quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

É OPA

Talvez inspirado nas movimentações do BCP sobre o BPI e da Sonaecom sobre a PT, o Tomé da pastelaria acaba de lançar uma OPA sobre a loja do Palhinhas.

A notícia caiu como uma bomba nos meios locais e, à porta da praça, não se falava de outra coisa.
Argumenta o Tomé que, estando a pesca em prolongado estertor, poucos anzóis, chumbadas e cordame se há-de vender, ao passo que bolos, cafés e refrigerantes são artigos cuja procura sobe em flecha.

O Lucindo e o Hélio, surpreendidos e revoltados, não aceitam e já fizeram queixa na Capitania que, como se sabe, fica a meio caminho entre os dois estabelecimentos, pelo que o mediador parece encontrado.

Está já marcada uma Assembleia Geral de accionistas da "Casa Naval", ou seja, a loja do Palhinhas, enquanto o Tomé instalou uma banca à esquina e vai distribuindo matacões e suspiros a quem disser que está de acordo com a OPA.

A Liga dos Amigos de Sesimbra está a ponderar a hipótese de pensar em constituir um grupo de reflexão com vista à elaboração de um esboço de um hipotético projecto de redacção de um comunicado anunciando que é provável que venham a redigir uma moção se não chover antes do dia da procissão do Senhor das Chagas.

Ao ouvir falar em OPA, logo alguns membros da comissão organizadora da Festa foi ter com o senhor prior, assinalando que uma OPA é pouco.

Segundo declararam à Rádio local, serão necessárias muitas dezenas, tantos são os devotos que vão atrás do Senhor, envergando as garridas capas vermelhas também conhecidas por opas...

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Há limites

Diz o insuspeito "24 Horas" que Madaíl quer falar com Deco caso se confirme a história da prostituta.

Eu compreendo a motivação do presidente da Federação Portuguesa de Futebol.
Como, ao que consta, o caso teria acontecido após o desafio Portugal-Brasil, podemos aceitar a ideia de que o jogador, mesmo terminado o jogo, estivesse ainda ao serviço da Pátria.

Nessa ordem de ideias, Deco continuaria a ser, de certa forma, um subordinado de Gilberto Madaíl, pelo que não pode recusar-se a responder às perguntas nem a dar as explicações que lhe forem pedidas.

Agora não está obrigado, de maneira nenhuma, a fornecer a Madaíl o número de telemóvel da pequena e, muito menos, a interceder para que ela faça ao senhor presidente o jeitinho de uma tarifa sénior...

No melhor pano...

Mau tempo para as Universidades, meus amigos, aviso de borrasca, alerta laranja descascada, no mínimo.

Há tempos, foi o escândalo da Moderna, um folhetim do tamanho de uma montanha que acabou por parir um episódico rato.

O curioso é a escolha do nome da Universidade. Moderna? Porquê Moderna?
Será que as outras todas são antigas, desactualizadas, obsoletas, caquéticas?
E no que deu a modernidade da Universidade? No que sabemos...

Agora temos aí a Independente. Porquê Independente?
Será que as outras andam de chapéu na mão a pedir esmola e/ou subsídios?
Será que não são livres na escolha dos professores e das matérias?
Será que obedecem a alguma seita, loja ou armazém secreto?

O certo é que a Universidade Independente surge associada (alegadamente, apresso-me a acrescentar, uff) a fraude fiscal, tráfico de diamantes e falsificação de assinaturas e documentos.

Estarão as nossas Universidades loucas? Que licenciados, mestres, contramestres, Doutores e Professores Doutores põem cá fora?
Haveria necessidade de tal leviandade em tanta Universidade? Valha-me o Diácono, ó santinhos.

Pelo sim, pelo não, já acendi duas velas e três lamparinas, pensando no que por aí podem começar a dizer da nossa Universidadezinha Seniorzinha, postadinha à beira da estradinha entre Santana e Cotovia.

Passem palavra aos vossos amigos, familiares e conhecidos de confiança.
Não quebrem esta corrente, acendam uma vela pela nossa Universidade que não será Moderna (por ser Sénior) nem Independente, pois tem a ajudinha dos Rotários.
Mas que é asseada e de boas famílias.

Não é por estar à beira da estrada que tem que ter o estigma das universidades que se portam mal...

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Rocky

Uma das grandes máximas do léxico futebolístico é "não há dois jogos iguais".
Da mesma maneira que não há duas equipas iguais, ainda que mantenham os mesmos jogadores de uma época para outra.
Por isso, aquela lengalenga das estatísticas é maçadora e totalmente desprovida de significado.

Vem isto a propósito do próximo adversário europeu do Benfica, o Paris Saint-Germain.

O Dínamo de Bucareste nunca foi grande espingarda e, depois de dois meses sem competição, foi presa fácil para os encarnados que aproveitaram para encher o peito e voltar com sonhos de novos voos da águia.

A primeira jogada psicológica é endeusar o PSG, rotulando-o de grande baluarte do futebol francês. Em tempos, foi campeão, é verdade, mas hoje é um tigre de papel pardo.

Factos são factos : a equipa de Pauleta está em 17º lugar, com os pés na linha de água, só não estando na zona de despromoção por uma diferença de golos com o Valenciennes, salvo erro.

Serve isto para colocar as peças no seu sítio, antes que surjam os títulos de caixa alta a gritar ao mundo que o Benfica eliminou o temível PSG, ex-campeão de França.

Tem obrigação de vencer, mas se o fizer, não é motivo para se falar em feito histórico e outras baboseiras de circunstância.

