidos, ao contrário do que “O Sesimbrense” afirmava na sua primeira página, em legenda à fotografia que o JS agora repete.
3. O JS destina a melhor e a maior parte da sua página 9 – note-se: uma central ímpar – ao debate sobre o Ordenamento do Território e Mais Valias Urbanísticas, dedicando-lhe uma reportagem circunstanciada. “O Sesimbrense”, assobiando para o lado, limitou-se a passar pela coisa como quem não a quer.
4. O JS dá notícia da sessão ordinária da Assembleia Municipal de 13 de Abril. “O Sesimbrense”, aos costumes, disse nada.
5. O JS esforçou-se por dar conta da aprovação do Relatório de Contas de 2006, na reunião da Câmara Municipal realizada em 29 de Março (mesmo tratando-se de uma reunião a que, segundo o jornal, a comunicação social não pôde assistir). A “O Sesimbrense”, o assunto não motivou uma única linha.
Esperando que a Dr.ª Peneque tome estes reparos por críticas construtivas, relembro-lhe que as árvores se conhecem pelos frutos.
1. No JS, a visita dos jovens ao Parlamento Europeu, a convite do PCP, mereceu 3/5 de uma página par. N’“O Sesimbrense”, foi o que se viu: manchete e as quatro centrais. Uma alegria! Um fartar vilanagem!
2. A inauguração do Espaço Zambujal teve uma chamada, breve e discreta, na capa do “Jornal de Sesimbra”, e uma reportagem concisa, na contracapa. Desta vez, Augusto e Odete não nos são apresentados como autarcas embevecidos, ao contrário do que “O Sesimbrense” afirmava na sua primeira página, em legenda à fotografia que o JS agora repete.
3. O JS destina a melhor e a maior parte da sua página 9 – note-se: uma central ímpar – ao debate sobre o Ordenamento do Território e Mais Valias Urbanísticas, dedicando-lhe uma reportagem circunstanciada. “O Sesimbrense”, assobiando para o lado, limitou-se a passar pela coisa como quem não a quer.
4. O JS dá notícia da sessão ordinária da Assembleia Municipal de 13 de Abril. “O Sesimbrense”, aos costumes, disse nada.
5. O JS esforçou-se por dar conta da aprovação do Relatório de Contas de 2006, na reunião da Câmara Municipal realizada em 29 de Março (mesmo tratando-se de uma reunião a que, segundo o jornal, a comunicação social não pôde assistir). A “O Sesimbrense”, o assunto não motivou uma única linha.
Esperando que a Dr.ª Peneque tome estes reparos por críticas construtivas, relembro-lhe que as árvores se conhecem pelos frutos.
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"Jornal de Sesimbra",
"O Sesimbrense",
Imprensa local
Boa tarde, ó mestre!
O Carteiro chegou bem. É o que é preciso. Cá ficamos à espera de alguns postais ilustrados...
quinta-feira, 10 de maio de 2007
Uma boa pergunta
Num comentário à entrada “Sesimbr’Repete”, aqui publicada ontem, escreve, com absoluta pertinência, o nosso leitor PM15:
Gostava que abordassem uma questão que quanto a mim é interessante. A tiragem mensal da Sesimbra'Acontece é de 10.000 unidades, e em Lisboa a tiragem de uma revista do género é de 20.000 unidades. Será que somos assim tão ricos e tão grandes?
A questão que este leitor nos coloca tem várias facetas. Entre nós, presentemente, faz-se tudo em grande. Não se olha a meios (para atingir fins). O programa inaugural do Cine-Teatro, repleto de estrelas, que são pagas a peso de ouro para actuarem perante uma plateia necessariamente limitada, dura mês e meio!!! As iniciativas, não raro de interesse duvidoso, desdobram-se sem critério, e as despesas multiplicam-se em esforços desgarrados que põem a nu a ausência de uma política cultural séria. Por outro lado, e contra a corrente, assistimos ao esforço meritório, quase heróico, de uma Biblioteca Municipal que, sendo desprezada pela própria informação camarária, cerceada no acesso aos media pela mão de ferro que condiciona a imprensa local, e limitada, no plano orçamental, pela escassez de verbas, mostra ser uma casa de Cultura verdadeiramente digna desse nome.
Quanto à “Sesimbr’Acontece”, agora distribuída pelas caixas de correio à laia de folhetos de hipermercado, bastará lembrar que, ao contrário da defunta “Sesimbra Eventos”, tira doze números por ano (contra seis da antecessora) e é feita fora das oficinas gráficas municipais (vivam o "outsourcing" e a iniciativa privada!), sendo impressa a quatro cores num papel luxuoso. A tiragem aumentou, pelo menos, 20%. Seria interessante que Augusto esclarecesse a população sobre os actuais custos de impressão da agenda cultural, para que os pudéssemos comparar com o que antes se gastava. Pelo menos nisto, ainda lhe valerá a pena tentar, porque, no resto, quaisquer comparações o farão corar de vergonha, supondo que a tem…
Gostava que abordassem uma questão que quanto a mim é interessante. A tiragem mensal da Sesimbra'Acontece é de 10.000 unidades, e em Lisboa a tiragem de uma revista do género é de 20.000 unidades. Será que somos assim tão ricos e tão grandes?
A questão que este leitor nos coloca tem várias facetas. Entre nós, presentemente, faz-se tudo em grande. Não se olha a meios (para atingir fins). O programa inaugural do Cine-Teatro, repleto de estrelas, que são pagas a peso de ouro para actuarem perante uma plateia necessariamente limitada, dura mês e meio!!! As iniciativas, não raro de interesse duvidoso, desdobram-se sem critério, e as despesas multiplicam-se em esforços desgarrados que põem a nu a ausência de uma política cultural séria. Por outro lado, e contra a corrente, assistimos ao esforço meritório, quase heróico, de uma Biblioteca Municipal que, sendo desprezada pela própria informação camarária, cerceada no acesso aos media pela mão de ferro que condiciona a imprensa local, e limitada, no plano orçamental, pela escassez de verbas, mostra ser uma casa de Cultura verdadeiramente digna desse nome.
Quanto à “Sesimbr’Acontece”, agora distribuída pelas caixas de correio à laia de folhetos de hipermercado, bastará lembrar que, ao contrário da defunta “Sesimbra Eventos”, tira doze números por ano (contra seis da antecessora) e é feita fora das oficinas gráficas municipais (vivam o "outsourcing" e a iniciativa privada!), sendo impressa a quatro cores num papel luxuoso. A tiragem aumentou, pelo menos, 20%. Seria interessante que Augusto esclarecesse a população sobre os actuais custos de impressão da agenda cultural, para que os pudéssemos comparar com o que antes se gastava. Pelo menos nisto, ainda lhe valerá a pena tentar, porque, no resto, quaisquer comparações o farão corar de vergonha, supondo que a tem…
A ver vamos, como dizia o cego...
