domingo, 30 de setembro de 2007

James, James Bond

A actriz de origem canadiana Lois Maxwell faleceu, aos 80 anos, na Austrália.
Era ela a célebre Moneypenny, a secretária frustrada, eternamente enamorada do volúvel James Bond, no tempo em que Sean Connery marcou para todo o sempre a figura do espião sedutor e implacável.

Moneypenny é a imagem da fidelidade e da constância, uma daquelas mulheres que renunciam a uma vida confortável junto de um homem que apenas poderão suportar gentilmente porque o grande amor, esse, nunca passou de um sonho, um segredo que só ela e ele saberão.

Moneypenny foi a escrava fiel, o porto de abrigo, o anjo da guarda de um Don Juan incorrígivel, insaciável e irresistível como só o cinema pode conceber.

Houve vários James Bond, mas
não haverá outro Sean Connery .

E não há James sem Moneypenny.

Com ela morre a única personagem frágil e verdadeiramente humana do universo fabuloso de 007...

Dois em um

Na Amadora, casa de Estrela, um árbitro auxiliar detectou a mão que o chefe, mais bem colocado, não viu. E marcou uma grande penalidade que tornou o Estrela cadente.

Na Luz, artificial, sem estrela nem planeta reflector, outro auxiliar viu claramente vista outra mão.
Mas, desta vez, o chefe, talvez receando a fúria dos senhores do Universo, não aceitou a versão do subalterno, admitindo que este estaria a anos-luz da verdade.

E não houve grande nem pequena penalidade.

Não contente com um erro, fez outro, perdoando a burrice de Moutinho que cometeu uma falta tão desnecessária como inegável.

Será que o senhor Pedro Henriques vai agora pedir perdão pelos dois erros involuntários?

Também pode negar a evidência, é verdade.
O problema é que nós vimos. Não há escutas, como sucedeu com Sócrates, há imagens.
Reais, não virtuais.

Como real é a ingenuidade de se pensar que o Apito mudou alguma coisa...

Escuta que o feriu

O nosso insuspeito Primeiro-Ministro, logo que tomou posse, em Março de 2005, propôs a Jorge Sampaio a substituição do Procurador Geral da República, Souto de Moura, tendo sugerido Rui Pereira para o seu lugar.

Estávamos em pleno processo Casa Pia, Paulo Pedroso, Ferro Rodrigues, etc.

Mais tarde, em Novembro, numa cimeira luso-espanhola em Évora, José Sócrates, imperturbável, garantiu aos jornalistas que nunca teve a intenção de afastar Souto de Moura e que o Governo lhe mantinha a confiança política.

A maçada é que há escutas telefónicas que provam a falta de memória do actual presidente (em exercício) da União Europeia.

O desmemoriado artista é português e dispensa mais palavras...

sábado, 29 de setembro de 2007

PSD-PP

Menezes ganhou, é um novo ciclo no PSD que (pelo estilo populista do líder) vai ficar mais parecido com o PP de Paulo Portas do que do velho PPD-PSD.

Embora se deva conceder a Menezes o benefício da dúvida, fica-me a sensação de que vamos ter aí uma espécie de PSD-PP.

Vai
a confrontação ser mais animada, talvez, embora Sócrates esteja muito acima deste galo de Gaia...

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Busca, busca...

Os Portugueses são, por natureza, amigos da paródia e da má língua, aproveitando todos os pretextos para espalhar os frutos da sua mordacidade.

Imaginem só que, perante estes preocupantes casos de vírus em animais, há quem brinque com o nome da doença, associando-o às declarações cáusticas de um conhecido dirigente portista que, além de soprar num Apito Dourado, terá (ao que consta) uma língua azul.

Não satisfeitos com isso, insinuam que, desde que o clube contratou um jogador marroquino, o presidente do Porto mudou o nome de um dos seus cães, mantendo o Bobby mas passando a chamar ao outro Tarik.

Não consta que o bicho respeite o jejum imposto pelo Ramadão.

À socapa, o tal dirigente deu-lhe um osso muito duro de roer. Foi em Fátima...

Todos iguais

O canal TV 5 apresentou ontem à noite uma emissão literária em que participava uma jornalista que escreveu um livro sobre François Mitterrand.
Como não foi subserviente, como não elogiou o "monarca", Catherine Ney ficou largos meses na prateleira. Ontem recordava esse tempo de repressão mal disfarçada.

A certa altura, foi divulgado um documento, de 1981, que revela até que ponto pode chegar a hipocrisia e a desfaçatez de um político.
Mitterrand, que acabara de ser eleito, dissertava sobre a saúde dos Presidentes da República e ironizou, com aquele seu ar sacana, sobre rumores que correriam sobre o seu estado físico.

Sempre em tom malicioso, admitiu que de vez em quando espirrava e que, ao fazer
um exercício, fracturara uma costela. Mas, fora isso, estava de perfeita saúde.

E fez então a promessa de fazer o que nenhum outro Presidente fizera, ou seja, dar a conhecer ao País, de seis em seis meses, o seu boletim médico, por achar que os franceses tinham o direito de saber da saúde de quem os governava.

Admiráveis palavras. Que soberba demonstração de transparência e de seriedade.
Ora, confirmou Catherine Ney, quando Mitterrand proferiu estas declarações já sabia que tinha um cancro, com metásteses até. Soubera 15 dias antes.

Mitterrand mentiu durante largos anos, sobre a sua saúde e sobre muitas outras coisas, até que o cancro o levou.

Mas ainda há quem o considere um grande estadista. Talvez porque a imoralidade está tão entranhada que muita gente considera que mentir é uma prática aceitável em política.
E o povo desculpa, acha normal, talvez porque não vê diferenças entre eles, é tudo a mesma amostra de oportunistas a quem a democracia enche os bolsos e confere poder.

Por isso há quem nunca cumpra o que promete e ande de cabeça bem levantada.

Ora ora, já se sabe que é assim, dizem os populares, ladrão que rouba ladrão...

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Não-te-irrites

Decididamente, eles estão com os azeites.

Conforme se lê na fumegante “Sopa de Pelim”, a Dr.ª Felícia verberou há dias, ao de leve, os professores do concelho por estes não lhe passarem cartão. Sempre que a senhora lhes destina alguma das geniais iniciativas com que imortalizou o seu repertório, os docentes não ligam peva. São uns ingratos. Não se faz.

Na sua cátedra do “Raio de Luz”, o olímpico Augusto apela este mês às memórias que guarda de antanho para puxar as orelhas aos comerciantes locais que não deitam o lixo no lixo. São uns porcos. Não se faz.

Por este andar, o edil, no auge didáctico do seu zelo higiénico, ainda acaba a dar-nos explicações sobre o modo de usar o ecoponto, citando Goethe e a sua “Teoria dos Cores”. Melhor seria, no entanto, que começasse por dar uma valente barrela na alfurja em que a Fortaleza está transformada; e convencesse, depois, os seus activos camaradas a removerem o inútil lixo propagandístico com que infestaram esta terra desgraçada. Será que não tem espelhos em casa?

Quase simultâneos, os dois episódios são um sintoma precioso. Revelam bem a que ponto chegou o desnorte desta dupla desorientada que nos desgoverna há dois anos. Os sesimbrenses, porcos e madraços, não os merecem. São, aliás, os grandes culpados da estagnação a que se chegou.

O olímpico Augusto e a Dr.ª Felícia bem gostariam agora de criar o homem novo; ou, não podendo ser, de mudar o povo do concelho, seguindo a velha máxima do camarada Brecht. Mas não têm sorte nenhuma. Resta-lhes, assim, como exercício espiritual, umas boas jogatanas de “não-te-irrites”.

Perdoa-me

O árbitro Duarte Gomes reconhece que errou ao assinalar a grande penalidade que favoreceu o Benfica.
É um gesto simpático mas que deixa no ar a desagradável impressão de fumo para os olhos, cosmética barata, já que ninguém acredita que ele teria tido a mesma coragem se tivesse sido ao contrário.
Apitos há muitos e nem todos são azuis.

Em verdade, se os senhores árbitros começam a bater com a mão no peito, alguns há que deveriam ir a pé a Fátima mil vezes.
E daí talvez não, porque o clima de Fátima não é aconselhável para dragões fragilizados.

O melhor talvez fosse mandar os arrependidos para Meca, com viagem de ida simples ou, no mínimo, pô-los em posição de rezar, virados para Medina ou para a Manchúria, é indiferente, e aplicar-lhes um pontapé colocado na base das costas.

Mais em força do que em jeito...

Partido aos bocados

O PSD está em ebulição.
Santana Lopes abandonou os estúdios da SIC Notícias, onde estava a ser entrevistado, quando aquela estação resolveu interromper a conversa para ir em directo ao aeroporto transmitir a chegada de Mourinho.
Teve razão Santana Lopes, este é um país folclórico.

Razão tem Menezes quando diz que Marques Mendes não é um bom presidente para o Partido. Toda a razão.
O problema é que ele, Menezes, também não é, nem por sombras.

Mas os golpes fratricidas no seio do antigo PPD não são recentes.
Há poucos anos, em plena campanha para as legislativas, Cavaco alimentou o tabu e apunhalou vergonhosamente Fernando Nogueira que acabaria derrotado por Guterres.

Nogueira, um homem sério, afastou-se da política. E teve boas razões.

Cavaco está onde está. E é o que é...

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

O último dos grandes
























Boémio na Áustria; austríaco entre alemães; judeu por esse mundo fora. Assim se definia o homem que um dia afirmou a Jean Sibelius que a sinfonia tem de ser como o mundo, abarcar tudo. Quer dizer, reflectir tudo o que existe: o bem e o mal, o alto e o baixo, o exaltante e o banal. Gustav Mahler, que foi o último dos grandes, fê-lo como nenhum outro.

Sabe bem ouvi-lo de novo por estes dias minguantes, no tempo em que o mosto respira na espuma e as folhas soltas caem leve, levemente aos nossos pés. Sabe bem ler o livro magnífico que Stephen Johnson dedicou à sua vida e à sua obra, agora traduzido entre nós, e acabado de sair com a chancela da Bizâncio. Vem com dois cd’s aperitivos que têm o sortilégio das amostras trazidas às lojas de fazendas pelos caixeiros-viajantes. Nada mau para quem quiser descobrir a música trágica e sublime deste judeu errante.

Flamenco e flamengo

Ao lançar a ideia de que Portugal deveria ser integrado na Espanha, Saramago apenas sugere para toda a população a atitude que ele próprio já tomou, ao viver em Lanzarote e casando (por duas vezes) com uma espanhola.

Esta hipótese de um pequeno país se encostar a um maior pode ser contestável, mas faz algum sentido, tem lógica.
Surpreendente é o que acontece com outro minúsculo país, a Bélgica, que está perante uma crise separatista sem precedentes, com Flamengos e Valões a reclamarem ambos a secessão.

Neste momento estão a surgir tomadas de posição de figuras públicas de ambos os lados, apelando à razão.
Se o exemplo pega, Portugal, em vez de se diluir no seio de uma Ibéria cheia de castanholas e sapateado, bem poderá vir a ser dividido ao meio, dando lugar as dois principados, a norte o Ribatejo, a sul o Alentejo.

A Madeira tornar-se-á, finalmente, independente, com igual estatuto e o príncipe Alberto João à cabeça, coroada esta com cascas de banana.

