segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Devolvido ao Remetente


Talvez porque 800 é um número muito redondo, talvez por acharmos que cada projecto tem o seu tempo, o Escriba e eu resolvemos encerrar, sine die, esta Magra Carta.
Aqueles que mais de perto nos acompanharam sabem que este não é o fim de uma bela amizade...

domingo, 26 de outubro de 2008

A rogância


A minha opinião sobre este e outros assuntos vale tanto como (ou menos que) as sondagens, mas regalo-me com a liberdade de poder expor pontos de vista, estados de alma, considerações que, prosaicamente, acho interessantes.
Talvez não saibam, mas tenho apenas um dicionário, antigo, cansado, no qual tenho inteira confiança, sei que ali mora um bom Português, genuíno. E que lá não entram neologismos desnecessários e pretensiosos.
Contrariamente ao que possa parecer, não sou um purista inflexível, antes gosto de jogar com as palavras. Ou seja, sou um linguista liberal, mas reclamo um controlo sério, regras que não deixem assassinar nem descaracterizar a nossa língua.
Há um tempo de recreio para improvisar, inventar, mascarar as palavras, mas deve haver, logo a seguir, um toque a reunir e não se confundir divertimento com rigor.
O que me choca (é apenas uma expressão) é ver pessoas com responsabilidades adulterarem, voluntariamente e sem justificação, o léxico.
Ontem, na RTP2, José Miguel Júdice fez o que tantos fazem, repetindo a forma verbal coxa que é culpabilizar que o meu velho dicionário desconhece. Lá só encontro culpar e dou um doce a quem me explicar a diferença entre as duas formas. Do mesmo modo, desculpabilizar é uma invenção inútil, mas que podemos desculpar.
Para não se ficar atrás na modernice, a senhora jornalista lá veio com um garantismo todo catita.
Não é morte de homem, ninguém, por maltratar o Português, é privado da sua liberdade, é um garantismo conveniente.
Confesso que não sei o que leva esta gente a inventar, talvez seja snobismo ou aquela coisa feia que é a rogância...

sábado, 25 de outubro de 2008

Ficheiros secretos


Há pouco tempo, na doce vilegiatura do Verão, mão anónima acrescentou a um artigo do Código Penal um parágrafo subtil e assassino que permite que mil violações praticadas sobre a mesma vítima contem como um único crime.
Ninguém diz quem foi o autor da monstruosidade, ninguém parece saber, ninguém viu.
Mas a nódoa ficou.
Agora, outra (ou a mesma) mão invisível introduziu no Orçamento de Estado uma alteração às regras do financiamento dos Partidos, tornando aceitável dinheiro vivo.
Cólera de Sócrates, desmentido ao "Diário Económico", raspanete a Teixeira dos Santos, tudo para acabarem por reconhecer que a coisa estava mesmo no Orçamento.
Depois do fantasma da Ópera, temos um homem invisível no Parlamento.
Só falta que venha tomar conta do PSD o bicho da Madeira...

Com sumo


Esta semana do jogo da bola, trouxe consigo nova proeza do Braga nas competições europeias e já começam a endeusar Jesus pelos "milagres" que tem feito, 7 vitórias, 17 golos marcados e zero sofridos.
Estranhamente, o mesmo Braga está hoje no 13º lugar do campeonato, apenas um furo acima dos três últimos.
Será que temos um Braga a duas velocidades? Um para consumo externo e outro para consumo doméstico?
Um Braga com sumo e outro destilado?
Honni soit qui consumo y pense...

Há quem (não) goste...


Estamos a quatro escassos textos da marca de 800, o que constitui um montante apreciável. Naturalmente, estamos a falar apenas de quantidade, não de qualidade que decorre da avaliação a que aqui nos expomos sem protestar como fazem os professores.
As notas que nos atribuem estão patentes nos comentários, nos que publicamos e nos que temos o direito de recusar. E também nos silêncios.
Estes são a grande maioria, ou seja, há muito menos reacções do que leitores, o que é natural e não nos incomoda.
Há quem faça musculação, remo, abdominais, bicicleta. Ou passeie na marginal, jogue à sueca, faça ponto-cruz ou fatias albardadas.
Nós gostamos de escrever, mal ou bem, de puxar pela cabeça, imaginar, inventar, moldar a realidade, às vezes torcê-la, com malvadez comedida, provocando, se possível com um sorriso.
É a nossa ginástica mental, o exercício das células cinzentas, mas sempre e só por prazer, por gozo, coisa que alguns compreendem e outros não percebem.
Talvez por culpa nossa que não nos explicamos capazmente.
Por isso, não temos metas, vamos ao ritmo da nossa fantasia, mas sempre com um pé no real.
E vamos, sobretudo, cantando e rindo, porque nesta estação somos nós que damos as cartas e não entregamos correio nem encomendas que não sejam do nosso agrado.
Somos irrecuperáveis...

E depois do adeus


O (ainda) presidente dos USA, George Bush, votou por antecipação e, segundo um seu porta-voz, deu o seu voto a McCain.
Sendo o voto secreto, a maioria dos políticos não revela a sua preferência, por muito óbvia que ela seja. Freitas do Amaral, anteontem, na RTP, não disse se votou em Cavaco, em Alegre ou em Soares, embora todos suspeitemos que terá escolhido o homem de Boliqueime.
Daí que esta revelação de Bush possa ser lida de duas maneiras. Por um lado, como uma manifestação de apoio natural ao candidato republicano.
Mas, por outro, pode ser um presente envenenado, capaz de ajudar à vitória de Obama. De facto, Bush termina de rastos o seu mandato, e revelar que
(sem surpresa) votou McCain é confirmar que espera ver a sua própria política prosseguida, coisa que a maioria dos americanos não deseja.
Com isto, ao facilitar a vida a Obama, pode estar a usar a última arma de destruição maciça que lhe resta, o seu voto, para fazer uma espécie de hara-kiri, dizendo para com os seus botões "depois de mim o dilúvio"...

Daqui até Santana...


Santana Lopes não é digno de crédito, é a imagem da derrota do PSD, é tudo isso, mas ainda assusta. Pelo menos é o que parece acontecer a António Costa que está a tratar de propor namoro ao PC e ao Bloco de Esquerda para enfrentar a possível candidatura de Santana.
No fundo, talvez António Costa não tema assim tanto o inconstante Pedro, mas a perspectiva do regresso deste fornece ao actual dono da Câmara o pretexto para seduzir PC e BE, numa jogada envolvente que lhe daria uma vitória fácil e anestesiaria os dois incómodos pequenos Partidos.
A gestão autárquica faz-se cada vez mais desta maneira, com arranjinhos, oferta de cargos e benesses, tudo entre boa gente, civilizada e com sentido de Estado.
É o mercado (do tacho) a funcionar...

