segunda-feira, 30 de junho de 2008

E agora, Maria José?


Eu gosto muito do meu país e das pessoas bondosas que governam o meu país há no meu país pessoas de coração bonito que oferecem fruta aos amigos e outras pessoas más que os acusam de coisas feias e os querem levar a tribunal eu por acaso ouvi um senhor dizer na televisão livre do meu país que comeu fruta oferecida mas esse senhor não deve regular bem da cabeça porque o bondoso senhor juiz acaba de perdoar tudo ao senhor do coração bonito por não ver mal nisso eu gosto muito do meu país porque a justiça é bonita a fruta é boa eu gosto muito do meu país e nunca vou querer sair do zimbabe e digo isto com paixão saudades do vosso jacinto

sexta-feira, 27 de junho de 2008

É aproveitar...


O transparente primeiro-ministro italiano, Sílvio Berlusconi, conseguiu ver aprovado um decreto lei que confere imunidade judicial às quatro personalidades mais importantes do regime.
Entre elas está, claro, o próprio Berlusconi que é o único a ter problemas com a Justiça.
Consta que por cá já há quem comece a levantar o dedo, em particular presidentes e ex-presidentes de clubes de futebol, uns a residir em Portugal e outro que emigrou, coitado, para Londres...


A "porção" mágica


Um malicioso Dom Pepe, em oportuno comentário, acha que falhei ao vaticinar a vitória da Rússia. Sim e não.
De facto, a Espanha é que ganhou, mas isso só confirma o que escrevi no início do texto, ou seja, que cada jogo é uma experiência única, ímpar. E foi.

Mas isso pouco importa, uma vez que não pretendo abrir um consultório de prognósticos desportivos. A única coisa que me dá prazer é expor uma ideia, um raciocínio susceptível de agradável leitura, mesmo quando é (e às vezes é) atrevido e salpicado de má fé inofensiva e retórica.
Neste caso, o que me parece digno de registo é o que sucedeu com as equipas da Rússia e da Espanha.

A Rússia emergiu, de súbito, diante de uma (até ali) brilhante Holanda que foi positivamente
esmagada. Enquanto a Espanha foi medíocre diante da Suécia e da Itália, jogando a passo e sem chama.
De repente, quando se esperava novo recital de Arshavin e companhia, a armada espanhola destroçou por completo os russos.
O que me espanta não é o resultado, não são os números, mas a forma como os russos asfixiaram, dominaram e quase humilharam os holandeses.
A mesma forma como, por sua vez, foram varridos por um grupo de miúdos (Xavi, Iniesta, Silva) que ganharam todos os despiques, correram sem parar, encheram o campo com um pulmão inesgotável.
O que fez a Rússia cair do 80 para o 8? O que levou a Espanha aos cumes de vitalidade e da exuberância? Quem explica estes estonteantes altos e baixos?

Eu não sou de intrigas, mas, ao olhar estes quadros, dou por mim a rever imagens dos livros do Astérix quando imponentes legiões romanas são derrotadas a soco e a pontapé por minúsculos gauleses irredutíveis, é certo, mas débeis.
Pelo menos até passarem pela casota do druida Panoramix, o pai da poção mágica...

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Entre a paella e a salada


O futebol tem destas coisas extraordinárias que fazem de cada partida uma experiência única, ímpar, liberta das amarras com que alguns iluminados querem por força condicioná-las.
As estatísticas são meras curiosidades, folclóricas e totalmente irrelevantes.
De que serve recordar hoje que uma equipa ganhou a outra por 10 a zero há vinte anos?

Há meia dúzia de dias, a Espanha cilindrou a Rússia. Hoje, sós espanhóis ferrenhos ousarão acreditar que nuestros hermanos sejam capazes de resistir ao génio soviético.
Se a Espanha repetir a vitória será um feito de se lhe tirar o chapéu.
Nesse registo, só Portugal consegue a proeza de, na mesma competição, fazer o mesmo resultado, por duas vezes, com a mesma equipa.
Aconteceu-nos em 2004, com a Grécia. Foi o nosso Vale dos Caídos. Obrigado, Felipão!

No espírito dos espanhóis perpassa uma certa ideia de transcendência, com uns pingos de loucura quixotesca e o pânico do irremediável sob forma de roleta russa...


São rosas, senhor...


A Comissão de Defesa do Ambiente da Ribeira dos Milagres denunciou hoje mais uma descarga de efluentes suinícolas (vulgo merda de porco) naquele afluente do rio Lis, na região de Leiria.
Neste mês é a segunda que acontece, sempre pela calada da noite.
Ao todo, nos últimos anos, são dezenas, centenas, não sei, sem que alguma vez se tenha ouvido falar de coimas, multas, sanções ou condenações.

Por milagres que só a GNR saberá explicar, a desgraçada ribeira e os habitantes da zona são vítimas da prepotência criminosa de indivíduos que nada se importam com a Natureza nem com as pessoas, menos ainda com a Lei.
É este o país moderno que temos, dos grandes desígnios, dos projectos de interesse nacional, dos choques tecnológicos, dos simplexes e mil outros rótulos pomposos.

Há muito que sabíamos que há lodo no cais. E merda na ribeira.
Porreiro, pá!

