quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Rogério Paulo

O canal Memória, da RTP, está a transmitir a novela "Chuva na Areia".
Ao ver, fugazmente, um episódio tive a agradável surpresa de descobrir Rogério Paulo que, para mim, era apenas uma voz, inconfundível, do Teatro Radiofónico da Emissora Nacional.

Durante anos ouvi, deslumbrado, aquele escol de actores notáveis, Assis Pacheco, Raul de Carvalho, Ruy de Carvalho, Canto e Castro, Luís Filipe, Eunice Muñoz, Carmen Dolores, encenados por Samuel Diniz.

Era às 9 e meia da noite, em Lisboa 1, e repetia às 13.30, em Lisboa 2.

Rogério Paulo era sempre o herói, a principal figura masculina, o Pimpinela Escarlate, o Conde de Monte Cristo e tantos outros, ou em obras como "A Tosca", " O Bem e o Mal", "A Paixão de Jane Eyre", " A Mulher de Branco".

Ao vê-lo agora, fechei os olhos e voltei ao mundo misterioso e fascinante da Rádio, em tempos de mocidade, quando os nossos heróis eram irreais, vozes sem rosto, mas, ao mesmo tempo, tão próximos, pelo talento, pelo encanto, pela recriação de um universo de aventuras e paixões que a Emissora levava a nossas casas nas longas noites de Invernos distantes, fantasia tão poderosa como "O Monte dos Vendavais"...

Santos da Casa

Nem toda a gente (a começar por Mário Soares) esperaria (ou desejaria) que Cavaco Silva viesse a desempenhar com tanta eficiência e elegância o seu papel de Presidente da República.

Ora, acrescentando uma nota de alguma singularidade, Cavaco resolveu introduzir uma inovação no protocolo presidencial ao dispor-se a receber, amanhã à tarde, no Palácio de Belém, algumas personalidades de apelido Santos, por ocasião do Dia de Todos os Santos.

Ao dar conta aos jornalistas desta sua iniciativa, o Chefe de Estado, comentou, com alguma graça, que, obviamente, o Palácio não é suficientemente vasto para acolher todos os Santos deste país, pelo que é forçado a limitar os convites.

Os interessados devem enviar um sinal de aquiescência, através de SMS ou e-mail, até às 23.00 horas de hoje.

Ao que conseguimos apurar, estão já confirmadas as presenças de Teixeira dos Santos, Fernando Santos, Couto dos Santos, José Rodrigues dos Santos, Argentina Santos e José Eduardo dos Santos, entre outros.

O trânsito no local vai ser condicionado a partir das 15.00 de amanhã.


Eu nem "a CRÉDITO" no que ouvi...

Eu não tenho a ousadia nem a imodéstia de acreditar que o senhor ministro das Finanças seja leitor da Magra Carta.
Mas factos são factos, e anteontem tratei aqui do grave problema do endividamento das famílias portuguesas, tendo apontado o dedo a empresas cuja actividade deveria merecer uma atenção muito particular por parte das entidades reguladoras.

Ora, esta manhã, tive o grato prazer de ouvir o dr. Teixeira dos Santos abordar este assunto aos microfones da Antena 1, após o que um jornalista teceu considerações e passou mesmo alguns dos anúncios que põem a cabeça à roda a pessoas com pouco senso e menor sentido das responsabilidades.

Bom seria que este flagelo merecesse um tratamento de choque, já que não restam dúvidas de que se trata de um mal comparável à droga, ao jogo ou ao álcool.

Fica, novamente, a chamada de atenção...

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Homens de barba rija

O defesa internacional Fernando Couto, que joga em Itália, vai cumprir três jogos de castigo por ter cuspido num adversário.
Este rapaz, viril e temperamental, foi, durante anos, capitão da nossa gloriosa selecção.

Difícil é entender os critérios de escolha dos capitães das equipas, em particular, de uma selecção nacional.
Fácil é perceber que certos indivíduos não reúnem o mínimo de condições para a função.

Mas, pelo andar da carruagem, talvez ainda vejamos a capitanear a selecção outro jovem impetuoso e de pêlo na venta que se chama Bruno Alves e que (tal como Couto) é defesa-central e joga no Porto.

É o mesmo que, há tempos, agrediu à cabeçada Nuno Gomes.

Tudo gente fina...

Maddie 129

É o título do livro escrito pelos jornalistas Hernâni Carvalho e Luís Maia e que trata, obviamente, do desaparecimento da pequena Madeleine.

Diz-se que em Portugal se lê pouco, mas não é certamente à falta de livros.
Por tudo e por nada se faz um livro, sobretudo quando cheira a sensação e a escândalo.

Se a Polícia ainda não encerrou o caso nem descobriu os culpados, que podem aqueles jornalistas trazer de interessante para a opinião pública?
Se possuem dados importante e sérios, deveriam tê-los comunicado aos investigadores.
Se se trata de conjecturas, palpites ou deduções, é prematuro e de mau gosto pois, até prova do contrário, há uma criança desaparecida e uma família a sofrer.
Por isso, acho indecoroso escrever um livro, nesta altura, sobre este drama.

Maddie 129. Por que não Carbono 14?

Homens e bichos

Numa aldeia chamada Borralheira de Orjais um grupo de imbecis resolveu brincar com um desgraçado, bêbado e asmático, divertimento macabro que resultou na morte do infeliz.

Não se trata de crianças nem adolescentes com problemas de integração social.
Não são jovens como os que torturaram e provocaram a morte do travesti, no Porto, mas não podemos deixar de fazer uma aproximação entre os dois casos, um ocorrido numa grande cidade, outro nas profundezas de um Portugal atrasado, no sopé da Serra da Estrela.

Em ambos encontramos a mesma crueldade e o mesmo desprezo pela dignidade e pela vida de seres fragilizados e indefesos.
Neste último caso, o álcool terá contribuído para a escalada, para a vertigem da excitação dos baixos instintos daqueles indivíduos.
Quatro ficaram em prisão preventiva, o pobre asmático vai hoje a enterrar.

Estaremos a transformar-nos num país de monstros?

Portadores de banalidade

Todos nós temos tiques de linguagem, palavras ou expressões de que gostamos e que nos ocorrem mais frequente ou facilmente.
E isso nada tem de mal.

O que me parece ser de lamentar é a adesão a fórmulas feitas, chavões papagueados e repetidos que tornam a linguagem incaracterística, previsível e despersonalizada.
Uma vez mais, as figuras públicas têm grande responsabilidade por serem locomotivas e modelos imitados.

Os jornalistas são os campeões da banalidade, da frase pré-fabricada e do lugar comum.
Ainda hoje ouvi falar de pessoas portadoras de deficiência.
Sinceramente, não percebo por que motivo não se diz, simplesmente, pessoas deficientes ou com deficiência.
Agora, portadoras! Como se levassem a deficiência debaixo do braço, numa mochila ou na carteira.

Eu não sei se a minha interpretação está correcta, mas confesso que me choca sempre que oiço.

Hoje, Maria de Belém Roseira falava de uma medida precoce para explicar que ela foi tomada cedo. Simplesmente cedo, e não cedo de mais.
Muita gente usa a palavra precoce para caracterizar algo que apenas ocorre a tempo, mas não demasiado cedo.

O abandono escolar precoce é o que acontece antes da altura própria, do que seria normal e esperado, mas uma medida preventiva dificilmente será precoce. Será antes oportuna, tomada a tempo.

Usar o termo precoce desta forma é banalizar-lhe e adulterar-lhe o sentido.
Precoce é prematuro, vem antes de tempo.
Por isso, muitas medidas hoje rotuladas de precoces são, apenas, tomadas sem demora, na altura própria e desejável.

Não será?

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

A droga do crédito fácil

Com muita frequência, as entidades responsáveis pelo sector assinalam o aumento dos casos de endividamento excessivo das famílias portuguesas que se deixam apanhar na rede tentadora do crédito fácil.

Nesta sociedade de consumo em que vivemos, a liberdade é a regra do mercado, pelo que se torna difícil estabelecer restrições à actuação das empresas, mesmo quando elas se revelam verdadeiras predadoras, com comportamentos que fazem lembrar os vendedores de droga.

Com efeito, a oferta de produtos é avassaladora e a omnipresença dos anúncios de créditos rápidos e fáceis arrasta as pessoas para a tentação das férias em Cuba, do carro novo, do plasma, do telemóvel de 3ª geração ou das roupas de marca.

A compra de uma casa representa um endividamento compreensível, ao passo que as múltiplas ofertas desses organismos sedutores visa o supérfluo.
Nessa medida, deveria haver uma vigilância apertada sobre tais empresas que nos aliciam insistentemente, através da televisão, dos jornais, do cinema, num verdadeiro cerco.

Esta armadilha do crédito fácil cria hábito, vício e, por fim, uma terrível dependência.

Será certamente legal, mas é imoral, quase criminosa...

O azar do costume

O Ministério Público de Alcobaça decidiu arquivar o inquérito sobre o naufrágio do barco "Luz do Sameiro", ocorrido quase na borda de água, na praia da Légua, Alcobaça.
Foi há 10 meses.

Alguns dos pescadores agarraram-se à embarcação, mas os socorros (Força Aérea) só chegaram ao fim de três horas.
Dos sete tripulantes, apenas um foi resgatado.

O inquérito não demonstrou haver responsabilidades criminais das autoridades nem dos tripulantes.
Talvez não tenha havido responsabilidade criminal das autoridades, mas socorros que demoram três horas a chegar como devem ser classificados?

É mais um arquivamento dos muitos em que a nossa Justiça é fértil.
Só que, neste caso, não se trata de arbitragens nem de dirigentes suspeitos, mas de vidas humanas.

Como (quase) sempre a culpa (mesmo involuntária) morre solteira, morre na praia, ali mesmo na zona da rebentação.

Estamos em Portugal, um país de homens do mar que não têm o direito de esperar ajuda vinda do ar.

Do céu, só Deus que, naquele dia, devia estar ocupado noutro sítio, no Iraque, no Darfur, no Afeganistão ou algures. Só
Ele saberá onde...

Não há rapazes maus...

O primeiro-ministro israelita Olmert acaba de revelar que sofre de cancro na próstata, mas vai continuar em funções.

Atitude bem diferente teve, em 1981, o presidente francês, François Mitterrand, ao anunciar que (embora não fosse obrigado) passaria a divulgar, de seis em seis meses, um boletim clínico por entender que era desejável que os cidadãos soubesse do estado de saúde do seu Presidente.
E todos os boletins revelavam um Mitterrand sempre saudável.

A verdade é que, quando foi eleito, Mitterrand já sabia que tinha um cancro na próstata, o que mostra até onde pode chegar a perfídia.

Mas parece que, em política, é normal, faz parte do jogo...

E se...

A questão de referendo ao Tratado Europeu está a transformar-se num tabu e a constituir um argumento político, uma bicha de rabear que pode chamuscar PS e PSD, entretidos que andam num jogo do gato e do rato.

O referendo é uma da muitas promessas de Sócrates e não é apenas por isso que a consulta deve ter lugar.
Quando as circunstâncias e/ou os pressuposto mudam, é admissível que as opções possa ser diferentes.
Contudo, não é saudável esta longa espera do Primeiro-Ministro relativamente a um assunto que deveria estar mais que decidido. E anunciado.

Mas o mais interessante (e perigoso), no caso de haver referendo, é se a resposta for a rejeição do Tratado.
Que acontece então? Saímos da Europa?

E estarão, em consciência, os Portugueses em condições de assumir uma tão grave responsabilidade?
Uma coisa é a pureza e o lirismo do ideal democrático, um homem, um voto.

Outra coisa é o conhecimento e a ponderação de cada um perante tão importante escolha...

Eles falam, falam. E mal...