A Europa, depois de tanto trabalho de unificação, pode estar à beira de iniciar um processo igual ao do velho salão Lisboa, com secessões contínuas...

Ignomínia legal

O tribunal da Relação de Coimbra decidiu que a pequena Esmeralda deve, a prazo, ser entregue ao pai biológico, num processo gradual que vai causar as maiores perturbações à criança.
Mas isso pouco importa, o que conta é o que a Lei determina.

O que equivale a dizer que a paternidade não é reconhecida a quem recolheu, cuidou e amou a menina desde os três meses de idade, mas sim a um indivíduo que foi para a cama com uma mulher sem a menor intenção de viver com ela nem de lhe fazer um filho.

A gravidez foi um acidente que, miraculosamente, transformou o protagonista de um coito fugaz num pai. Biológico, involuntário, indiferente, mas pai.

É a Lei, parece...

Meu rico PC

Há alturas em que apetece meter (não o socialismo, mas) a democracia na gaveta.

Foi democraticamente que o senhor Portas exigiu eleições directas, não permitindo que o mandato de Ribeiro e Castro chegasse ao fim.

E foi democraticamente que o senhor Menezes recorreu a igual expediente (legal, note-se) para chegar a um poleiro por que luta há uma eternidade.

No fundo, o que ambos, Portas e Menezes, querem é poder, deitando mão a tudo quanto a legalidade permite, ainda que ao arrepio da ética.
Esta campanha eleitoral no seio do PSD está a partir o Partido, a esfrangalhá-lo na praça pública.

Já deixou de ser importante saber quem vai ganhar, tão estrondosa é a derrota do PSD.
Marques Mendes não galvaniza nem empolga, é certo, mas Menezes não merece qualquer crédito.

Ao rotular Mendes de pequeno tirano sem estatura política, Menezes coloca-se ao nível da sarjeta, tentando achincalhar o adversário com alusões soezes à sua morfologia.
Baixo é Menezes, triste é o espectáculo, negro é o futuro deste Partido.

Perante tais comportamentos, quase temos de dar razão ao PC que, em vez de eleições, faz nomeações, impõe quem os chefes entendem, poupa trabalho aos camaradas.

Não é democrático, é verdade, mas ao menos, esconde as vergonhas, lava a roupa suja em família...

De palmatória

Ouvi, esta manhã, na rádio, o senhor Francisco Ferreira, da Quercus, explicar as vantagens das lâmpadas poupadinhas.

E, a certa altura, ao tentar ser mais claro, disse "para que não hajam dúvidas". Ora bem, para que não haja erro é melhor dizermos "para que não haja dúvidas".

Logo a seguir, no noticiário do RCP, a senhora jornalista dizia que a decisão do tribunal "vai de encontro a". Será assim tão difícil dizer " vai ao encontro de"?.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Se calhar

O irresistível presidente do Irão, Ahmadinejad, disse que no Irão não há homossexuais.
Ele lá sabe e o senhor é digno de confiança, mesmo quando garante que só quer o nuclear para fins pacíficos.
Por isso, só podemos acreditar na boa fé da criatura, admitindo apenas que possa estar mal informado.

De facto, num país onde as mulheres andam de cara tapada, se calhar nem sabem quantas
são elas .
Portanto, os eventuais homossexuais podem perfeitamente andar vestidos de mulher e de cara tapada, o que permite ao senhor presidente jurar pelas barbas do profeta que, lá na terra, não há disso.

Esta saborosa tirada ahmadinejadiana, faz lembrar outra de um sesimbrense a quem um indelicado forasteiro referia a existência de vários maricas na terra.
A reacção foi deliciosa, tendo o filho de Sesimbra retorquido que o outro estava enganado. E explicou: "É verdade, o circo é de cá, mas os artistas são de fora".

Se calhar, o senhor Ahmadinejad está a dar razão ao dito popular "Quem fala no barco, quer embarcar", o que, no caso do Irão, daria "Quem fala na burca, quer emburcar".

Se calhar, ele está é a lançar um desafio subtil aos turistas sexuais, ao deixar entender que por baixo de cada burca pode haver um Irão desconhecido, a surpresa do chefe, o brinde da Farinha Amparo.

Se calhar, o que não falta por lá é muito paneleirão...

Asco

Sem surpresa, a Federação garante a continuidade de Scolari no posto e apoia o seu recurso junto da UEFA.

Ou seja. A exemplar Federação não esperou pela UEFA quando aplicou, de punho cerrado, um ano de suspensão ao miúdo Zequinha.
Porém, ao pugilista Scolari nem sequer ameaçou de castigo, e ainda considera excessiva uma suspensão de três míseros meses.

De facto, é espantoso. Será que esta gente chega a convencer-se de estar a defender uma causa justa? Será que os hipócritas somos nós? Por que razão Madaíl encobre Scolari desta vergonhosa maneira? Será apenas por amizade?

Noutro plano, bem mais dramático, faz-me pensar nos senhores da Câmara do Seixal que acharam ser seu legítimo direito recusar a responsabilidade da autarquia na morte de um menino nos esgotos.

São casos diferentes, mas a sensação de nojo é a mesma...

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Às avessas

Começaram hoje várias acções de formação para a promoção da saúde no universo prisional.
Por outras palavras, estão a explicar aos funcionários como há-de ser executado o projecto de troca de seringas nas cadeias.

Ou seja, o Estado confessa e reconhece a sua impotência para impedir a entrada de droga nos estabelecimentos prisionais.
O Estado baixa os braços, demite-se e colabora na expansão do consumo, criando melhores condições para uma prática que decorre de tráfico tacitamente admitido.

É um pouco como as campanhas de educação sexual que, em vez de alertarem e esclarecerem os jovens, se limitam ao gesto generosa e moderno de distribuir preservativos à vontade.

É a mesma hipocrisia que leva as autoridades a fechar os olhos às acções promocionais de empresas que põem à disposição dos estudantes camiões carregados de barris de cerveja, gentileza que só pode incitar a um consumo gratuito e excessivo que, inevitavelmente, dá lugar a cenas degradantes e inúmeros casos de coma etílico.

Alguém compreende?


Prolongamento

Isto, para se falar bem, não há como ouvir os entendidos.

Há minutos, o janOTA Mário Lino revelou que é leitor do "Expresso" desde o primeiro númaro.
Aí, valente!

Melhor ainda esteve o dr. Domingos Gomes, especialista em Medicina Desportiva (e em doping), que comentava a lesão de Jorge Andrade.

Disse o distinto médico que a paragem deverá ser de seis meses, mas, claro, "pode prolongar-se para mais ou para menos".

Prolongar para mais é assim a modos que subir para cima. Mas prolongar para menos, o que será?

Talvez uma espécie de crescimento negativo tão ao gosto dos nossos economistas...

Vergonhoso

Este colóquio sobre Rafael Monteiro veio confirmar a falta de dignidade de algumas pessoas.

Toda a gente reconhece que a actividade da Biblioteca Municipal é altamente meritória.
Todavia, tal não se deve à acção nem à competência de UMA pessoa, sendo antes fruto do esforço de uma equipa que, em certas circunstâncias, tem contado com colaborações exteriores, como é o caso do ciclo de colóquios sobre a Filosofia Portuguesa.

Ora, este tipo de iniciativas parece causar amargos de boca à vereação da Cultura e ao próprio Presidente, uma vez que a Biblioteca é olhada como um feudo do PS.
Daí a grotesca tentativa de ensombrar o colóquio sobre Rafael Monteiro, lançando duas outras manifestações na mesma tarde.

Mas pior do que esta concorrência intestina e idiota, foi a atitude da Dra. Guilhermina Ruivo que decidiu virar as costas à Filosofia Portuguesa, tendo já informado que não acha útil prosseguir o ciclo de colóquios no próximo ano.

E esse virar de costas foi flagrante, no sábado, quando a senhora apenas compareceu para se mostrar na presença da escritora Isabel Alçada.
No fim da primeira intervenção do colóquio, a Dra. Guilhermina alçou a perna, saiu e não voltou.

Sabe-se que esteve a ver a lota, em clara reverência ao patrão Augusto, quando o seu lugar era na Biblioteca, por inerência do cargo e por respeito por essa figura ímpar da Cultura sesimbrense que é Rafael Monteiro.

Incompetência é perdoável, indignidade, não.

Também tu, barão?

Nós já sabíamos da seriedade, da visão prospectiva e da eficiência da dupla Augusto-Felícia.

De facto, foi genial a ideia de programarem uma inauguração de exposição às 16 horas deste último sábado e uma operação-lota às 17 horas, sabendo HÁ 6 MESES que o colóquio sobre Rafael Monteiro teria lugar no mesmo dia, às 15 horas.

A mente brilhante, afinal, não é a de Rafael mas sim a de Felícia. Ou de Augusto, não sei.
Mas tiveram azar, a golpada não resultou porque o colóquio foi excelente e a assistência numerosa.
Pela simples razão de que os públicos não são os mesmos. É dos livros, quem sabe ler vai à Biblioteca. Os outros, não.

Posto isto, encosto à parede o saco das cartas, adio a distribuição de hoje, para vir aqui clamar a minha admiração pelo génio inventivo e pelo poder de persuasão da dupla acima referida.
Lota com peixe, couves, burros e varinas, enfim, lota new-look, onda jovem, chamem-lhe como quiserem, é coisa insólita e de gosto duvidoso.

Agora, terem arranjado um artista convidado é uma jogada de mestre, tenho de reconhecer.
Foi pena, talvez na precipitação da tardia decisão, ter havido confusão nas datas e o tubarão-martelo ter chegado com um dia de atraso.

Até aos melhores acontece...

Black is Black. Às vezes...

O Primeiro-Ministro inglês, Gordon Brown, mantém a sua posição de não querer encontrar-se com o ditador Mugabe, do Zimbabwe. Está no seu direito.

A questão é saber se a alergia lhe vem por se tratar de uma antiga colónia britânica ou do currículo do ditador.

O busílis, nesta cimeira União Europeia- África, é que se vamos proibir a entrada a ditadores, a equipa de África vai perder por falta de comparência.
Por outras palavras, não haverá cimeira por falta de quorum.

Mas tal não acontecerá porque há ditadores e ditadores, dependendo do ângulo de observação e dos superiores interesses das Nações e dos seus empresários mais poderosos.

Malhas (pouco apertadas) que os impérios tecem...

Se não sabes onde vais...

Mudam-se os tempos mas permanece o discurso.

O Benfica já está a 6 pontos do Porto e é surpreendente ouvir o treinador Camacho admitir que vai lutar pelo lugar.

Sim, o destemido e desassombrado "Rosé" António Camacho, o tal que veio substituir o resignado Fernando Santos.

Pelos vistos, a música do fado triste talvez tenha mudado, mas a letra é a mesma.

A menos que haja um milagre Di Maria...

domingo, 23 de setembro de 2007

Indignidade

O senhor director do «Raio de LUZ», no editorial da mais recente edição do mensário, decide clamar aos quatro ventos contra “os soberbos e avarentos” que “têm mostrado insensibilidade na partilha dos seus bens para benefício dos demais”. O benefício que aqui está em causa, acrescente-se para ilustração do leitor, é o dessa obra faraónica a que o CECAS Raio de Luz um dia meteu braços, e que o Estado português resolveu caucionar com o precioso dinheiro dos nossos impostos.