Mal-estar


Jaime Gama levou a tribunal um ex-aluno da Casa Pia alegando que este o teria difamado de forma continuada.
O tribunal não deu como provados os factos denunciados pelo jovem, mas também não os considerou falsos.
Daí que tenha decidido a favor do ex-casapiano.

Não sai bem da contenda o senhor Presidente da Assembleia da República e, nesta época de incêndios que se aproxima, fica no ar a ideia de que não há fumo sem fogo.
Honni soit qui mal y pense, naturalmente...

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Andréi Asharvin


Quem conhece um bocadinho de futebol, olha para o miúdo Messi e fica deslumbrado.
Depois, vê aparecer um tal Asharvin e queda-se boquiaberto.
Não sei o que vai o rapaz fazer até ao fim do Euro, mas o que já fez é suficiente para o colocar no topo mais alto desta competição.
Porque talento puro é outra dimensão, não é circunstancial, não tem altos nem baixos, é como os diamantes, eternos.
Que têm andado a fazer os "olheiros" de tantos clubes ricos?

Ah, parece que Ronaldo é o melhor do mundo...

Cuidados com a pele...


Cavaco Silva é um homem austero, pertence à raça dos espartanos, e aprecia mulheres de carácter.
Por isso escolheu Manuela Ferreira Leite para integrar o Conselho de Estado. E como esta declinou o honroso convite, Cavaco chamou Leonor Beleza que aceitou.

Pode dizer-se que a beleza não foi o critério principal que presidiu à escolha de Cavaco, pois nem Manuela nem Leonor brilham pela formosura.
Mas enfim, não se saiu mal o Presidente, tanto mais que pouco distingue Leite de Beleza...

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Scolarinho branco


O que é que vocências querem? Eu sou assim, raisparta o homem que não resiste a um bom trocadilho.
Vai daí, olhando para estas operações financeiras (que, se calhar, são a finalidade principal do Euro) dei por mim a pensar que esta marmelada toda só pode ter uma designação à altura: scolarinho branco.

De costas voltadas


Nos anos 50 e 60 do século passado, os jogos de futebol disputados no campo da CUF do Barreiro tinham a particularidade da presença de elementos da GNR que passavam o tempo todo de costas voltadas para o rectângulo onde se disputava a partida e concentravam a sua atenção apenas nos espectadores.
Em dia de jogo grande havia sempre quem acabasse na prisão, por um gesto mais expansivo ou um grito mais vibrante.
A implacável GNR punha e dispunha, era temível.

Lembrei-me deste quadro triste ao ver, na televisão, no Euro 2008, os inúmeros stewards (assistentes? vigilantes? fiscais?), de cócoras, igualmente de costas viradas para o campo e com os olhos postos no público.
Felizmente, não têm as trombas patibulares da maioria dos GNR que espalhavam o terror nas ruas do Barreiro, terra onde as pessoas iam à bola mas nem por isso deixavam de ter causas por que se batiam, sem voltar as costas à luta pela liberdade...

Feira da ladra


É muito provável que Portugal vença a rígida Alemanha, mas se tal não acontecer virá a lume a bagunça que reina no seio da "família" lusitana onde um empresário (Jorge Mendes) é o parente mais influente.
A farsa é ridícula, com os jogadores a negarem saber da saída de Scolari quando toda a gente estava ao corrente de que o negócio foi feito em Abril. Claro, Madaíl também sabia.

Depois, naquela feira da ladra das transferências, Scolari permitiu a ida de Deco a Barcelona para se desligar do clube e seguir para o Chelsea com o padrinho Felipão.
Isto e muito mais poderá encher páginas de jornais se Ballack fizer das suas amanhã.
Se Portugal ganhar, o segredo (?) será preservado por mais uns dias.

É o milagre da euforia das vitórias festejadas pelo Zé Pagode ingénuo que nem sonha o que se passa nos bastidores e faz o papel de bobo da corte dos milionários do jogo da bola, dirigentes, empresários, jogadores, treinadores.
Os jornalistas, enviados especiais, escondem, mentem, fazem vénias e promovem a palhaçada.
Mas é assim, há quem goste...

terça-feira, 17 de junho de 2008

A melodiosa indignação


Era de prever. Depois de pescadores, transportadores e agricultores, temos agora os amoladores em fúria, protestando contra o Governo que faz ouvidos moucos à velha melodia da gaita de beiços que, antigamente, assinalava a presença do artesão e prenunciava chuva.
Não é o preço dos combustíveis que preocupa os amoladores, sendo sabido que se deslocam a pé ou de bicicleta.
O que não conseguem digerir é o que consideram ser (mais) uma promessa esquecida por Sócrates.
Com efeito, o presidente do Sindicato dos Amoladores, Joaquim Afiadinho, revelou-nos que definiu a estratégia e o orçamento para 2008 sob protesto porque, quando o Governo impõe rigor e sacrifícios, o portuga é que se amola,
e esta atitude colide com os legítimos direitos da classe dos amoladores.
Para amolar estão cá eles, não sendo aceitável que cada um se amole a si mesmo.
A senhora Governadora Civil de Setúbal já empandeirou os agricultores do Poceirão, pelo que não parece crível que se deixe seduzir pela melopeia dos amoladores.
Pelo sim pelo não, os homens da navalha e da tesoura já solicitaram o apoio de Manuel Alegre que é uma figura muito querida no meio por ser dos que mais recorrem aos instrumentos de culto dos amoladores, em vibrantes sessões que dão ao PS água pela barba do poeta...