Mentirosos


Esta crise financeira veio trazer ao de cima o pouco de hipocrisia que estava em repouso no fundo da gaveta das consciências dos políticos. E é muito engraçado ver os liberais com um ar muito sério, admitir que, sim senhor, sempre foram pela economia de mercado mas que (atenção) muitas vezes alertaram para os excesso, para a especulação e a ganância. Mentirosos.
Por seu lado, as hostes de Esquerda elevam a voz e lembram que sempre, mas sempre, foram contra o capitalismo e defenderam uma presença do Estado no controlo e na regulação. É verdade. Só não dizem que o faziam cegamente, em profissão de fé, por obediência à cartilha dogmática marxista, e não com base em observação séria da realidade.
Por outras palavras, todos mentem e pretendem chamar a si ao mérito do alerta precoce, a medalha do " Eu bem dizia".
Ontem, Odete Santos, diante de uma insossa Teresa Caeiro, defendia uma economia planificada, como nos maus velhos tempos da URSS. E apontava Cuba como um exemplo de sucesso de um país comunista onde (diz a senhora)
liberdade de expressão. Deu como exemplo uma conversa com duas amigas que, em voz alta, criticavam o regime. Mas então esse regime perfeito é criticável? Mas, sobretudo, a ser verdade a crítica em voz alta, onde é que ela teve lugar? Num vão-de-escada ou numa sacristia isolada, com certeza. Numa esplanada de café é que não, porque em Cuba as paredes têm ouvidos e a vigilância é planificada.
Para concluir, José Sócrates está igualmente convertido à necessidade da tutela do Estado. O homem que não se cansava de afirmar que o mercado deve funcionar com as suas regras próprias, acaba de se converter.
Talvez numa sacristia discreta que fica à esquina do edifício das Altas Autoridades da Concorrência...

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

A sede do poder


O futebol e a política (escusado é lembrar) têm muito em comum. Foi o que me ocorreu ao ler que Paulo Portas decidiu antecipar as directas e volta a ser candidato.
Bastou um resultadito menos mau (para as ambições do pequeno Partido) nos Açores e aí temos o homem a jogar nova cartada para prolongar o seu mandato, embora ainda ninguém tenha percebido o que é que o CDS ganhou com a saída de Ribeiro e Castro e o regresso de Portas.
Esta iniciativa do nosso Paulinho trouxe-me à (já fraca) memória o sucedido no Euro 2000 quando Portugal estava com boas hipóteses de ir à final. Se vencesse a França. Mas perdeu.
Ainda assim, o seleccionador da altura (Humberto Coelho) julgou ser de aproveitar a maré e desatou a pressionar Madaíl para lhe prolongar o contrato antes mesmo do fim da competição.
Madaíl fez-se desentendido e, mal o Europeu chegou ao fim, despediu o senhor Humberto.
Portas não será despedido porque há aspectos em que a política é pior do que o futebol. Quanto ao nada convincente Madaíl, há quem pense que a sua atitude, neste caso, foi a melhor que poderia ter tomado...

Despidos de senso


Há muitos anos, um futebolista do Desportivo de Sesimbra despiu a camisola em campo, gesto que foi considerado ofensivo e impróprio. Como consequência, o atleta em causa (Olímpio) foi suspenso por doze meses, castigo que, em Assembleia Geral, um sócio considerou demasiado leve, reclamando uma pena de um ano. Essa curiosa contestação ficou para a história...
Vem isto a propósito do estranho hábito de jogadores que, ao festejarem um golo, despem a camisola, atitude absurda que, para mais, é punida com um cartão amarelo.
Algo de esquisito se passa com a coreografia utilizada por muitos jogadores que acham apropriado ensaiar danças do ventre, requebros vários, dedos espetados ou esgares dirigidos às câmaras de televisão que testemunham e encoragem tais macacadas.
A alegria do golo é natural e compreensível, mas nada justifica palhaçadas.
Neste domínio, é de espantar que um jogador, num instante de glória ou de euforia, ache correcto despir o símbolo da equipa que representa, enrolando-o como um trapo. Talvez haja algo que me escapa, mas, de facto, não compreendo. Será para mostrar os peitorais?
Pelos vistos, a única maneira de acabar com esta degradante celebração, será o castigo subir de amarelo para vermelho...

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Atentado, claro


O Professor Freitas do Amaral falou esta noite, na RTP, sobre o caso-Camarate, dizendo, entre outras coisas, que Lee Rodrigues não foi considerado suspeito de ser o autor do atentado porque negou a acusação. E porque a mãe e a irmã garantiram ser ele uma pessoa incapaz de um acto daquela natureza.
Nós ouvimos isto e mal podemos acreditar. Ou as nossas autoridades judiciárias são de uma ingenuidade angélica ou...
Eu vou mais pelo ou.
Porque os indícios de atentado são tantos e tão fortes que só pode defender a tese de acidente quem estiver de má fé ou for tão inocente como os investigadores que puseram as mãos no fogo por Lee Rodrigues.
Por mim, não tenho dúvidas, foi atentado...

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Não lhes cheira...

Diz quem lá esteve que a convenção autárquica do PS local, realizada, no sábado passado, numa unidade hoteleira do concelho, ficou longe de convencer. O Dr. Cristóvão, que terá apresentado um documento político bem estruturado, e até interessante, afirmou, alto e bom som, que o PS ainda não estava preparado para eleições. E o conclave, para não destoar, saiu-lhe pífio. Militantes não seriam mais do que 40 (nos melhores períodos, como é evidente) e, da imprensa local e regional, apenas compareceu "O Sesimbrense". Claro está que ninguém esperaria a reportagem do "Raio de Luz", pois os tempos não estão propriamente para prodígios. Mas haveria, porventura, a secreta esperança de que "Nova Morada", "Notícias da Zona" ou "Sem Mais", todos eles dirigidos por militantes socialistas, pudessem dar um ar da sua graça. O problema - dramático e sem fim à vista - é que não lhes cheira. E quando assim é...

As malhas e as redes


Em França, um antigo treinador do Marselha acaba de ver rejeitado um recurso que era a sua última esperança de escapar à prisão por negócios ilícitos ligados a transferências de jogadores.
Rolland Courbis não irá sozinho pois este processo envolve outros protagonistas, um deles bem conhecido dos meios futebolísticos portugueses, Luciano d'Onofrio, que passou pelo Portimonense e foi manager do Porto nos anos 80.
Actualmente (até quando?) é vice-presidente do Standard de Liège.
No livro "Longos dias tem 100 anos", sobre Pinto da Costa, muitas referências lhe são feitas, o que não quer dizer mais do que isso, é apenas o reconhecimento das boas relações entre os dois homens.
Aliás, é curioso que esta notícia surja numa altura em que Pinto da Costa se viu ilibado de suspeitas no caso do jogo Nacional-Benfica.
Depois de Tapie, lá vão Courbis e companhia. Por lá, a Justiça não é dourada...