Convenhamos que este novo escrito representa um progresso assinalável. Desta vez, o senhor director do «Raio de Luz», ao contrário do que sucedia há uns meses, já não ameaça abertamente com as agruras do Inferno, território inóspito cuja senhoria lhe parece inteiramente caber, a avaliar pela desenvoltura com que dele fala. Mas não deixa o plumitivo de ora sugerir que a ausência de donativos à sua magnífica obra “é um sinal negativo que terá reflexos pela vida fora”. Para assim discorrer, este homem deve ser “tu cá, tu lá” com Deus e com o Diabo. Sabe do que fala e não se coíbe de citar o Evangelho de Lucas, para lembrar que “alguns ricos avarentos, cavam para si um abismo intransponível”. Na verdade, conclui, de modo fulminante, o senhor director, este “é um grande problema de consciência que não pode deixar ninguém descansado”.

Houve já um tempo em que ninguém podia realmente ficar descansado em Portugal. A mais leve denúncia poderia conduzir ao peso das chamas na carne viva. Foi entre o século XVI e o século XVIII, quando a Inquisição assentou arraiais neste desgraçado país e aqui cometeu os mais hediondos crimes que imaginar se possa. Tristemente célebre ficou então a rapacidade com que os inquisidores se locupletavam com a fazenda dos mártires supliciados. Entretanto, para desgosto de uns quantos, os tempos mudaram.

Não sei se o senhor bispo de Setúbal lê o nosso blogue. Mas seria bom que ele, ou alguém em seu lugar, explicasse caridosamente ao senhor director do «Raio de Luz» que é uma possível indignidade invectivar com preceitos bíblicos tremendos a legítima opção de, num estado laico, qualquer cidadão se abster de contribuir para a erecção de um projecto ao qual se não conhece, de resto, quaisquer provas dadas. Mais preocupante será ainda o Estado português financiar uma obra cujo principal mentor parece lançar intoleráveis ameaças de natureza religiosa com o presumível propósito de arrancar estipêndios às bolsas alheias.

Entretanto, espero que, nos outros jornais da terra, alguns bravos colunistas da mais fina estirpe socialista, republicana e laica façam brevemente sentir a sua indignação. Já que a patrocinadora Câmara marxista de Augusto parece não querer fazê-lo.

Um mimo

Morreu, aos 84 anos, o famoso mimo francês Marcel Marceau, segundo anuncia o gabinete do Primeiro Ministro.
Para um mimo, o gesto é tudo, e, graças a um talento ímpar, Marcel Marceau simulou uma infinidade de situações, sentimentos e atitudes físicas.

Foi tão sublime que me pergunto se não terá simulado a própria morte...

McCann de pesca

O que se está a passar com o casal McCann impressiona. E dá que pensar.

No fundo, temos duas pessoas que se afirmam inocentes mas que, estranhamente, precisam de uma legião de defensores, consultores de imagem, relações públicas, porta-vozes e advogados.
Só lhes falta comprar cães e um laboratório de análises.

Não será muito para gente inocente?

E porquê este batalhão de defensores? Simplesmente, porque alguém suspeita deles e ameaça acusá-los. Quem ? Os malandros e incompetentes da Polícia Judiciária, instituição que está na linha de mira das hostes inglesas.

E que tem de ir à pesca de novos dados ou de tirar, rapidamente, um coelho da cartola sob pena de não ser objecto de descrédito e de gozo.

E é temível o humor inglês...

Uma mente brilhante

Rafael Monteiro é, inquestionavelmente, um nome grande da Cultura sesimbrense.
Autodidacta determinado, senhor de uma inteligência fulgurante, o prestígio de Rafael Monteiro ultrapassou as muralhas do castelo onde alguns medíocres gostariam de o ver enterrado em vida.
O seu espírito superior levou-o a marcar posição entre os vultos maiores da Filosofia Portuguesa e uma vasta e admirável obra aí está a provar que o Rafael não foi um puro contemplativo.
Pelo contrário, foi sempre um homem de acção, de causas e de ideais.
Ontem, na Biblioteca Municipal, teve lugar um colóquio em que se falou de Sesimbra e da Filosofia Portuguesa, de Sampaio Bruno, Leonardo Coimbra, Álvaro Ribeiro, José Marinho, Teixeira de Pascoaes, Agostinho da Silva, Orlando Vitorino e António Telmo.
Mas, sobretudo, falou-se de Rafael Monteiro, do homem e da sua obra.
Lá estiveram, além de João Aldeia, Roque Brás de Oliveira, Luís Paixão e Pedro Martins, os dois melhores amigos de Rafael, António Reis Marques e mestre António Telmo.

Quem estiver mais atento, não poderá deixar de observar que Pedro Martins tudo reúne para ser o herdeiro natural de Rafael e, mesmo, de António Telmo.
E isto incomoda muita gente...

Foi bonito e justo, recordar e homenagear Rafael Monteiro.

Foi pena que a senhora vereadora da Cultura não tivesse achado útil estar presente.

Foi pena que o senhor Presidente da Câmara tivesse saído antes do início do colóquio.

Mas as coisas (e as pessoas) são o que são, e temos de reconhecer que o Rafael não teria o charme do Toni Carreira e que o Partido Comunista nunca foi o primeiro dos seus amores.

Enfim, são assim estes príncipes e princesas que nos governam.

Em breve serão arrematados em lota eleitoral...

Berbiganjas

Parece que a reconstituição da antiga lota na praia meteu couves e varinas. Não me parece mal, não senhora, mas para o ano devem esforçar-se um pouco mais nos adereços. Tudo o que fique aquém das célebres berbiganjas* – que uma das personagens criadas por Herman José imortalizou há uns bons vinte anos – será sempre uma derrota para a imaginosa mente festiva da Dr.ª Felícia.
* Se bem me lembro, tratava-se de uma enxertia de berbigão e laranja, espécie híbrida que então medrava numa dada praia portuguesa.
ET - Na sexta-feira passada, o olímpico Augusto pôde ser ouvido numa extensa emissão radiofónica muito lá de casa, autêntica conversa em família, tipo "estamos entre a nossa gente". Decididamente, não há um pingo de vergonha. Ficámos então a saber que a reconstituição da antiga lota era uma ideia que "lavrava (sic!) na cabeça de muitos sesimbrenses". A imagem agrícola é bem sugestiva, mas algo deslocada num contexto piscatório, e duvido que alguém goste de ter o quer que seja a lavrar-lhe na cabeça. A menos, claro está, que a meta do edil sejam as almejadas berbiganjas. Aposto que sim.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Para esquecer

Diz-se por aí que o casal Mac Cann estaria disposto a submeter-se ao detector de mentiras.
Gente maldosa logo se pôs a sugerir que se fizesse o mesmo com os árbitros ou outros intervenientes no Apito Dourado.
Pela minha parte, espero que a Dra. Maria José Morgado não caia nessa porque tudo ficaria empatado.

De facto, à pergunta "Alguma vez comeu fruta?", o homem do apito só poderia dizer que sim, sabendo antecipadamente que a resposta seria validada, pois dificilmente se encontrará homem que nunca tenha comido fruta.

"Costuma descascar a fruta?" - insiste o inquiridor. Claro que sim, e o homem do apito continua sem mentir.

Por isso, o melhor é esquecer o detector de mentiras porque neste campo do futebol a aldrabice é tanta que não há computador que resista...

Aos palmos

O PS francês procura desesperadamente ideias para atacar Nicolas Sarkosy, sendo a última delas bastante surpreendente.
Segundo um atento e perspicaz socialista, Sarkosy sofre do complexo do "pequenote", ou seja, aceita mal a sua fraca estatura.

De facto, há que reconhecer que Sarkosy daria pela barriga de Charles de Gaulle, mas não foi a pouca altura que impediu Napoleão de ser quem foi.

Por cá, ninguém duvida de que Soares Franco é o maior presidente que o Sporting jamais teve, tal como toda a gente reconhece que Sá Carneiro foi um político de enorme dimensão.

É mau sinal quando gente que deveria ser responsável tenta diminuir os adversários sublinhando o que, estultamente, pensa serem pontos fracos.

Não é pelos centímetros (ou pela falta deles) que Marques Mendes não é o homem do leme de que o PSD precisaria.

Muito menos o é o Menezes dos plágios...

Vida fácil

Job Cohen, presidente da Câmara de Amesterdão, vai encerrar um terço das casas de prostituição no famoso Bairro da Luz Vermelha, uma verdadeira atracção turística e berço de grandes negócios.

O que vai acontecer é que aquelas mulheres irão exercer a sua actividade noutro local, porventura em piores condições de higiene e de segurança.

Curioso é o facto de aquele enclave de luxúria ter o nome de Luz e, para mais, Vermelha.
Lembremos que o Benfica conquistou uma memorável Taça dos Campeões Europeus em Amesterdão. Precisamente.

Será nostalgia, homenagem ou fado menor?

Responda quem, dessas coisas, for intendente...

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Sem surpresa

Como se adivinhava, Scolari foi punido com quatro jogos, o que o deixará fora do banco nos jogos que faltam a Portugal nesta fase de um apuramento que tínhamos a obrigação de conseguir com as duas pernas às costas.

Deverá ainda o brasileiro pagar uma multa de 12.000 euros, uma ninharia comparada com o salário do homem.

Resta agora ver qual vai ser a reacção de Madaíl...

Madaíl, Scolari e Cia.

O mais simples é comentar depois de as coisas acontecerem. Mas é mais saboroso tentar antecipar.
Hoje à tarde, a UEFA vai ditar a sua sentença no caso Scolari, mas é curioso observar o silêncio da nossa Federação sobre o assunto.

Ou seja, é mais rápido o julgamento da UEFA do que o da Federação Portuguesa de Futebol.
Pelos vistos, o amigo Madaíl limitou-se a enviar à UEFA argumentos a favor de Scolari.
Como consta que a pena será de dois ou três meses, imagina-se Madaíl a fechar-se em copas e a aceitar o castigo uefeiro como ponto final.

Ora, convém recordar que a nossa Federação, há pouco tempo, castigou imediata e severamente um rapazola chamado Zequinha por este ter tirado um cartão vermelho da mão do árbitro.
Foi um gesto idiota, mas não violento, de um jovem inexperiente e envolvido no calor do jogo.
Zequinha apanhou um ano de suspensão.

Scolari é um adulto mais que maduro, é seleccionador, tem um grau de responsabilidade mil vezes superior ao do estulto Zequinha.
E ambos, Scolari e Zequinha, estão sob a alçada da mesma Federação e do mesmo Regulamento Disciplinar.
Se Madaíl aceitar dois, três ou seis meses da UEFA, que poderemos concluir?

Se Madaíl fosse isento, a Federação teria de castigar Scolari com muito mais de um ano de suspensão.

Mas tal não vai suceder porque é futebol e em futebol tudo tem várias faces, é o reino do árbitro e do arbitrário...

Abramão

Ninguém pensaria que as disposições do novo Código de Processo Penal viessem a ter consequências como a que acaba de se registar.

Com efeito, a lei aplica-se a estrangeiros residentes em Portugal (como os três romenos agora libertados) mas também a portugueses radicados no estrangeiro.

Assim, acabamos de ter conhecimento da libertação prematura de um cidadão português que se encontrava detido em Inglaterra por se ter apropriado de vários troféus, a mando de um cidadão russo não foi identificado.