O retornado Santana fazia, esta manhã, na TSF, um comentário sobre aquela idiotice das faltas descartáveis, e utilizou (ele, como tantos outros) o termo facilitismo.
Talvez devesse o dr. de Santana dizer frouxidão, relaxamento, moleza, devassidão, laxismo, por exemplo.
Não chegam? Porquê e para quê facilitismo?

Copiando absurdamente os brasileiros, muito boa gente deixou de falar de "um tal Fonseca" para dizer "um tal de Fonseca". Porquê? Alguém esclarece?

Há pouco, no Rádio Clube (outrora Português), um brilhante jornalista referia-se à nova Presidenta da Argentina.
Eu não sei, mas, por este andar, quando se tratar do feminino, vamos ter de usar formas como resistenta, assistenta, residenta, atraenta, doenta, contenta, eloquenta, frequenta, enfim, a lista é pertinenta.

Ele é a conversa chamada da treta, ele é o faz-de-conta, nos actos e nas palavras, ele é todo um estado de espírito decadente.

E ela é uma sociedade cada vez mais fedorenta...

Professoral

Hoje, as atenções estão centradas no Porto de Leixões.
Descansem, não há vendaval no barra, a refinaria não polui mais do que o habitual e o Senhor de Matosinhos está a descansar.

O que se passa é que a agremiação local, o Leixões, vai meter-se na bocarra do Dragão, facto que lançou o mui eminente professor Jesualdo em elaborações mentais dignas de um Platão, um Sócrates (cruzes, menino) ou outro Tininho de Rans.

Todos sabemos que em futebol tudo pode acontecer.
Mas também não ignoramos que, em 100 jogos, David só uma vez ganha a Golias.
Então não é que o senhor professor receia que seja hoje?

Eu não gosto da expressão "conversa da treta", por isso não a retenho para qualificar o discurso de Jesualdo.
Mas o homem adquiriu pose senatorial, assume um tom falsamente modesto, distante, condescendente, que já enjoa.
E quer fazer de nós parvos quando (não se limita a dizer mas ainda) nos explica que o Leixões é um adversário mais difícil do que o Marselha.

Ora a única verdade é que, neste caso, o treinador do Porto só tem três coisitas a dizer, ou seja, que respeita o Leixões, que o Porto é melhor e que, por isso, vai ganhar.

O resto é baboseira pindérica, ironia pastosa de fabrico pintista para a qual já não há pachorra...

domingo, 28 de outubro de 2007

SAP : Saias Ao Poder

Nos últimos tempos, a Monarquia tem sofrido diversos ataques, no Reino Unido, em Espanha, na Bélgica, o que pode querer dizer que o povo quer outra coisa, embora não saiba bem o quê.

O modelo Mugabe não é desejável, o estilo Putin assusta, por isso a hora é de hesitação.
Contudo, há quem não tenha perdido o norte e proponha o regresso ao matriarcado.

Na Alemanha, o poder já está no regaço da tia Ângela e, na Argentina, a tia Cristina deve suceder (hoje mesmo) ao marido, Nestor Kirchner.
Enquanto isto, nos USA, a tia Hilary prepara-se para aceder à Sala Oval (que é uma espécie de Quinta do Bill) onde o maroto do Clinton já foi muito feliz.

Portanto, a breve trecho a questão não será uma escolha entre República e Monarquia, mas sim entre eles e elas.
O que nos faz pensar que não basta dizermos "Sei quem ele é, ele é bom rapaz".
Será preciso ter a certeza de que ele é melhor que ela.

Sim, porque, no futuro próximo, vai haver sempre uma "ela" a disputar a eleição.

Será que vamos assistir a um duelo Maria José Ritta-Durão Barroso ou Maria Cavaco- António Guterres?

Se assim for, de uma coisa podemos ter a certeza, é que aquilo vai ser ela por ela...

Vai ao Totta...

Eu talvez não devesse meter esta colherada por não estar devidamente documentado.
Porém, não resisto à tentação, tanto mais que a minha opinião é tão irrelevante como os remates do Sporting.

Talvez por ontem não ter feito a distribuição habitual do correio, aqui estou a meter-vos, por baixo da porta, a deliciosa história dos senhores vice-governadores do Banco de Portugal a quem esta filantrópica instituição fez o favor de conceder créditos em condições muito especiais.

Ou seja, gente que ganha fortunas não tem vergonha de recorrer a empréstimos concebidos para pessoal menor, minorcas que não têm salários chorudos.
A desculpa é que não é ilegal. Talvez não, mas imoral é de certeza.

Pior é a explicação do Ministério das Finanças que (se bem percebi) diz, sem se desmanchar a rir, que o Banco de Portugal não é uma instituição de crédito pelo que não está obrigado a respeitar certos requisitos.
Ou seja, o Banco de Portugal não tem vocação de emprestar dinheiro. Mas empresta. Aos ricos.
E o nosso Ministério das Finanças lava daí as mãos.

Será que alguém tem dignidade neste país?
Será que os jardins dos créditos de favor estão a florir por toda a parte?
Será que andam por aí Donas Brancas de todas as cores?
Pelos vistos, está totalmente fora de prazo o célebre remate" Queres dinheiro? Vai ao Totta".

Agora o que está a dar é o Millennium do tio Jardim e o Branco, perdão, o Banco do tio Constâncio...

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Quem diria?

Comentando a Cimeira União Europeia-Rússia, José Sócrates tem o prazer de nos informar que se registaram progressos concretos no que diz respeito aos Direitos Humanos.

Como é natural, devemos encher-nos todos de júbilo, uma vez que a solene e optimista declaração do nosso Primeiro nos tira um grande peso de cima.

Afinal, na Rússia, há Direitos Humanos...

A modos que...

A actual Provedora da Casa Pia (que já disse desconhecer os abusos sobre crianças referidos por Catalina Pestana) foi hoje recebida pelo Procurador Geral da República.

À saída, com grande à-vontade, a dra. Joaquina Madeira disse aos jornalistas mais ou menos isto:"Eu percebo que vós fazem o vosso trabalho, mas eu não digo nada. Não insistam porque eu vou ficar calada".

Construções gramaticais deste calibre são moeda corrente nos discursos de Luís Filipe Vieira, mas da senhora Provedora esperar-se-ia outra pureza linguística.

Felizmente, a boca fugiu-lhe para a verdade, pois, para dar tais pontapés na gramática, o melhor mesmo é ficar calada...

Tudo boa gente

Sílvio Berlusconi foi hoje definitivamente ilibado num processo de corrupção que envolveu a venda da empresa agroalimentar SME.
O magnata já foi arguido em dez em processos de corrupção, fraude fiscal e financiamento ilícito de partido político.

Por várias vezes foi condenado em primeira instância, mas conseguiu sempre sair ileso nos recursos ou beneficiando de prescrições.

Neste momento, está a ser julgado novamente por corrupção, juntamente com o seu advogado britânico David Mills a quem Berlusconi teria pago 600.000 dólares em troca de falsos testemunhos, em 1990.

Por simples curiosidade, Berlusconi também foi, durante anos, presidente de um clube de futebol, o Milan AC.

Por simples curiosidade, o Milan é um clube do norte. Da Itália, claro.

Retrato tardio

Os pais da pequena Maddie divulgaram um retrato robô feito pelo FBI a partir do testemunho de uma amiga do casal que terá visto um homem com uma menina nos braços.

É possível que tal tenha acontecido, que um desconhecido tenha levado a menina, mas não deixa de ser estranho que só agora esta testemunha tenha contado o que diz ter visto.

Talvez este retrato robô traga consigo alguma pista, mas esta súbita lembrança é algo suspeita, mais parece destinada a lançar nova cortina de fumo para esconder quem matou a criança.

Ou quem a robô...

Regabofe

O primeiro-ministro anda a correr o país a entregar computadores, a promover o choque tecnológico, a louvar a qualificação e outras ladainhas do estilo.

Entretanto, e de forma surpreendente, a Comissão Parlamentar da Educação acaba de aprovar o novo Estatuto do Aluno, documento que, entre outras medidas, determina que as faltas dos alunos do ensino básico e secundário deixam de ter consequências, ou seja, acabam os chumbos por faltas.
Esta maravilha foi aprovada com os votos do PS, apenas, e a discordância de toda a oposição.

Recorde-se que este PS tem como secretário-geral o mesmo senhor que anda por aí, entre duas cimeiras, a promover a educação e a qualificação.

Seria bom lembrar ao eng.Sócrates que esta permissividade é perigosa.
A falta de rigor, de exigência, de seriedade e de disciplina, é coisa contagiosa e, por este andar, qualquer dia, podemos ter por aí universidades a fornecer diplomas de licenciatura capazes de inspirar suspeitas...

O peso do colectivo

Jerónimo de Sousa, numa linha de coerência imutável, vem agora explicar que o mandato de Luísa Mesquita, como deputada, não é dela, mas do PC, ou da CDU.

Já dissera o mesmo quando afastaram Carlos Sousa da Câmara de Setúbal.
O argumento foi o seguinte: as pessoas não votaram em Carlos Sousa mas sim no programa da CDU. Como é possível dizer isto?

Se, no caso do Parlamento, se pode aceitar que o voto leva mais em conta o partido, já numa eleição autárquica há um candidato que dá a cara, a escolha é pessoal. Indiscutivelmente.

Porém, o PC continua a ler pela mesma cartilha, não evolui um milímetro.

Para alguns, o tamanho não conta. Para o PC. o que não conta são as pessoas...

Memorial com Vento

Esta manhã, José Sócrates esperou mais de meia hora por Putin, diante do Convento de Mafra.
Esticava os punhos da camisa, cruzava e descruzava as mãos, nervoso como um noivo frente ao altar, assaltado por dúvidas de última hora.

Antes de Putin, chegou Durão Barroso, quase em passo de corrida, mas não entrou pela porta de armas.
Não vi o Oficial de Dia, menos ainda o de Prevenção. O de Piquete nem se fala.
Não vislumbrei qualquer soldado-cadete nem me apercebi da presença das mulherzinhas que iam vender sandes de chouriço e de ovo no intervalo da instrução.
Também não notei a presença efeminada daquele senhor da pensão Freitas, de cabelo ruivo, que tão bem apaparicava os seus cadetes.

Sócrates nem sonha o que era aquilo, o tenebroso convento, a angústia, o terror de uma guerra injusta, o pesadelo dos corredores labirínticos.
Os que podiam, desertavam, fugiam para o estrangeiro.
Os outros ficavam, mortificados, a ouvir e a cantar as trovas do Adriano e do Zé Afonso, ao longo dos trabalhos de estrada ou na instrução nocturna, a caminho da foz do Lizandro.

Por toda a parte, no Alto da Vela, no galho, no pórtico, nas casernas, os cadetes de Mafra iam semeando mensagens de protesto e revolta. Ali começou Abril...

A História tem destes ventos e, ali, à porta do terrível convento, Sócrates estende hoje a passadeira vermelha àquele que foi o homem forte do KGB, símbolo maior de uma ditadura que apoiou, municiou e incentivou os movimentos de libertação, ao longo de muitos anos, numa guerra que matou e estropiou a nossa juventude.

E era ali, naquele mesmo convento, que eram formados os futuros oficiais que tinham por missão explicar aos soldados que Angola era nossa e que aquela guerra era justa.
Sócrates nunca ouviu Duarte e Ciríaco cantar Adriano. Nunca viu Ângelo Correia, Miguel Cadilhe, Rão Kyao e tantos outros interrogarem-se sobre o sentido da vida, o absurdo da guerra e o desconhecido que os esperava depois das marchas finais.

São assim os ventos da História. Hoje estamos na Europa, apontamos Mugabe a dedo e inclinamo-nos perante Putin.

Sócrates está firme, não mexe. E colegas são as Putin...