Em casa de ferreiro...


Resolvi hoje sair do meu retiro sabático e passar aqui pela estação dos Correios onde deitei um olho aos jornais.
Mal abri o SOL, vi uma notícia segundo a qual a generalidade dos alunos que hoje fizeram a prova de Português a acharam fácil.

Mais abaixo, e a propósito da ASAE, um jornalista "solista" não hesitou em escrever direccionar fiscalização.
Eu não sei, lá no jornal, quem fiscaliza o que certos fregueses escrevem, mas este que puxou do direccionar certamente teria chumbado no exame de Português que a maioria achou fácil...

sábado, 14 de junho de 2008

Elogio da barbárie

Cavaco Silva já veio dizer que Dublin deve propor uma «solução» para ultrapassar o “não” ao Tratado de Lisboa. Sucede, porém, que os irlandeses não criaram qualquer problema. Pelo menos ilegitimamente. Limitaram-se a pôr em acto uma norma da Constituição que os rege. Ao dizerem “não”, estavam, como estiveram, no seu direito, dentro das regras do jogo. Obviamente, o cabedal político de Cavaco é que não dá para mais. Ainda há dias o ouvíramos, na presença dos reis do país dos fiordes, a desfazer-se num confrangedor elogio à Noruega, pela sua “sofisticação tecnológica” (ou coisa que a valha). Logo a Noruega, que já nos havia dado Ibsen, Grieg e Munch. Mesmo o episódio do “dia da raça”, se nada tem de objectivamente censurável, não deixa, no entanto, de relevar por aquilo que nos revela: a interiorização mecânica de um conceito degradado, naquele plano mental em que verdadeiramente nada de importante distinguia António Sérgio ou Álvaro Cunhal de António de Oliveira Salazar. Com o presente assomo, Cavaco foi mais longe, e mostrou à puridade que, para a filosofia triunfante, a soberania popular e a ordem jurídica que lhe dá expressão devem inevitavelmente ceder o passo perante a economia política. Cavaco, sem por certo disso se dar conta, faz o elogio da barbárie, prega o fim da civilização nesta feira cabisbaixa em que meticulosamente nos enfiaram. Talvez um dia alguém lhe explique que, nesses momentos menos solertes, pouco ou nada o distingue dos comunistas lato sensu que no último Dia de Camões o invectivaram.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

E agora, José?



As nações todas são mistérios.

Cada uma é todo o mundo a sós.

Fernando Pessoa, Mensagem

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Até já


Não é que isso tenha tanta importância como a falta de gasolina, mas achei por bem alertar os meus 3,7 admiradores (é a média, sim senhores) de que vou andar por aí, cá dentro, depois lá fora, enfim, um tanto exógeno à estação onde já entreguei o saco, o boné e a bicicleta.
De vez em quando, sem dia nem hora certa, talvez passe por cá para deixar um postal ilustrado com alguma maluqueira que cruze o meu caminho.
Suspeito que o Escriba faça como eu e que esta Carta emagreça um bocadinho este Verão.
Mas, sede compreensivos, olhai o número de textos que aqui deixámos e concordai connosco, merecemos descanso.
Se perguntarem por mim, digam que fui ali, já venho...

O trampolim


A saída de Scolari levanta várias questões, a começar pelo momento escolhido para o anúncio. Mas isso interessa menos, o homem conseguiu finalmente o que queria, ou seja, graças a um trampolim chamado Portugal consegui ser projectado para as libras do czar Abramovic.

A parte mais curiosa, porém, talvez seja a reflexão sobre o binómio equipa-treinador, ou seja, será o técnico o Gepeto dos pinóquios ou são estes que oferecem ao patrão galões que ele, se calhar, não merece.
Pessoalmente, considero que Scolari só trouxe de novo e de bom disciplina ao grupo.
De resto, apenas beneficiou de uma conjuntura altamente favorável, ao dispor de grandes talentos.

Aliás, atente-se no facto de Humberto Coelho ter levado Portugal às meias-finais no Euro 2000 e ter sido afastado de seguida. Porque Madaíl percebeu que o mérito era dos jogadores.
Sem pergaminhos como treinador, Humberto foi levado ao cargo (ao que consta) por cunha política e acabou por fazer boa figura graças ao naipe de grandes jogadores que tínhamos.
Daí para cá, ninguém confiou nele em Portugal, mas, como passou a poder exibir o cartão de seleccionador, conseguiu ir trabalhando, a espaços, noutros continentes.

Diz-se que vai para a Tunísia, mas, depois de ter andado a oferecer-se ao Benfica, é capaz de já estar a mexer os cordelinhos nos bastidores para se candidatar ao roupão e às chinelas de Scolari. É um clássico, esta disponibilidade do Humberto...

A verdade é que sem grandes jogadores, não há grandes vitórias.
Mancini ganhou três campeonatos seguidos no Inter, mas sai porque Mourinho promete a Liga dos Campeões. Para o que exige Drogba, Deco, Ricardo Carvalho, Lampard, etc.
Com estes craques, Mancini não ganharia ?