Em consequência da pena que lhe fora aplicada, deveria ter permanecido na prisão de Stamfor Bridge, no bairro de Chelsea, em Londres, até 2010.

Porém, e contra todas as expectativas, o nosso compatriota foi libertado e já está a caminho de Portugal.

À hora do fecho desta edição, ainda não tínhamos conseguido apurar a sua identidade completa.

Apenas sabemos que é natural de Setúbal e se chama José...

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Igual a si mesmo

No final de Julho, o Dr. Sequerra escreveu um apontamento no jornal "O Sesimbrense" sobre um jovem futebolista cuja alcunha é pouco elogiosa.

Fiz aqui, na altura, o devido reparo e aguardei que o dr.Sequerra fizesse o que prometeu e que era dar a conhecer melhor o rapaz.
Ora, já saíram dois números do jornal e nada.

Hoje recebi a mais recente edição e vejo metade da primeira página dedicada ao dr. Sequerra, com direito a editorial em forma de panegírico e com um poema do (então) jovem Sequerra. Enternecedor.

Sobre Filipe Rodrigues, zero, silêncio.

O contrário é que seria surpresa...

Só boas notícias

Em consequência da entrada em vigor do novo Código de Processo Penal, foram libertados no sábado três romenos que haviam sido condenados a 22 anos de prisão pelos crimes de homicídio qualificado e roubo.
A vítima foi um cidadão inglês, John Turner.
A libertação resulta do facto de ter havido excesso de prisão preventiva. Novo Código dixit...

O médico Ferreira Dinis, arguido no processo de pedofilia da Casa Pia, vai poder voltar a consultar crianças com menos de 14 anos. É o novo Código no meu melhor...

Pela mesma razão, Carlos Cruz e o embaixador Ritto já podem sair para o estrangeiro. Obrigado, novo Código.

Entretanto, José Sócrates mostra-se confiante na aplicação positiva desta reforma.

Os romenos também aplaudem...

Cruzes

Há quem se queixe da falta de esquerdinos nas equipas portuguesas. E é verdade que, na selecção nacional, não há um único, o que não é nada conveniente.

Pois, ontem, em Milão, o Benfica jogou com nada menos de quatro esquerdinos, Leo, Rodriguez, Di Maria e Cardozo.
E deixou outro (Coentrão) na bancada.

Não há fome que não dê em fartura e, com tanto esquerdino, cruzes, canhoto, deu para o torto.

Mas não houve vexame, o Milan é apenas melhor.

Aliás, os jogadores do Benfica agora podem dormir descansados porque, sempre que percam, já têm um bode expiatório ideal.

Aconteça o que acontecer, a culpa EDCARLOS...

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Silêncio

Foi como uma explosão atómica, um tsunami, uma avalancha, um trovão monstruoso.
Foi o murro de Scolari, ou melhor, o nobre e heróico gesto de Luís Felipe em defesa de Quaresma, ante a ameaça de um bárbaro vindo das Sérvias.

O Mundo inteiro reagiu, agitou-se, comoveu-se, revoltou-se, contorceu-se, falou, esbracejou, em uníssono.
Na sombra ficaram os McCann, Bush, Dalai Lama, Sócrates... era só Scolari, com o Sargentão a negar, primeiro, a reconhecer, depois, a bater no peito, por fim, mas sem deixar de arranjar desculpas. Patético.

E, de repente, o silêncio, um silêncio pungente, surdo, inesperado, mas carregado de significado.
Basta saber interpretá-lo.

Se eu fosse juiz da UEFA, não hesitava, ignorava as imagens, desprezava os relatórios e tirava a única conclusão possível.
Este silêncio é um sinal do céu ou, pelo menos, da Virgem do Caravagio. Não castiguem o homem porque este silêncio é o silêncio dos inocentes.

Volta Hannibal Lector Scolari, volta e vamos a eles. Até os comemos!

É sinónimo de colheita

No LIDL, da Venda Nova, há dois depósitos de recuperação, um de pilhas e outro de tinteiros.
Com a elegância e o fino gosto que nos caracteriza, copiámos a piroseira dos brasileiros e lá temos um pilhão e um tinteirão, poéticas designações da família do frangão, do vidrão, etc.

Estes termos são, antes de tudo, feios, horripilantes.
Mas, para além disso, mostram uma estranha e lamentável submissão ao idioma brasileiro.
Será preciso puxar muito pela cabeça para encontrar designações sóbrias e correctas?
Um contentor de vidro será pior que vidrão?
Não morre alguém por isso, é certo, mas é de um gosto atroz.

Ainda chocado pelo tinteirão (nunca tinha visto), dei por mim a imaginar o que acontecerá nas grandes herdades deste país, em tempo de colheita.

Como será que vão chamar ao contentor onde é depositada a colha?

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Nojento

Dura há 8 anos o calvário de uma família cujo filho morreu por ter caído numa boca de esgoto no concelho do Seixal.
Há dois anos, a Câmara do dito Seixal foi condenada a pagar 250.000 euros, mas logo se apressou a recorrer a pretexto da má qualidade das gravações.

Hoje, o Tribunal confirmou a sentença, mas é provável que a Câmara recorra para o Tribunal da Relação. É justo que o faça.
No fundo, é dever do autarca zelar pelo rico dinheirinho da Câmara que tanta falta faz à colectividade, em vez de ir parar às mãos de gente que não sabe tomar conta dos filhos.

Deve ser essa a argumentação nojenta de quem não tem o mínimo respeito pela vida, nem mesmo quando a culpa é evidente e a vítima uma criança.

Só pode tratar-se de uma Câmara de extrema-direita, nazis tenebrosos, com certeza, não podem ser outra coisa...

Sushialismo científico

Na sexta-feira passada, houve amargos de boca e esgares faciais quando as primeiras entradas de sushi foram servidas. Decididamente, os professores e os auxiliares têm mau feitio: não gostam de peixe cru.

A exótica Felícia é uma incompreendida. Ela bem se esforça. Quer proporcionar novas sensações à rapaziada, e a paga é reprovarem-lhe tão singular ementa. Pior que isto, só as resmungadelas da comunidade educativa pelo facto de o café e a sobremesa terem ficado para depois das homenagens, que é como quem diz, para além da meia-noite. Não há almoços grátis. Nem jantares.

Código genético

Desengane-se quem julgava que algo de essencial tinha mudado na recepção à comunidade educativa, este ano realizada na Quinta do Conde. A verdade é que continuou a ser oferecido um jantar a largas centenas de comensais, que não deve ter ficado nada barato aos cofres da autarquia. E, tal como no ano passado, a coisa correu muito mal. Foi – pode dizer-se – uma barraca. O olímpico Augusto fez-se esperar, chegou a desoras: as primeiras entradas só foram servidas depois das nove da noite. Às onze, ainda havia gente à espera de víveres. Para ajudar à festa, a refeição era de faca e garfo, mas os convidados não tinham onde abancar. Diz quem viu que os malabarismos com os pratos foram a grande atracção da noite. Muita fomeca passou aquela gente. É para aprenderem.

Não há volta a dar-lhe: a incompetência, o esbanjamento e a falta de respeito são o código genético de quem nos desgoverna.

Una lacrima sul viso

É hoje posta à venda a polémica biografia do Nobel alemão Gunter Grass, intitulada "Descascando a Cebola".
Nela surge a perturbadora revelação da presença do escritor nas Waffen SS, uma força de elite do exército nazi.

Pelos vistos, estamos sob o signo da Cebola, sendo esta a alcunha de um jogador uruguaio do Benfica, Christian Rodriguez, devida ao facto de (ao que dizem) ele provocar, com as suas fintas, crises de choro nos adversários.

Tal como acontece no futebol, também na política e na literatura, os extremos se tocam.
Assim, temos o Nobel alemão a progredir pela extrema direita enquanto o Nobel Saramago permanece na extrema esquerda.

Não sei o que vale a biografia de Gunter Grass, mas, a avaliar pelo título, deve ser de ler e chorar por mais...

QUÁ

No Ribatejo foram abatidos 25 mil patos infectados com o vírus H5N2.

As autoridades sanitárias continuam a dizer-nos que está tudo controlado, que não há qualquer perigo para a saúde pública.

Talvez seja verdade, temos que acreditar que sim. Mas, tranquilo, tranquilo, só o outro, aquele que nem gosta de pato...

Máscaras

O pai do blogue "Ao Meu Lado" resolveu sair do anonimato e revelar o que muito boa gente sabia, ou seja, que se trata de Rui Viana.

Revela ainda que o fez após ter lido o artigo de Raul Rodrigues no "Jornal de Sesimbra", mais concretamente, as críticas ali feitas ao anonimato nos blogues.
Sem segundas intenções, Rui Viana decidiu sair do armário. Tem todo o direito.

A verdadeira questão, porém, a meu ver, não reside no anonimato, mas na qualidade das entradas ou dos comentários.
Em verdade, os textos de Rui Viana não serão melhores apenas porque ele os assina em vez de continuar a ser "Ao meu Lado".

Um pseudónimo pode ser, simples e divertidamente, um adereço...


Gostava de ter sido mosca...

Parece que um grupo coral da Quinta do Conde abrilhantou musicalmente a recepção à comunidade educativa da passada sexta-feira. E parece que, no final da actuação, um membro desse grupo agradeceu publicamente, em nome de todos, o apoio prestado ao conjunto condense pelo Presidente Amadeu Penim. Gostava de ter sido mosca.

Toda poderosa

O convite para a recepção à comunidade educativa, que se realizou na passada sexta-feira, só hoje chegou às mãos de alguns (muitos?) dos seus destinatários. À parte o atraso fatal, o convite é uma verdadeira pérola: exorta os contemplados a levarem consigo um livro de banda desenhada, para oferta aos estabelecimentos de ensino, “em substituição do tradicional traje”.

Ficamos sem saber se, em anos anteriores, as máscaras e os disfarces levados para o banquete eram oferecidos à Câmara ou às escolas do concelho. Esperemos que sim. Em regime de Carnaval todo o ano, poderão ser úteis a qualquer momento.

Certo parece apenas ser que a Dr.ª Felícia já não se contenta em valorizar tradições mortas, como a da lota na praia. Pelos vistos, três ou quatro anos de indecorosa reincidência na asneira e no disparate foram o bastante para a senhora se arrogar a demiúrgica condição de criadora de tradições. Se fosse a ela, punha ainda um pouco mais de fervura na água, para ver se a tampa saltava da panela. E de vez.

Contra-relógio

Depois de, há pouco tempo, ter ido a Moscovo inclinar-se perante Putin, o nosso Primeiro avista-se hoje com George Bush, tendo por objectivo tratar dossiês escaldantes, grandes questões que preocupam o Mundo, Ambiente, Irão, Afeganistão, Iraque, o conflito entre Israel e Palestina, enfim, pesos pesados da geopolítica.
E tudo isto em 50 minutos.
Felizmente, Sócrates fez aquele exame brilhante de Inglês, na Universidade Independente.
Caso contrário, se houvesse recurso a intérpretes, nem 10 minutos haveria de jogo útil.
Alguém saberá dizer para que vai servir este encontro, para além das fotografias?

Bush já conhecia um José em Portugal. Agora recebe o outro. Por pouco tempo, mas recebe.