Hélas! O repórter de “O Sesimbrense” foi visto na última reunião camarária, realizada ontem. Depois de quanto aqui tenho escrito sobre o rumo lastimoso da publicação, e após ter chamado a atenção dos leitores para a ausência metódica do quinzenário em todas as reuniões dos órgãos municipais, o facto de que agora vos dou conta representa um progresso notável. Folgo em saber que a indisposta Dr.ª Peneque já começou a dar a mão à palmatória. Resta-nos esperar para ver o que vai sair dali, se é que alguma coisa vai sair, pois nada nos garante que o relato da sessão não seja preterido pela notícia de uma excursão à Moita do Ribatejo ou pela cobertura de uma imperdível mostra de colheres. A ver vamos, como dizia o cego…
Afinal...
Depois de escrever o que abaixo se encontra, fui ao dicionário e lá encontrei a informação de que alteia é uma planta da família das Malváceas.
A sua origem é grega, althaia, que significa "que cura".
E pronto, é a isto que leva a cultura, um saber seco, inquestionável, sem poesia nem mistério, sem o segredo da abelha que nos permite alinhavar croniquetas que, pelo menos a mim, enchem de prazer.
Os que não gostarem, já sabem, vão bater à porta do blog do lado, mas não digam que vêm da minha parte porque o tipo pode ser da família das Malváceas e não gostar da brincadeira...
A sua origem é grega, althaia, que significa "que cura".
E pronto, é a isto que leva a cultura, um saber seco, inquestionável, sem poesia nem mistério, sem o segredo da abelha que nos permite alinhavar croniquetas que, pelo menos a mim, enchem de prazer.
Os que não gostarem, já sabem, vão bater à porta do blog do lado, mas não digam que vêm da minha parte porque o tipo pode ser da família das Malváceas e não gostar da brincadeira...
Sempre a aprender
Há muitos anos, era frequente ouvir-se pelos campos de futebol, no peão e na bancada, um pregão curioso que rezava assim "Alteia e mel, prà tosse".
Mel sabia eu o que era, conhecia os favos e os matacões do Zé Tucha, mas nunca descobri o segredo da abelha de que nos falava, no antigo Rádio Clube Português, o senhor Américo Leite Rosa, o tal do "Apontamento do dia"...
Mas onde é que eu ia...? Ah, sim, o mel, pois.
Agora da tal alteia não fazia eu ideia, por menor que fosse, pormenor que, diga-se de passagem, nunca me tirou o sono nem me levou a pescar na Internet. Confesso mesmo que me deixei ficar confortavelmente aconchegado entre a sensação de estranheza causada pela palavra alteia e a preguiça de esclarecer o mistério.
Eis senão quando, há instantes, enquanto esperava a minha vez na farmácia, os meus olhos se pousaram num daqueles frascos azuis e brancos, antigos, que ostentava a palavrinha mágica, ALTHEA.
Eureka, co'a breca, não era sem tempo, já posso morrer descansado!
E, como não sou egoísta, para os (poucos) mortais ignorantes como eu, aqui deixo a revelação que me permitirá, a partir de hoje, fazer um figurão nos convívios de gente fina.
Sub-repticiamente, levarei a conversa para o tema dos pregões ou da tosse (tanto faz) e, na altura própria (será timing?) aplico-lhes com a althea.
Que me dizem a isto?
Mel sabia eu o que era, conhecia os favos e os matacões do Zé Tucha, mas nunca descobri o segredo da abelha de que nos falava, no antigo Rádio Clube Português, o senhor Américo Leite Rosa, o tal do "Apontamento do dia"...
Mas onde é que eu ia...? Ah, sim, o mel, pois.
Agora da tal alteia não fazia eu ideia, por menor que fosse, pormenor que, diga-se de passagem, nunca me tirou o sono nem me levou a pescar na Internet. Confesso mesmo que me deixei ficar confortavelmente aconchegado entre a sensação de estranheza causada pela palavra alteia e a preguiça de esclarecer o mistério.
Eis senão quando, há instantes, enquanto esperava a minha vez na farmácia, os meus olhos se pousaram num daqueles frascos azuis e brancos, antigos, que ostentava a palavrinha mágica, ALTHEA.
Eureka, co'a breca, não era sem tempo, já posso morrer descansado!
E, como não sou egoísta, para os (poucos) mortais ignorantes como eu, aqui deixo a revelação que me permitirá, a partir de hoje, fazer um figurão nos convívios de gente fina.
Sub-repticiamente, levarei a conversa para o tema dos pregões ou da tosse (tanto faz) e, na altura própria (será timing?) aplico-lhes com a althea.
Que me dizem a isto?
Exclusão e explosão
Faz hoje 26 anos que François Mitterrand foi eleito presidente da República Francesa, rompendo com um longo ciclo de dominação da Direita.
Na altura, o número de desempregados rondava os 300 mil, e uma das mais fortes promessas do senhor foi a criação de um milhão de empregos. Só para jovens.
A França conta hoje mais de 2 MILHÕES de desempregados.
A grande mentira que, há décadas, nos vêm contando é o fim do desemprego, quando qualquer pessoa percebe que, com as novas tecnologias, a electrónica, a informática, os robôs, NUNCA MAIS haverá emprego para todos.
Não é uma questão de Direitas ou de Esquerdas, é um desafio à seriedade e ao realismo.
A única saída é uma vasta convergência de verdadeira solidariedade, com os imensamente ricos a pagarem para que os excluídos possam viver com um mínimo de dignidade.
Mas isso é uma utopia de que o Mundo se arrependerá quando houver (porque tem de acontecer) uma explosão social que (ou me engano muito ou) vai começar em França, o país onde Mitterrand foi o primeiro a enganar o povo...
Na altura, o número de desempregados rondava os 300 mil, e uma das mais fortes promessas do senhor foi a criação de um milhão de empregos. Só para jovens.
A França conta hoje mais de 2 MILHÕES de desempregados.
A grande mentira que, há décadas, nos vêm contando é o fim do desemprego, quando qualquer pessoa percebe que, com as novas tecnologias, a electrónica, a informática, os robôs, NUNCA MAIS haverá emprego para todos.
Não é uma questão de Direitas ou de Esquerdas, é um desafio à seriedade e ao realismo.
A única saída é uma vasta convergência de verdadeira solidariedade, com os imensamente ricos a pagarem para que os excluídos possam viver com um mínimo de dignidade.
Mas isso é uma utopia de que o Mundo se arrependerá quando houver (porque tem de acontecer) uma explosão social que (ou me engano muito ou) vai começar em França, o país onde Mitterrand foi o primeiro a enganar o povo...
Privilégios
A Câmara de Sesimbra é de uma extrema amabilidade ao colocar à disposição dos seus empregados transporte porta-a-porta, originalidade que só ilustra uma instituição de elevadíssimas preocupações sociais, não é verdade?
Há quem diga que este privilégio (de custo elevado) só perdura porque nenhum candidato tem a coragem de anunciar que, se for eleito, acabará com o que muitos consideram uma verdadeira mama.
Com cerca de um milhar de empregados, aquele universo laboral representa entre três e quatro mil votos, é obra. Por isso, a mama continua.
Pensando nos velhos que se arrastam na vila à torreira do sol, talvez não fosse má ideia pôr um autocarro da Câmara (fora do sagrado apoio aos trabalhadores) a fazer uns quantos desdobramentos para levar aquelas pessoas até à frescura do campo.