A insustentável leveza da bola


Muitos teóricos culparam o guarda-redes do Porto pelo golo do Dínamo de Kiev quando o pobre Nuno foi mais uma vítima das novas bolas que, por excessiva leveza, ganham efeitos e desvios a meio da trajectória e, sobretudo, na ponta final.
O futebol está cada vez mais resumido a uma teia no meio campo e ao despejo de bolas para a confusão da grande-área onde decorre a lotaria dos ressaltos e se multiplicam as faltas que os árbitros marcam ou não conforme lhes dá na gana. Ou na maroteira.
Até os lançamentos da linha lateral ganharam estatuto de canto, tudo por obra e graça da tal leveza da bola que convida ao jogo directo, aquilo que antigamente era designado por pontapé para a frente ou para o barulho. Tal como o velho contra-ataque se chama agora transição defesa-ataque. Questão de leveza no discurso dos entendidos.
Com isto não ganha o futebol, a não ser em emoção, já que se torna mais fácil e mais rápido chegar à baliza contrária. Mais com recurso ao jogo aéreo do que à execução fina, à flor da relva.
São outros tempos, de técnica baixa e pressão alta...

Só sai a quem joga...


O presidente do FMI é um socialista francês, Dominique Strauss-Kahn, que está numa situação delicada (na puritana América) por ter tido uma relação extra-conjugal. Com uma mulher, é bom precisar porque nos tempos que correm...
Ora, uma mulher, uma bela mulher já ele tinha, a jornalista Anne Sinclair, inteligente e apaixonada ao ponto de ter vindo prontamente colocar-se ao lado do marido, declarando que o assunto está encerrado.
Há uns anos, Anne admitia ser um risco casar com um homem brilhante, bem parecido e com um belo percurso político.
Nunca imaginou o que acaba de suceder.
É um daqueles casos que nos levam a pensar que há homens que não merecem as mulheres que têm. Talvez a turbulência financeira o tenha perturbado, mas melhor teria feito se tivesse permanecido preso aos olhos azuis de Anne Sinclair, em vez de lhe confessar: Fui Muito Imprudente...

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Curral de Moinas Futebol Clube


A mãe de Cristiano Ronaldo foi distinguida com o Prémio Internacional da Mulher, por Resultados Humanos.
A estupenda ideia foi da Fundação da Associação das Mulheres Empresárias da Madeira e constitui, sem sombra de dúvida, um motivo de satisfação para todos os madeirenses e para os Portugueses no seu todo.
Eu não sei se a senhora Dolores Aveiro (é o seu nome) é empresária nem isso é relevante. Antigamente havia lojistas, comerciantes, industriais, sapateiros, padeiros, merceeiros, de tudo um pouco.
Hoje são todos empresários, é mais fino.
Mas, voltando à dona Dolores, eu não duvido que a senhora tenha um mestrado em gestão ou coisa parecida que o filho querido lhe tenha comprado em Inglaterra. Hoje, licenciaturas e mestrados, é só anunciar a cor e pagar o que pertence.
Porém, o que (não) me espanta é a explicação para o tal prémio internacional. Por Resultados Humanos.
É bem visto. Porque o melhor jogador do Mundo (e,se calhar, de todos os tempos) é de tal maneira portentoso que muita gente o considerava já como um super-homem, um ser de outra galáxia.
Felizmente, para nosso descanso e felicidade, dona Dolores veio dizer-nos que os seus resultados são humanos. Nem calcula, dona Dolores, como ficamos contentes.
É que não só o Cristianinho, afinal, é um ser humano como humana é igualmente a mana Ronalda, esse insigne vulto da música pop.
Parecendo que não, por estes tempos de amarguras financeiras, é reconfortante ficarmos a saber não só que o mérito acaba por ser reconhecido e que as pequenas e médias empresas bem podem pôr os olhos na dona Dolores, um modelo de gestora que alcançou o mais difícil, resultados. Para mais, humanos. Não é comovente?

Marinheiros de água doce

À sombra do centralismo democrático, continua tristemente a colonização de Sesimbra pelo Seixal. Agora é no dia 24, à noite. Adelina Gomes Domingues, Técnica Superior de Museologia no Ecomuseu do Seixal, vem à Capela do Espírito Santo falar sobre a futura unidade museológica marítima de Sesimbra. Não discuto os méritos da senhora, porque nem sequer os conheço. Mas calculo que muito deva custar às gentes marítimas de Sesimbra vir alguém das bandas do Rio Judeu para lhes ensinar como devem preservar a sua própria memória. Acredito até que este desaguar das águas fluviais ali à beira da praia lhes possa doer como uma humilhação. Mas não se queixem. Mandaram-nos vir... Agora, aturem-nos!

Private joke...


segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Black &Black


Quando Colin Powel anunciou o seu apoio a Barack Obama, praticamente foi xeque a McCain. Habilmente, o candidato democrata lançou outro golpe de mestre ao declarar que, se vencer, incluirá Powel na sua equipa governamental.
Pode ter sido xeque-mate e dificilmente não iremos ver um negro na Casa Branca...

Dona Floripes e o tempo extra


O julgamento de Isaltino Morais acaba de ser suspenso, por iniciativa da irmã do arguido (de sua graça Floripes) que requereu os bons (e lentos) serviços do Tribunal Constitucional que é uma espécie de secção de "Perdidos e Achados" a cuja porta vão bater todos quantos pretendem bloquear o curso de uma Justiça já de si coxa e tacteante.
Dona Floripes não gostou de ver o mano perto de ter de explicar aquela coisa das contas na Suíça e, vai daí, lembrou-se de levantar a suspeita de uma violação da Constituição. Alto e pára o baile judicial, ficando tudo à espera que o Tribunal Constitucional responda, o que pode levar um tempo indeterminado.
O chamado "caso dos sobreiros" por lá continua sem que o TC descasque a cortiça.
E é assim que se faz a Justiça em Portugal, à imagem do futebol, com os intervenientes a simularem lesões, a deitarem bolas para fora, para queimar tempo. Mas tudo legal, porque a Lei é magnânima e quem tem bons advogados consegue ir a prolongamento.
Às vezes, até evita grandes penalidades...