Scolari foi um hábil vendedor de quimeras, sacou da publicidade da Caixa Geral de Depósitos depois de receber do BES, no papel de patriarca carinhoso dos mininos, apesar do lapso do soco falhado.
E tudo porque teve a almofada dos grandes talentos. O que não impediu algumas vergonhas em apuramentos manhosos.
Agora, vai ser diferente, a luta será semanal e rija. Abramovic vai exigir resultados, não se contentará com bandeiras à janela.
Entretanto, o sargentão já ganhou para a velhice.
O homem pode ter (e tem) muitos defeitos, mas burro não é...

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Raça de inocentes


Como é do conhecimento geral, Carlos Cruz chegou ao tribunal com uma bola, no intuito de provar que, num determinado dia, não esteve na casa de Elvas mas sim num estádio algarvio a ver um jogo entre equipas femininas.

O argumento é tão hábil e digno de fé como seria vermos o senhor Jorge Nuno, na próxima 6ª feira, pegar em dois rapazinhos e entrar na sede da UEFA pretendendo que não poderia nunca ter estado envolvido em arranjinhos com árbitros porque passou o tempo todo com os dois meninos no jardim da Celeste a brincar à cabra-cega.
Tão cega como a Justiça que ilibou o Porto no caso Calheiros...

terça-feira, 10 de junho de 2008

Ir para o Maneta...

...nem sempre é tão mau como o pintam. Especialmente quando se trata dos textos do Carteiro, dados à estampa no "Notícias da Zona". Foi o que, uma vez mais, sucedeu com o da entrada "Nunca se sabe", originalmente publicada neste blogue no feriado municipal do passado dia 4 de Maio, e agora republicado na mais recente edição daquele quinzenário, pela mão do jornalista Maneta Alhinho, que, "Na Desportiva", cedeu motu proprio e generosamente o espaço desta sua coluna às fintas do Carteiro. Para desconsolo de uns quantos, ainda há quem goste de ler o que por aqui se escreve. Ora calha a ser o "Público", ora o "Notícias da Zona". A nossa satisfação é igual. Acontece...

Raça

Parece que Cavaco Silva se recusou a falar da paralisação dos camionistas no “dia da raça”. Ipsis verbis. As palavras presidenciais engendraram um desconforto indómito entre certas luminárias da extrema-esquerda. Secundadas pelos netos de Estaline, logo as baratas tontas do Bloco vieram a terreiro clamar contra as designações impróprias de “raça” e de “dia da raça”, aplicadas pelo mais alto magistrado da Nação. Do alto do seu cachimbo, o Professor Fernando Rosas fez saber, urbi et orbi, que considerava absurda a ideia de uma raça portuguesa com características que ele consignou não saber quais eram.

Parecendo que não, participo nas perplexidades do insigne militante: no bairro da capital onde cresci, é possível andar dezenas e dezenas de metros sem se encontrar um único caucasiano na rua. Ali, nos últimos anos, o comércio castiço de uma popular zona lisboeta foi cedendo o passo a estranhas locandas que, vá-se lá saber porquê, me evocam, vezes sem conta, as piores alfurjas. Ao contrário do professor Rosas, e com sua licença (não tardará muito que ela seja necessária), isto desagrada-me e incomoda-me. Sempre me conveio a ideia de ter nascido português, de comer caldo verde e bacalhau com batatas, de falar na língua suave com que Camões e Pessoa edificaram Os Lusíadas e a Mensagem, monumentos oceânicos que universitários do jaez do professor Rosas, numa obstinada incompreensão, se afoitam a denegrir, deturpar e silenciar. Se o insigne militante mo conceder, e se isso ainda não for crime decretado pelas leis da República, quero aqui expressar a minha mágoa por quase já não conseguir reconhecer os lugares da minha infância e da minha juventude. Só que desta vez o culpado não é o maldito betão, monstruosidade vulgar a que os próceres de Rosas endossam as suas melhores vociferações. In casu, o problema está em quererem-me fazer crer que tanto me dá reclamar uns quantos costados beirões como abdicar sem mais das primeiras memórias, dissolvendo-as num magma étnico que oscila entre o Bangladesh insólito e algumas plagas subsaarianas. E nisso, pelos vistos, se conjuram agora todos os arautos do "ser genérico". Na verdade, tratando-se do essencial, nada distingue os comunistas dos bloquistas (e nem sequer de grande parte dos socialistas e outros democratas, apenas jungida ao silêncio por uma réstia de pudor na escolha das companhias ou por avisado calculismo táctico).

Por falar em África: não me recordo de alguma vez ter escutado ao professor Rosas uma só palavra de indignação pelos inúmeros assassinatos de portugueses que, nos últimos anos, foram sendo liquidados na África do Sul. Não sei se o preclaro professor se bastará com uma daquelas rasteiras explicações sociológicas que para tudo se arranja e que nunca explicam nada. Mas estou certo de que, de um ponto de vista racial, os criminosos sul-africanos têm uma visão bem clara do assunto. E, de resto, muito distante da de um Teixeira de Pascoaes, que via na raça “um certo número de qualidades electivas, (num sentido superior) próprias de um Povo, organizado em Pátria, isto é, independente, sob o ponto de vista político e moral”. “Portugal”, diz depois Pascoaes, “é uma Raça, porque existe uma Língua portuguesa, uma Arte, uma Literatura, uma História (incluindo a religiosa) – uma actividade moral portuguesa; e, sobretudo, porque existe uma Língua e uma História portuguesas”.