De vez em quando, se não for muito incómodo...
Há quem diga que este privilégio (de custo elevado) só perdura porque nenhum candidato tem a coragem de anunciar que, se for eleito, acabará com o que muitos consideram uma verdadeira mama.
Com cerca de um milhar de empregados, aquele universo laboral representa entre três e quatro mil votos, é obra. Por isso, a mama continua.
Pensando nos velhos que se arrastam na vila à torreira do sol, talvez não fosse má ideia pôr um autocarro da Câmara (fora do sagrado apoio aos trabalhadores) a fazer uns quantos desdobramentos para levar aquelas pessoas até à frescura do campo.
De vez em quando, se não for muito incómodo...
quarta-feira, 9 de maio de 2007
Sesimbr' Repete
Vai para um ano, a nova agenda de acontecimentos da Câmara Municipal de Sesimbra deu à costa. Vinha com a vela toda enfunada, mas acabou ao reminho pela borda d’água. Ontem, como hoje, é um pãozinho sem sal. A cerimónia de apresentação da coisa, que meteu cães grandes, faladura e acepipes, quase pediu meças à noite dos Óscares. Vendida como o último grito das agendas, a “Sesimbr’Acontece”, derivado aos dislates, deu depois, com efeito, muito que falar, e terá mesmo havido quem tenha largado alguns berros irados, apenas sustidos pelos reposteiros do gabinete.
Agora, afinal, veio-se a saber que havia outra. Chama-se “Coimbra Acontece”, publica-se desde 1998, e está disponível, em ficheiro PDF, qual fonte de inspiração, no "site" da Câmara Municipal de Coimbra. Está certo. Como Coimbra rima com Sesimbra, e “acontece” rima com “acontece”, fica dado o mote para os próximos Santos Populares. Aceitam-se quadras.
Agora, afinal, veio-se a saber que havia outra. Chama-se “Coimbra Acontece”, publica-se desde 1998, e está disponível, em ficheiro PDF, qual fonte de inspiração, no "site" da Câmara Municipal de Coimbra. Está certo. Como Coimbra rima com Sesimbra, e “acontece” rima com “acontece”, fica dado o mote para os próximos Santos Populares. Aceitam-se quadras.
A caça às bruxas
A Maga Patalógica deixou a seguinte pérola, que passo a transcrever, na caixa de comentários da entrada “Só para chatear” :
Nunca pensei que o Seixal fizesse tanta dor de cotovelo a tanta gente. É bem verdade, que com tanta imcompetência que encontrámos qundo tomámos conta do executivo, tivessemos de encontrar gente capaz noutras paragens. E a vassourada ainda só vai a meio.....
Não sei quem é a criatura que trata o idioma pátrio de forma tão soez (há imagens de marca inconfundíveis), mas calculo que a referência à personagem de Walt Disney seja só para despistar. Já o facto de a figura evocada ser uma bruxa das histórias de quadradinhos tem que se lhe diga e chega a ser digno de um divã de psicanalista. A forma boçal, carroceira e, o que é mais, ameaçadora como o tratante se dirige aos trabalhadores da Câmara é a peça do “puzzle” que nos faltava e traz à memória as purgas de outros tempos, a começar pela ocorrida no DN. Na verdade eles são como são, não mudam nem evoluem. Bem pode Augusto vestir a pele de cordeiro. A horda que o acompanha é a miséria que se vê. Felizmente para eles, ninguém na Câmara lê blogues.
O sol e o mar não bastam
Ontem (e certamente hoje) Sesimbra foi abençoada com uma manhã luminosa, o mar prateado, a praia (quase) deserta, um sol de Primavera avançada, a serenidade de um dia situado a meio da semana, bênção que alguns souberam apreciar.
O Cristiano monta a guarda encostado à fortaleza e comenta, maliciosamente, os envolvimentos amorosos de um casalinho que nem se apercebeu de que uma traineira saiu da doca para voltar passados escassos minutos.
- "Foi deitar peixe ao mar", explica o Cristiano a quem nada escapa, olho de falcão, língua afiada, rebeldia intacta.
Desce o Pedro Filipe, chega o Branquinho, passa o Júlio Galgão, caminha o Lameirão.
Em frente ao antigo Chanoca, o Zé Júlio, o Noel, o Sidónio e o resto do habitual grupo jazem ao sol, esperando a hora do almoço entre dois mergulhos.
À mesma hora, no acanhado jardim, o Chochinha e uns quantos outros membros do clube da terceira idade vão matando o tempo, como podem, as horas demoram a passar, a vida arrasta-se sem horizontes.
Por cima das antigas "Sentinas" ouve-se a voz do Horácio, inesperado poeta, velho contador de histórias.
Para os que não vão à praia, não há um parque, um espaço verde e frondoso onde os nossos mais velhos possam andar sem risco de atropelamento, passear com o vagar de quem não tem pressa de chegar, menos ainda de partir.
Nunca é bom ser velho, mas em Sesimbra, ainda menos.
Entretanto, temos Carnaval todo o ano, ondas jovens e mares de emoções.
Em que mundo vivem os senhores que, do alto da fortaleza camarária, nos governam?
O Cristiano monta a guarda encostado à fortaleza e comenta, maliciosamente, os envolvimentos amorosos de um casalinho que nem se apercebeu de que uma traineira saiu da doca para voltar passados escassos minutos.
- "Foi deitar peixe ao mar", explica o Cristiano a quem nada escapa, olho de falcão, língua afiada, rebeldia intacta.
Desce o Pedro Filipe, chega o Branquinho, passa o Júlio Galgão, caminha o Lameirão.
Em frente ao antigo Chanoca, o Zé Júlio, o Noel, o Sidónio e o resto do habitual grupo jazem ao sol, esperando a hora do almoço entre dois mergulhos.
À mesma hora, no acanhado jardim, o Chochinha e uns quantos outros membros do clube da terceira idade vão matando o tempo, como podem, as horas demoram a passar, a vida arrasta-se sem horizontes.
Por cima das antigas "Sentinas" ouve-se a voz do Horácio, inesperado poeta, velho contador de histórias.
Para os que não vão à praia, não há um parque, um espaço verde e frondoso onde os nossos mais velhos possam andar sem risco de atropelamento, passear com o vagar de quem não tem pressa de chegar, menos ainda de partir.
Nunca é bom ser velho, mas em Sesimbra, ainda menos.
Entretanto, temos Carnaval todo o ano, ondas jovens e mares de emoções.
Em que mundo vivem os senhores que, do alto da fortaleza camarária, nos governam?
Eu não disse?
Na véspera da eleição presidencial, e pressentindo a derrota, Ségolène Royal lançou uma farpa infeliz e pouco ética, alertando (ou ameaçando ?) com o risco de motins em caso de vitória de Sarkosy.
De facto, assim aconteceu, o que leva a supor que a senhora, para além de outros atributos, será bruxa ou vidente.
O que parece evidente é a demolidora marretada na democracia dada por gente que mostra, desta nefasta maneira, que não quer respeitar os valores republicanos.
Nem sequer concedem a Sarkosy o benefício da dúvida.
Madame Royal deve estar contente...