Ser do Benfica


Nestes tempos de crise, felizmente ainda temos o futebol para nos proporcionar momentos de euforia, feitos que nos levem a acreditar que há Justiça no Mundo e que o futuro pode ser radioso.
Nunca é de mais repetir que o futebol é uma caixinha de surpresas e que cada jogo é um jogo.
A confirmação (empolgante, diga-se) tivemo-la ontem no decrépito campo da Luz onde a modesta equipa do bairro de Benfica vestiu o seu equipamento domingueiro, lavado na véspera, para receber as super-estrelas do poderoso e sobranceiro Penafiel.
Depois, o que sucedeu foi o sortilégio do futebol, o milagre da superação das fraquezas, o palpitar de corações que pulsavam sob a camisola das papoilas saltitantes, talvez galvanizados pela voz do Piçarra, não sei.
Só sei que, estes rapazes da Luz, sim, jogaram nos limites e foram até às últimas consequências, ou seja, as grandes penalidades. Porque lutaram como só os bravos se batem, porque acreditaram, porque não se deixaram intimidar pelos nomes sonantes das vedetas do Penafiel e porque, na hora da verdade, souberam merecer a honra suprema de fazer morder o pó do campo pelado aos arrogantes penafidelenses.
Por esta e por outras, a Taça conserva a sua aura de prova arrebatadora onde a surpresa mora a cada canto, com a bandeirola à janela.
Oxalá o Penafiel tenha aprendido a lição e não volte a convencer-se de que o Benfica, apesar de ser um clube de bairro, é presa fácil. Seria ignorar o que significa a alma benfiquista, a vibração, o querer, a raça deste punhado de heróis que, a esta hora, já estão de volta aos seus empregos nas oficinas, no banco ou na fábrica do simpático bairro, enquanto os craques do Penafiel, ao volante dos seus Audis e Mercedes, se dirigem, indiferentes, para o estádio onde passarão pelo ginásio, para descontrair, antes de se entregarem nas mãos de fisioterapeutas diplomados.
Como eu me orgulho de ser do Benfica!

domingo, 19 de outubro de 2008

Tomai e comei


Segundo o semanário SOL, há falta de sacerdotes na diocese do Funchal, notícia que nada tem de surpreendente quando toda a gente sabe que a Igreja se debate com uma crescente falta de vocações.
Por outro lado, a carne é fraca, as tentações são muitas e poucos jovens estão dispostos à castidade e à abstinência.
Por outro, é natural que jovens sacerdotes não tenham grande interesse em ser colocados no Funchal porque está ainda na memória de todos o nome e a figura badalhoca do padre Frederico que conseguiu fugir da prisão e de Portugal, certamente por uma graça divina tão forte que o Brasil não o devolve ao nosso país.
Por isso, o recrutamento está difícil. Daí que me tenha ocorrido que o jornal "A Bola", no âmbito da campanha de assinaturas para o Ronaldo, pudesse fazer um apelo à juventude no sentido de dar uma oportunidade à diocese do Funchal.
Por exemplo, o Cristiano, como bom madeirense, podia oferecer um prémio a cada jovem que ingressasse no seminário, não sei, uma camisola, uma bola, um fato de treino usado pelo craque. Ah, melhor ainda, um álbum de fotografias da Nereida toda nua e das outras que têm partilhado da sua ideia de que devemos amar-nos uns aos outros.
Sobretudo às gajas...

Perguntar não ofende


À boa maneira parola e portuguesa, o jornal "A Bola" tem vindo a promover uma campanha de angariação de assinaturas visando reforçar a candidatura de Cristiano Ronaldo ao título de melhor do Mundo.
É a velha tradição do empenhozinho, da cunha, da fineza, como se estas coisas não fossem cozinhadas no recato das altas e espessas paredes dos gabinetes da FIFA.
O melhor do Mundo é uma espécie de Festival da Canção de Curral de Moinas, apenas com o folclore gigantesco patrocinado pelas televisões.
O melhor do Mundo só deveria ser atribuído de cinco em cinco anos, no mínimo, para premiar aquele que, duradouramente, merecesse a distinção.
Alguém concebe que haja por aí um jogador comparável a Zidane? Tenham juízo e deixem-se de garotices.
Já agora, deixo a pergunta. Sabendo-se que Pepe é o outro jogador português nomeado, será que "A Bola" vai promover igualmente o defesa do Real Madrid ou concentra esforços apenas em Ronaldo? Afinal, Pepe também é um artista português...

Outros costumes


Liu Zhihua foi afastado da presidência da Câmara de Pequim por corrupção. Responsável pela construção de infra-estruturas para os Jogos Olímpicos, Liu Zhihua recebeu cerca de um milhão de dólares para conceder certos favores.
Como resultado, foi agora condenado à morte com pena suspensa por dois anos. Sinceramente, não sei bem como é que funciona este modelo penal. Que acontece daqui a dois anos? Em função da sua conduta, poderá alcançar nova remissão ou será executada a sentença?
Seja como for, na China a corrupção não é tratada com a brandura e a tolerância que reina por cá. Nem vale a pena citar nomes, tantas são as suspeitas (e as certezas) sobre conivências fraudulentas entre autarcas e construtores imobiliários.
Seria interessante e esclarecedor comparar o património que certos autarcas possuíam quando iniciaram funções e o que ostentam no final dos mandatos.
Em muitos casos, está tudo à vista, só ficando a ingénua hipótese de terem ganho o euromilhões. Portugal é o paraíso dos arquivamentos e das prescrições, um país onde a corrupção continua a ser um negócio da China...

sábado, 18 de outubro de 2008

Encosta-te a mim


É nas horas difíceis que um homem conhece os amigos e, neste momento, Carlos Queirós deve ter compreendido que está metido numa camisa de sete varas. Se não vejamos:
- toda a gente viu os erros que o senhor Queirós (ou será Queiroz?) cometeu no jogo com a pobre Albânia.
- e toda a gente percebe que há uma onda de hipocrisia e de gozo à volta do britânico Charles Queiroz.
Com efeito, muito mal vão as coisas quando o sinistro Madaíl lhe dá um voto de confiança que cheira tão mal como a indisposição do presidente. E, pior, quando recebe declarações de (fingido) apoio dos suspeitos do costume, Artur Jorge (antigo e cinzento seleccionador), Jesualdo (outro Professor convencido) e, valha-nos Belzebú, de Pinto da Costa.
Por este andar, não tardarão mensagens amigas de Valentim, Reinaldo Teles, Isaltino e Fátima Felgueiras.
O homem pode não ser burro, mas está com galo...