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Lá como cá

Por cá, são os pilotos a querer a reforma aos 60 anos.
Em França surgem agora os advogados a pretender o descanso aos 55 anos para os membros da classe atingidos pelo encerramento de tribunais.

Também aqui, no mundo dos tribunais, estamos perante uma profissão de desgaste considerável, entalados que vivem os nossos causídicos entre o peso da Justiça, por um lado, e a corja de malandros que se vêem na contingência de defender, por outro.

A verdade é que estamos perante mutações sociais que exigem reconversões e respostas apropriadas, o que nem sempre se consegue de imediato, havendo, por vezes, excessos que comprometem causas justas.
Há alguns anos, os mineiros de França conseguiram a reforma aos 45 anos, não tendo havido na opinião pública qualquer contestação pois toda a gente compreendeu o bom fundamento da excepção.

O que já causou largos protestos foi o facto de o pessoal administrativo (que nunca pôs os pés numa mina) ter obtido igual privilégio.

Não sei como terminou o caso, mas uma vez conquistado (e como há muito quem defenda) trata-se de um direito adquirido. Adquirido mas não sagrado nem irreversível, visto nada ter de justo nem de ético.

Desconheço se as companhias mineiras iam buscar os trabalhadores a casa, de autocarro...

Boa viagem

Marques Mendes, após vinte anos de bons e leais serviços, pediu a pensão vitalícia a que tem direito.

Olhando para este caso, e comparando com a greve (entretanto suspensa) dos pilotos da TAP, interrogo-me sobre o que será mais desgastante, se é estar aos comandos de um avião com computadores ultrasofisticados, piloto-automático, tudo controlado, ou conduzir um partido em que o próprio pessoal de bordo se pendura nas asas, esconde o trem de aterragem, come as refeições dos passageiros, fura os coletes de salvação e obriga o comandante a aterragens precipitadas.

E o presidente de partido não ganha nada que se pareça com um comandante da TAP.

Talvez por isso, em vez de fazer greve, Marques Mendes pediu a reforma, colocou os calces, desapertou de vez o cinto, disse adeus ao pessoal da placa e da torre de controlo e saiu, devagarinho, pela porta traseira do avião cuja matrícula é PSD 2007...

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Tempos modernos

O semanário SOL diz-nos, sem pestanejar, que o Colégio S.João de Brito volta a liderar o ranking dos estabelecimentos escolares com melhores notas no 12º ano.

A senhora ministra da Educação (e tanta gente com responsabilidade neste país) usa a palavra ranking como se, na nossa pobre língua, não houvesse termos como tabela, pauta, classificação, escala, lista, etc.

Antiga e prosaicamente, em vez de lidera o ranking, os palermas que nós éramos (e somos) teria dito simplesmente comanda a classificação.

Era outro timing...


Nós não dizemos...

Depois da terrível experiência do cancro nos intestinos, António Lobo Antunes está de volta aos livros e à vida, transfigurado, liberto, jogando, como ele diz, com as cartas viradas para cima.

A certa altura de uma entrevista à "Visão", conta que, estando com os irmãos, disse ao João que ele tinha escrito um texto muito bonito.
E que um deles comentou "nós não dizemos estas coisas uns aos outros".
Mas ele, António, agora diz. Agora diz.

Porque, acrescenta, "esta é a única maneira de viver".
E confessa que ainda hoje sente remorsos por não ter dito ao avô (que já morreu) que gostava muito dele.

Estamos perante um outro Lobo Antunes, mais humano, mais sensível, mais aberto, sem truques nem cartas na manga.
A perspectiva da morte mudou o Homem e permitiu-lhe olhar a vida e as relações entre as pessoas de outra maneira, com simplicidade, com espontaneidade, com verdade, sem pruridos nem contenções.

"Nós não dizemos estas coisas uns aos outros". É verdade.

Quem pinta, quem canta, quem toca um instrumento, quem escreve precisa de uma palavra de apreço, de um gesto de aprovação, de um sorriso de cumplicidade.
E isso raramente acontece.
Hoje, por fim, o próprio Lobo Antunes reconhece que lhe sente a falta.

Nós não dizemos estas coisas uns aos outros, nem aos irmãos, nem aos amigos.
Por isso, quando alguém tem essa atenção, podemos duvidar do nosso real valor, mas ficamos com a certeza de que temos ali um amigo.

É quanto basta...

Nada de confusões

O Partido Comunista não brinca em serviço nem mostra cartões amarelos.
Quem não lê pela cartilha, pelo livro da capa vermelha, leva logo com o cartão da cor a condizer.
Faz sentido.

Carlos Sousa foi um exemplo da firmeza do PC, e agora é Luísa Mesquita que vê ser-lhe retirada a confiança política.
Obstinada, a camarada Mesquita tenciona continuar a desempenhar o seu lugar de vereadora na Câmara de Santarém e não abdica do seu papel de deputada na Assembleia da República, ainda que passe a independente.

Eu não sei se Luísa Mesquita cometeu algum delito de opinião, se terá pecado por pensamentos, palavras ou obras contra os dogmas comunistas.
Apenas registo a firmeza do Partido que em muito contrasta com a atitude morna e comprometida dos camaradas de Jardim Gonçalves que, pelo seu silêncio, parecem dispostos a manter a confiança no pai do rapaz da fita do perdoa-me que foi sem querer.

Assim se vê que o PCP não é o BCP...

Não há pachorra

Só neste país é que o futebol tem honras de telejornal, nem que seja para mostrar imagens de treinos (algumas de arquivo) e entrevistas feitas em pomposas conferências de imprensa.
Só cá, de facto, o que mostra bem a má qualidade desta informação que anuncia as notícias e faz delas espectáculo de circo onde o futebol é freguês certo.

Mas o mais ridículo (não, não é o boné do treinador do Paços de Ferreira) é ouvir as declarações proferidas antes dos jogos.
Obviamente, os homens só podem dizer banalidades, trivialidades, generalidades, frases feitas, monocórdicas e previsíveis.
Ninguém diz que vai ou quer perder. Todos sabemos que já não há jogos fáceis, que este não foge à regra, que o grupo de trabalho está concentrado e coeso, etc.

Não há paciência para tanta sensaboria e tanta baboseira.
Em contrapartida, depois dos jogos é possível que surja alguma coisa de interesse. Porque o jogo aconteceu, porque algo se passou.

Mas que falem nos locais próprios, nos inúmeros programas de técnicos de bancada que cada um de nós é livre de ver ou não.

Agora no telejornal, não. Por favor.

Fraquinhos

O Sporting continua a ser uma equipa sem verdadeira personalidade, provinciana, capaz de uns fogachos, mas caracterizada por céu incerto, encoberto e com raras abertas.

Ontem, faltou-lhe ambição, num jogo perfeitamente ao seu alcance.
Mas não pode ir longe, com um Abel que quis adornar um lance fácil, de bola para canto, sem mais conversas.
Nem com um Tiago muitas vezes aos papéis e que não sabe dar um chuto numa bola.

Foram a Roma e mostraram por que não mereceram ver o Papa.

Contentem-se com o outro papa, o papa pint...ado de azul.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

É greve, é grave

Desta vez não é a Soflusa nem o Metro, são os pilotos de aviação civil que estão em greve.
E dispostos a continuar.
A greve é um direito muito bonito, uma das conquistas de Abril, mas nem por isso deixa de ter filhos e enteados.

Um dos inconveniente das greves é que estas prejudicam terceiros, pessoas em cuja mão não se encontra a resolução do conflito e que apenas são reféns dos grevistas.
Outro, e sério, é a desigualdade que se verifica entre o poder reivindicativo das diferentes categorias profissionais.

Por um lado, o grau de incómodo e de caos que a classe é capaz de provocar.
E, por outro, a capacidade financeira dos grevistas, ou seja, o maior ou menor desafogo económico que lhes permita prolongar a luta até onde entenderem.
Muitas greves acabam depressa porque os grevistas não podem ficar muitos dias sem salário.

Ora, os senhores pilotos sempre tiveram a faca e o queijo na mão.
Desde o 25 de Abril, puseram de joelhos todos os Governos, conquistando algumas regalias indecentes, obtendo tudo quando quiseram.

Porque aviões no chão paralisam o País.
E, depois, porque, como ganham fortunas, os senhores pilotos podem ficar meses em greve que não morrem à fome.
O pessoal de terra da TAP nunca conseguiu benefícios de vulto e tem salários de miséria quando comparados com os dos pilotos.
Por isso, embora também pudessem paralisar a operação, nunca conseguem porque não podem fazer greves prolongadas.

O Governo tem pela frente um osso difícil.
Os pilotos não cedem um palmo, cientes da sua força.
O Governo deveria olhar o que se faz noutros países e não ceder a chantagem, se for esse o caso...

Claro como água da lota

Se alguém tiver dúvidas sobre o que é importante para este executivo camarário, basta olhar para o boletim municipal que acaba de sair.
Não, nem é preciso saber ler, basta ver os bonecos.

Já aqui demos conta da forma estranha e apressada como foi organizada, a correr, a reconstituição da Lota, na mesma tarde do colóquio sobre Rafael Monteiro.
Ora, o boletim de propaganda da Câmara começa por incluir um rectângulo pequeno, com fotografia da praia, na página do Sumário.

Depois, consagra as duas páginas centrais a uma reconstituição que mais parece uma cegada, enquanto o colóquio sobre Rafael e a Filosofia Portuguesa não merece mais do que um rectângulo igual ao da chamada de atenção para a Lota, na página do Sumário.

Para Augusto e Felícia, Cultura é aquilo...

Quixote

Não conheço Rui Viana, ignoro se alguma vez o vi.
Não sei quanto vale como político e nada me diz que ambicione ser candidato à Câmara.

A verdade é que, em decorrência do texto "Notícias de Viana" muitas dezenas de comentários vieram colocar o homem à boca de cena, fazendo dele o símbolo de uma oposição que, paradoxalmente, só agora parece dar sinal de vida.
Mas um sinal vago, diluído no anonimato e na insinuação, provavelmente mais alimentada por amadores do que pelos políticos encartados que teriam obrigação de assumir uma atitude desassombrada e empunhar as bandeiras.

Mas não, parece que preferem continuar na sombra, a observar os movimentos dos seus pares, a marcar, aqui e ali, uma ténue fronteira, deixando correr o marfim, na hipotética convicção de que o tempo joga a favor deles e que a dupla governativa se vai enterrando dia após dia, até cair de podre.

Entretanto, Rui Viana, do alto do seu lirismo ou idealismo ingénuo, vai empunhando a lança num combate virtual para o qual ninguém lhe deu mandato.
Vai recebendo sobre si as fúrias dos opositores, embora nada tenha feito para as justificar, situação que dá muito jeito aos barões que esperam o momento ideal para o chamarem à realidade e o despacharem sem uma palavra de reconhecimento.

Aconselho o Rui a ler Cervantes, quando tiver tempo. Quixote... esse mesmo... o cavaleiro da triste figura que não é a sua, mas a dos mercadores que permanecem à sombra dos moinhos de vento.

Coitados

Quatro turistas estrangeiros morreram no Algarve, na praia do Tonel, ao tentarem salvar os filhos que, por ironia de um estranho destino, acabaram por presenciar a morte dos pais.

É difícil imaginar drama mais terrível, a angústia dos pais lutando pela vida dos filhos e, depois, estes a assistirem, impotentes e destroçados, a uma tragédia que vai marcar para sempre as suas vidas.

Este caso vai estar à tona da água da actualidade durante dois ou três dias, como se fosse coisa banal.
Ninguém conhece os nomes das vítimas, nem das mortas nem das vivas.
Mas todos conhecemos os nomes e os sinais particulares dos intervenientes no caso Madeleine, embora não tenhamos sequer a certeza da morte da criança.