Calculo que nada disto convenha ao fumegante Rosas, emaranhado na estreiteza dos quadros mentais em que penosamente se move. Nem sequer o facto de Pascoaes sempre ter sido pela liberdade. Estaria tentado a aconselhar-lhe a leitura da entrevista que o vate de Gatão, perto do final da sua vida, concedeu a um jornal nacional, declarando público e veemente apoio à candidatura presidencial do General Norton de Matos. Mas, para Rosas como para muitos, Pascoaes é ainda um nome maldito e, no estado a que chegámos, continua a haver quem julgue poder declarar proscrita a força luminosa de certas palavras.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Ainda a procissão...


Em futebol tudo é possível, até acharmos que Portugal passou a grande favorito por ter batido uma medíocre Turquia num jogo que levou o país, ou melhor, a Comunicação Social, os mil comentadores, os arautos do costume a bater no peito e a gritar vitória antecipada no Europeu.
Espero que hoje, ao presenciarem o fabuloso desafio entre Holanda e Itália, tenham caído em si e reconhecido que Portugal esteve muito longe, muito abaixo da
brilhante exibição da "laranja mecânica".
A Itália não é a Turquia (convém não esquecer) mas nada pôde diante de uma soberba Holanda.
Aquilo, sim, foi futebol, rápido, ardente, extenso, intenso, espectacular, disputado em cada palmo do terreno por duas grandes equipas, o que só acentua o mérito dos holandeses.
É bom que os jogadores portugueses desçam das nuvens e tenham a noção exacta do seu valor, mas também da qualidade de alguns dos seus adversários.
Não os checos nem os suíços, mas os holandeses e os alemães, para já não falarmos na própria Itália ou na Espanha, por exemplo.
O banho turco é agradável, mas entorpece os desprevenidos...

10 de Junho, dia de Cam(i)ões


O calendário, na sua imutabilidade, não pode escapar a certas piruetas que a actualidade, por vezes, resolve fazer.
Amanhã, como todos sabemos, é o dia de Portugal, dia da raça, dia de Camões.
Mas, ao que tudo indica, vai ser igualmente dia de camiões...

Vanéssima


Vanessa Fernandes ficou no 10º lugar nos Mundiais de triatlo disputados em Vancouver.
Ora aqui está uma notícia interessante.
Há alguns anos que vimos assistindo a vitórias sucessivas da grande campeã, ao ponto de termos passado a considerar banal que Vanessa seja a melhor.
Como se as suas adversárias fossem meras figurantes.
Daí que a notícia de mais uma vitória, mais um pódio, mais um hino nacional a tocar, mais uma bandeira de Portugal ao vento, tudo isso tenha caído na indiferença da rotina.

Acordemos, pois, com esta nota negativa para a realidade da condição humana de Vanessa que é uma atleta de excepção mas não é, felizmente, um robô programado para ganhar.
As águas frias do Canadá talvez não tenham ajudado, mas terão tido o efeito benéfico de nos lembrar que Vanessa é uma rapariga que também pode ter um dia menos bom.
Sem, por isso, deixar de ser uma atleta admirável...

Leão de Olhão


O Sporting tem olho.
Há uns anos, depois de um mês à experiência em Alvalade, Pepe foi devolvido ao Marítimo.
Não prestava...
Com o regresso de Caneira, menos ainda se justifica a continuação de Polga que tem o desplante de exigir o dobro do ordenado, quando devia ser dispensado já.

O Porto não o quer há anos, despacha-o regularmente, mas serve para o Sporting.

Se calhar, é para refazer a dupla HelDERLEI Postiga...

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Asco

Se bem que tenha decretado um blackout sesimbrense, não deixou o Carteiro de prevenir a ocorrência de circunstâncias altamente excepcionais que justificassem um qualquer desvio à regra dourada deste nosso silêncio local. O artigo ora assinado por Florindo Paliotes, no “Nova Morada” de hoje, é, decerto, uma dessas circunstâncias. Nele, vem o notável emissário dos netos de Estaline verberar a Doutora Guilhermina por esta haver marcado a inauguração de uma exposição de fotografia e escultura para a mesma hora de um debate sobre o POPNA (e puore si muove!) – tudo no Dia do Pescador. Pelo que se lê, o senhor Paliotes, plumitivo atento e sempre lesto a citar Marx, Lenine e outras preciosidades de sarcófago, anda um tanto ou quanto desmemoriado, supondo, como quero crer, que não se dê simplesmente o caso mais grave de lhe faltar a honestidade intelectual. Vai para um ano, os seus correligionários Augusto e Felícia marcaram uma insólita reconstituição da antiga lota na praia para os mesmíssimos dia e hora de um colóquio sobre a vida e a obra de Rafael Monteiro, organizado por um grupo de munícipes, em colaboração com um dos pelouros detidos pela Doutora Guilhermina, e cuja data fora assente e tornada pública meio ano antes! Nessa altura, não me lembro de ter ouvido qualquer reparo justiceiro ao cívico Paliotes – o mesmo que, na folha condense, encerra agora o seu artigo invocando os valores da coerência e da consistência. Fora isto, não posso deixar de ter alguma pena da Doutora Guilhermina. Quão injusto é o senhor Paliotes ao censurá-la! Logo a ela, que, em Setembro passado, tão diligentemente abandonou o colóquio sobre Rafael, onde era a anfitriã, para se ir mostrar ao patrão Augusto junto ao muro da lota. Apetecia dizer: Que lhe sirva de lição! Mas é tudo tão sem remédio nesta senhora sem graça! E o Dr. Cristóvão? Persistirá na vilegiatura anunciada quando o pequeno mundo a cujo governo aspira lhe desaba sobre as tropas, sob a forma de um rematado enxovalho? Dá-se alvíssaras…