De facto, assim aconteceu, o que leva a supor que a senhora, para além de outros atributos, será bruxa ou vidente.
O que parece evidente é a demolidora marretada na democracia dada por gente que mostra, desta nefasta maneira, que não quer respeitar os valores republicanos.
Nem sequer concedem a Sarkosy o benefício da dúvida.
Madame Royal deve estar contente...
O circo do horror
O caso da pequena Madeleine é certamente dramático e justifica acompanhamento por parte da Comunicação Social, mas fica-nos a desagradável sensação de que (uma vez mais) a informação deu lugar ao espectáculo televisivo, à insaciável busca de sensacionalismo, protagonismo e preenchimento de horas de antena fáceis, irresponsáveis e baratas.
Se, em vez de uma menina inglesa, tivesse sido a filha de um modesto casal algarvio ou alentejano a desaparecer, ninguém acredita que a cobertura mediática atingisse tais proporções.
Hoje, ficámos a saber que o craque Cristiano Ronaldo resolveu juntar-se ao coro e lançar um apelo.
O endeusamento precipitado e débil orquestrado por uma Comunicação Social folclórica e fabricante de mitos perturba as mentes, daí que o craque Ronaldo possa imaginar que uma palavra sua terá o poder mágico de sensibilizar um monstro capaz de um gesto tão horrível.
Não peçam conferências de imprensa à Polícia. Deixem que ela faça o seu trabalho de forma discreta e eficaz.
Basta de circo, mostrem todos um bocadinho de humildade, pudor, recolhimento e respeito pela dor da família.
Será pedir muito?
Se, em vez de uma menina inglesa, tivesse sido a filha de um modesto casal algarvio ou alentejano a desaparecer, ninguém acredita que a cobertura mediática atingisse tais proporções.
Hoje, ficámos a saber que o craque Cristiano Ronaldo resolveu juntar-se ao coro e lançar um apelo.
O endeusamento precipitado e débil orquestrado por uma Comunicação Social folclórica e fabricante de mitos perturba as mentes, daí que o craque Ronaldo possa imaginar que uma palavra sua terá o poder mágico de sensibilizar um monstro capaz de um gesto tão horrível.
Não peçam conferências de imprensa à Polícia. Deixem que ela faça o seu trabalho de forma discreta e eficaz.
Basta de circo, mostrem todos um bocadinho de humildade, pudor, recolhimento e respeito pela dor da família.
Será pedir muito?
Errâncias
Ao contrário do que se diz no "Outro Lado do Espelho", nada tive a ver com o arredondamento das formas da moçoila que lê uma carta que me limitei a entregar-lhe.
Aliás, o senhor Pablo Neruda já se mostrou disponível para afiançar a minha boa fé e o meu integral respeito pelas filhas de cada um.
E, se for preciso, a ciência confirmará que sou mesmo ADN, ou seja, Abúlico De Natureza, logo incapaz, impotente, atadinho, alérgico, timorato (nascido em Dili), asceta, introvertido, cabisbaixo e macambúzio.
Perante este esclarecedor atestado de inoperabilidade, só mesmo um Espelho deformante poderia acusar-me de mancebia ou equivalente gesto de luxúria.
Como recompensa pela minha probidade, o senhor Neruda concedeu-me umas curtas férias, pelo que hoje e amanhã estarei por aqui. Na 6ª feira, de madrugada, pegarei no meu bordão e seguirei, por vales e montes, na demanda de uma Jeanne que me espera à porta do Louvre.
O Código da Vinci está decifrado, mas Paris encerra outros mistérios que o Escriba bem conhece.
Se alguém perguntar por mim, Escriba, diz que fui por aí...
Aliás, o senhor Pablo Neruda já se mostrou disponível para afiançar a minha boa fé e o meu integral respeito pelas filhas de cada um.
E, se for preciso, a ciência confirmará que sou mesmo ADN, ou seja, Abúlico De Natureza, logo incapaz, impotente, atadinho, alérgico, timorato (nascido em Dili), asceta, introvertido, cabisbaixo e macambúzio.
Perante este esclarecedor atestado de inoperabilidade, só mesmo um Espelho deformante poderia acusar-me de mancebia ou equivalente gesto de luxúria.
Como recompensa pela minha probidade, o senhor Neruda concedeu-me umas curtas férias, pelo que hoje e amanhã estarei por aqui. Na 6ª feira, de madrugada, pegarei no meu bordão e seguirei, por vales e montes, na demanda de uma Jeanne que me espera à porta do Louvre.
O Código da Vinci está decifrado, mas Paris encerra outros mistérios que o Escriba bem conhece.
Se alguém perguntar por mim, Escriba, diz que fui por aí...
terça-feira, 8 de maio de 2007
Os netos de Estaline
A mais recente proeza da esmerada Dr.ª Felícia vem na última “Acontece”, acabadinha de sair – chegou hoje, sem remetente nem destinatário, à minha caixa de correio, e sem que eu a tivesse pedido – e é digna de José Estaline. Consiste a façanha em ali se ter feito uma circunstanciada resenha histórica do Museu Municipal de Sesimbra, sem que a criação do Núcleo Museológico da Capela do Espírito Santo, em Dezembro de 2004, tenha merecido qualquer atenção à luminária de serviço. Estamos mesmo a ver, numa próxima sessão de Câmara, a Dr.ª Felícia, perante o olhar de soslaio do embaraçado Augusto, a fazer o pino sobre a quadratura do círculo e a jurar a pés juntos que vai ver o que é se passou, que foi certamente um lapso, um erro, uma desatenção. Assim se justifica o injustificável. Assim se omite e escamoteia, clamorosamente, e com despudor, o mais importante investimento museológico alguma vez feito – de longe, e sob todos os pontos de vista – na nossa terra. Assim a Dr.ª Felícia, que tem mostrado profunda indiferença no que diz respeito ao processo de recuperação da Casa do Bispo, se permite dar mais um salto oportuno na história recente do concelho, passando da criação do Museu do Mar, em 1983, para o regresso do Museu Arqueológico ao Castelo, em 2006. É claro que, no final do texto, a contra-gosto, e como quem não quer a coisa, para ver se ela passa despercebida com o barulho das luzes, lá se admite que o Núcleo da Capela integra o Museu Municipal. É na última linha, a tal que talvez ninguém venha a ler. Vê-se que a coisa lhes custa, mas tem de ser, pois ignorá-la absolutamente seria o mesmo que tentar fazer crer ao pagode que o sol não nasce todos os dias. Ora, como toda a gente sabe que ele se levanta manhã após manhã, resta-nos aceitar que, quando nasce, não é para todos…
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segunda-feira, 7 de maio de 2007
Só para chatear
Fiado na memória, estou em crer que o novo “site” da Câmara Municipal de Sesimbra era para estar cá fora, em linha, ao alcance do pagode, no passado mês de Abril. Pelo menos, é o que julgo ter lido, em tempos não muito distantes, no “Sesimbra Município”. Até lá, a coisa, já mais ou menos pronta, encontrar-se-ia a ser testada (provavelmente, não o sabemos ao certo, com o indispensável recurso a gramáticas, prontuários e dicionários). A verdade é que, passado Abril, e entrado o mês de Maio, do “site”, nada. De modo que resolvi aqui perguntar à senhora Câmara o que é que se passa? É só para chatear, mesmo se perguntar não ofende…
sexta-feira, 4 de maio de 2007
Não acertam uma
Proverbialmente, o "Sopa de Pelim" chama a nossa atenção para mais um luminoso fiasco local dos comunistas. Tal como no filme "Casablanca", a história acaba com os suspeitos do costume. Assim se vê…
A solidão de Augusto
Ano e meio depois da tomada de posse, a gestão autárquica de Augusto já não entusiasma vivalma. Quem duvidar daquilo que acabo de dizer deve pôr os olhos no que se passou na cerimónia de entrega das condecorações municipais, realizada hoje. O local escolhido foi o Cine-Teatro João Mota, novinho em folha. Augusto, talvez fiando-se nisso, esperava 250 pessoas. Por atacado, apareceram 85 criaturas. Entre estas, contavam-se 24 medalhados (só cegantes eram 11), mailos acompanhantes, 15 funcionários da Câmara, alguns deles em serviço, e 11 abnegados militantes comunistas, sempre dispostos a colmatar a genuína ausência popular, sempre prontos a associarem-se a mais um estridente fiasco de Augusto. Ao contrário do que sucedia num passado recente – quem não se lembra do Auditório Conde de Ferreira à cunha? –, desta vez, o movimento associativo quase não marcou presença; e também os condecorados em anos anteriores, que costumavam dar um ar da sua graça, não deram sinais de vida. Augusto é, cada vez mais, um homem só, à medida que as pessoas acordam. O pior é que estas boas almas despertam para um pesadelo.