A vida é assim feita.
Vá lá alguém explicar por que motivo o desaparecimento de Maddie deu lugar a pranto, vigílias, forte emoção, missas comoventes, ao passo que a morte de quatro pessoas diante dos olhos horrorizados dos filhos não terá, provavelmente, provocado mais do que um vago suspiro e uma conclusão"Coitados".

E toca a mudar de canal...

Magnânimos

Diz o povo que mulher honrada não tem ouvidos.
Mas homem honrado, sim. E o engenheiro Jardim Gonçalves só pode ser um homem honrado.
Caso contrário, não estaria à frente de um banco, instituição séria e filantrópica que só pensa na felicidade dos seus clientes.

Assim se explica que o BCP tenha ajudado o filho do senhor engenheiro a montar várias empresas que, por azar, faliram.
Com os seus ouvidos apurados de homem honrado, Jardim Gonçalves apercebeu-se de que línguas viperinas andavam por aí a insinuar que ele teria favorecido o filho.

Indignado, ofendido e humilhado, começou por declarar que nem sabia do que se tratava.
Foi certamente a emoção que lhe toldou o discernimento.
Mas não demorou a recuperar o sangue frio e a tomar a decisão correcta, ou seja, reembolsar o BCP dos milhões que (sem ele saber, claro) haviam sido emprestado e, sobretudo, perdoados ao pequeno.

Há quem pense que esta atitude de Jardim Gonçalves apenas confirma a sua culpa no cartório e que o caso não pode ficar por aqui.
Há quem ache que ele devia demitir-se já.
Não me parece.
Pelo contrário, o banco deveria tirar partido deste imbróglio e lançar uma campanha publicitária com uma mensagem forte para marcar a sua diferença, ou seja, dar a conhecer que o BCP é o Banco Capaz de Perdoar.

É tempo de humanizar a banca, restabelecer uma confiança baseada em afectos, e pôr o Jorge Gabriel ou outro pateta de serviço a cantar "All you need is love"...

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Às ordens de Vexa

O senhor director do prestigiado "Raio de Luz" continua a deslumbrar-nos pela forma isenta como orienta o seu jornal.
Neste mais recente número, o senhor director não achou útil nem digno falar do colóquio sobre Rafael Monteiro, ignorando assim aquele grande nome da Cultura que tanto fez pelo jornaleco.
Nunca a expressão "pérolas a porcos" encontrou aplicação mais justa.

Como era de esperar, nem uma palavra sobre a famosa moção de censura ao executivo camarário. Provavelmente, o senhor director
dela não teve conhecimento.

Em contrapartida, serve abundantemente a sopa, ou seja, abre alas e colunas, curva-se respeitosamente perante o senhor presidente da Câmara que dispõe naquele "Raio" de toda a luz de que precisa para a sua propaganda.

Este senhor director é uma figura daquelas que teriam feito as delícias do autor de "O Primo Basílio".

E daí, talvez não, o grande Queirós não perdia tempo com gente d'Eça...

A mão no saco

Um carteiro de Gaia e 13 amigos são acusados pelo Ministério Público do roubo de 336 cheques da Segurança Social, num montante que ultrapassa os 118 mil euros.
Em meu nome e da corporação, faço questão de erguer a minha voz contra esta suspeita divulgada pelo semanário SOL.

Se há gente honrada neste país é a classe dos carteiros, homens íntegros que levam a vossas casas cartas de amor, lembranças das Finanças, cumprimentos da PT, o IMI, o IRS, as continhas da água e da luz, os extractos do banco, enfim, as pequenas coisas que são o sal da vida.

No fundo (do saco), pode acontecer um esquecimento. Pensando bem, 336 cheques, nem chega a dar um por dia, uma gota de água, afinal.

Esquecimento ou lapso foi o que aconteceu no Jardim do senhor Gonçalves.
Aí sim, o carteiro esqueceu-se de entregar uma carta onde o filho do tio Jardim se prontificava a restituir os 12 milhões que a loja do pai lhe emprestou.
Vejam só azar do Jardinzinho que, por culpa de um carteiro amnésico, se viu impedido de saldar a sua dívida.
E agora anda aí nas bocas do mundo, coitado, ele e o pai que nem sabia de nada.

Agora, por uns míseros 118 mil euros, vá de lançar o opróbrio sobre toda uma corporação.
Eu conhecia o filme do Clooney e do Pitt, o "Ocean 13". Gota de água, mar...estão a ver?
Sei que nós tocamos sempre duas vezes, mas não acredito que o meu confrade tenha metido a mão ao saco, em Gaia.

Se fosse em Felgueiras, não digo. Podia ser um saco azul...

Todos os nomes

Tal como o hábito não faz o monge, também os nomes não chegam para garantir a qualidade dos jogadores.
Contudo, há que reconhecer que alguns nomes inspiram muito pouca confiança.
Veja-se o caso do Benfica.

Quem conheceu homens com nomes de gente, como Costa Pereira, Germano, Torres, Eusébio, Coluna e outros, pode reconhecer-se em Rui Costa ou Nuno Gomes.

Mas como podem os benfiquistas identificar-se com Dabao, Zoro, Coentrão, Luisão, EdCarlos, Adu, Quim, Leo, Petit, Di Maria, Berggesio ou Binya ?

E quando a coisa corre mal, nunca se sabe se a culpa EdCarlos ou Di Maria...

Será mau olhado?

Já o anterior Procurador-Geral da República, Souto Moura, não resistia ao chamamento dos microfones e dizia coisas que não devia.

Recordo uma das mais graves, proferida no decorrer de uma recepção, sem que as suas declarações fossem obrigatórias.
Falou porque lhe puseram o microfone à frente e, a propósito da Casa Pia,
Souto Moura disse que era preciso cautela porque as crianças, muitas vezes, são mentirosas.
Foi mais que infeliz, foi impróprio, foi lamentável, foi indigno. E falso.

Não sabemos se Pinto Monteiro está a ser escutado ou não. O País é que fica preocupado quando o Procurador-Geral da República diz uma palermice destas.
Mesmo que pense, não pode dizer.

E nem sequer tem a atenuante da precipitação do directo, pois a afirmação foi feita numa entrevista escrita.

Não sei que espécie de vertigem provoca estes descarrilamentos, mas é a credibilidade das pessoas e das instituições que fica abalada...

Mar novo

O texto "Notícias de Viana" já deu lugar a 43 comentários, o máximo atingido neste blogue.
Por um lado, é interessante observar que há mais pessoas a intervir, mas o mais importante é o aparecimento de uma figura que parece querer abanar o marasmo e a sonolência da política em Sesimbra.

Não sei se Rui Viana tem hipóteses ou condições para chegar a um lugar no pódio, mas é salutar que alguém dê a cara, se levante e assuma as ideias ou as intenções que o animam.

Porque a ideia generalizada é ser a Câmara a grande sopa popular, com
gamelas e tachos que vão sendo distribuídos a uns e a outros, uns com mais carne, outros com mais caldo, mas contentando todos, na certeza de que o lugarzinho está garantido.

À imagem do que acontece nos corredores da Assembleia da República onde os deputados são todos compinchas que fazem as rábulas da irritação, da invectiva e, até, do insulto, mas tudo precedido de um "Vossa Excelência, senhor Deputado" que engana o Zé Povinho.

Por isso, saúdo a atitude frontal do Rui Viana e gostaria de conhecer a sua opinião sobre este segredo mal guardado do transporte dos funcionários da Câmara.

Democracia é isto mesmo, transparência, clareza e franqueza...


domingo, 21 de outubro de 2007

Soberanos ou Sopranos?

O respeitinho é uma coisa muito bonita. Tal como a liberdade. Assim como a democracia.
Porém, nem tudo vale em nome desses belos princípios.

Alguns partidos andam por aí com afrontamentos e palpitações porque tudo indica que a ratificação do Tratado vai ser feita pelo Parlamento e não através de referendo. Mon Dieu!

Argumentos: houve uma promessa de Sócrates e o Tratado é mau para Portugal, tira-nos (calculem) soberania.
Ora bem, ponto nº1, as promessas de Sócrates são como as sondagens desfavoráveis a Mário Soares, valem o que valem.

Ponto 2, quanto à soberania, dá vontade de sorrir. Com que cara podemos nós exigir à União Europeia que conserve o nosso estatuto de país soberano?

Desde a nossa adesão, a CEE, primeiro, e, agora, a União Europeia foram mais do que nossas mães.
Nós recebemos milhões atrás de milhões com que comprámos jipes, fingimos dar formação, metemos ao bolso fortunas em projectos da tanga, pintámos a manta.
E fizemos algumas estradas.

Portugal tornou-se um país a duas velocidades.
De um lado, os que apostaram nos bons cavalos europeus, tiveram boas dicas para negócios chorudos e souberam burlar o fisco.
Do outro, os tansos que só ficaram a perder com a passagem do escudo ao euro, que continuam com pensões de miséria, andam de
t-shirts de marca e fatos de treino comprados aos ciganos, exibem telemóveis de terceira geração e dançam na corda bamba do crédito mal parado.

Andamos há anos a mamar nas tetas da Europa, damos mil vezes menos do que recebemos e, agora, vociferamos como virgens ofendidas porque querem beliscar aquilo a que liricamente chamamos soberania.

Isto não é um País, é uma Ranholas qualquer...

Porta-a-porta

A Câmara de Sesimbra devia apresentar a sua candidatura ao Guiness, exibindo a sua jogada de mestre que é a benesse que consiste em ir buscar e levar inúmeros funcionários que moram fora da sede da autarquia.

Não há, provavelmente, no País nem no Mundo outra Câmara tão generosa. Ou tão matreira.
A ideia, segundo dizem, surgiu no reinado de Ezequiel Lino e foi uma cartada notável, um rebuçado oferecido aos funcionários mas, sobretudo, um investimento de largo alcance.
Tão bom, tão útil, tão determinante que nenhum outro presidente teve coragem de o abolir.

Melhor que isso, nenhum candidato ousou inscrever no seu rol de promessas o fim do privilégio do cu tremido quotidiano.
E porquê?
Simplesmente, porque o universo eleitoral dos funcionários camarários (familiares incluídos) representa vários milhares de votos, bloco central e basilar que nenhum candidato se atreveu a enfrentar.

A desculpa foi dizer que se trata de um direito adquirido. Desculpe, como disse? Direito adquirido? Na função pública?
Isso foi chão que deu uvas mas que, em Sesimbra, continua a dar (ou, pelo menos, a não tirar pela certa) votos.

Assim se explica a febril actividade do parque rodoviário, com um corrupio de autocarros a fazer inveja aos TST.
Ele é a ronda dos que entram às 8, depois os das 9, os da Quinta do Conde, os de Setúbal e os de Lisboa. É uma alegria!

Como é possível um tal desperdiçar de dinheiro? Em nome de que norma é que uma entidade patronal pública gasta o que não deve ser pouco numa tal mordomia?
Quanto custa o serviço porta-a- porta em euros? E em horas de trabalho cumpridas no autocarro e não nas obras?

Que pensa disto a oposição?
Jamais se ouviu o PS, o PSD ou Bloco de Esquerda tocarem nesse assunto. Porquê?

Se alguém desses partidos nos ler e tiver algo a dizer, façam favor...

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Ópera bufa

Pelo que ouvi, a multa aplicada a Scolari representa 10 mil euros menos do que o ordenado que a Federação lhe paga.
Ou seja, a FPF pagará ao treinador brasileiro cerca de 45 mil euros.

O resto (e muito mais é) será pago por terceiros.
O mais engraçado é que a filantrópica Federação vai obrigar Scolari a cumprir acções comunitárias, algo semelhante ao que o Tribunal decretou a Luisão quando o jogador foi apanhado a conduzir com pouco sangue para tanto álcool.