Sempre será mais do que o nosso Primeiro concedeu ao Dalai Lama...

domingo, 16 de setembro de 2007

Too much

O Prof. Marcelo Rebelo de Sousa, na ponta final das suas escolhas dominicais, e a propósito da visita do Dalai Lama, disse que Ângela Merkel tem o que alguns políticos portugueses mostraram não ter.
E aquilo que tem, tem no sítio.

Foi precisamente esse (No sítio) o título do apontamento que aqui deixei, ontem, sobre o mesmo tema.

Ainda não decidi se vou processar Marcelo por plágio...

Combinado com a CP

O novo Código de Processo Penal (CPP) está a revelar-se um autêntico bodo aos pobres criminosos que estão a ser libertados à rédea solta.

E saem violadores, traficantes de droga, assaltantes violentos, é uma festa.
Daqui a três meses pode estar cá fora o ex-cabo da GNR que matou três raparigas.
Enquanto isso, Cavaco ajeita a popa, ergue a sobrancelha e diz que não percebe o porquê das críticas.
Alguém é capaz de explicar ao senhor o que se está a passar?

Ele deve pensar que se trata de indultos natalícios antecipados. Mas não.

O melhor, para tanto criminoso a ser libertado, graças ao novo CPP, o melhor é reservar um comboio da CP.

Com bilhetes de ida simples, porque os rapazes voltam a saborear a liberdade e não vão querer regressar...

Love story

O bom filho a casa torna e o bondoso marido regressa aos braços daquela que o levara ao altar. Tudo está bem quando acaba bem e este enternecedor desfecho não só me reconcilia com a poesia como me faz acreditar que ainda há contos de fadas.

O príncipe encantado é Jorge Nuno e a Cinderela chama-se Filomena.
Vai ser a segunda parte de um desafio interrompido por uma bruxa alternadeira que os afastara.

Mas os deuses apitam direito por linhas (de cabeceira) tortas e consta que o Pintinho vai enfiar no dedo de Filomena um anel dourado...

Cabra-cega

Há dias apareceu nas linhas desta Magra Carta um anónimo a pedir a nossa ajuda por causa de uns buracos lá na rua.

Mais tarde, o mesmo anónimo voltou, muito contente, dando conta de que os buracos já estavam tapados, acção reparadora a que (remotamente) não teria sido alheio o alerta aqui deixado.

Ora bem. Este episódio bem poderia inspirar a vereadora Felícia para usar um expediente semelhante que muito ajudaria a melhorar a triste imagem deste executivo. Eu explico.

Num momento de menor febrilidade empreendedorista, a senhora (ou alguém a seu mando) poderia enviar-nos um comentário relatando uma fuga de água, uma árvore caída, um rato atravessado na estrada, uma cobra a fazer o pino num valado, enfim, o que lhe fosse sugerido pela sua fértil imaginação.
É claro que este pedido de socorro seria falso.

Depois, gentil e fingidamente, pediria que divulgássemos o facto, na esperança de sermos lidos por alguém da Câmara que, receando as nossas críticas demolidoras, tratasse de resolver o suposto problema de imediato.
Um dia depois, voltaria com um comentário cheio de elogios à Câmara.

Recorrendo a esta habilidade meia dúzia de vezes, a nossa Felícia poderia matar dois coelhos de uma cajadada.
Por um lado, daria da Câmara uma imagem de extrema eficácia, de atenção centrada nas solicitações dos munícipes e de prontidão na acção. Um primor.

Depois, daria à Magra Carta a ilusão de exercer um magistério de influência, fazendo-nos crer que a nossa intervenção teria sido decisiva no processo.
Seia uma jogada de mestra.

Fica a sugestão e a garantia de que fingiremos acreditar na marosca...

sábado, 15 de setembro de 2007

Prova de vida

Num comentário, certo leitor, de sua graça padroeiro dos resistentes, denota algum incómodo com a minha ausência em linha. Chega mesmo a perguntar se é possível ter a Maga silenciado o Escriba, ou se serei eu que ando com outros afazeres. Quer saber demasiado, está visto. A verdade é que um Escriba esfíngico é sempre uma personagem enigmática, e com isso terá o leitor de aprender a conviver.

Quanto ao resto, dir-lhe-ei: olhe que não, olhe que não! Ainda na quarta-feira passada aqui deixei algumas entradas para a posteridade. Quanto à Maga, que se há-de fazer? Será simplesmente uma fatalidade pequena e episódica, como essa outra de haver sempre um ou dois dias de borrasca em Agosto. Depois é só abrir o guarda-chuva.

Ainda bem

O "Jornal de Sesimbra" tem uma secção intitulada "Pessoas como Nós" que trata de mostrar o lado mais íntimo de personalidades, ou seja, (e como é anunciado) "a pessoa que está por trás de responsáveis por determinados cargos públicos". Seja.

A primeira entrevista foi feita à Senhora Governadora Civil de Setúbal.

Agora coube a vez ao sesimbrense eng. Carlos Lopes, Presidente da APSS, que abriu o seu coração à curiosidade da jornalista, disponibilidade que nos permite ficar a saber, entre outras coisas, que o eng. Carlos Lopes tinha uma simpática alcunha na meninice, se considera austero, íntegro, faz compras no comércio local e sonha com uma herdade no Alentejo.

O que o eng. Carlos Lopes não precisou de dizer é que tem uma enorme paciência, ao ponto de dar entrevistas destas.

Resta-nos a todos, gente simples do povo, a saudável alegria de verificar que a senhora Governadora Civil e o senhor presidente da APSS são, afinal, gente como nós...

Contraste

Um jovem de 17 anos, João Guerreiro, conquistou uma medalha de ouro nas Olimpíadas Ibero-Americanas de Matemática.
Tivemos ainda uma medalha de prata (João Matias) e outra de bronze (Vasco Moreira).

Vanessa Fernandes voltou a brilhar com mais um título internacional. São tantos que quase transformam o mérito em banalidade.

É evidente que estamos perante casos de excepção e de orgulho para o nosso País.

Porém, os olhos e os ouvidos deste mesmo país estão centrados num acto falhado de um brasileiro que fez declarações falsas, negou a realidade que as câmaras confirmam e mostrou um arrependimento postiço.

E tudo isto depois de nem sequer ter sido capaz de aplicar um murro como deve ser.
Uma grande pêra, bem afincada, teria, ao menos, servido de consolação.

Assim, vai ser punido sem, verdadeiramente, ter feito o gosto à mão.

E não adianta fingir humildade, não sérvio de nada...

Bravos rapazes

No Mundial de Râguebi, a selecção portuguesa, constituída por amadores, conseguiu a proeza de alcançar 13 pontos frente à melhor equipa do Universo, a temível Nova Zelândia.

O nosso adversário marcou 108 pontos, é verdade.

E depois?

Boa pergunta

Está em marcha um projecto de "Celebração da Cultura Costeira" que, entre outros objectivos, visa identificar o património costeiro já inventariado e construir uma cartografia linguística e um glossário dos termos mais comuns utilizados pelas comunidades piscatórias.

São parceiros deste projecto a Câmara Municipal de Sines, a Associação Barcos do Norte (Viana do Castelo), a Associação para o Desenvolvimento de Peniche, a Associação para a Defesa do Património de Mértola, a Cooperativa Porto de Abrigo (Madeira e Açores), o Museu Marítimo e Regional de Ílhavo, etc.

Pergunta-se : e Sesimbra?

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

O ósculo de Judas

O Ministério Público acaba de arquivar o processo relativo às reformas suspeitas de funcionários da Câmara de Setúbal que teriam (alegadamente) sido apadrinhadas por Carlos Sousa.

Se bem nos lembramos, na altura, o autarca foi gentilmente convidado pelo PC a deixar a presidência da Câmara, atitude que foi justificada por Jerónimo de Sousa no seu estilo claro e convincente.
Disse o líder comunista que a saída de Carlos Sousa nada tinha a ver com quaisquer suspeitas de ilegalidades, apenas decorria da necessidade de rejuvenescimento dos quadros dirigentes do Partido.

Recordo-me de que muita gente (mal intencionada, é claro) duvidou da sinceridade de Jerónimo. Felizmente para a imagem do senhor, o Ministério Público vem agora demonstrar que não havia qualquer hipocrisia na explicação.

Fica assim demonstrado que Jerónimo nunca duvidou da inocência de Carlos Sousa e se o afastou foi para seu bem, para o poupar a um desgaste inútil.

Aposto que Jerónimo não vai tardar em chamar Carlos Sousa para festejar esta vitória que, embora pessoal, é um êxito assinalável para o Partido que nunca abandona os seus.

Jerónimo é homem para apertar Carlos nos seus braços e mesmo, sendo ambos Sousa, cumprir o ritual russo, com um beijo na boca...

No sítio

Eu não sei se Ângela Merkel é uma dama de ferro ou de bronze. O que sei é que ela vai receber o Dalai Lama.

Faz lembrar a velha anedota dos tomates de chumbo. Que nem todos os sucateiros possuem...

Mata - Mata

Segundo o "Público", o Governo não vai autorizar a transferência dos direitos de construção de um antigo projecto imobiliário no Meco para a Mata de Sesimbra.
Esta decisão contraria um acordo assinado em 2003 pelo então ministro do Ambiente, Isaltino Morais.

A razão é que o acordo viola o Plano Regional de Ordenamento do Território que considera excessiva a urbanização da Mata.

O Ministério do Ambiente também não reconhece o interesse público de outro projecto em Sesimbra, o Pinhal do Atlântico, situado em zonas naturais protegidas.

E agora?

Ténicas

O Eng. Raul Rodrigues escreve na sua rubrica "Sem Rodeios", no Jornal de Sesimbra, um artigo intitulado "O mundo dos Blogues" ao longo do qual estabelece um paralelo entre estes e a imprensa escrita, num exercício interessante mas que peca, uma vez por defeito e outra por excesso.

Por defeito, quando dá dos blogues uma visão truncada e deformante ao referir-se ao anonimato dos comentadores.

Ora, em verdade, se há quem se esconda atrás de um pseudónimo ou do anonimato puro, tal não é obrigatório, e as pessoas de carácter podem sempre dar a cara ou o nome, ainda que não possamos ter a certeza absoluta sobre a identidade de quem assina.

Mais adiante, peca por excesso de considerações à volta da figura do carteiro, a tal ponto que quase me senti envolvido, só não tendo chegado a ter tão lisonjeira ilusão porque o Eng. Raul Rodrigues logo me chamou à minha humilde realidade ao escrever " E do esforçado carteiro que as (cartas) entregou, alguém se recorda?"

Sim, porque uma coisa é o Carteiro que escreve, outra o carteiro que despeja o saco.

Embora qualquer deles tenha a sua "ténica"...

Meteorologia

O jornal "24 Horas" tem hoje uma notícia que diz : "Humberto passou de furacão a tempestade".

Nesta tormenta que assola o futebol português, mal li este título pensei logo no senhor Coelho a quem a SIC está a oferecer palco para o credenciar como alternativa possível a Scolari.
Digamos, assim como quem observa com malícia, que Humberto foi, ontem, um furacão na sua plenitude de ambiguidades titubeantes, dando uma no cravo e outra na ferradura, ora desculpando ora atacando o Felipão.

O pior é que Scolari não tem a menor intenção de sair. E Madaíl não deverá empurrá-lo porta fora.

Por isso, embora continue atento e pronto a chegar-se à frente, Humberto perdeu intensidade, passou a simples tempestade.