quinta-feira, 3 de maio de 2007
Interlúdio
Desculpem lá, mas o senhor Pablo Neruda ligou-me mesmo agora a dizer que precisa de mim.
Assim sendo, vou pegar na bicicleta e trepar colina acima, para ele voltar a explicar-me o que são metáforas e também para ouvir o Carlos Gardel a cantar a "Madre Silva".
Até breve...
Assim sendo, vou pegar na bicicleta e trepar colina acima, para ele voltar a explicar-me o que são metáforas e também para ouvir o Carlos Gardel a cantar a "Madre Silva".
Até breve...
A sequela de Séguéla
Há uns anos, um brilhante publicitário francês, Jacques Séguéla, levou François Mitterrand à presidência graças a uma longa e bem concebida campanha.
Primeiro, foi preparando o terreno, espalhando a mensagem "Socialismo, uma ideia que vai seguindo o seu caminho".
Depois, tratou de moldar o homem para incarnar essa ideia. Pegou nele, limou-lhe os dentes
incisivos, reduziu-lhe a frequência no piscar dos olhos, mudou-lhe o guarda-roupa, acentuou-lhe o lado ascético, mostrando-o em caminhadas solitárias com o seu magnífico cão, bonificou, quase beatificou Mitterrand. E fez dele a força tranquila que lhe deu a vitória.
Ontem, frente a Sarkosy, Ségolène Royal quis mostrar que o facto de ser mulher não a impede de ter argumentos e de os ter (os argumentos) no sítio. Errou. Na minha modesta e profana opinião, errou, porque o seu trunfo maior é, precisamente, ser mulher, ser diferente.
Ora, Ségolène não seguiu o método de Séguéla e, em vez de valorizar o que de melhor possui, escolheu lutar com as armas que mais criticou em Sarkosy.
E, em vez de sedução, serenidade, bonomia e doçura, Ségolène Royal mostrou, desnecessariamente, agressividade, excitação, provocação, chegando mesmo a fingir uma ira pateta que a poucos terá enganado.
Bem ela evocou o exemplo da chanceler alemã, não convenceu.
Surpreendentemente, foi Nicolas Sarkosy a imagem da tranquilidade, da tolerância, da força tranquila.
Pode não ganhar, mas revelou (mais) estofo de Presidente...
Primeiro, foi preparando o terreno, espalhando a mensagem "Socialismo, uma ideia que vai seguindo o seu caminho".
Depois, tratou de moldar o homem para incarnar essa ideia. Pegou nele, limou-lhe os dentes
incisivos, reduziu-lhe a frequência no piscar dos olhos, mudou-lhe o guarda-roupa, acentuou-lhe o lado ascético, mostrando-o em caminhadas solitárias com o seu magnífico cão, bonificou, quase beatificou Mitterrand. E fez dele a força tranquila que lhe deu a vitória.
Ontem, frente a Sarkosy, Ségolène Royal quis mostrar que o facto de ser mulher não a impede de ter argumentos e de os ter (os argumentos) no sítio. Errou. Na minha modesta e profana opinião, errou, porque o seu trunfo maior é, precisamente, ser mulher, ser diferente.
Ora, Ségolène não seguiu o método de Séguéla e, em vez de valorizar o que de melhor possui, escolheu lutar com as armas que mais criticou em Sarkosy.
E, em vez de sedução, serenidade, bonomia e doçura, Ségolène Royal mostrou, desnecessariamente, agressividade, excitação, provocação, chegando mesmo a fingir uma ira pateta que a poucos terá enganado.
Bem ela evocou o exemplo da chanceler alemã, não convenceu.
Surpreendentemente, foi Nicolas Sarkosy a imagem da tranquilidade, da tolerância, da força tranquila.
Pode não ganhar, mas revelou (mais) estofo de Presidente...
quarta-feira, 2 de maio de 2007
Pois...
Para ilustração do pagode, transcrevo, sem comentários, um excerto da entrevista feita por “O Sesimbrense” aos jovens do concelho que visitaram o Parlamento Europeu a convite de um Deputado do Grupo Parlamentar do P. C. P.
"O Sesimbrense" - Sentem que deixaram alguma marca vossa nas pessoas com quem falaram? Deixaram algum contributo com a vossa visita?
Jorge – Sim, claro. Além do nosso grupo aqui do concelho de Sesimbra havia um grupo da Juventude Comunista de Lisboa, e outro do ISCTE, Universidade de Economia… eram pessoas muito sociáveis e aprendemos muito com eles, principalmente com o pessoal da J.C.P., que estava mais perto de nós no autocarro.”
"O Sesimbrense" - Sentem que deixaram alguma marca vossa nas pessoas com quem falaram? Deixaram algum contributo com a vossa visita?
Jorge – Sim, claro. Além do nosso grupo aqui do concelho de Sesimbra havia um grupo da Juventude Comunista de Lisboa, e outro do ISCTE, Universidade de Economia… eram pessoas muito sociáveis e aprendemos muito com eles, principalmente com o pessoal da J.C.P., que estava mais perto de nós no autocarro.”
Há quem lhe chame excursões...