Que se saiba, Luisão nunca cumpriu as tais obrigações para com a comunidade, talvez por estar habituado a actuar em grupo e não isoladamente.

As suas preces terão agora sido ouvidas e, um destes dias, é natural que encontremos a dupla Luisão/Filipão, de vassoura na mão, a varrer o parque Eduardo VII e a cantar a ópera do Malandro.

Só Madaíl é que nos faz rebentar o cós das calças a rir...

Pantomineiros

Caiu o pano sobre a farsa em vários actos, com Madaíl e Scolari nos principais e ridículos papéis.
Como já se murmurava por aí, a Federação limitou-se a aplicar uma grotesca multa ao pantomineiro Scolari.

Para se perceber a extensão da ignomínia, recordemos que o miúdo Zequinha, por um gesto parvo mas não violento, foi punido pela Federação com um ano de suspensão.

Apesar das evidentes circunstâncias atenuantes, o jovem foi severamente castigado, tendo sido atingido onde mais dói, ou seja, na privação da honra e da alegria de jogar na selecção.

Scolari, em contrapartida, só tem agravantes.
Nada pode desculpar o seu gesto, a não ser a cumplicidade do senhor Madaíl que castigou o brasileiro da forma mais simpática que pôde, ou seja, com uma simples e leve multa.

Trinta e cinco mil euros deve ser a sétima ou oitava parte (não sei) do que Scolari ganha por mês, o que significa que o castigo nem simbólico chega a ser.
Esta disparidade de critérios, a crueldade da punição ao jovem face à clemência para quem merecia castigo exemplar, mostra claramente a putrefacção moral desta Federação.

Diz-se que Figo pode vir a candidatar-se. Duvido que caia nessa, mas, se vier, e apesar da sua inexperiência nestas andanças, será uma boa coisa.

Figo, mesmo verde, é bom porque é sério. Madaíl não está maduro, está podre...

Outubro

Hoje almocei umas sardinhas absolutamente fabulosas, por sugestão sábia do Luís.
Gordas, com ovas, um manjar divino.

Na sala, quase na minha frente, estava o José Purificano, um dos jogadores mais talentosos que envergaram a camisola do Desportivo, no tempo em que os onze titulares eram todos filhos de Sesimbra.
Há dias, o Rui Mota dizia-me (e o Turíbio confirmava) que, num encontro recente, apenas um era natural da terra.
É um sinal dos tempos.

José Purificano foi um interior-direito de técnica apurada, subtil, leal, um jogador admirável, um homem discreto e simpático.
A seu lado, um jovem encomendou costeletas de porco. No "Lobo do Mar", num dia deslumbrante deste Outubro que nos traz sardinhas ovadas. Não será isto um sacrilégio?
Ou será apenas outro sinal dos tempos?

Lembro-me do Lúcio, irmão da Conceição Morais, filho do velho Mira (que jogou no Pátria), a representar uma peça na Vila Amália e na Ericeira, terra para onde se mudara o nosso padre João. Foi há 50 anos, quem diria?
O Lúcio estava também no "Lobo do Mar".

Nem ele nem o Purificano me viram.
Ou, se viram, não me reconheceram, o que é natural, não só pelas marcas dos anos, mas porque eu levava ainda o meu uniforme e carregava o saco do correio de onde retirei este singelo bilhete postal que aqui vos deixo...


Pois é...

O jogador Luís Boa-Morte, que actua em Inglaterra, declarou em entrevista que não entende por que motivo há muito não é convocado para a selecção nacional.

Reciprocamente, há muita gente que não entende por que motivo ele chegou a ser seleccionado...

Acontece

Esta noite, os 27 países da União Europeia chegaram a um acordo sobre o Tratado Reformador, circunstância que torna praticamente certo que não vamos ter em Portugal o referendo prometido pelo primeiro-ministro.

Sabe Deus e nós também que esquecer as promessas é uma constante da vida de Sócrates e ninguém deve ficar admirado se ele passar, em ritmo de jogging, ao lado de mais esta.
Contudo, e por uma vez, concordo com o homem.

Se se tratasse de um referendo para decidir se devemos ou não continuar na União Europeia, admito que seria obrigatório fazê-lo.
Porém, estamos perante um pequeno número de pormenores técnicos que não podem ser postos em causa por pessoas que nada entendem do assunto.
Daí que não me choque esquecermos o referendo.
Eu sei, houve uma promessa, é verdade. Mas também, no dia do casamento, os noivos juram fidelidade eterna e acabam por cometer incontáveis adultérios.

A promessa de não aumentar impostos, essa sim, foi, a meu ver, desonesta, pois ele sabia que não era para cumprir.
Mas, neste caso do referendo, admito que, na altura, Sócrates estivesse de boa fé.
E de boa fé temos nós de estar para aceitar que as pessoas (e, sobretudo, as circunstâncias) possam mudar.

Digamos que esta será uma promessa que não será cumprida por um motivo independente da sua vontade...

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Água benta...

Em flagrante contraste com o dr. Manuel Torres, o nosso conterrâneo Francisco Reis Marques dedicou, no seu interessante "Setembro de Emoções" (no Jornal de Sesimbra), um lugar de grande destaque ao amigo Rafael Monteiro.
Fica a referência, as conclusões são óbvias.

Este "
Jornal de Sesimbra" tem coisas curiosas, sendo uma delas a forma como identifica os seus colaboradores.
Uns têm fotografia, outros não, uns têm títulos honoríficos, outros nada.

Assim, e por exemplo, há um médico e dois professores universitários.
Já Francisco Reis Marques é apenas (e não é pouco) Francisco Reis Marques. E sem fotografia, dispensável, aliás, por ser bem conhecido e apreciado.

O mais insólito é o Editorial ser assinado por um senhor que se intitula "Director do Jornal de Sesimbra".
Ou seja, o editorial do Jornal de Sesimbra é feito pelo Director do Jornal de Sesimbra.

Podia ser apenas "João Capítulo, Director" ou, simplesmente, O Director, mas não, vem tudo, por extenso e em cinemascope.

Talvez João Capítulo receie que o confundam com o director de outro qualquer jornal, nunca se sabe.
Se a coisa não fosse tão antiga, ousaria pensar que o João Capítulo director do jornal não quer ser confundido com o possível futuro presidente da Concelhia do PS.

É o que faz ser-se figura de proa da sociedade sesimbrense...


Gente fina...

Pretende "O Sesimbrense" ser um quinzenário independente para defesa dos interesses do concelho.
Daí a minha estranheza ao percorrer a rubrica "Apontamentos e sugestões", da autoria do dr. Manuel Torres.
Com efeito, o atento observador que é o dr. Manuel Torres consagra 41 linhas a casos que nada têm a ver com Sesimbra. E apenas 19 aos temas caseiros.

O mais espantoso é que o colóquio sobre Rafael Monteiro e a Filosofia Portuguesa mereceu uma única linha, apesar de Manuel Torres ter estado presente naquela tarde, na Biblioteca.

Será que a obra e a figura de Rafael Monteiro não lhe merecem o menor comentário, a mais singela referência?

Bastas linhas gastou a falar de Scolari e uma só, seca e pobre, sobre aquele grande vulto da Cultura de Sesimbra e, mesmo, do Portugal erudito.

É verdade que o Rafael só tinha a quarta classe, não era doutor nem Director Geral.

Mas merecia mais do que uma esmola caída da mão cuidada do dr. Manuel Torres...

Cantando e rindo

A dra. Isabel Peneque é de uma regularidade impressionante.
Uma vez mais comete a proeza de escrever um editorial onde não surge uma única vez a palavra Sesimbra.
Eu sei que não é obrigatório que Sesimbra seja o tema de cada escrito, mas a ausência quase absoluta do nome da terra nos editoriais é algo de estranho.

Em contrapartida, aparece por três vezes o termo "séniores", assim mesmo, com acento, o que é errado.

Não é por nada, mas faz lembrar o inefável Dr. Sequerra a escrever "pêxito" quando a palavra nunca teve nem pode ter acento.

A curiosidade mostra que, até nisto, há uma evolução na continuidade...

Útil e oportuno

Há uns tempos, o Porto e o Marítimo estavam empatados no primeiro lugar e os madeirenses foram jogar ao estádio do Dragão.

Ora, na jornada anterior, quis o destino que o goleador do Marítimo, de seu nome Makukula, tivesse sido castigado, o que o impediu de defrontar o Porto.

Como se sabe, o Porto ganhou esse jogo com grande dificuldade e fica na memória o jeito que deu a ajuda do destino ao castigar Makukula.

Se na altura houve dúvidas quanto à influência do goleador, o jogo de ontem veio mostrar que o destino fez obra de vulto ao pôr na bancada um jogador daqueles.

Falta saber se o tal destino não tem asas douradas...

Ah, Pantera !

Na madrugada de terça-feira, a Polícia foi chamada por causa de um sarrabulho que envolveu o nosso Eusébio e uma mulher que, presumo, não seria a sua.
Naturalmente, o alarido ganhou proporções de escândalo por se tratar de quem trata, embora eu não veja motivo para admiração.

Todos sabemos que Eusébio esteve muito doente, mas recuperou, e o médico só lhe recomendou que renunciasse (ou reduzisse bastante) a bebidas alcoólicas e ao tabaco.
Não consta que o tenha castrado.

Além disso, é preciso compreender que Eusébio se sinta um pouco ofuscado pelas aventuras românticas de Cristiano Ronaldo que, reais ou fictícias, enchem as páginas de jornais e revistas tão cor-de-rosa como as camisolas do Benfica.

Ora, tendo Eusébio sido muito superior a Ronaldo, é compreensível que o Pantera se sinta injustiçado e tenha resolvido mostrar que também ele pode ser ainda capa do "24 Horas".

Temos visto, muitas vezes, Eusébio com a sua célebre toalha na mão.

Por isso, e no fundo, este episódio digno de marialva encartado, apenas significa que Eusébio ainda não deitou a toalha ao chão...

Dia de folga

O presidente dos Profissionais da Polícia queixava-se há pouco, aos microfones do Rádio Clube Português, da falta de efectivos resultante da mobilização de muitos milhares de agentes por ocasião da cimeira da União Europeia.

Muito sentidamente, o senhor presidente dos polícias dizia alto e bom som que não tinha pessoal para outras ocorrências.
Simplificando, o presidente dos Polícias estava, publicamente, a dizer a assaltantes, larápios, carteiristas, infractores vários, delinquentes no activo, que hoje podem actuar à vontade, há tolerância de ponto.

Se isto não é irresponsabilidade da grossa, o que será? Estupidez? Provocação?

O Ministro da Administração Interna vai ter de explicar...

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

A circulatura do quádrato

O Governo vai pôr em prática o plano de troca de seringas nas prisões.

O mesmo Governo proíbe a entrada de droga nos estabelecimentos prisionais.

Pergunta-se: quando derem uma seringa a um preso o que vai ele injectar? Leite em pó dissolvido em água das pedras?

Alguém troca isto por miúdos?

Esplendor na relva

Hoje, como é sabido, foi o dia em que, num golpe de magia, acabou a pobreza em Portugal, facto a que não será alheia a generosidade de Bruxelas que, daqui até 2013, nos vai dar cerca de dez milhões de euros...por dia.

Deve ter sido esta notícia (verdadeira) que levou os nossos jovens universitários a manifestarem a sua extrema preocupação perante o drama da pobreza.
Vai daí, rapaziada cheia de imaginação, arranjaram lençóis compridos e deitaram-se na relva fofa da cidade universitária, numa atitude que constitui uma demonstração arrebatadora e empolgante, um gesto que deve ter comovido os muitos milhares de pobres que certamente choraram de emoção e gratidão.