SEXO e a (c)IDADE


Fui esta tarde ver o filme que resulta da série do mesmo nome e que tem por cenário New York, com algumas incursões a Los Ângeles.
O filme não é pior nem melhor do que o que vimos na televisão, não desaponta os apreciadores do género.
A vida é que vai passando pelos intérpretes, o que faz que a frescura e a sensualidade venham embrulhadas em alguma nostalgia e com certo sabor a requentado.
Enfim, é apenas um divertimento, como tal deve ser apreciado.

Ninguém tem 20 anos toda a vida, nem mesmo a insaciável Samantha Jones que sopra (no filme) as duas velas de meio século.
E soprar (blow) é a sua especialidade...

De cernelha...


Uma juíza do Tribunal Cível de Lisboa decidiu que a RTP só pode transmitir touradas desde que apareça no écran uma bolinha vermelha.
Eu também concordo.
Apenas sugiro que um procedimento semelhante seja adoptado para a transmissão de jogos de futebol, dada a frequência e a violência de certas entradas de cabeça que mais parecem marradas.

Por isso, talvez fosse bom colocar no écran um tourinho preto, já que o vermelho excita mais o bicho...

Um lugar estranho


"Lost in Translation" é um filme que recebeu, em português, o título "O Amor é um Lugar Estranho", vá lá saber-se porquê.
Lembrei-me disto como me lembro de outros temas tão estranhos como este amor.
Ou como os blogues.

De facto, considero que um blogue é um lugar estranho onde cada um põe um pouco (ou muito) de si, onde alguns enchem o peito de satisfação por serem proprietários e autores, outros afirmam a sua erudição e uns quantos se limitam a fazer disto um recreio.
Pela parte que me toca, o que aqui busco é pura diversão, jogo de cabra-cega, adivinhação, fantasia, vaga provocação lúdica e, quando calha, abordagem de causas menos frívolas.
Mas tudo e sempre ao serviço do gosto pela escrita, do culto da palavra, com sei, como posso, como sou capaz, sem ilusões nem pretensões de intelectualidade.

Nesse exercício, admito que me faz falta receber som de retorno, alguma nota que me diga que há, do outro lado, alguém em sintonia, espécie de sirene de farol em dia de nevoeiro.
Sem isso, também eu fico lost in translation, perdido na tradução, na interpretação de silêncios de quem lê sem comentar.
Ocorreu-me tudo isto a propósito do texto "Vejam Bem" com que exprimi a minha admiração por José Afonso, partindo de uma insólita e infeliz escolha de toponímia.
As ideias surgem-me assim, de algo que vejo, que oiço, aqui, ali, que apanho no ar do tempo.
E o agradável desafio é pegar nisso e dar-lhe outra forma, arrastá-lo noutra direcção, mesmo que se trate de algo tão pueril como a fachada retocada do senhor Madaíl.

Tratando-se de José Afonso, ousei esperar meia dúzia de acordes poéticos, o homem é merecedor, julgo eu.
Afinal, apenas uma pessoa me acompanhou, a Ana.
Até 18 de Abril último ela manteve um blogue delicioso, "Ecos da Falésia", onde fiz múltiplas incursões que a Sininho retribuía no espírito de partilha e de comunhão de ideias e estilos que acontece entre alguns blogues.
Por razões que ela saberá, a Ana deixou de nos fazer chegar os seus "Ecos", mas saiu agora do seu silêncio para aqui deixar um simpático comentário ao "Vejam Bem".
Eu não conheço a Ana Maria Correia nem ela a mim, pelo que estou à vontade para dizer que fico muito contente quando alguém da qualidade que sempre observei nos "Ecos da Falésia" surge do tal nevoeiro para me significar que vale a pena ir escrevendo, brincando ou filosofando singelamente, nas entrelinhas de uma magra carta.

No fundo, nós não precisamos de muitos comentários. Quando tem uma assinatura como a da Ana, um só é mais que suficiente.
E, ainda por cima, me forneceu assunto para esta extensa entrada mais ao jeito do Escriba do que deste despojado escrivão.
Afinal, talvez o universo dos blogues não seja tão estranho como isso...

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Descobertas


A Turquia está a braços com mais uma crise identitária ligada ao uso do véu islâmico pelas mulheres.
Não me parece haver justificação para tanta agitação, cada uma deveria ser livre de andar ou não com a cara mais ou menos velada.
Admito que as feias possam aderir mais facilmente a essa prática, mas as outras é mais provável que se abstenham.
Por isso, o melhor será deixar correr o marfim, pernas ao léu e cara sem véu.