Pão e circo


À força de elevarem o futebol ao estatuto de desígnio nacional e de colocarem a dignidade e a honra de um país nos pés de um jogador que marca (ou falha) o golo da vitória, os países correm o risco de verem o feitiço virar-se contra o feiticeiro.
Aconteceu agora em Paris, antes e durante o jogo (amigável, note-se) França-Tunísia, como já sucedera num encontro com a Argélia, ou seja, o hino nacional francês ser assobiado ruidosamente.
O caso está a despertar vivas reacções e naturais preocupações.
O futebol devia ser apenas um jogo, mas hoje é um veículo poderoso de interesses, paixões e movimentos mais ou menos subversivos. Tudo manobrado nos bastidores e levado ao rubro na febre do encontro.
Muita gente se recorda da violência inaudita dos jogadores angolanos que defrontaram a selecção portuguesa, há uns anos, no estádio de Alvalade. Cá fora, houve carros incendiados, confrontos vários, tudo a coberto e a pretexto de um jogo de futebol.
Mas outra coisa não há a esperar quando as nossas sábias autoridades colocam em certos jogos o rótulo de alto risco e fornecem cordões de polícias para enquadrar centenas de energúmenos cujo objectivo não é assistir ao jogo mas agredir, de várias formas, a claque adversária.
Aceitar a violência como algo que faz parte do espectáculo é pactuar com arruaceiros e encorajar a criminalidade disfarçada com cachecóis e armada de bandeiras.
Mas o Governo não é parvo e sabe (ou supõe) que é disto que o povo gosta...

Alegria no trabalho


Um maquinista do Metro de Madrid foi punido por ter aceitado que, enquanto conduzia a composição, um travesti lhe fizesse sexo oral na cabina.
A maliciosa marosca foi descoberta quando, já no cais, o travesti reclamava o pagamento do serviço.
A Direcção do Metro garante que a segurança dos passageiros nunca esteve em risco porque um sistema automático de travagem funciona em caso de falha do condutor.
Admito que sim. Mas não posso deixar de pensar na segurança do condutor se, num momento crítico, tivesse acontecido uma travagem abrupta.
A consequência teria sido, provavelmente, a amputação de um dos seus membros inferiores...

Pindérico Menezes


A qualidade dos políticos revela-se, entre outras coisas, na forma como abordam os assuntos e como tratam os adversários.
Como todos estamos recordados, o senhor Menezes atacou miseravelmente Marques Mendes, com a sofreguidão de quem sonha com o poder. Conseguiu, mas foi o desastre que se viu. Despeitado, tentou a acrobacia da demissão, talvez na tonta expectativa de ver surgir uma vaga de fundo. Não surgiu, claro. Raivoso, amuou e recusou voltar a disputar a presidência, imaginando porventura criar um vazio político. Errou novamente.
Depois, em vez de se afastar (como Marques Mendes) e ficar em silêncio, ei-lo que, venenosamente, se põe, sempre que pode, em bicos de pés para atacar Manuela Ferreira Leite.
Nada, do ponto de vista legal, o impede, mas é lamentável que o faça nos termos que usa.
A sua linguagem está encharcada em frustração, despeito e rancor, como se ouviu agora quando criticou as propostas do PSD para o orçamento.
Mas a culpa maior não é do insignificante Menezes, mas sim de quem o procura de microfone na mão. A quem interessa o que diz Menezes?
O problema é que os nossos tristes jornalistas só sabem fazer isto, estender o microfone a gente duvidosa na esperança de uma frase assassina, de um fogacho de escândalo.
Resta um aspecto positivo, o da liberdade de que se goza neste país onde um qualquer Menezes pode falar ao microfone...

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Em passo de corrida


O nosso primeiro-ministro é um homem de acção e, pelos vistos, está em grande forma.
Nos primeiros dez dias deste mês percorreu 7800 quilómetros, de norte a sul do país, em sucessivas inaugurações, a lembrar tempos de outro senhor que também morou em S. Bento.
A curiosidade reside no número de creches que José Sócrates inaugurou, gesto que talvez pretenda sugerir uma atenção reforçada no que toca ao futuro dos portugueses e que surge na esteira da distribuição maciça dos computadores "Magalhães".
Quem conhece o homem sabe quanto ele gosta do exercício físico, pelo que não admira vê-lo a correr Portugal de lés-a-lés, com uma saltada aos Açores.
Sorte tem ele em já não termos colónias, senão lá o teríamos a correr de sanzala em sanzala a inaugurar palhotas e escolas mistas.
Enfim, de creche em creche, é Portugal a crescer e Sócrates a correr.
Por enquanto sozinho, enquanto não aparecer quem seja capaz de correr com ele...

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Nobel dos pequeninos


O Boletim Municipal não achou útil dedicar uma só linha ao lançamento do livro "O Céu e o Quadrante" da autoria do dr. Pedro Martins.
Ninguém espera que a rapaziada que faz a solene publicação saiba quem são Leonardo Coimbra, Sampaio Bruno ou um tal Álvaro Ribeiro que Pedro Martins ousou desocultar.
Arrisco-me, contudo, a admitir que um ou outro tenha uma vaga ideia de quem seja António Telmo, um velho senhor de fraco mérito (comparado com os boletineiros) que prefaciou a obra.
O que me surpreende é que não tenham em consideração as acções levadas a cabo na Biblioteca Municipal, instituição que, ao que julgo, pertence à grande família camarária mas que, pelos vistos, não é suficientemente importante.
No fundo, um livro, o que é isso? Para mais, sobre filosofia.
O que já não me surpreende é a falta de classe e de elegância de quem manda nestas coisas e que não consegue abstrair-se de fobias partidárias e de míseros odiozinhos pessoais.
Só não vou ao ponto de falar de cabala porque a tal rapaziada é capaz de pensar que se trata de um peixe.
Mas é triste, mesquinho e inútil porque o livro existe, o pensamento de Pedro Martins é fulgurante e o seu lugar no universo da Filosofia Portuguesa está cimentado por mérito próprio.
Dito isto, admito que o seu prestígio ganharia outro fulgor e a sua felicidade seria completa e resplendente se tivesse tido o reconhecimento ímpar do prestigiado e prestigiante Boletim Municipal...

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

E o burro sou eu?


Mais palavras para quê? Estes artistas (pagos a peso de ouro) são portugueses.

Um deles parece que é uma espécie de melhor do Mundo...

Read my lips


A sede e a nostalgia do poder (neste caso local) estão expostas em tons berrantes na sigla ANMMS que quer dizer (imagine-se) Associação Narciso Miranda Matosinhos Sempre.
Pelos vistos (está no Público), o homem não desiste, e não é o único.
Fonte bem introduzida no círculo de proximidade do Raio de Luz garante que está em marcha um movimento amplo, espécie de vaga de fumo, que terá por sigla AELSS.
Por mais voltas que dê à cabeça, não consigo descobrir quem é o inspirador do movimento...