Num país esmagado por impostos crescentes, devorado por um desemprego imparável, a receita para a salvação nacional está encontrada: ir de chapéu na mão bater à porta da União Europeia, por um lado, e deitar na relva a nossa elite académica, por outro.

Para quê trabalhar? Por mais uns anitos estamos safos...

Apagada e vil tristeza

Neste país, um homem manda assassinar a mulher e sai absolvido do tribunal.

Um violador poderá abusar cem vezes de uma criança e só pagar por um único crime.

Um empresário utiliza informação confidencial e privilegiada que lhe permite, de um dia para o outro, realizar milhões de lucros. Caçado e condenado, a multa que pagou é inferior ao que ganhou com o negócio ilegal.

Um árbitro viaja com a família de férias para o Brasil. O Porto pagou, mas o juiz não acreditou que a gentileza tivesse por finalidade obter favores futuros ou recompensar benesses passadas.

O dr. Jardim Gonçalves autoriza um empréstimo de muitos milhões ao filho, acabando por lhe perdoar a dívida. E diz não haver ilegalidade.

Este país chama-se Portugal, preside à União Europeia, foi um grande império colonial, deu novos mundos ao Mundo, teve Camões, Pessoa, Vasco da Gama...

E está reduzido a isto.

A cada um o seu papel

O texto intitulado "Remexida" suscitou vários comentários porque toca um ponto sensível no quadro partidário onde o PS ocupa uma posição de maior relevo, sendo a única força política potencialmente capaz de reconquistar a Câmara.

A actual governação já mostrou à saciedade e à sociedade que não serve.
Sobre isso, parece haver um consenso bastante largo e só meia dúzia de crentes em amanhãs gloriosos é que teima em ver ouro onde só há pechisbeque.
Contudo, o afastamento da CDU não está garantido, o regime não vai cair de gasto.
Vai ser preciso que, oportunamente, se erga uma oposição credível, capaz de inspirar confiança e alcançar a alternância.

Ora, até agora, a oposição à dupla Pólvora/Felícia quase só tem sido feita por franco-atiradores sem ambições nem amarras políticas, observadores e comentadores que agem pelo prazer da intervenção cívica.
Enquanto isso, os profissionais da política continuam sentados a ler blogues e a ver o Benfica na Sport TV.
Assim não vão lá.

E se permanecerem na retranca à espera de ganhar nas grandes penalidades, desenganem-se porque a lotaria é caprichosa.

É tempo de abrir o saco e pôr os gatos a arranharem-se entre si para, depois, se atirarem ao bofe (salvo seja) que é o poder ainda instalado...

A psicóloga, o sargentão e o capitão

Eu não garanto que o senhor Scolari seja leitor da Magra Carta, mas a verdade é que resolveu pedir à psicóloga da selecção, Regina Brandão, que trace o perfil psicológico de cada jogador.

Eu não sei se a psicóloga está lá para ajudar os jogadores ou tratar do próprio Scolari, e julgo que a escolha do capitão deva ser um assunto da estrita competência do treinador.
Se calhar, o estudo da psicóloga vai apontar como capitão ideal um jogador que, por regra, é suplente. E então?

Scolari não deve demitir-se da responsabilidade da escolha, ainda que possa argumentar que o trabalho da psicóloga é apenas um contributo auxiliar.

Outro seleccionador brasileiro, Otto Glória, não precisou de psicólogo para entregar a braçadeira a Coluna e não a Eusébio, embora este fosse um jogador absolutamente extraordinário, MUITO acima de Ronaldo.
Dito isto, tenho pena que o Escriba não esteja no activo, para partilhar por inteiro comigo a honra de termos Scolari como leitor.

No fundo, a ausência temporária do Escriba dá-me jeito porque, mesmo sem psicólogo, posso intitular-me capitão desta companha alegre...

terça-feira, 16 de outubro de 2007

E anda

Amanhã celebra-se o Dia Internacional da Erradicação da Pobreza, mais uma daquelas iniciativas que causam forte cepticismo e sorrisos condescendentes, tão grande é a utopia, tão lírica a intenção.

Ainda assim, espera-se que cerca de 27 mil portugueses adiram à campanha que apresenta o curioso título de "Levanta-te".

Um amigo meu, maroto do pior, suspeita que a cruzada seja patrocinada pelo Viagra...

Cuba, por que não?

Governar implica, entre muitas outras coisas, fazer escolhas, definir objectivos e cumprir. Promessas e prazos.
A preocupação primeira de qualquer governante deveria ser o bem-estar, a felicidade das pessoas, ambição que deveria traduzir-se pela criação de condições de uma vida decente para todos, por forma a verem satisfeitas as suas necessidades básicas, habitação, alimentação, saúde, educação, trabalho e justiça social.

Assim sendo,
isto deveria implicar o estabelecimento de prioridades.
No caso das autarquias, uma tarefa essencial seria um levantamento exaustivo das carências de vária ordem sentidas pelas populações, após o que
os governantes ficariam em melhor posição para decidir onde aplicar as verbas à sua disposição.

Ocorreu-me esta simples reflexão, ao ver, há tempos, na televisão, a admirável iniciativa de uma Câmara algarvia que custeou por inteiro a deslocação e as despesas hospitalares de grande número de pessoas que se deslocaram a Cuba para serem observadas e operadas à vista.

Acções como estas deveriam ser imitadas, servir de exemplo, dar lugar a meditação.

Em Sesimbra há certamente muitas pessoas que precisam de ajuda, médica, psicológica, financeira, etc.

Temos um elenco governativo que faz da propaganda a sua forma mais visível de acção, anúncios e cartazes, fogo de vista e carnaval, ondas jovens e marchas, um verdadeiro deboche de gastos a fundo perdido, tudo para encher o olho ao patego.

Mas nada de consistente feito a pensar nos mais pobres, nos que sofrem de solidão, dos que vivem no limiar da pobreza. Nada. Pelo menos, que se veja.

Os príncipes que nos governam não conhecem pobres nem doentes, só gostam (e gastam) de festa, abrem os cordões à bolsa para Represas, Carlos do Carmo e tantos outros, muito circo e pouco pão.

Talvez o que fizesse falta aos governantes de Sesimbra fosse uma ida a Cuba, para passarem a ver a vida de outra maneira.
Talvez pudessem, ao menos, copiar as boas ideias dos outros, e perceber que as verbas de que dispõem não devem ser gastas em campanha eleitoral permanente, mas no interesse da colectividade.

E talvez acabassem por concluir então que as acções de solidariedade e apoio podem render mais votos do que o fungágá que se lhes colou à imagem.
Porém, ouvir os outros, estar atento, olhar com amor, tudo isso é obra discreta e dá trabalho.
Mais fácil e divertido é dar música ao pagode.

Se este alvitre já vier tarde para os que lá estão, talvez possa servir aos que (fatalmente) virão a seguir...

Remexida

Uma das "Notícias da Zona" é a demissão do presidente da Comissão Política Concelhia do PS, Alberto Gameiro, decorrente de uma moção de censura apresentada por Cristóvão Rodrigues.
Segundo Rui Viana, o sucessor de Gameiro deverá ser João Capítulo.

Remexida é o nome de uma velha armação à valenciana e parece ser a designação adequada para este ebulição que se verifica (finalmente) no Partido Socialista.

Com efeito, estando à vista de todos o fracasso da governação augustina, começam as movimentações nas hostes socialistas, as únicas com pretensões à sucessão.
Curioso é que a remexida verificada não passa de um "baralha e volta a dar", com os mesmos a chegarem-se à frente.

Da última vez já eram Capítulo e Cristóvão os candidatos a candidatos, até surgir Penim a cortar a meta e as aspirações da dupla.

Desta notícia da zona, retiro ainda a revelação (para mim, ignorante nestas e outras coisas) de que Rui Viana é membro da concelhia do PS.
Agora percebo melhor a militância (real ou putativa) do blogue "Ao meu lado", facto que aplaudo pois julgo que seria saudável para a democracia local a afirmação plena de uma tal bandeira com as cores do PS, sem ambiguidades nem equívocos.

Fica ainda a sensação de que talvez apareçam outros candidatos, ou seja, este folhetim pode vir a ter mais capítulos...

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Notícias de Viana

O jornal "Notícias da Zona" dedica hoje três páginas aos blogues e teve a boa ideia de entrevistar o senhor Rui Viana, pessoa que bem conhece o assunto.
Ao longo de extensa entrevista, o senhor Rui Viana desenvolve os seus pontos de vista, explica tudo e sabe do que fala pois é autor de nada menos que dois blogues.

É louvável a iniciativa do "Notícias", sinal de que não esconde a cabeça na areia, antes reconhece a importância destes admiráveis instrumentos.
Já o senhor Viana fecha um tanto o seu ângulo de observação ao, praticamente, reduzir os blogues a agentes políticos, servidores desta ou daquela causa, gente comprometida, em suma.

Ora, o que parece ter esquecido é o lado mais interessante e que é o simples prazer de escrever, a componente meramente lúdica, a atitude diletante, a simples irreverência, o jogo puro, a ironia, as piruetas e as supostas máscaras.
É um erro catalogar todos os blogues como armas de ataque político, satélites de partidos ou catapultas teleguiadas.

Faz Rui Viana, a certa altura, uma descoberta sensacional, quando diz que o blogue mais activo do concelho é feito num anonimato pouco anónimo pois todos sabem quem são.
Bravo, Rui Viana, brilhante dedução. Pena foi que não tivesse dito de que blogue se trata.

Mais ficamos a saber que o presidente Pólvora e a vereadora Felícia seguem os blogues com atenção. Óptimo. É gente que vive com o seu tempo.
Parabéns ao "Notícias da Zona", pois saber reconhecer que os outros existem é bonito.
E parabéns ao Rui Viana que, desta forma e por fim, surge no estrelato do concelho como o único homem com coragem para dar a cara nos blogues.

Esta publicidade vai certamente atrair inúmeros leitores aos seus blogues, a julgar pelas muitas vozes que já hoje se ergueram em Sesimbra.

Em cada esquina se ouvia "Abaixo os anónimos".

E, sobretudo, "Havemos de ir a Viana".

(In) justiça

A nossa Justiça é o que é, mas não estamos sozinhos no planeta.
A França foi agora abalada por uma libertação que causa repulsa a muita gente.

Marie Trintignant era actriz e filha de Jean-Louis Trintignant.
Foi
violentamente assassinada pelo seu companheiro, Bertrand Cantat, cantor do grupo "Noir Désir", que foi condenado a oito anos de prisão.
Agora, cumprida metade da pena, Cantat sai em liberdade condicional, o que equivale a dizer que um homicídio violento mais não lhe valeu do que quatro anos de cadeia.

Jean-Louis Trintignant tinha uma relação muito forte com a filha, uma cumplicidade enorme, uma ternura tocante.
Perder uma filha por doença, num acidente, é um drama terrível, mas sabê-la espancada até à morte acrescenta revolta à dor já de si insuportável.
Ver agora o assassino em liberdade, não sei até onde pode levar um homem quase destroçado.

É assim esta Justiça que parece moldada ao gosto dos criminosos, desprezando as vítimas.

É assim que os extremismos vão ganhando forma...

Talvez, Chavez

Os jornais relatam que, durante um programa de televisão, Fidel Castro falou ao telefone com o inevitável presidente da Venezuela, Hugo Chavez.

Eu bem sei que estamos em pleno nas comemorações da visão dos pastorinhos, mas não é isso que explica esta relação transcendental entre Castro e Chavez.

Há muitos meses que a única pessoa que nos garante que o ditador cubano está vivo é o ditador venezuelano.
Estamos num jogo de luz e sombra, um teatro de marionetas, com os cordelinhos a serem puxados por quem tem as "chavez" do segredo.