O Museu Municipal de Sesimbra, fiquei agora a saber, estabeleceu uma parceria com outros museus municipais do distrito, com o propósito de realizar um ciclo de visitas por vários municípios, explorando as suas riquezas patrimoniais e culturais, e no sentido de promover o conhecimento e alicerçar um sentido comum de identidade cultural. Como ideia, a coisa não me parece mal. Mas confesso que há certos pormenores que me fazem alguma espécie, ó se fazem. Com efeito, não deixa de ser notável que o Museu de Sesimbra estabeleça uma parceria com outros museus municipais, sem que – com excepção de um – o de Santiago do Cacém –, se digne sequer visitá-los. Mal se percebe que – por exemplo – a galeria de arte antiga do Convento de Jesus/Museu de Setúbal (uma das mais notáveis do país) fique por ver. Claro que não ajuda muito invadir a capital do distrito num domingo, dia em que os museus do concelho de Setúbal estão fechados, mas aqui, de duas, uma: ou se escolhia um outro dia para a visita – o sábado – ou se fazia valer a regra da excepção – afinal de contas a parceria sempre há-de servir para alguma coisa. E não nos venham dizer que o problema é de falta de tempo. Tempo é o que não vai faltar aos visitantes: só as visitas aos longínquos e remotos concelhos da Moita e do Montijo vão durar cada uma, cerca de 13 horas!!!, entre as 7h30 e as 20h00 (ou as 20h30), no auge da Primavera. Bem sei que pôr o pessoal a ver painéis quinhentistas da escola portuguesa não dá votos a ninguém, mas escusavam de embrulhar estas visitas em papel de museu. Está-se mesmo a ver o que isto vai ser. Há até quem lhe chame excursões…
Concursos e com cursos
A experiência, ao longo dos anos, tem mostrado que as vitórias nas diferentes eleições raramente traduzem mérito e reconhecimento pelo valor de quem ganha mas apenas rejeição dos vencidos.
E isto acontece porque já ninguém acredita na seriedade e na competência dos políticos, sejam eles figuras de dimensão nacional ou pretendentes de estatuto regional.
O 25 de Abril veio abrir as portas de acesso à cena política a uma multidão de indivíduos que se instalou nos partidos, adquiriu lugar cativo e dali saltou para as diversas bancadas da função e/ou administração públicas, trincheiras que defendem com unhas, dentes, alianças e compadrios, por forma a preservar os tachos até à reforma confortável.
A regra é a dança das cadeiras, a maleabilidade nas conivências e o reenvio do elevador, altos e baixos, nora com alcatruzes, cortiças que flutuam ao sabor das mansas ondas das alternâncias, sempre os mesmos à ginástica, uns no poder e outros em fingida oposição.
No caso de Sesimbra, se a memória das pessoas não cair na cova funda, a coligação actualmente no poder dificilmente não será apeada, tão grandes são o descontentamento e a decepção.
Porém, a desilusão não chega para ditar a derrota, é preciso que se perceba que há não só uma verdadeira oposição como (e sobretudo) um projecto de mudança.
Mas um projecto com rosto, uma marca de confiança, e não apenas um rol de promessas postiças, de mensagens de pacotilha, frases ocas de "euribores" pacóvios.
De momento, o terreno da Oposição é um deserto de pessoas e de ideias, vazio que deixa adivinhar que, em cima da hora, vamos ter mais uma luta de galos em capoeiras esfrangalhadas da qual sairá um galinho da Índia que não vai resistir aos chavões da ordem, aos apelos aos ideais de Abril, para tudo ficar na mesma apagada e pungente mediocridade.
Sesimbra não é Abril, mas Maio, uma terra cheia de chagas, eterno carrossel dolente como o burro da nora, à beira do poço da morte.
Nem todos os políticos são doutores ou engenheiros, nem todos vêm com cursos, mas muitos fazem pensar em concursos.
A política não tem de ser "Um Contra Todos", mas o que explica a desconfiança e a rejeição é a atitude suspeita de "Quem Quer Ser Milionário"...
E isto acontece porque já ninguém acredita na seriedade e na competência dos políticos, sejam eles figuras de dimensão nacional ou pretendentes de estatuto regional.
O 25 de Abril veio abrir as portas de acesso à cena política a uma multidão de indivíduos que se instalou nos partidos, adquiriu lugar cativo e dali saltou para as diversas bancadas da função e/ou administração públicas, trincheiras que defendem com unhas, dentes, alianças e compadrios, por forma a preservar os tachos até à reforma confortável.
A regra é a dança das cadeiras, a maleabilidade nas conivências e o reenvio do elevador, altos e baixos, nora com alcatruzes, cortiças que flutuam ao sabor das mansas ondas das alternâncias, sempre os mesmos à ginástica, uns no poder e outros em fingida oposição.
No caso de Sesimbra, se a memória das pessoas não cair na cova funda, a coligação actualmente no poder dificilmente não será apeada, tão grandes são o descontentamento e a decepção.
Porém, a desilusão não chega para ditar a derrota, é preciso que se perceba que há não só uma verdadeira oposição como (e sobretudo) um projecto de mudança.
Mas um projecto com rosto, uma marca de confiança, e não apenas um rol de promessas postiças, de mensagens de pacotilha, frases ocas de "euribores" pacóvios.
De momento, o terreno da Oposição é um deserto de pessoas e de ideias, vazio que deixa adivinhar que, em cima da hora, vamos ter mais uma luta de galos em capoeiras esfrangalhadas da qual sairá um galinho da Índia que não vai resistir aos chavões da ordem, aos apelos aos ideais de Abril, para tudo ficar na mesma apagada e pungente mediocridade.
Sesimbra não é Abril, mas Maio, uma terra cheia de chagas, eterno carrossel dolente como o burro da nora, à beira do poço da morte.
Nem todos os políticos são doutores ou engenheiros, nem todos vêm com cursos, mas muitos fazem pensar em concursos.
A política não tem de ser "Um Contra Todos", mas o que explica a desconfiança e a rejeição é a atitude suspeita de "Quem Quer Ser Milionário"...
Pisca - Pisca
Segundo um jornal sério (não, não é o Raio de Luz), a famosa cantora Ruth Marlene esteve envolvida num acidente de viação, na zona de Palmela.
Houve três feridos ligeiros e a famosa Ruth terá abandonado o local da actuação antes da chegada da GNR.
Mas acabou por ser notificada na sua residência.
Recordamos a leitores menos atentos a estas coisas da moderna música portuguesa que Ruth Marlene é famosa por ter interpretado dois temas inesquecíveis, "Chupa no Dedo" e "A Moda do Pisca-Pisca".
O que o jornal não esclarece é se o acidente se ficou a dever ao facto de a bela Ruth ir, distraída, a chupar no dedo ou se (mais grave) se esqueceu de activar o pisca-pisca.
Sabendo quão ansiosos estareis pelo completo e cabal esclarecimento deste palpitante "fé de iver", prometemos voltar com notícias fresquinhas.
À fé de quem somos...
Houve três feridos ligeiros e a famosa Ruth terá abandonado o local da actuação antes da chegada da GNR.
Mas acabou por ser notificada na sua residência.
Recordamos a leitores menos atentos a estas coisas da moderna música portuguesa que Ruth Marlene é famosa por ter interpretado dois temas inesquecíveis, "Chupa no Dedo" e "A Moda do Pisca-Pisca".
O que o jornal não esclarece é se o acidente se ficou a dever ao facto de a bela Ruth ir, distraída, a chupar no dedo ou se (mais grave) se esqueceu de activar o pisca-pisca.