Fábulas caseiras


A escolha de Santana Lopes como candidato do PSD à Câmara de Lisboa, já lançada aos quatro ventos, até pode encontrar receptividade junto de alguns eleitores, embora tal seja muito discutível.
Mas o que parece ser um erro monumental é o anúncio prematura dessa candidatura porque, no espaço de um ano, Santana Lopes acabará desgastado.
O grande trunfo de Santana é o seu dom da palavra, a sua capacidade de surpreender, de improvisar, de saltar para o palco e arrebatar a multidão.
Santana é um sprinter, não um corredor de fundo.
Por isso, de forma que talvez imagine inteligente, o PS de Sesimbra não abre a boca, não existe, apenas assiste à procissão de obras que Augusto vai esticar até à véspera das eleições.
Uma pergunta é: qual o momento ideal para lançar a lebre?
Uma dúvida: será que, quem não tem cão, deve caçar com gato?
Responda quem souber...

Até à eternidade


O professor Medina Carreira, ontem à noite, na SIC Notícias, arrancou (uma vez mais) as máscaras aos políticos que nos enganam e às políticas que servem, sobretudo, o interesse dos governantes.
E explicava que nunca há medidas de fundo porque os políticos, além de serem pouco competentes, só se preocupam com o imediato, jogando pelo seguro para obterem efeitos rápidos ou prolongarem promessas que lhes garantam a continuidade nos lugares que ocupam.
E isto é válido tanto a nível nacional como local.
O 25 de Abril, muita gente concorda, foi uma espécie de euromilhares para uma infinidade de pessoas que se enfiaram nos partidos e destes passaram para as várias cadeiras do poder, regional e nacional.
Depois, é o jogo de cintura, dança das cadeiras, conluios e arranjinhos que lhes permitem eternizarem-se nas funções, saltitando entre poder e oposição, sempre com tacho garantido. Em vésperas de eleições distribuem computadores ou frigoríficos, baixam um ponto no IRS, lançam uns fogachos pirotécnicos, alcatroam duas estradas, suspendem três portagens, e pronto, eleição ganha, mais quatro anos no papo até à reforma antecipada ou um lugar trranquilo numa Junta de Turismo ou na Administração de uma construtora.
Com gente desta, o caos está para breve. Não tanto por culpa deles, mas por nossa culpa que os elegemos na verdadeira farsa que é o acto eleitoral, expoente máximo de uma suposta democracia que apenas serve para garantir a milhares de pretensos servidores do povo uma vida regalada e uma reforma gorda...

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Tragédia clássica


Morreu ontem, com menos de quarenta anos, Guillaume Depardieu, filho do actor Gérard Depardieu.
As relações entre pai e filho foram sempre difíceis e violentas, sendo notório que Guillaume se sentia esmagado pela imagem e pela personalidade dominadora do pai.
As suas incursões no meio artístico, na música e no cinema, foram insatisfatórias.
Além disso, em consequência de um acidente de viação, sofreu a amputação de uma perna. Droga e álcool foram companhias assíduas de um ser que, com ou sem razão, se sentiu incompreendido, desvalorizado, excluído, num mundo onde um só Depardieu parecia caber.
O grande Paul Newman também perdeu um filho que não conseguiu encontrar o seu próprio espaço num universo de deslumbramento onde o pai foi uma estrela de raro brilho.
Taklvez por isso, escolheu partir, recorrendo à droga, em dose forte, à altura do seu desespero.
As tragédias não acontecem apenas nas obras de ficção. Pelo contrário, enchem as páginas dos muitos Correios da Manhã por esse mundo fora.
A dificuldade da relação entre pai e filho é um tema clássico que assume proporções maiores quando os intervenientes são famosos.
E, muitas vezes, a chave do problema é aparentemente simples: comunicação.
Gérard Depardieu poderá, com a sua habitual truculência, esbracejar e afastar responsabilidades. Poderá fechar-se na cave da sua propriedade e refugiar-se no vinho que produz e tanto aprecia.
Mas não poderá deixar de admitir que a morte de um filho, sobretudo depois de tensões tão devastadoras, é um drama irreparável.
Resta-lhe esperar que
, lá em cima,o velho amigo Jean Carmet tenha acolhido nos seus braços o revoltado Guillaume e, aos poucos, consiga ir deitando um pouco de água de ternura no muito vinho de raiva que o jovem Depardieu bebeu em vida...

Nos limites da parolice


Esta coisa do jogo da bola adquire proporções ridículas provocadas, em grande parte, pela ênfase que a Comunicação $ocial (sobretudo as televi$ões) lhe confere, com mil entrevistas a protagonistas que raramente têm outra coisa a dizer que não seja o óbvio e o comezinho.
Vem isto a propósito do jogo contra a temível Albânia.
Confesso que dá vontade de rir ouvirmos jogadores (Moutinho) dizerem que vamos ter de correr riscos. Ou que vamos montar uma equipa de ataque. Pois claro. Ou vamos jogar com 3 centrais?
Neste oceano de palermice, não consigo esquecer uma tirada que constitui um ponto supremo na demagogia parola do futebolês.
Em vésperas de um jogo com Andorra, o então adjunto Rui Caçador, declarou (sem rir) que era preciso muita cautela porque eles "jogam nos limites e vão até às últimas consequências".
Obviamente, a pobre Andorra levou sete...
A Albânia é um cordeiro que os nossos craques têm a obrigação de degolar com quatro ou cinco facadas, sem forçar a nota. Esta é a realidade.
Para isso, basta que corram, que esqueçam os clubes onde ganham fortunas e que se esforcem um bocadinho nesta maçada que é representar Portugal.
E, já agora, que dirigentes, treinadores e jogadores se deixem de baboseiras aos microfones e não nos tomem por parvos...

Dó menor


Embora muitos não gostem do estilo, Marcelo Rebelo de Sousa é um homem inteligente, arguto e hábil na manipulação.
E não morre de amores por Luís Filipe Menezes.
Ora, o autarca de Gaia continua na sua flagelação persistente. Foi assim que minou Marques Mendes e agora volta a atacar a liderança, desta vez na pessoa de Manuela Ferreira Leite, esquecendo a sua própria e desastrosa passagem pela presidência do PSD.
As mordidelas de Menezes são deploráveis, mas não surpreendem. A novidade e a curiosidade surgem quando o homem quer brincar no quintal de Marcelo, ou seja, armando em comentador e destilando veneno com um sorriso.
Intriga palaciana e manipulação subtil não estão ao alcance de um qualquer Menezes e apenas faz sorrir a sua tosca tentativa de semear a zizânia entre Marcelo e Ferreira Leite.
O dr. Menezes aparece a lançar o nome de Marcelo como o melhor candidato do PSD a primeiro-ministro, manobra tão grosseira que só o amigo Marco António poderá aplaudir.
Não sei se é a pronúncia do Norte, talvez seja antes o prenúncio de desnorte para as bandas de Gaia.
Ah, este impagável Menezes!