Em Portugal bem poderíamos insistir no retorno ao típico lenço preto para as mulheres e boina, boné ou chapéu para os homens.
No fundo, tratar-se-ia de criar a habituação a sistemas de protecção de que o preservativo é o único publicitado.
E para prevenir o cancro da pele, voltar a tornar obrigatório o porte da camisetas brancas para homem e fatos-de-banho de uma só peça para as senhoras.

Esta simples e profiláctica medida daria lugar à criação de uns milhares de postos de trabalho para vigilantes de praia e à entrada nos cofres do Estado de uns valentes milhões de euros provenientes de multas.

Não tem que agradecer, amigo Sócrates. É nas horas amargas que conhecemos os camaradas...



Barbas de molho?


O senhor presidente da Federação de Futebol, Gilberto Madaíl, apareceu com cara lavada, barba à José Luís Judas, cabelinho bem cortadinho, ar mais limpo, menos cigano fino da feira de Carcavelos.
Talvez seja uma previdência cautelosa esta de retocar a imagem, de forma a passar despercebido, não vão os senhores da UEFA aproveitar a sua presença na Suíça para lhe perguntarem como foi possível a Federação não ter desconfiado da existência de situações estranhas que envergonham o nosso futebol.
Ou talvez seja um sinal de que o homem quer virar a página e demarcar-se dos escândalos que podem salpicar os pergaminhos da Federação.
Ou então, à imagem do nosso honrado antepassado, talvez Madaíl tenha empenhado as barbas...

Os cavalos ainda se abatem


Dez cavalos foram abatidos a tiro em Coura e Arcos de Valdevez.
A polícia suspeita de vingança eventualmente ligada a estragos provocados
nas culturas pelos garranos que vivem em total liberdade.

Não é a primeira vez que o estatuto particular destes animais está na origem de conflitos e acidentes, pelo que urge rever as condições de criação.
Para que não aconteçam chacinas revoltantes como esta que dificilmente encontrará circunstâncias atenuantes uma vez que não estamos no faroeste americano do sec.19 e outras formas de reacção terão de ser encontradas antes da solução final com zagalotes...

quarta-feira, 4 de junho de 2008

É ou não é?


O bom Jorge Nuno esteve esta noite na SIC acompanhado de um arsenal de pareceres tecidos em torno da inconstitucionalidade das escutas telefónicas.
Nós sabemos que as leis têm meandros e alçapões que tudo permitem. Até que justiça seja feita.
Por isso, foi pura perda de tempo andar à volta dessa questão porque só uma pergunta devia ter sido feita a Pinto da Costa.
E essa pergunta é a seguinte : "É ou não o senhor a pessoa que se ouve nas escutas telefónicas?".
Esta é que é a verdadeira questão, saber se disse ou não disse o que lhe é imputado.
Porque o que nós estamos em direito de exigir é a verdade, não o repertório de malabarismos que o Código Penal permite.
E a verdade não tem alçapões nem meandros, é tão simples e límpida como a confissão do árbitro Jacinto Paixão, na televisão, contando que beneficiou de jantaradas e companhia feminina pagas pelo Porto.
O resto é tão manipulável como os critérios da Autoridade da Concorrência que nos tenta convencer de que não há combinações nos preços do combustível...

Peão ou bancada


Santana tem mau perder e agarra-se ao que lhe resta de uma pretensa autoridade para marcar as eleições para a bancada parlamentar do PSD, sem dar ouvidos a quem ganhou o partido, sem querer ouvir a voz da razão.
Só lhe teria ficado bem entregar a Manuela Ferreira "eleita" a chave da arrecadação parlamentar e sair, discretamente, pela direita baixa.
Mas não, o homem não consegue digerir a derrota e cai no ridículo ao não perceber que não só perdeu a bancada como se tornou num simples peão no partido...

UEFA morgada


Quando um arguido aceita a sentença sem recorrer, melhor confissão de culpa não pode haver.
Por isso, a UEFA fez a única coisa que havia a fazer, afastando os batoteiros da Liga dos Campeões.
Não me parece que, por via disso, o Benfica deva ser repescado. O direito a participar conquista-se em campo e não à boleia de castigos a terceiros.

Se a UEFA não autorizar a repescagem, estará a punir o futebol português no seu todo, e é tempo de as pessoas abrirem os olhos para o que tem sido a supremacia do Porto, também a nível internacional.
A nossa Federação bem pode amuar, fazer birra e bater os pezinhos no chão, ninguém dá crédito àquela gente. Basta ver quem vai ao leme.
E os protagonistas já são veteranos nas lides.
Perguntem ao senhor Amândio de Carvalho, actual vice de Madaíl, por que artes mágicas um árbitro francês ofereceu um penálti a Portugal para nos garantir o apuramento para o Euro 84, em França. Perguntem.
Ele pode é não responder...

Os Miseráveis


Os portugueses que trabalham e vivem no estrangeiro são, de facto, emigrantes. É verdade.
Mas, antes e acima dessa condição transitória, são Portugueses, e choca-me ver e ouvir que a generalidade das pessoas os trata apenas por Emigrantes, com tudo o que a palavra encerra de pejorativo.
Involuntário, inconsciente, talvez, mas depreciativo.