É sempre Chavez quem visita o velho tirano e dá conta ao mundo da sua vitalidade, depauperado, sim, mas ainda a mexer.
O mesmo Chavez é o único a ter direito a essa visão sublime do grande timoneiro de Cuba.

Tanta coincidência dá que pensar, mas, à força de repetir, talvez acabemos por acreditar que Fidel ainda está vivo...

Banalização

A escolha do capitão de equipa é um acto que muito diz sobre a personalidade do treinador.
Nos clubes e na selecção nacional, a antiguidade foi, quase sempre, o critério dominante e que levou a designações mais do que discutíveis.

Nos tempos que correm, os casos de longas permanências nos clubes são raros, pois as transferências acontecem a cada passo.
Daí que a antiguidade já não seja o que era, isto é, como na tropa, um posto.

Um capitão deve ser uma figura respeitada, pelo seu valor como executante mas, sobretudo, pela sua dimensão de homem, pela aura que lhe for reconhecida pelo grupo.
Na última década, tivemos na selecção um capitão chamado Fernando Couto, jogador violento, de cabeça quente, longe da imagem elegante, sóbria e lúcida de Luís Figo, um verdadeiro senhor, dentro e fora do campo. Este sim, um capitão ideal.

Ao entregar a braçadeira a Cristiano Ronaldo, Scolari cede ao que supõe ser a simpatia mediática, procura agradar a meia dúzia de pessoas que ainda julgam que o capitão serve apenas para escolher o campo.

Se o tentativa de agressão ao jogador sérvio foi feita com as mãos, esta escolha de Ronaldo foi feita com os pés...

domingo, 14 de outubro de 2007

Prefira produtos portugueses

Há uns anos, muita gente se manifestou contra a inclusão de Deco na selecção portuguesa.
Neste momento, e para substituir Nuno Gomes, vai a caminho do Cazaquistão um jogador chamado Ariza Makukula.

Pelos vistos (no passaporte) é português...

Ao menos os nomes

A revolta, a coragem e o desassombro de Catalina Pestana levam-me a pensar que, no lugar dela, seria bem menos escrupuloso no que diz respeito aos vários patifes que abusaram crianças e conseguem escapar à Justiça (se é que ela existe) apenas porque tudo prescreveu.

E seria menos escrupuloso porque entendo que crimes destes nunca deveriam prescrever e essa gente não merece respeito, menos ainda a protecção do segredo de Justiça.
O facto de uma Lei defeituosa lhes poupar o castigo não deveria impedir que, ao menos, os seus nomes fossem tornados públicos.
Com a menção habitual da presunção de inocência, claro, mas expostos na praça pública, para todos sabermos que esses senhores, culpados ou não, estiveram envolvidos nessa infâmia.

Que não sejam julgados já causa repulsa, mas que lhes protejam a identidade, lamento mas é bondade que não merecem.
Se eu soubesse quem são, garanto que lançaria os seus nomes aos quatro ventos.
Quebra de segredo de quê? De Justiça? O que é isso? É coisa que haja por cá?
Quantas fugas já ocorreram?
O segredo de Justiça já foi violado tantas vezes como os miúdos da Casa Pia.
E o resultado é igual, os culpados ficam sempre impunes.

Por isso, ao menos que possamos chamar os bois (ou os montros) pelos nomes...

Carta aberta

Esta pausa que o Escriba resolveu fazer acontece por razões que nada têm a ver com o blogue, a sua filosofia ou o nosso entendimento.

Outros assuntos requerem a sua atenção e daí um afastamento que não tem prazos fixados, descansem os admiradores, mordam-se as magas deste país.

Por mim, enquanto me der prazer, vou fazer como o Santana Lopes, vou andando por aqui, levando as minhas cartas ao sabor da fantasia e do humor do momento.

Talvez este interlúdio possa ser aproveitado pelas hostes do PS para perceberem que lhes cabe fazer uma oposição que, até agora, teve no Escriba a sua única e clara face.
Logo ele que nada tem a ver com o PS.

Fica mais magra esta carta, é verdade, mas assim até caberá mais facilmente nas vossas caixas de correio...

Até sempre

Foram dez meses intensos. Valeu a pena.
Chegou, porém, a hora de parar.
Falo por mim, claro.
O Carteiro continuará o seu giro.
Aqui lhe deixo um abraço.
Até sempre.

E que tall?

O nosso ministro da Economia, Manel Pinho, tem andado um tanto afastado da ribalta, tal como Mário Lino.
Provavelmente, José Sócrates mandou-os brincar lá mais no fundo do quintal e proibiu-os de se aproximarem dos microfones.

Posto isto, é tempo de reconhecermos a demonstração genial que foi a escolha daquele ALLGARVE, fórmula que acaba de ter consagração mundial através da atribuição do prémio Nobel da Paz, a outro Al, o Gore.
Eu sei, eu sei que não é rigorosamente igual, mas a sonoridade anda lá perto, a intuição existiu, sejamos justos, o homem tem dedo para a coisa.

Aliás, como a Economia não dá mostras de querer arrancar, sugiro que coloquem o Pinho na Defesa, mais precisamente, na Marinha.

Para quê? Para termos todos os navios no ALLfeite...

Amar não é pecado

O Vaticano acaba de suspender um bispo que participou numa emissão de televisão onde declarou que o sexo praticado por homossexuais não é pecado.

O senhor bispo, cujos rosto e voz, foram disfarçados, foi identificado pelos seus superiores através da decoração do seu gabinete.

Imediatamente suspenso, o senhor bispo nega ser homossexual e diz que apenas fez pesquisa.

Pois...

Alívio

Não é preciso continuarem a enviar e-mails e SMSs, porque, de acordo com fontes geralmente bem informadas, o Paulo Assunção está melhorzinho da gripe.

Um santo domingo a todos e bem achem...

Pró vérbio

O ministro Rui Pereira, ou seja, o Governo, ou seja, o PSP mandou arquivar o processo relativo à actuação dos dois agentes da PSP que, gentilmente, visitaram a sede do sindicato.

Fez bem o Governo, sendo caso para dizer que Charrua que vai à frente lavra duas vezes...

Patetice

O locutor amador, no decorrer do baile de finalistas, chega-se ao microfone e, diante de toda a gente, pede namoro à menina Vanessa.
É um risco enorme, um gesto temerário, poético ou patético, como quiserem, mas que se desculpa. É a inocência, o ardor da mocidade que leva o rapaz a expor-se ao vexame de uma tampa na praça pública.

A mesma tolerância não pode, porém, ser dispensada ao líder de um grande partido político.
Ontem, depois de Manuela Ferreira Leite ter feito um discurso fortemente aplaudido, Menezes não resistiu e, qual jovem locutor febril, saltou para a tribuna e, sem mais rodeios, pediu namoro à senhora, ou seja, convidou-a para continuar a presidir à mesa do Congresso.

Claro, levou tampa...


Os três F

Aconteceu-me hoje quase madrugar, facto que me levou a ouvir rádio mais cedo do que é habitual.
E fiquei espantado com a quantidade de emissões de cariz religioso que andam no ar, talvez por ser domingo, imagino.

A maior surpresa veio da Antena 1 que consagrou, pelo menos, duas horas à religião.
Entre as sete e as oito, uma senhora (teóloga, creio eu) falou empolgadamente, num tom que mais parecia o da IURD. Fiquei abismado.
Depois das oito, teve lugar a transmissão da Eucaristia (presumo), da igreja de S. João de Brito.

A minha surpresa decorre do facto de a Antena 1 ser uma rádio de serviço público e Portugal ser um estado laico.
Não sei se terei razão ao confessar sentidamente a minha perplexidade, mas fica-me a sensação de que algo está baralhado na programação da "rádio que liga Portugal", como eles dizem.

Outro acontecimento insólito foi ouvir, em duas estações, publicidade ao jornal "A Bola".
Desde que me conheço, aquele jornal tem sido a grande referência no universo desportivo português. Chamavam-lhe até a "bíblia", designação que permite estabelecer uma ponte entre os dois assuntos que aqui vos trago.

De facto, é estranho um jornal como "A Bola" precisar de fazer publicidade.
Tal como dá que pensar a proliferação de conteúdos religiosos na Rádio.
Dá ideia de que a crise atinge os fundamentos deste país, embora Fátima pareça gozar de óptima saúde financeira, ostentando uma catedral cujo custo incomoda muita gente.

Com os escândalos que mancham o futebol, resta-nos o Fado, esse sim em maré alta, com o belíssimo filme de Carlos Saura.

Ide em paz, não há-de ser nada...

sábado, 13 de outubro de 2007

Nojo

Em entrevista ao SOL, Catalina Pestana prossegue o seu desassombrado depoimento sobre o processo da Casa Pia repetindo a sua convicção quanto ao envolvimento de Paulo Pedroso e as manobras de branqueamento conduzidas pela classe política.

Aponta como ponto mais alto da ignomínia o triunfal regresso de Pedroso à Assembleia da República e atribui à Maçonaria a proeza de ter conseguido safar o antigo ministro que, na altura, num assomo de hipocrisia e descaramento, prometeu tudo fazer para desmascarar os verdadeiros abusadores, já que ele estava inocente.
Até hoje ninguém sabe dele nem desses esforços de justiceiro.

Catalina revela ainda que há muito mais gente implicada, só que quase tudo prescreveu.
Entre eles há várias figuras públicas cujos nomes só poderão ser divulgados daqui a 25 anos.

Repete Catalina a sua convicção de que se o processo se tem arrastado tanto tal se deve apenas à necessidade de esperar pelas alterações ao Código de Processo Penal que foram feitas à medida deste caso.
Será que em toda a classe política não há um único homem sério capaz de chamar os bois pelos nomes e retirar do Código a vergonha de algumas alterações?

O mal é que há mãos sujas e consciências conspurcadas à Direita e à Esquerda.
Que fará agora Cavaco? E o Procurador Geral da República?
Se Catalina mente, prendam-na já. Se diz a verdade, é preciso agir. E depressa.
Que pensará destas acusações o poeta Alegre, o homem que ninguém cala, o rei da cidadania, o mesmo que chorou abraçado a Paulo Pedroso em S. Bento?
O mesmo que disse estar-se perante outro 25 de Abril.

Nojo. É a única palavra que me ocorre...

Banca rota

De cada vez que os bancos anunciam os muitos milhões de lucros toda a gente se revolta, acusando aquela gente de nada produzir, de pagar menos impostos, de explorar os empregados, de sugar o sangue aos clientes, de não terem coração, de serem implacáveis, mercantilistas, economicistas, usurários, judeus das quintas casas.

Ora, hoje, é com a voz embargada de emoção, que vos digo que não, senhores, nem todos são assim.
Há bancos e bancos, banqueiros e banqueiros, e nessa aparente selva há homens bons, generosos, compreensivos, bondosos, amigos do seu amigo.

Quase chorei ao ler que o BCP, em 2004, perdoou uma dívida de muitos milhões a um grupo de empresas que faliram.
Quem tal diria? Um perdão de milhões? Não é um gesto bonito? Afinal, nem todos são lobos cruéis na banca, meus senhores, é salutar reconhecermos.

Pormenor: à frente das empresas falidas, estava um filho de Jardim Gonçalves...

O drama

Quem liga o computador e acede à Internet pode passar os olhos pelas primeiras páginas dos jornais, portugueses e estrangeiros.
Aparentemente, trata-se de um exercício pacífico, tranquilo, sem sobressaltos, embora, por vezes, surjam notícias que nos choquem ou sensibilizem.
Foi o caso do falecimento de Juca, mesmo se era sabido, há anos, que o antigo futebolista do Sporting estava gravemente doente.