Sabendo quão ansiosos estareis pelo completo e cabal esclarecimento deste palpitante "fé de iver", prometemos voltar com notícias fresquinhas.
À fé de quem somos...
Quod erat demonstrandum
Uma citação latina nada custa e sempre constitui um toque de erudição que, parecendo que não,
confere certa aura de dignidade e de rigor à tese.
E a tese (aqui defendida há dias) é a da conveniência do saneamento do futebol através da proibição do jogo de cabeça.
A demonstração, o que era preciso demonstrar, aconteceu ontem, no encontro entre o Chelsea e o Liverpool, graças ao golo dos vermelhos cuja feitura ilustra limpidamente a tese.
Todos sabemos que o futebol moderno (?) se resume a lançar bolas para a grande área, para o barulho, na esperança de um ressalto, um desvio, um acaso, um naco de sorte, lances em que o talento e o mérito deram lugar à lotaria e à falta escondida entre a multidão de pernas, braços e cabeças.
Raros são os golos obtidos de outra maneira, de forma clássica, bola dominada, corrida, passe, finta, remate.
Joga-se para conquistar livres e cantos, ficando o resto entregue ao bambúrrio.
Ora, o Liverpool fez exactamente o contrário, inovou, surpreendeu e conseguiu um golo bonito e inteligente.
Quando (quase) todos os jogadores se amontoavam na área à espera da bola por alto, surgiu um passe rasteiro, à flor da relva, lateral, seguido de um remate igualmente raso que levou o esférico a entrar pelo canto inferior direito do guarda-redes.
Foi um lance estudado, um golpe de mestre, e a demonstração de que o bom futebol, jogado com técnica, arte e beleza, só é possível com a bolinha no chão.
Quem viu só poderá concordar. Quem não viu, acredite que é verdade.
Naturalmente, não vou escrever ao Madaíl nem ao Michel Platini, presidente da UEFA, porque esses senhores não estão interessados em bom futebol, mas sim no que o futebol tem de bom. Para eles...
confere certa aura de dignidade e de rigor à tese.
E a tese (aqui defendida há dias) é a da conveniência do saneamento do futebol através da proibição do jogo de cabeça.
A demonstração, o que era preciso demonstrar, aconteceu ontem, no encontro entre o Chelsea e o Liverpool, graças ao golo dos vermelhos cuja feitura ilustra limpidamente a tese.
Todos sabemos que o futebol moderno (?) se resume a lançar bolas para a grande área, para o barulho, na esperança de um ressalto, um desvio, um acaso, um naco de sorte, lances em que o talento e o mérito deram lugar à lotaria e à falta escondida entre a multidão de pernas, braços e cabeças.
Raros são os golos obtidos de outra maneira, de forma clássica, bola dominada, corrida, passe, finta, remate.
Joga-se para conquistar livres e cantos, ficando o resto entregue ao bambúrrio.
Ora, o Liverpool fez exactamente o contrário, inovou, surpreendeu e conseguiu um golo bonito e inteligente.
Quando (quase) todos os jogadores se amontoavam na área à espera da bola por alto, surgiu um passe rasteiro, à flor da relva, lateral, seguido de um remate igualmente raso que levou o esférico a entrar pelo canto inferior direito do guarda-redes.
Foi um lance estudado, um golpe de mestre, e a demonstração de que o bom futebol, jogado com técnica, arte e beleza, só é possível com a bolinha no chão.
Quem viu só poderá concordar. Quem não viu, acredite que é verdade.
Naturalmente, não vou escrever ao Madaíl nem ao Michel Platini, presidente da UEFA, porque esses senhores não estão interessados em bom futebol, mas sim no que o futebol tem de bom. Para eles...
terça-feira, 1 de maio de 2007
Magra?
Eu conheço, reconheço, gabo e admiro o sentido estético do Escriba.
Por isso dou-lhe carta branca, registada, com aviso de recepção, à sua vontade, para fazer obras no edifício (licenciado pela Câmara) que é este blogue.
Porém, seria contra os meus princípios se não manifestasse a minha surpresa perante o quadro que escolheu para encimar a fachada.
A pintura é de mestre, é verdade. É provável que a senhora esteja a ler uma carta, mas não consigo perceber se esta é magra ou não.
Agora a leitora é que não é nada magra, ó Escriba.
Sabendo-se, como se sabe, que uma obra destas levas meses a concluir, podemos admitir que houve aqui um considerável hiato entre a primeira e a última pinceladas.
Quando o mestre começou a pintar, a senhora que lia a carta seria certamente magra, de cintura fina, esbelta e angelical. Mas tantas vezes o mestre molhou o pincel que o que tinha de acontecer sucedeu e lá temos a senhora num estado interessante, talvez, mas pouco elegante.
E, para ver se não damos por nada, a maliciosa flamenga continua a fingir que lê a carta.
Por essa cartilha também nós já lemos, ó menina.
O que toda a gente ficou a saber é que o mestre abusou da moçoila. Em tempo real...
Por isso dou-lhe carta branca, registada, com aviso de recepção, à sua vontade, para fazer obras no edifício (licenciado pela Câmara) que é este blogue.
Porém, seria contra os meus princípios se não manifestasse a minha surpresa perante o quadro que escolheu para encimar a fachada.
A pintura é de mestre, é verdade. É provável que a senhora esteja a ler uma carta, mas não consigo perceber se esta é magra ou não.
Agora a leitora é que não é nada magra, ó Escriba.
Sabendo-se, como se sabe, que uma obra destas levas meses a concluir, podemos admitir que houve aqui um considerável hiato entre a primeira e a última pinceladas.
Quando o mestre começou a pintar, a senhora que lia a carta seria certamente magra, de cintura fina, esbelta e angelical. Mas tantas vezes o mestre molhou o pincel que o que tinha de acontecer sucedeu e lá temos a senhora num estado interessante, talvez, mas pouco elegante.
E, para ver se não damos por nada, a maliciosa flamenga continua a fingir que lê a carta.
Por essa cartilha também nós já lemos, ó menina.
O que toda a gente ficou a saber é que o mestre abusou da moçoila. Em tempo real...
Em tempo real
A nossa classe superior que bota discurso diante de câmaras (escuras, claras, municipais, etc.) e de microfones tem a particularidade de se afirmar através de vários predicados, gravatas berrantes, carros de alta cilindrada ou telemóveis que até servem para atender chamadas.
Mas a imagem de marca, o traço distintivo é a palavra, o vocabulário, o estilo mais ou menos modernaço e janota.
Ultimamente, além da excelente obrigatoriedade, ouve-se amiúde a expressão em tempo real.
Confesso a minha ignorância, talvez a fórmula seja correcta e apropriada, mas tenho dúvidas.
De facto, o sentido em que me parece ser aplicada é o de simultaneamente, em directo, imediatamente, instantaneamente, ao mesmo tempo. Mas... em tempo real? O que será o tempo real? Será que há um tempo irreal, fictício, falso, suposto, ilusório, parado?
Conheço as transmissões em directo e em diferido, isso sim. Agora, tempo real... alguma alma entendida será capaz de explicar?