Por isso, alguém deveria lembrar aos senhores jornalistas, políticos e outros clientes habituais de rádios e televisão que os maluquinhos que, longe da Pátria, correm, comovidos e felizes, atrás da selecção ou dos nossos clubes, são PORTUGUESES. Como nós.
E é revoltante que a Federação obrigue essa gente a pagar para ver um treino da selecção.
É vergonhoso, repugnante, miserável.
Uma organização que braça milhões não deveria descer ao ponto de explorar a paixão e o patriotismo dos nossos compatriotas cuja ingenuidade vai ao ponto de os levar a acreditar que Scolari e o seu bando andam ali por amor à camisola, o mesmo amor que eles têm à nossa bandeira.
O mesmo não, porque o amor dos Emigrantes, os tais portugueses de segunda, esse amor é genuíno...

Vejam bem


Há pouco, na rubrica do trânsito, o locutor de serviço falou na rua "Cantor Zeca Afonso", no Porto.
Sinceramente, fico pasmado. Então o José Afonso é apenas isso, o cantor Zeca?
Por que não um cantorzeco?

José Afonso é um nome grande da Cultura e da Sociedade portuguesas do século XX.
Cantor, sim senhor, mas trovador, poeta, professor, compositor, político de intervenção pela liberdade.
Não mais um, mas sim um extraordinário talento numa personalidade excepcional.
Por isso, sugiro que não lhe atribuam epítetos nem lhe chamem Zeca os que querem, usando esse termo familiar, passar por íntimos, tirar partido de uma suposta (ou real) cumplicidade.
Quando quiserem lembrar este amigo, escrevam apenas José Afonso. Está lá tudo, Coimbra, a poesia, o sonho, Grândola, a Liberdade...

terça-feira, 3 de junho de 2008

Quem ousa contestar?


O delicado atleta Bruno Alves declarou que não é um jogador violento.
Nem a Autoridade da Concorrência diria melhor...

Mangueira Dourada


A Autoridade da Concorrência, pela voz do dr. Manuel Sebastião, garante que não encontrou indícios de cartelização na política de preços dos combustíveis e que não que houve abuso de posição dominante por parte da Galp.

É uma notícia que não causa a menor surpresa, certos como todos estávamos (e estamos) de que os preços sobem (MUITO) e todos ao mesmo tempo apenas por obra e graça de uma inspiração coincidente em tempo real, como diz a nossa fina gente.

Portugal é um país cheio de Autoridades, disto e daquilo, pouco se percebendo para que servem. Ainda há pouco, na Banca, aconteceram tsunamis de irregularidades e a nossa bela Autoridade da Concorrência andava à pesca na Fonte da Telha, com certeza.

Esta Autoridade deveria observar à lupa a Concorrência no futebol, mas (felizmente) não o faz, porque se tal ocorresse, certamente teríamos o dr. Manuel Sebastião a declarar, candidamente, que nunca houve cartelização na arbitragem e que o Porto nunca abusou de posição dominante no mercado da fruta.

Com esta Autoridade não vamos lá, nem com este Sebastião.
Talvez por isso haja quem anseie por manhãs de nevoeiro e suspire pelo regresso do outro...

É feio...


Eu não desisto de ir martelando esta bigorna do pedantismo bacoco ligado à língua portuguesa, e fico satisfeito quando alguém navega nas minhas águas.

Há momentos, ouvi, no Rádio Clube Português, o repórter Fernando António dizer timing para, de imediato, emendar para tempo e pedir desculpa. Bravo, Fernando António!

Em contrapartida, o patinho Feio que se chama Diogo e é líder parlamentar do CDS-PP, ontem, falou por várias vezes de presença e de não presença, talvez por ter esquecido que existe uma coisa conhecida por ausência.
Claro que o dr. Diogo pode falar como entende, imitando os outros patinhos patetas que direccionam os seus discursos rumo à saloiice do desde logo.
Não é crime. Mas (como em tempos se ensinava às crianças) não se deve dizer porque é feio...

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Sirespecial...


SIRESP significa "Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal" e foi criado mediante concurso cujos orçamentos oscilavam entre 80 e 120 milhões de euros, mais coisa menos milhão.
Surpreendentemente a adjudicação foi decidida pelo então ministro da Administração Interna, António Costa, não por 80 nem por 180 nem por 280, mas por 480 milhões.
Gente responsável e competente confessa não entender a razão pela qual o Estado foi pagar 5 ou 6 vezes mais do que poderia ter feito.
Honni soit quem desconfiar de um homem tão sério como António Costa, mas este caso precisa de ser explicado. Depressa e bem.
A não ser que se trate de algo tão difícil de conseguir como "A Quadratura do Círculo"...

Um livro aberto


O futebolista Pepe, nascido no Brasil mas português até à raiz dos cabelos (que não tem, rapadinha a cabeça que é um mimo), dizia eu que o nosso Pepe afirmou o seguinte "Nós, Portugueses, tornamos Portugal maior".
Ninguém duvida do patriotismo de Pepe, talvez seja mesmo uma bela prova das virtudes do Acordo Ortográfico.
Há até quem ache que os brasileiros pintam quadros com cores de fogo, com uma imaginação prodigiosa.
Com maior ou menor sinceridade, cada brasileiro é um poema, um hino à alegria de viver, uma obra de arte.
E, nesse sentido, Pepe é tela...