De facto, quem lida com ciclones e tornados, sabe como é difícil conservar a força de furacão.

Difícil e perigoso, porque o vento incontrolável tanto fura cão como mata Coelho...

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Meia culpa

A farsa continua.
Qualquer pessoa percebe que o arrependimento de
Scolari é uma simulação igual às do João Pinto quando caía na área.

Quem começa um acto de contrição justificando o gesto, não está arrependido.
Foi o que o Felipão fez ao apontar o dedo ao árbitro e ao pretender que apenas quis defender Quaresma.

Toda a gente o viu avançar, falar para o sérvio e só depois lançar o murro.

Ninguém viu o menor gesto defensivo, apenas a agressão. A não ser que ele queira demonstrar o velho aforismo " a melhor defesa é o ataque".

Por curiosidade, e porque pode ser um pormenor importante, deixo a pergunta:

Scolari é canhoto?

Reforma agrária

A reviravolta é espantosa: a Comissão Europeia vai introduzir alterações de vulto na Política Agrícola Comum (PAC), nomeadamente incitando os agricultores a retomarem o cultivo de terras que, em 1992, tinham sido forçadas a um pousio que era visto como definitivo.

Acontece agora que as grandes mudanças climáticas e o aumento da procura por parte dos países menos desenvolvidos leva a Comissão a inverter a sua política. Vai ser preciso aumentar a produção.

Em 1992 havia excesso, agora e no futuro próximo a escassez ameaça, em particular nos cereais.

Em França, os agricultores já estão a trabalhar a terra, numa verdadeira reforma agrária.

Será que o mesmo se vai passar com as Pescas?

Abertura da caça

A caça ao lugar de Scolari já abriu.

A deliciosa curiosidade é que o primeiro caçador não é quem poderíamos imaginar (Rui Caçador) mas outro que costuma ser caçado, o Coelho.

Com efeito, o senhor Humberto Coelho já se chegou à frente, pregando moral, atacando Scolari, na perspectiva de tirar senha para uma possível rendição.

Conta quem sabe que, há alguns anos, o senhor Coelho foi nomeado seleccionador em circunstâncias misteriosas quando tudo apontava para que fosse Toni o escolhido.
A tal ponto havia essa convicção que o senhor Humberto chegou a pedir ao amigo Toni que, uma vez em funções, não se esquecesse dele, subentenda-se, para um lugarzito de adjunto.

De repente, reviravolta rocambolesca (parece que com a ajuda de Miranda Calha) e eis Humberto no poleiro.

Com os grandes jogadores que tínhamos, Portugal só podia brilhar, apesar do duvidoso mérito de Humberto Coelho.
Ao sentir o vento favorável, o senhor Coelho pressionou o presidente Madaíl para lhe prolongar o contrato antes do fim do Europeu 2000.

Madaíl não foi na conversa, Abel Xavier meteu a mão pelo pé e Portugal ficou pelo caminho, o mesmo caminho por onde Humberto foi posto a andar.

Agora, aí o temos a pôr-se em bicos de pés.

O folhetim promete. Estejamos atentos...

Estertor

Ontem, o senhor Scolari teve uma noite negra.

Esteve mal (não é novidade) no plano técnico.

Esteve muito mal no plano ético, ao agredir um jogador sérvio.

Esteve pior no plano moral, revelando cobardia e hipocrisia, ao negar a agressão.

O ciclo Scolari há muito que estava em fase terminal, faltava o estertor.

O homem está a mais. Deve partir já.

Levando consigo Madaíl e a sua clique...

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Sai sempre

O estado da "deligência" na SIC em linha, às 20:14:

"Apreensão do diário de Kate
Juiz de instrução criminal já terá autorização
deligência urgente

O juiz de instrução criminal já terá autorizado a diligência urgente, no âmbito do caso Maddie. Ao que tudo indica, os investigadores pretendem apreender o diário da mãe de Madeleine, Kate McCann."
De onde se conclui que os melhores jornalistas jogam com dupla. Sai sempre.
P. S. (salvo seja) - Repararam no mimo do subtítulo: "já terá autorização deligência urgente"?

Prosa em "mal estado"

Já agora, chamo a vossa atenção para uma publicação do Museu de Évora (ou seja, para todos os efeitos, do Ministério da Cultura), em que se verteu a seguinte pérola:

“A pintura A Negação de São Pedro encontrava-se em mal estado [sic] de conservação, estando por isso, há muitas décadas, relegada para às [sic] reservas.”

Está visto. Restauraram o quadro, mas a prosa permanece em muito mal estado, como se pode comprovar pela imagem supra. Deve ser restaurada lá para às calendas.

Esta, honra lhe seja, nem a nossa Maga. Em Évor’Acontece.

SIC transit gloria mundi

A SIC em linha dá-nos conta de uma “deligência [sic] urgente no Caso Maddie”.

Digno da Maga em ano vintage.
Em Carnaxid’Acontece.

O muro das lamentações

Há uns dias, a inefável Maga, numa das vezes em que lhe tirámos o açaimo, afoitou-se desastradamente a comparar esta Magra Carta com o Muro das Lamentações. O tiro saiu-lhe ao lado. Ou, melhor dizendo, pela culatra. Muro das lamentações, em Sesimbra, só o da escola primária na Avenida da Liberdade, no centro da vila, que foi já reduzida a básica pelos seus camaradas instalados no Ministério da Educação (provavelmente a maior força de desagregação nacional), e cujo gradeamento está infestado de cartazes cripto-comunistas. Há muito que o prazo de validade desta gritaria visual passou. Será que naquela escola ninguém se impõe? Terão todos medo da Câmara? Espera-se que o dedicado Carlos Seromenho possa, em breve, remover esta propaganda medonha e inútil, que entaipa e sufoca as nossas crianças num ambiente terceiro-mundista.

Rigoletto

O último acto da ópera "Luciano" deixa a Itália em estado de choque.
Por outras palavras, a abertura do testamento de Pavarotti está causar uma enorme agitação, passada que foi a fase da surpresa.

Com efeito, toda a gente esperava que grande parte da fortuna do cantor (cerca de 200 milhões de euros) coubesse à sua segunda mulher, Nicoletta Mantovani, e à filha de ambos, Alice.
Porém, a taluda acabou por sair à primeira mulher, Adua Veroni e às três filhas do casal, Lorenza, Cristina e Giuliana.
Guardado estava o bocado, a última a rir é a que rigoletto melhor.

Ao que consta, a alteração ao testamento foi feita muito pouco tempo antes de morrer, e uma grande amiga de Luciano Pavarotti fez eco das confidências do tenor que se queixava de Nicoletta.

Pelos vistos, nem tudo acaba com a morte. Fecha-se o caixão, abre-se o testamento e a vida continua.

Imagino que Nicoletta tenha deixado escapar una furtiva lacrima...

Livros e Directos

O Escriba deixou o repto e eu não resisto.

Sem reflectir aturadamente, aqui deixo uma lista de alguns livros que não mudaram mas marcaram, não a minha vida, mas a minha forma de olhar para ela.

É apenas uma curiosidade, uma piscadela de olho, nada de profissão de fé nem juramento de fidelidade.

O Corsário Negro - Emílio Salgari

Cartas do Meu Moinho - Alphonse Daudet

Le Château de Ma Mère - Marcel Pagnol

(Os muitos) Comissário Maigret - Georges Simenon

Samarcanda - Amin Maalouf

A Senhora - Catherine Clément

Crónicas - António Lobo Antunes

(Vários) Contos e Romances - Somerset Maugham

O Livro de San Michele - Axel Munthe

As Velas Ardem até ao Fim - Sándor Márai

O Quarteto de Alexandria - Lawrence Durrel

Janela com Escritos - António Cagica Rapaz


Honni soit qui mal y pense...

Tsunamis

O primeiro-ministro russo demitiu-se.
O primeiro-ministro japonês demitiu-se.

E por cá, tudo bem, muito obrigado?

Morrer em campo

Nunca gostei de Scolari e cada vez tenho menos respeito pelo mercenário brasileiro cujo comportamento é intragável.

Depois do jogo com a Polónia, o homem declarou que os jogadores se mostram menos dispostos a morrer em campo. Agora acrescenta que eles devem fazer tudo para evitar sofrer golos, nem que seja dando cabeçadas nos postes.

As imagens são grotescas e excessivas, só admissíveis nesta feira manhosa de coiratos e garrafão que é o futebol, um circo mediático endinheirado onde estes papagaios vão dizendo disparates à frente das câmaras de televisão como se a honra e a virtude de um país dependesse do jogo da bola.

A culpa é do tal sistema que fabrica ídolos, mitos e mentores que enchem os bolsos e as páginas de jornais com baboseiras.

A expressão morrer em campo nunca deveria ser utilizada, por várias razões.
Primeiro, porque se trata apenas de um jogo, nunca de um combate mortal.
O homem do mata-mata deveria ser despachado para a sua terra, por incompetência, cupidez e mau gosto.
Depois, porque morrem (literalmente) em campo, estranha e preocupantemente, muitos jogadores, facto que deveria suscitar reflexão e moderação.

Por fim, porque não são apenas os jogadores os culpados dos insucessos.
Há treinadores que partilham tudo com os jogadores, o melhor e o pior, homens solidários, íntegros e dedicados que, no limite do sacrifício, quase morrem em campo.

É o caso do seleccionador da Arménia, o escocês Ian Porterfield, que, ainda há dias, orientou a sua equipa no jogo com Portugal.
Embora a sofrer de um cancro em fase terminal, o Homem esteve até ao fim com a sua equipa. Morreu agora, com 61 anos. Merece a nossa admiração e o nosso respeito.

Não é o caso do senhor Scolari...

Salada russa

Notícia de última hora: Vladimir Putin acaba de dissolver o governo. É verdade.
O que não sabemos é se já estamos perante efeitos imediatos da bomba de vácuo, mas, para já, os governantes russos foram evacuados.

No meio desta catadupa de notícias, é de lamentar que o kamarada Vladimir não tivesse alertado em primeira mão o camarada Jerónimo, pois, se o tivesse feito, teria proporcionado ao incansável Jerónimo a oportunidade de dar a conhecer ao mundo, em directo live e em exclusivo, a novidade da bomba de vácuo e a queda do Governo russo.

Teria sido a consagração mundial do líder do PCP e a coroa de glória da festa do Avante.

Foi pouco kamarada o Vladimir...

Vacuidades

Os nossos amigos russos acabam de testar uma bomba nuclear de virtudes raras.
Com efeito, segundo consta do manual do utilizador, esta bomba de vácuo é 4 vezes mais potente do que a outra fabricada pelos nossos irmãos americanos, em 2003.
Esta bomba made in USA (provavelmente, já não se usa) foi chamada mãe de todas as bombas, o que nos dá o direito de pensar que as que se seguiram serão bombas filhas da mãe.
Excepto a russa que é filha de Putin.

Ora acontece, segundo os nossos benfeitores do Kremlin, que esta bomba de vácuo tem o elogiável condão de ser amiga do ambiente pois, embora sendo nuclear, não espalha partículas radioactivas.

Devemos, pois, estar gratos aos nossos amigos russos e americanos que fazem tudo quanto podem para espalhar a morte pelo mundo, mas com pinças, luvas e máscaras, tudo para preservarem o ambiente.

Aqui fica o nosso obrigado, enquanto ficamos à espera que chegue essa morte que pode ser lenta ou rápida, não sabemos.