Por esta e outras ocorrências, admito que a abertura da montra das notícias possa provocar alguma ansiedade, nunca se sabendo o que nos vai ser revelado.
Assim, há pouco, fiquei a tremer de preocupação e cheio de palpitações ao ler um dos destaques de um diário desportivo : "Paulo Assunção está com gripe".

Não é notícia que se dê assim, de chofre, com esta violência crua e dilacerante. Meu Deus, imagino o que será a angústia da família, lá no Brasil, se lêem a tremenda comunicação.

Eu bem sei que os jornalistas procuram não perder tempo com ninharias e só nos contam o que entendem ser verdadeiramente relevante.
Mais sei que têm sérios problemas de consciência, postados diante do dever de informar e o pudor e o recato que os aconselham a poupar os leitores a choques desta amplitude.
Paulo Assunção com gripe não é assunto banal, é um drama que pode devastar milhões de corações portistas e encher de emoção qualquer cidadão bem formado.

Felizmente, os responsáveis de "A Bola" tiveram a frontalidade e a abnegação de não se deixarem levar pelo comodismo e deram o peito às balas, assumiram os factos, a verdade a que o País tem direito.
Sim, senhores, nós no jornal "A Bola " somos assim, doa a quem doer, investigámos, apurámos, fizemos o nosso trabalho, e informar faz parte do nosso código genético.
Por isso, que se escreva, que se diga, para que se saiba, é verdade, diabos nos levem, dragões nos comam, ninguém nos cala, Paulo Assunção está com gripe.

À família dilacerada, apresentamos a viva expressão da nossa simpatia.

Somos assim, somos diferentes, somos "A Bola"...

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Inveja ou cretinice?

O mui ilustre presidente da República de Timor, Ramos Horta, criticou a atribuição do Nobel da Paz a Al Gore, acusando-o de nada ter feito pelo Ambiente enquanto foi Vice-Presidente de Bill Clinton.
Ora, quem acompanha a acção de Al Gore sabe que o homem anda há anos numa cruzada pelo mundo fora, tentando defender o Planeta.

Curiosamente, enquanto outros jaziam em prisões indonésias ou lutavam nas montanhas, o alto diplomata Ramos Horta arriscava a vida nos corredores lúgubres e pestilentos das Nações Unidas.

Não tarda que o Represas venha em sua defesa. Está bem entregue Timor...

Azar, beijam só

Uns dizem Azerbeijão, outros Azerbaijão, beijam só a confusão.
Parece é que o jogo é de alto risco, com jogadores órfãos de Scolari e Murtosa no banco.
É uma situação dramática que os nossos heróis, com pundonor e estoicismo, se Alá ajudar, hão-de superar.

O pateta do Ricardo, de voz de cana rachada, já veio dizer que a vitória será dedicada a Scolari.
É assim mesmo, Ricardo, o homem merece, é um bom desportista, um exemplo de ferplei.

Esta gente não tem vergonha nem carácter, a começar por Madaíl que ainda não revelou o resultado do inquérito que a Federação fez ao Filipão.

É a Federação das bananas, num caso de um banano mal dado, em vésperas de um jogo a faijões, ou feijões, ou lá como é...

JUCA

Faleceu ontem Júlio Cernadas Pereira, mais conhecido por Juca, o cabecinha de oiro.
Tinha 78 anos e foi um verdadeiro príncipe do futebol português.

Nascido em Lourenço Marques, veio muito jovem para o Sporting onde acabou cedo de mais (por lesão) a sua carreira.
Juca deixou uma imagem inesquecível, com a sua elegância, a perfeição no jogo de cabeça, a boa técnica, a colocação, o toque suave da classe autêntica.
Foi médio-esquerdo do Sporting, da selecção, treinador de várias equipas e seleccionador nacional.

Além disso, Juca tinha uma bela figura, vestia com bom gosto, era um sedutor, voz de veludo, tez morena, deixa saudades em quantos o conheceram.

Na "Mexicana", na Praça de Londres, na avenida de Roma, a sua silhueta perdurará...

Ele aí está, o eterno Pedro

O mínimo que se pode dizer é que Menezes não começa bem. Se não vejamos.

1- Câmara de Gaia
Se a sua vontade fosse mesmo ficar, parece claro que teria anunciado ANTES da eleição que ficaria, qualquer que fosse o resultado.
Ao adiar a decisão, fica a ideia que preferia sair, mas não teve coragem. Mau sinal.

2- Santana Lopes
A vitória e a figura de Menezes foram muito rapidamente relegadas para segundo plano por Santana que apareceu como o provável líder da bancada parlamentar do PSD e se tornou o centro das atenções.

3 - Ângelo Correia, principal conselheiro de Menezes (o que muito me espanta) não morre de amores por Santana.

4 - Santana e Menezes fizeram um acordo secreto de cooperação e é com esse estatuto que o imprevisível Pedro vai aparecer hoje no Congresso, em posição de força, quase como a vedeta da noite.

Menezes considera Marques Mendes cinzento, apagado, amorfo, mas a imagem que tem deixado é de uma total desorientação, sem pulso nem voz de comando.

Que outras surpresas reservará o Congresso?

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Dar o bico por não bico...

Por mais voltas que dê ao bestunto, há coisas que não me entram na cachimónia.

Acabei agora de ler o editorial do último número de “O Condense” e ainda estou boquiaberto de estupefacção. Nele, José Anselmo, patrono da publicação, discreteia esperançadamente sobre os amanhãs que vão cantar na Quinta do Conde. Por atacado, a coisa resume-se à execução do Nó Desnivelado na Nacional 10, cujo processo há muito foi iniciado; a um parque urbano que a Câmara vai realizar a expensas do LIDL; e à repavimentação da Avenida Principal, à custa de uma grande superfície, a Feira Nova. Pelo meio, José Anselmo põe mais uma ou outra peça pífia neste modesto cabaz obreiro. Ufano, o plumitivo condense assevera-nos consoladamente: Finalmente começamos a ser “lembrados”.

Há aqui, com efeito, um problema de memória. Ou, melhor dizendo, vários. Mas são do próprio Anselmo. Ora vamos por partes.

Não ocorreu a Anselmo que a Câmara quase não vai gastar um tostão nas anunciadas obras memoráveis. Uma – a do nó desnivelado – corre sobretudo por conta do Estado. As outras resultam das parcerias que Augusto virtuosamente estabelece com a iniciativa privada. O mesmo Augusto que em Santiago dá ralhetes implícitos aos lojistas forretas, não hesita em piscar o olho aos grupos económicos activos na Quinta do Conde, licenciando novas áreas que se antevêem potencialmente ruinosas para o pequeno comércio local, a troco de uns tostões que dão para os alfinetes.

Num passado recente, a Câmara, com fundos próprios, investiu milhões de contos na Quinta do Conde: construiu o Cemitério; acabou um Mercado Municipal que já rivalizava com as obras de Santa Engrácia; ergueu um Pavilhão Gimno-Desportivo, despendeu 600 mil contos numa Escola Básica exemplar; executou a rede de saneamento; e asfaltou parte significativa da rede viária. Mas disto, que não tem realmente importância nenhuma, não se lembrou Anselmo.

No editorial que agora assina, lembrou-se, porém, e com razão, de admoestar vigorosamente a gestão de Esequiel Lino pelo descalabro que foi a construção da ETAR da freguesia. Pois claro! A rede de saneamento não existia. Outros a fizeram depois. Mas, ao correr da pena, nada disto fez soar campainhas na consciência do desmemoriado Anselmo.

Outra coisa estranha: enaltecendo a anunciada repavimentação da Avenida Principal, Anselmo teve uma branca que nos dá que pensar. Não lhe ocorreu que o projectista desta artéria foi Augusto, ao tempo fortemente criticado por… José Anselmo, ele mesmo, pela deficiente ligação das ruas transversais àquela Avenida, com evidente transtorno para os automobilistas. A tal ponto assim foi, que as vozes mais notáveis da terra cognominaram então Augusto como o “arquitecto dos bicos de pato”. Nos entrementes, as vozes calaram-se, os bicos fecharam-se. E a expressão caiu em desuso. Para mais, Augusto é hoje, reconhecidamente, o autarca dos carrinhos de compras, e esses não transitam nas insólitas perpendiculares da Avenida Principal. Bem pode, por isso, Anselmo dar o bico por não bico.

Fados

Quem gosta de Amália desejaria mais e melhor do que vê-la conversar e trautear junto ao piano de Alain Ulman.
Por muito que se admire Caetano Veloso, a sua "Estranha Forma de Vida", ( a letra é de Amália) é mole e arrastada, sem a vibração que torna gritante a ausência da nossa divina fadista.
Mas o filme é notável. Discutível, polémico, mas notável.

Pena é que todas as canções sejam em play back. Quase perfeito, mas play back, com uma única falha de sincronização,de
Carlos do Carmo.

Há momentos de verdadeiro encanto, como aquele "Meu Fado Meu", interpretado por Mariza e um espanhol, fado flamenco deslumbrante.

No meu espírito fica a dúvida sobre a utilidade ou a vantagem de se arrastar os fados, ou seja, cantar, dizer, em câmara quase lenta. Não sei, não sou especialista, apenas sei do que gosto.
Insólito é ver um aparelho nos dentes de uma fadista. Seria indispensável?

Um nome a reter, Ricardo Ribeiro, com físico de lobo do râguebi e uma belíssima voz , castiça, bem trabalhada, possante e subtil, ao mesmo tempo.

No fim do filme, não se percebe bem se o rapaz casa com a rapariga, tantos e tantas são, mas vale muito a pena ver.

Partindo do princípio de que tudo isto é fado...

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Pinóquio

O ministro Mário Lino disse que o Governo está a trabalhar no sentido de introduzir portagens nas SCUT até ao fim do ano.

Isto prova que todos aqueles malandros que chamam mentiroso ao engenheiro Sócrates não têm qualquer razão...

O outro lado do espelho

As coisas nem sempre são o que parecem.
Os inspectores que (a pedido do Governo) investigaram o caso da "visita" dos polícias ao sindicato da Covilhã, concluem que os sindicalistas não disseram a verdade, que aquilo não foi bem assim. Quem se admira?

O presidente do Irão diz agora que foi mal interpretado e que nunca declarou que não havia pane...homossexuais no seu país.
O que disse foi que há menos do que nos Estados Unidos.
O homem é muito engraçado, faz lembrar o outro que diz que o circo é de cá mas os "artistas" são todos de fora...

A actual provedora da Casa Pia jura a pés juntinhos que não tem indícios de que haja abusos na Casa Pia, contrariando o que Catalina Pestana revelou.
A dra. Joaquina Medeira (é a sua graça) esperaria talvez que lhe viessem pedir autorização para as poucas vergonhas, provavelmente.
Deve ser prima do presidente do Irão e simpatizante do núcleo dos tais inspectores.

Com tanta ingenuidade e santa tolerância, o mais certo é os arguidos da Casa Pia serem condenados a ostentar umas orelhas de burro e a ficarem privados de cacau ao lanche.

Esta é a ditosa Pátria nossa amada, não é?

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Isto promete

O poder socialista está a revelar tiques e truques antigos e de má memória na modalidade olímpica do triplo assalto "posso, quero e amordaço".

Com (muito) efeito, a PSP invadiu a sede de um sindicato e levou documentos relativos a uma manifestação.
Seria para o chefe estudar nas horas vagas?

Agora é a RTP a levantar ou a deitar (abaixo) um processo disciplinar ao jornalista José Rodrigues dos Santos por este ter denunciado a atitude do governo e do seu canal privado (disfarçado de público) que passa para os telespectadores os recadinhos que recebe dos patrões.

Será que estamos a voltar ao tempo da outra senhora?

Pelos vistos, o Coelho é que sabe, quem se mete com o PS leva.

Leva com a PSP, no mínimo...