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Cadáveres no armário


O famoso Milan Kundera, autor d'"A Insustentável Leveza do Ser" está agora sob uma insustentável acusação formulada pelo semanário checo Respekt, segundo o qual o escritor, na sua juventude, teria denunciado à polícia comunista um desertor, Miroslav Dvoracek, que foi capturado e atirado para a prisão por 14 anos.
Kundera recusa-se a comentar a revelação do Respekt.
Outro escritor famoso foi há tempos igualmente confrontado com fantasmas do seu passado.
Gunter Grass, dele se trata, prémio Nobel em 1999, reconheceu ter pertencido às Waffen SS durante a 2ª guerra mundial.
Perante abanões tão graves na imagem de escritores destacados, é com certo temor que nos lembramos do nosso José Nobel Saramago que também teve uns percalços desagradáveis num jornal diário, aqui há umas décadas.
Não sei se alguém ousará recordar esses factos, faltando assim ao respekt ao nosso José ou se, pelo Nobel, continuamos a desculpar-lhe tudo, mesmo a imperdoável leveza de ser comunista...

Estados Unidos da América do (des)Norte


Uma das consequências desta crise será, com certeza, a reflexão a fazer sobre o papel do Estado na economia e no enquadramento financeiro das instituições.
Ou seja, vai ser indispensável redifinir um quadro de articulação e de responsabilidades a partilhar.
Todos estamos lembrados de tempos bem recentes em que os jornais anunciavam, em grandes títulos, os lucros fabulosos da Banca, milhões arrecadados sem criar um bem essencial ou um posto de trabalho sequer, só proveitos rápidos, colossais e chocantes, por tudo e por beneficiarem de incompreensíveis e suspeitas vantagens fiscais.
Durante largos anos de vacas gordas, a Banca, despudoradamente, acumulou riqueza e pagou pinguemente os seus quadros superiores, muitos deles intimamente ligados ao poder instalado.
Os sucessivos Governos foram oferecendo prebendas aos amigos e companheiros de estrada, colocando-os nos Conselhos de Administração de empresas públicas.
Enquanto permitiam, com docilidade e brandura, o enriquecimento da Banca, tanto a privada como a estatal.
Enquanto durou a fartura, era o mercado a funcionar, o sacrossanto mercado que até os socialistas aprenderam a aceitar e venerar. Por isso, os obscenos lucros mais não mereciam do que um sorriso e um assobio para o lado que os governantes dormem melhor, o da cumplicidade e da adaptação à modernidade.
Agora que a bomba rebentou e o porta-aviões americano foi ao fundo, aqui d'El-Rei, a mim o Estado, o Estado sou eu, somo nós, é de todos, a começar pelos mesmos que na gorda prosperidade o ignoraram (em termos de solidariedade e justiça social) para surgirem, de corda ao pescoço, a implorar o favor de uma esmola e, se possível, de uma nacionalizaçãozinha protectora.
É caso para perguntar: onde estão os muitos milhões da era de abastança e de exploração das vítimas do crédito?
Em termos simples, o lucro é meu, o prejuízo é nosso, é do bom povo contribuinte.
Será que estamos, enfim, a caminho do tal socialismo que chegou a estar na Constituição e que alguns meteram na gaveta?

domingo, 12 de outubro de 2008

Caturrices


Eu bem sei que a língua está sempre a mexer e também sei que não sou o guardião do templo da filologia.
Mas estas coisas divertem-me, mesmo se não tiver razão.
Ora, dificilmente resisto às investidas de termos cuja razão de ser me escapa ou me faz cócegas na pituitária.
Há pouco, ouvi um senhor que, ao comentar a crise financeira, falava de desaceleração, conceito que me parece um pouco estranho porque ou se acelera ou não se acelera. Se se acelera menos, então abranda-se. Por isso, ou há aceleração ou há abrandamento. Além do ponto morto.
Se a coisa se agrava, atinge-se esse estado sem graça que é o famoso crescimento negativo que deve ser assim a modos que mergulhar para cima.
Engraçado também é desconstruir em vez do módico e tradicional destruir.
Boa tarde, passem bem.

Artistas de circo


A Suécia só tem um jogador (Ibrahimovic) de renome internacional enquanto que Portugal é uma (pretensa) galáxia de vedetas.
O problema é que os suecos correm, lutam, jogam simples e mereciam a vitória porque a procuraram mais do que os nossos craques que se perderam em protestos idiotas (Ronaldo) e cotoveladas porcas (Quaresma).
Só Raul Meireles se distinguiu.
O resto é folclore de jornalistas, circo e publicidade paga.
Como a ridícula campanha do jornal "A Bola" para angariar assinaturas que ajudem a levar Ronaldo ao trono do melhor do Mundo...

sábado, 11 de outubro de 2008

Torneira fechada?


Não é brincadeira, em algumas cidades do país uma falha no sistema impede que as máquinas multibanco estejam a distribuir dinheiro.

A explicação foi dada pela SIBS ao semanário SOL, há cerca de uma hora.

Será verdade ou começou o racionamento?

A Natureza não se engana


As últimas palavras da letra de uma canção (Comme ils disent) memorável, interpretada por Charles Aznavour, defendem a ideia de que a responsabilidade da homossexualidade cabe por inteiro à Natureza.
Não custa admitir que assim seja, pelo que não me parece adequado falar-se de orientação sexual, expressão que deixa subentendida a ideia de escolha.
Por isso, acho que devemos compreender e aceitar, com toda a naturalidade, a homossexualidade.

Contudo, não podemos esquecer que alguma alergia e certa reticência por parte dos heterossexuais se devem a atitudes chocantes, provocatórias, de pessoas que vão do 8 ao 80, passando da sombra dos excluídos para o clarão de exibições públicas de um orgulho gay piroso e caricatural.
Não é com poses lascivas, em tom de desafio, que a comunidade homossexual ganhará respeito e consideração.

Coloquemos as coisas nos seus lugares, acabem com o sofisma da discriminação e lembrem-se que, durante anos, reclamaram o direito à diferença. E agora querem igualdade?
As coisas são o que são, o casamento é para pessoas de sexos diferentes.Para o mesmo sexo, arranjem outra designação. No final de um casamento gay, o que diz o celebrante? Declaro-vos marido e marido? Ou mulher e mulher?
Um parafuso só se ajusta a uma porca. Dois parafusos não cumprem a missão. Nem duas porcas. Salvo seja e honni soit...

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Jogo rasteiro


O Partido Socialista escreveu hoje uma página admirável de demagogia, hipocrisia e oportunismo. Por um lado, um partido que se quer aberto e moderno, numa questão de consciência, impôs o sentido do voto, e só Manuel Alegre se ergueu porque, felizmente, em tempo de mistificação, há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz... sim.
Mas a maior hipocrisia do PS reside na pressa com que logo vieram declarar que o assunto nem por isso fica enterrado. Pelo contrário, votaram em bloco não, mas anunciam-se dispostos a rever a questão. Só não dizem quando.
Por outras palavras, deixam no ar a ideia (sem compromisso, para já) de que, na próxima legislatura, poderá o sentido do voto de hoje ser invertido. Salvo seja, claro.
Por outras palavras ainda, a comunidade gay terá uma forte razão para votar PS nas próximas legislativas.
Isto assim, é abaixo de não...