Será real o tempo que gasta D. Duarte de Bragança a aparar o bigode? Será Real o tempo dos jogos da equipa de Madrid? Não será ficção o que toca o realejo?
Se nos pomos a duvidar de tudo, podemos perguntar-nos se Sua Alteza será, de facto, Real?
Já agora, será que a multidão que compareceu esta manhã na corrida da dona Felícia correu em tempo real? Foi, ela mesmo, real ou ficção? Foi fiasco real ou ilusão?
Com políticos destes que se perdem em preciosismos e piruetas linguísticas, em petulâncias menores, o País só pode ir caindo na cauda da Europa, lenta mas inexoravelmente.
Em tempo real e triste...
Mas a imagem de marca, o traço distintivo é a palavra, o vocabulário, o estilo mais ou menos modernaço e janota.
Ultimamente, além da excelente obrigatoriedade, ouve-se amiúde a expressão em tempo real.
Confesso a minha ignorância, talvez a fórmula seja correcta e apropriada, mas tenho dúvidas.
De facto, o sentido em que me parece ser aplicada é o de simultaneamente, em directo, imediatamente, instantaneamente, ao mesmo tempo. Mas... em tempo real? O que será o tempo real? Será que há um tempo irreal, fictício, falso, suposto, ilusório, parado?
Conheço as transmissões em directo e em diferido, isso sim. Agora, tempo real... alguma alma entendida será capaz de explicar?
Será real o tempo que gasta D. Duarte de Bragança a aparar o bigode? Será Real o tempo dos jogos da equipa de Madrid? Não será ficção o que toca o realejo?
Se nos pomos a duvidar de tudo, podemos perguntar-nos se Sua Alteza será, de facto, Real?
Já agora, será que a multidão que compareceu esta manhã na corrida da dona Felícia correu em tempo real? Foi, ela mesmo, real ou ficção? Foi fiasco real ou ilusão?
Com políticos destes que se perdem em preciosismos e piruetas linguísticas, em petulâncias menores, o País só pode ir caindo na cauda da Europa, lenta mas inexoravelmente.
Em tempo real e triste...
Modéstia e humildade
Quando, há pouco, eu dizia que nós brincávamos aos comentadores houve quem duvidasse.
Mas é verdade. Por mil razões, entre as quais o prazer da provocação moderada e o gosto pela confrontação de ideias.
Este texto do Escriba, acerca da magra corrida, muito pouco concorrida, veio provar que temos de ser realistas e modestos porque há teses que defendemos e que, afinal, correm o risco de cair pela base.
Eu explico.
Quem nos lê sabe que não consideramos a vereadora Felícia um modelo nem um exemplo a seguir, nem mesmo no dia das mentiras.
Damos-lhe nota muito negativa pela sua acção e estávamos convencidos de que a grande maioria das pessoas que lhe conhecem a obra(?), gostariam de ver a senhora deixar a Câmara e dedicar-se a outra coisa.
Ora, vede bem como estávamos enganados.
Neste glorioso Dia do Trabalhador, dona Felícia organizou uma prova de esforço pedestre e, para grande surpresa nossa, ninguém (ou quase) respondeu ao apelo.
Sim, porque nós, tontos, pensávamos que toda a gente queria correr com a Felícia...
Mas é verdade. Por mil razões, entre as quais o prazer da provocação moderada e o gosto pela confrontação de ideias.
Este texto do Escriba, acerca da magra corrida, muito pouco concorrida, veio provar que temos de ser realistas e modestos porque há teses que defendemos e que, afinal, correm o risco de cair pela base.
Eu explico.
Quem nos lê sabe que não consideramos a vereadora Felícia um modelo nem um exemplo a seguir, nem mesmo no dia das mentiras.
Damos-lhe nota muito negativa pela sua acção e estávamos convencidos de que a grande maioria das pessoas que lhe conhecem a obra(?), gostariam de ver a senhora deixar a Câmara e dedicar-se a outra coisa.
Ora, vede bem como estávamos enganados.
Neste glorioso Dia do Trabalhador, dona Felícia organizou uma prova de esforço pedestre e, para grande surpresa nossa, ninguém (ou quase) respondeu ao apelo.
Sim, porque nós, tontos, pensávamos que toda a gente queria correr com a Felícia...
O primeiro (fracasso) de Maio
“Estafeta da Liberdade”, ou “Corrida da Liberdade”, ou lá o que era – (desculpem-nos a indecisão nos termos, mas, manda a verdade dizer, nós não estamos dotados com o olhar agudo e penetrante da reportagem de “O Sesimbrense”) –, o certo é que a dita corrida, ou caminhada, ou lá o que era, este ano transferida, pela Câmara Municipal de Sesimbra, do 25 de Abril para o feriado de hoje, acabou, há minutos (são onze da manhã), por se saldar num retumbante fracasso.
Será, porém, de inteira justiça registar, aplaudir, e até enaltecer, a presença indefectível de três ou quatro militantes comunistas que, desta forma, se associaram jubilosamente, manhã cedo, ao fiasco promovido pela Dr.ª Felícia. Fontes fidedignas fazem-nos, entretanto, saber que as restantes iniciativas camarárias programadas para esta matina decorreram, por igual, às moscas. Ficamos agora na expectativa de ler as reportagens grandiloquentes do boletim municipal e do sempre atento “O Sesimbrense”.
Será, porém, de inteira justiça registar, aplaudir, e até enaltecer, a presença indefectível de três ou quatro militantes comunistas que, desta forma, se associaram jubilosamente, manhã cedo, ao fiasco promovido pela Dr.ª Felícia. Fontes fidedignas fazem-nos, entretanto, saber que as restantes iniciativas camarárias programadas para esta matina decorreram, por igual, às moscas. Ficamos agora na expectativa de ler as reportagens grandiloquentes do boletim municipal e do sempre atento “O Sesimbrense”.
Embevecidos
A capa do último “O Sesimbrense”, não obstante a atenção avassaladora que dispensa à ditosa viagem juvenil lá pelas Franças, concede algum espaço, no seu canto inferior direito, à inauguração do Espaço Zambujal, em resultado da obra de requalificação da Biblioteca da Junta de Freguesia do Castelo. Na primeira página, a fotografia concomitante é a do descerramento da lápide que assinala o acto. Além de Francisco Jesus, Presidente da Junta, ficaram no boneco Odete Graça e Augusto Pólvora. É visível que os dois aparentam boa disposição, estão sorridentes, denotam contentamento. Mas a legenda de “O Sesimbrense” vai mais longe: garante-nos, sem pestanejar, que o seu olhar (deles, autarcas Augusto e Odete) é embevecido. De uma quinzena para a outra, o mesmo jornal que imprecisa e displicentemente tornara “pexita” a judoca lisboeta, e campeã europeia, Telma Monteiro, tomou-se de brios, arregaçou as mangas e não deixa agora escapar o mínimo pormenor. Sim, Augusto e Odete – eram mesmo eles – estiveram lá, mas não de uma maneira qualquer. Estavam embevecidos. Estas minúcias psicológicas, estes indícios fisiognómicos é que não escapam ao atento, atencioso e, por que não dizê-lo, embevecido “O Sesimbrense”. Para que conste.
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