Mas que vai ser limpa, lá isso vai, uma verdadeira limpeza...

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Marketing político moderno

No Zimbabwe, a oposição acusa o excelente presidente Robert Mugabe de oferecer veículos aos chefes dos círculos mais capazes de lhe conseguirem votos.

Sinceramente, não vejo motivo para surpresas nem contestações, uma vez que a prática não é inédita.
Ainda não há muitos anos, em Gondomar, um candidato à presidência da Câmara (Valentim qualquer coisa, não estou agora recordado) ofereceu inúmeros electrodomésticos aos populares e ganhou a eleição.

Atento ao que de bom se faz nesta Europa moderna, o insuspeito democrata que detém as rédeas e o chicote do poder no Zimbabwe mostra que dispõe de imaginação, não se limitando a mandar dar bastonadas e a prender os seus opositores.

Num golpe de mestre, depois do bastão, oferece a cenoura, ou seja, carros ao fazedores de opinião.
Esta nobre atitude mostra que o homem acompanha as grandes estratégias do seu tempo, restando-lhe sempre o privilégio de, mais tarde, dar o dito por não dado, e esquecer as promessas.

Se o fizer, estará apenas (e novamente) a copiar o que por cá também se fez e se faz, em S. Bento, por exemplo.

Prometer não custa. Quem sabe, promete. E o Mugabe sabe...

Sonhar é fácil

Este leitor que, em desespero de causa, bateu à nossa porta tem pouca sorte porque, como toda a gente sabe, na Câmara de Sesimbra toda a gente trabalha de sol a sol, sem tempo para ler blogues.

Há quem pense que os assessores de imprensa ou de Relações Públicas deveriam ler com atenção o que pela blogosfera se escreve, mas parece que assim não acontece.
A ave rara, a excepção, é a tal maga patalógica que, obviamente, é alguém muito próximo da governação camarária e que chama a si, num anonimato caricato, gata (ou gato) com rabo de fora, a missão impossível de explicar os desmandos de quem nela manda.
E fá-lo mal, como sabemos.

Resta-lhe, caro leitor aflito, a esperança da reposição do cargo de Provedor do munícipe.
Eu não estou bem informado, mas creio que, desde a saída do Dr. Aurélio de Sousa, nenhum outro Provedor foi nomeado.
Ou se foi, foi tão à socapa que ninguém fala dele, quando aquela função deveria ter o maior destaque nos diversos meios de informação da Câmara.

Outra solução será levar um banquinho, como se fosse esperar os Reis Magos, e sair ao caminho do arquitecto Augusto.
Não diga que vai da nossa parte, recomende-se antes do Raio de Luz, diga-se leitor fiel.

Depois, se precisar de nós, estamos ao dispor. Não podemos muito, mas é de boa vontade, cada um dá o que tem, a carne é fraca e a Carta é Magra...

Os livros que não mudaram as nossas vidas

A moda alastra na blogosfera e o exercício parece ser interessante. Aqui vai o pontapé de saída. Se tivesse que escolher dez livros que não mudaram a minha vida, escolhia estes:

Amor de Perdição – Camilo Castelo Branco
O Primo Basílio – Eça de Queirós
Jogo da Cabra Cega – José Régio
Bichos – Miguel Torga
Aparição – Vergílio Ferreira
O Processo – Franz Kafka
Siddharta – Hermann Hesse
O Velho e o Mar – Ernest Hemingway
Almas Mortas – Nicolai Gógol
Contos – Anton Tchekov

Como é da praxe, aqui deixo o repto ao Carteiro, ao João, ao José Santos, ao Barco a Remos e à P. Trafaria. O convite é extensivo aos leitores.

Do pé para a mão

Um leitor da Magra Carta deixou há pouco o seguinte comentário na entrada anterior:

Sei que o assunto de que vou falar nada tem a ver com os Srs. Vilalonga e Pavarotti, mas não encontro nenhum texto de hoje em que se encaixe:Sou morador recente em Sesimbra, mais precisamente na Quintinha e um amigo disse-me que viesse aqui pois teria mais probabilidades de ser lido do que num jornal da terra ou se ligasse para a linha grátis da câmara. A rua que vem da estrada nacional e que atravessa a Quintinha, e quer a que desce para os estaleiros da dita (noutra altura falarei deles) quer para a Quintola e Santana, estão cheias de buracos, mais concretamente fossos estreitos que danificam qualquer suspensão e nem todos os cidadãos têm jipes. Sinalização também não existe. Limpeza esquece. Os senhores sabem, a quem de direito me hei-de dirigir? Estou correcto? É só na Quintinha? Por razões óbvias fico-me pelo anonimato. Obrigado.

Dada a sua relevância, resolvemos transcrevê-lo, assim lhe dando um destaque autónomo.

Ao leitor, que nos lisonjeia com as suas palavras simpáticas, sugerimos-lhe que se dirija ao senhor Presidente da Câmara. Procure marcar uma entrevista. Estamos lembrados de que, na última campanha eleitoral, a força política pela qual foi eleito prometeu manter grande proximidade com os munícipes. Vai ver que lhe resolvem os seus problemas, que até são coisas simples. E do pé para a mão.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Sinais do fim de um tempo

A morte do grande Luciano Pavarotti emocionou o Mundo inteiro e deixou na sombra o desaparecimento de José Luís de Villalonga, marquês de Castelvell, jornalista, escritor, fugaz actor de cinema, mundano, esteta, dandy, uma figura que atravessou a segunda metade do século XX, sempre sob os holofotes da vida social elegante e requintada, dos grandes salões de Paris aos iates da Côte d'Azur, ao casino de Monte Carlo.

José Luís de Villalonga foi íntimo de personalidades como o duque de Windsor, Charlie Chaplin, Orson Welles, os condes de Paris, Grace Kelly, Fellini, Brigitte Bardot, Soraya, Audrey Hepburn, Onassis ou Catherine Deneuve.

Foi casado várias vezes e escreveu alguns livros.

Foi um espanhol de raça, um sedutor inveterado, uma personagem daquelas que enchem o mundo sofisticado descrito por Françoise Sagan, a meio caminho entre as brumas do franquismo que combateu e o deslumbramento do mundo de sonho daquela Europa diletante.

Quase apostaria que também conheceu pessoalmente Pavarotti...

A diferença

É natural que algumas pessoas achem que os tempos não estão para idealismos nem romantismos ingénuos e que, hoje, o que conta é o resultado, a "performance", o desempenho, e que o resto é pieguice obsoleta. Talvez.

Não obstante, não posso (porque me parece interessante) deixar de fazer um paralelo entre o que observamos nas nossas selecções de futebol e de râguebi.

Dos mercenários do futebol nem vale a pena falar.

Atentemos, sim, nos amadores da equipa de râguebi. Levámos uma tareia monumental, mas isso pouco importa quando se joga com galhardia, bravura e dignidade.

Basta ver como aqueles matulões cantam o Hino Nacional para se perceber a diferença.

Estes rapazes fazem-nos sentir admiração e orgulho, reconciliam-nos com a ideia de Pátria e de fraternidade.

Que mais se lhes pode pedir?

domingo, 9 de setembro de 2007

E provavelmente morto

Os nossos brilhantes jornalistas continuam a deliciar-nos com as suas calinadas servidas à hora da refeição, no palco imenso dos telejornais.

Ontem, na edição das 20 horas, na SIC, um senhor lia o texto que acompanhava as imagens de um acidente de viação, salvo erro, na A8.

A certa altura, ouvi esta frase lapidar: "o corpo do motorista chegou ao hospital já cadáver".

Deixo-vos admirar a pérola e retiro-me em silêncio...

Branco é...

O casal McCann chegou a Inglaterra e diz que continuará a procurar a filha.

Se a nossa PJ não é constituída por incapazes, apetece-nos dizer que
Kate e Gerry não terão grande dificuldade em encontrar a menina...

Eles correm muito

Este senhor Scolari é um artista, continua a mostrar que tem muito jeito para trabalhar na publicidade, conversa não lhe falta.
Por isso, lá vai dando a cara por um banco e sentando o rabo noutro banco de onde vê os jogos à borla e saca uns milhões que deposita no primeiro banco.

O esquema está bem oleado. Entre dois anúncios televisivos, o homem convoca duas dúzias de jovens milionários da bola e toca de fazer uns joguitos.

A maioria vive no estrangeiro, coitados, tiveram de emigrar, pelo que, de cada vez que aquele senhor de bigode lá do banco os manda vir, para eles é uma festa, matam as saudades da família, dos amigos, de alguma amiga, dão entrevistas e autógrafos, comem bacalhau, verificam o saldo das contas e, nos intervalos, correm um bocadito atrás da bola.

Entretanto, o senhor Scolari lança apelos, galvaniza multidões, esfola-se a explicar aos tansos nacionais que Portugal calhou num grupo poderosíssimo e que o apuramento será um feito imorredoiro.

Ora, a verdade é que Portugal tem a obrigação de ficar em primeiro lugar. Facilmente.
Isto, se os seus jogadores jogarem o que sabem e correrem o que devem.
O pior é quando perdemos pontos de forma inesperada, como sucedeu perante a depauperada Arménia. Mas aí surge o alquimista Scolari a explicar que o piso era mau e que os arménios correram muito. Malandros!

O pior é que ontem, na Luz, com um piso sumptuoso e polacos a meio gás, voltámos a empatar.
Mas tudo se explica, repete o alquimista, são coisas do futebol. Claro. Simples.
E acrescenta este talentoso artista de anúncios que vamos ter de correr atrás do prejuízo. Admirável Scolari!

Jogadores do nível dos nossos não precisam do apoio do público para ganhar todos estes jogos. Precisariam sim era de correr com verdadeira vontade de vencer.
Por isso, nem devem ter reparado que o nosso heróico público só puxou por eles quando não era necessário, quando estavam a ganhar.
Foi quando desataram naquela saloia e vergonhosa gritaria do "Só mais um", atitude humilhante para um adversário que pode ser lento mas que sabe jogar e merece respeito.
E, de facto, os polacos fizeram-lhes a vontade. Foi só mais um, mas na nossa baliza.

O que nos vale é que o senhor Scolari explica tão bem como o José Couceiro.
E que, neste grupo de marretas, acabaremos sempre por ficar apurados, o que encherá de orgulho o senhor Scolari e lhe dará mais um bom quinhão para depositar na conta do seu banco.

Assim vai este país, a correr atrás do prejuízo que é ter a Justiça, a Educação e a (falta de) Saúde que tem.
Mas melhores dias nos esperam, corações ao alto, vem aí a temível Sérvia, é mata-mata.

Ah, grande Felipão que tens a scola toda...

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

De regresso

Com o Apito Dourado a ocupar as primeiras páginas, pouco se tem falado de Pimenta Machado que vai ser ouvido em tribunal no próximo dia 21, acusado de vários crimes de peculato.

Por alto, o antigo presidente do Vitória de Guimarães teria (alegadamente, é claro) ficado com uns milhares de contos provenientes da transferência de jogadores.
Num dos casos, o de Fernando Meira, o seu interlocutor foi Vale e Azevedo, um nome acima de qualquer suspeita.

Nestes negócios de transferências, toda a gente suspeita que os milhões sejam divididos entre dirigentes, empresários e (quem diria?) os jogadores.
Por isso, há clubes que compram e vendem por atacado. Difícil é provar, mas com boa vontade lá se chegará.