Jogo de paciência


Como se sabe, os processos por difamação movidos por Paulo Pedroso e por Jaime Gama contra ex-alunos da Casa Pia foram arquivados.
E, como não há dois sem três, foi agora a vez de Ferro Rodrigues ser desfeiteado, uma vez que o juiz do Tribunal de Instrução Criminal ordenou o arquivamento do processo que o antigo ministro socialista intentara contra outro casapiano que o acusou de envolvimento em orgias.
Mais: o juiz precisou que não há indícios de que o jovem tenha faltado à verdade. E deixou ainda um puxão de orelhas a Ferro Rodrigues.
Agora é Cruz que quer Guerra, reclamando a audição do procurador, numa (mais uma) tentativa de baralhar o jogo e ganhar 15 dias. Só falta vir com outra bola de futebol.
Aos poucos, a poeira começa a assentar e, ao fundo do túnel, começa a ver-se uma luz ténue.
Da cor da Justiça e da verdade...

A leste do Paraíso


Nós somos um país muito engraçado. Anda o Mundo inteiro de calças na mão por causa da crise financeira e nós entretemo-nos a discutir o sexo dos anjos, ou seja, o casamento entre homossexuais.
Há pouco tempo era a questão do divórcio, agora é isto, como se uma coisa compensasse a outra. Chega a parecer que se pretende facilitar a desintegração da estrutura familiar tradicional, facilitando os divórcios, ficando como contraponto o acesso ao casamento de pessoas do mesmo sexo.
Se lhe juntarmos o futebol, temos carnaval por muito tempo.
Enquanto isso, Chavez defende a extinção do Fundo Monetário Internacional e a criação de um Banco Europeu do Petróleo.
Por seu lado, Putin afirma que os USA nunca mais virão a ser a superpotência que foram, deixando entrever que uma nova ordem mundial está em marcha.
E nós andamos preocupados com a meiga perspectiva de o Ricardo casar com o Paulo...

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Dábádábádá


A questão do casamento entre homossexuais é daquelas que dividem profundamente a sociedade portuguesa e qualquer que seja a decisão deixará inúmeros descontentes.
Assim sendo, proponho que se recorra ao cinema, que é o espelho da vida, para se encontrar um fundamento para o que poderemos considerar o modelo correcto.
Todos nós conhecemos e recordamos dois filmes franceses que constituem a resposta ao modelo e à substância do casamento.
Brigitte Bardot foi a inesquecível heroína de "E Deus criou a mulher". Por alguma razão Ele o fez...
Por outro lado, o exemplo maior é a obra memorável de Claude Lelouch "Um homem e uma mulher".
O casamento é isso, meus amigos, um homem e uma mulher.
Alguém jamais ouviu falar do filme "Um homem e outro homem"?

Apenas uma curiosidade

Uma das palavras mais curiosas da língua portuguesa é certamente PONTO.
Se não, vejamos. Nós picamos o ponto, chegamos às 10 em ponto, andamos de ponto em branco, cozinhamos no ponto, o fulano é um grande ponto, a navalha é de ponto e mola, estudamos para o ponto, temos pontos de vista, pomos os pontos nos ii, escolhemos um ponto de mira, no teatro mal se ouve o ponto, fazemos ponto cruz, vamos de um ponto para outro, contamos tudo ponto por ponto...
Até que ponto haverá uma explicação para isto?

Salut, Jacques!


Faz hoje 30 anos que Jacques Brel nos deixou.

E tanto que nós lhe pedimos, que o Mundo inteiro lhe pedia "Ne nous quitte pas"...

ÚLTIMA HORA


Fascinados pelo talento da cantora israelita Noa alguns alentejanos deslocaram-se a Faro para assistir ao concerto marcado para esta noite.
Porém, quando chegaram à bilheteira
foram desagradavelmente surpreendidos e, danados a valer, iam partindo aquilo tudo.
O qui pro quo resultou do facto de amanhã, no mesmo local, haver outro concerto, do Quim Barreiros. Segundo testemunhas identificadas, os alentejanos pediram trinta bilhetes para o concerto, ao que o zeloso funcionário reagiu, perguntando "Mas qual concerto?".
Ao que um dos compadres esclareceu "O concerto da moça...daquela moça...".
Ao que o homem dos bilhetes acrescentou "Noa".
Foi o bom e o bonito. A esta hora ainda lá estão engalfinhados...

Era mais que tempo


Talvez não tenham dado por isso, mas hoje é o Dia Mundial dos Correios.
Não imaginam como estou feliz.

Mau tempo


Segundo o SOL, o empresário Américo Amorim está a perder 9,5 milhões de euros por dia.
Pede-se o favor, a quem os encontrar, de os entregar em casa do senhor que bem aflito deve andar, coitado.
Dão-se alvíssaras, poucas, a vida está difícil...

Cobardia


Li algures que circulam na Net fotografias de Carolina Salgado em posições (eventualmente) chocantes, explicitamente comprometedoras à luz de uma moral de outro tempo.
Nós, os donos dos blogues, podemos rejeitar comentários de que não gostemos. Da mesma maneira, o acesso à divulgação na Net deveria obedecer a regras, ser sujeito não a censura mas a um registo que permitisse identificar o autor.
Se tal existisse não creio que estas fotografias tivessem sido divulgadas porque estamos perante um acto nojento e cobarde. Carolina Salgado tem direito à preservação da sua intimidade e quem atropelou tal direito é um ser ascoroso, um criminoso que deveria ser severamente punido por violação.
Tratando-se de quem se trata, logo surgem vozes sugerindo que Pinto da Costa possa estar por trás desta vilania, cavalgando uma pretensa vingança despeitada e interminável.
Mas não acredito, quanto mais não seja porque seria um acto pouco inteligente.
Na verdade, quer queiram ou não,
a cara e o nome de Carolina Salgado estão indelevelmente associados aos de Pinto da Costa no altar do ciclo dourado de vitórias dos dragões.
E ninguém esquece a insólita imagem do casal diante do Papa.
Por isso, de cada vez que alguém, na Net, vir as fotografias da suposta vergonha, só pode sentir revolta e nojo, não pela pobre Carolina, mas por quem captou as imagens e por quem as pôs a circular.
Quanto ao velho dragão não pode sentir-se orgulhoso nem vingado porque o ódio pode ser grande, mas é sobretudo amargo, salgado mesmo...