Resta agora ouvir o que tem a dizer o antigo presidente do Guimarães que é homem inteligente e de discurso fluente.

Argúcia é coisa que não falta a Pimenta. Na língua e nas ideias...

Cheira-me que é negócio

Como é natural, o choque tecnológico vai levar o seu tempo a dar resultados e, entretanto, é preciso puxar pela imaginação para inovar na vida empresarial.

Foi o que fez a firma Celebrity Skin and Bodily Fluids, situada em Los Angeles, que se dedica à venda de fluidos de gente famosa,
pele, saliva, urina ou excrementos.
De entre os "fornecedores" destacam-se Mike Tyson, Burt Reynolds, Robin Williams, Robert Downey Jr. e Sara Jessica Parker.

Células desta última, vedeta de "O Sexo e a Cidade", valem 15.75 dólares.
A urina de Robin Williams custa 25 dólares e excrementos de Robert Downey Jr. rondam os 33 dólares.

O material é obtido através de uma vasta rede de agentes dignos de confiança e a autenticidade das amostras é garantida pelo Allanas Biological Research Facility, situado em Greeley, Colorado.
Não são aceites devoluções. Nenhum dos "fornecedores" famosos apresentou queixa.

Não sei se em Portugal haverá alguém com empreendedorismo suficiente para se lançar neste tipo de negócio, mas acredito que bons "fornecedores" não faltariam.

Carolina Salgado já deu a conhecer as flatulências de Pinto da Costa que, devida e oportunamente engarrafadas, poderiam fazer sucesso pelo Carnaval.

Mas outras boas sugestões poderiam ser células das bochechas de Mário Soares, pêlos da barba de Pacheco Pereira, saliva de Jerónimo de Sousa, fios da boina do Vitorino, cabelos do capachinho de Portas, suores frios de Louçã, amostras do diploma de Sócrates, salpicos de vomitado de Jardim, macacos do nariz de Scolari, extractos de chulé de Madaíl, pingos de suor do sovaco de Valentim ou lenços ranhosos de Saramago.

A Associação de Jovens Empresários decerto apoiaria e o nosso Primeiro-Ministro não deixaria de saudar o espírito de iniciativa e a demonstração de criatividade.

O Simplex garantiria a criação de empresas na hora. Vamos a isso?

Pontapés nos milhões

À primeira vista, quando futebolistas famosos, jovens e ricos pagam a raparigas profissionais por uns momentos de relaxamento e prazer, pode parecer estranho.

Todavia, se pensarmos melhor, poderemos chegar à conclusão de que se trata de uma medida de extrema prudência porque há muitas meninas à procura de maridos com fortuna, e os jogadores de futebol são um alvo preferencial.
E, se o casamento pode perspectivar um bom negócio, o divórcio é que está a revelar-se uma via rápida para a fortuna.

Que o diga a inglesa Claire Merry que acaba de se separar de Thierry Henry não sem que este lhe tenha concedido um autógrafo num cheque de 15 milhões de euros, obséquio a que não terá sido estranha a mãozinha dos mesmos advogados que trataram do divórcio de Carlos e Diana.

O futebolista francês encontra-se actualmente ao serviço do Barcelona e recebe 400.000 euros por semana, o que deve bastar para satisfazer os caprichos de uma actriz espanhola que o traz pela conhecida beiçola.

Ou eu muito me engano ou, qualquer dia, esta "salerosa" vai telefonar à Claire para lhe pedir o número de telefone dos seus advogados.

Ela não ignora que Thierry é Henryco partido...

Hipocrisia

As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) foram convidadas para a festa do Avante.

O escritor comunista Saramago considera as FARC terroristas.

O secretário-geral do PC, Jerónimo de Sousa, diz que discorda de um ou outro método das FARC , mas reconhece legitimidade na sua luta.

Jerónimo recusa-se a comentar as palavras de Saramago.

Por uma vez, concordo com Saramago.

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Um simples Expresso

O Cartaz do semanário "Expresso", na rubrica Exposições, dá conta da existência de "Palavras que Fazem Ver" - 57 Livros para a História da Filosofia Portuguesa.

Quem sabe um bocadinho destas coisas tem a noção de que se trata de uma exposição notável aquela que poderá ser visitada no átrio da Biblioteca Municipal até 22 próximo, dia em que ali terá lugar o colóquio sobre Rafael Monteiro, o homem na sua terra e na Filosofia.

Estamos perante acontecimentos de relevo e é de registar o reconhecimento que o destaque do Expresso constitui, contrastando com o silêncio da ilustre imprensa regional, à excepção do Nova Morada.
Também o Boletim Municipal e o sítio da Câmara referem a exposição.

A atenção que o modesto "Expresso" dedicou a esta exposição mostra que é um jornal que ainda não atingiu o estatuto de excelência dos prestigiados jornais de Sesimbra.

Se calhar, é por isso que ainda liga a estas iniciativas...

Quem fala assim...

Eu confesso que tenho muita dificuldade em aceitar nomes novos postos em conceitos antigos ou supostos neologismos idiotas.

Por isso, não vejo o que haja de novidade ou de diferente na palavra economicista.
Que nos traz ela de novo? Será a ideia, intenção ou aposta no lucro? Mas acaso, desde que há negócios, algum comerciante deixou de ter o lucro como meta? Acaso, há dez ou vinte anos, quando se dizia simplesmente económico, os homens de negócios desprezavam os lucros?

E o que é a massa crítica? Será português? Com o sentido que a expressão parece ter, eu falaria de base, dimensão, sustentáculo, lastro, peso, expressão, qualquer destas formas seguida de um adjectivo como suficiente, mínimo ou indispensável. Mas ... massa crítica?!!
Alguém me explica?

Ontem, o inefável Jorge Coelho falou, várias vezes, de crescimento negativo. Sinceramente, eu gostava de saber o que é isso de crescer para baixo. Evolução negativa, percebo. Resultado negativo, entendo. Mas crescimento negativo, não. Regressão, retrocesso, quebra, descida, não faltam designações. Ou estarei errado?

Aceitem isto como um exercício de férias, um desafio ao vosso empreendedorismo...

Fervura na água

Soube-se agora que a reconstituição da lota antiga foi decidida pela Câmara Municipal em cima do joelho. E que está a ser organizada às três pancadas. Não será outra, pelo menos, a conclusão a retirar do facto de a Dr.ª Felícia e o Vereador Polido terem, há pouquíssimos dias, reunido com o movimento associativo, para, enfim, se deitar mãos à obra.

Surpresos, logo os representantes das agremiações fizeram saber que pouco mais de duas semanas poderia ser muito pouco para se preparar qualquer coisa com jeito quanto baste. Com a conversa a acalorar-se, a Dr.ª Felícia declarou aos animados circunstantes que ia pôr um pouco de fervura na água. Fugiu-lhe a boca para a verdade. E, tratando-se da lota, piedoso será lembrar-lhe que pela boca morre o peixe. Há momentos assim, que valem a eternidade.

O que se me antolha algo bizarro é que a Dr.ª Felícia, depois da asneira perpétua e da plantaforma, ainda queira pôr mais fervura na água. Bem sei que é o que melhor sabe fazer. É lá com ela. Mas um dia, de tanto a água ferver na panela, a tampa salta.

Conviria, assim, que Augusto, moderados que foram os ímpetos no tocante à recepção da comunidade educativa (é, pelo menos, o que parece), voltasse a pôr alguma água na fervura. O problema é que a ementa que já se prepara para dia 22 aponta noutro sentido.

Com efeito, no meio do alarido, alguém, na dita reunião, se lembrou de que o peixe usado na encenação fosse dado às associações, que estas armassem as proverbiais barraquinhas na Fortaleza e que, com os assadores bem escondidinhos da ASAE, o servissem aos turistas, ou aos estrangeiros, ou lá o que era. Resta agora saber se a Dr.ª Felícia lhes fornece o carvão…

O lenço do adeus

Era mais ou menos esperado, foi esta noite.
Pavarotti ficou num silêncio que só não é definitivo porque temos o milagre da imagem e do som que não deixam que figuras desta dimensão cheguem realmente a deixar-nos.

Contudo, a verdade é que Pavarotti e tantos outros não chegam a fazer parte do nosso universo afectivo
, pertencem a outras galáxias de celebridades que contemplamos apenas à distância.
No fundo, passe a crueldade, pouca diferença nos faz saber se Elvis Presley já morreu ou se ainda continua a comer doces e a tomar medicamentos no seu rancho.
Elvis é a imagem que dele conservam os seus admiradores e essa é imutável, fica para a eternidade.


Graças à tecnologia, os nossos ídolos continuam vivos e ainda bem que assim é porque, desta forma, o nosso António Silva continua a ser visita das nossas casas e Amália permanece sentada a cantar baixinho, na salinha de costura onde as nossas mães se recolhem ao cair da tarde.

Pavarotti ficará na nossa memória como uma grande voz da ópera mas, sobretudo, como o insuperável intérprete das canções napolitanas.

Há muito que ele vinha acenando com o seu lenço branco, num gesto de adeus que nos recusávamos a
aceitar, fingíamos não perceber

Qualquer dia, fatalmente, será a vez de Aznavour, o sublime arménio que olha com nostalgia os seus
longínquos vinte anos, o tempo da boémia.

E quando ele se for, só poderemos dizer "Que c'est triste Venise"...

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Segundo andamento

Aqui ao lado (não confundir com o blogue "Ao meu lado"), à esquerda de quem abre esta Magra e elegante Carta, o visitante depara com um cartaz que dá conta daquilo que o Escriba ouve.

Esta expressão tão simples resume, afinal, a filosofia deste jornal de parede que as magas coitadinhas continuam sem perceber e, menos ainda, sem saber como encarar.

À primeira vista, o Escriba não devia ouvir, mas escrever.
Porém, acontece que ele tem um ouvido fino e requintado que o leva a deliciar-se com as grandes músicas que causam admiração ao próprio António Cartaxo, imaginem só.

Enquanto eu separo as cartas, ele deleita-se com os clássicos, sorri aos anjos. Às vezes nem ouve quando lhe falo, até parece estar a Mozart comigo...

E porque estas árias o inspiram, todo o seu fulgor sobe de tom, vibram os metais, trovejam os tambores e uivam os instrumentos de sopro quando, inopinada e desastrosamente, ele ouve desafinar um Sequerra, asneirar uma Peneque, disparatar um Patrício, cacarejar uma certa vereadora ou desatinar uma augusta personagem.

Tanto basta para surgir ora um Adamastor indomável ora um flautista sibilino igualmente implacável.

Porque o nó da questão está aí mesmo, no facto de o Escriba ouvir, ouvir coisas que ferem a sua delicada sensibilidade, o seu inegável bom gosto e a sua inteireza de carácter.

Por isso, os seus textos podem ter várias leituras, são pedaços repassados de certa forma de violência wagneriana mas, ao mesmo tempo, da ligeireza de Rossini, indo até ao ponto de acabar, por vezes, em refrões de ópera bufa. Depende dos enredos.

Fica feita esta descodificação que ninguém me encomendou. São bizarrias de carteiro, metáforas de fim de estação.
O que importa é que, felizmente, o Escriba ouve e, melhor que isso, escreve.

E cá p'ra mim, nunca houve um Escriba assim...