Porque o PSG de hoje é uma sombra, talvez uma saudade, para alguns. E não vai ressurgir das cinzas assim, de repente.

Um regresso milagroso de um passado distante de glória é coisa romântica e empolgante, mas não sucede com o depauperado PSG, apenas acontece com o Stallone quando este calça as luvas do Rocky Balboa...

Óscares à Portuguesa

Agora que terminou a cerimónia da atribuição dos Óscares, observo que alguns dos actores e filmes seleccionados poderiam perfeitamente adaptar-se à realidade portuguesa.
É evidente que, num exercício deste tipo, se fôssemos buscar títulos antigos, talvez obtivéssemos melhor efeito. Porém, actualidade é actualidade e é sempre um desafio olhá-la de outra maneira.

Assim, uma das obras premiadas bem poderia ter sido produzida pelo CDS-PP, tendo como vedetas principais Ribeiro e Castro, Nuno Melo, Telmo Correia e Pires de Lima.
Realização, encenação e argumento de Paulo Portas.
Esse filme só poderia ser "Entre Inimigos".

O prémio da interpretação feminina cabe, sem dúvida, à grande artista que é "A Rainha" das fugas para o Brasil, dos banhos de multidão comprada e dos incontáveis sacos azuis.
Senhoras e senhores, o troféu vai para Fátima Felgueiras.

Ele é o último dos Moicanos, o inimigo dos Cubanos, o rei de todos os Carnavais. Ele é, sem dúvida, "O Último rei da Escócia", do Uganda ou da Madeira.
Ele é Alberto João Jardim, herói tragicómico por excelência.

Eles falam, falam, agitam papéis, trocam ameaças, ninguém os entende no reino da confusão. Eles são os intérpretes desta Babel que envolve os voos da CIA e os encerramentos na Saúde.
Eles são Correia de Campos, Luís Amado e a diva exaltada Ana Gomes.

Toda a gente sabia, há anos, há décadas. Mas agora veio ao de cima.
É o que se pode chamar "Uma Verdade Inconveniente". É o Apito Dourado.
Não posso fornecer a lista dos intervenientes neste filme altamente explosivo, não chega o espaço deste blogue.

As fitas vão continuar...

Relações laborais

Segundo o jornal sensacionalista "News of the World", o jogador Deco foi filmado a praticar sexo com uma prostituta de Leste que cobra 1.500 euros por actuação.

A notícia é surpreendente e tem contornos chocantes, sobretudo para a mulher do futebolista que se encontra grávida de cinco meses.

Não sei se a notícia tem ou não fundamento, mas seria estranho que tais cenas tivessem acontecido porque, entre outras razões, qualquer futebolista famoso tem à mão de semear inúmeras meninas dispostas a executar transições defesa-ataque, a cortar linhas de passe, a fazer pressão alta, a entrar com tudo, sem obstrução, a desproteger a baliza, a não formar barreira, a jogar com as mãos, corpo-a-corpo, ir a prolongamento, a dar tudo por tudo até um dos dois ficar fora de jogo.

Se calhar, tratou-se apenas de um mal-entendido. O mais provável é que a fina alternadeira tenha procurado o jogador para lhe explicar (e para lhe provar adequadamente) que não têm a menor razão os clientes que, porventura, se queixem dos seus serviços.

E bateu ela à porta certa, à porta de DECO, exímio na defesa do consumidor...

Obrigatoriedade? Não, obrigado.

É verdade, nunca tive jeito para empatar anzóis e quem me safava sempre era o Lucindo, naquela mesma "Casa Naval" onde ainda hoje está.
Na altura, era a loja do Palhinhas...
Apesar de não ser pescador hábil, como o João Mau ou o tio Joaquim Sobral, gosto de apanhar na rede peixões saborosos que são as curiosidades da língua portuguesa que ouvimos e lemos por aí.

É mais forte do que eu, capto facilmente particularidades que nem sempre são erros, mas que se revestem de curiosidade.
E apenas embirro com a petulância de quem toda a vida disse "Era de esperar" e que agora exclama solenemente "Era expectável".

Na mesma ordem de ideias está a grande moda da obrigatoriedade que enche a boca de políticos, jornalistas, de todo o bicho careta que tem honras de telejornal.

Ora bem. A forma como está a ser (ridiculamente) usada a palavra obrigatoriedade é errada. Errada e pedante.

Podemos dizer que é obrigatório circular pela direita. E também podemos dizer que essa obrigatoriedade é discutível. Isto está correcto.

Porém, é errado dizer que temos a obrigatoriedade de andar à direita. Temos, sim, a obrigação, ou seja, o dever.

Não me perguntem o que leva esta gente toda a dizer que tem a obrigatoriedade de fazer isto ou aquilo. Será por ter mais sílabas? Acaso soa melhor? Tem mais salero?

O certo é que a asneira (a meu ver) alastra porque há pessoas que pretendem distinguir-se falando de forma diferente, ainda que errada.

E o pior é que se trata de pessoas que deviam sentir-se na obrigação de falar correctamente a língua portuguesa...

domingo, 25 de fevereiro de 2007

Sénior ou júnior?

Como é sabido, Sesimbra passa agora a dispor de uma Universidade Sénior (ao que julgo) patrocinada pelo Rotary Club.

Eu sei que, neste Portugal moderno, tudo é super e hiper, mas não posso deixar de manifestar a minha surpresa ao contemplar aquela adorável casinha à beira da estrada mantida e que ostenta o nome pomposo de Universidade.

Admito que ignoro tudo dos planos da instituição e possa estar a fazer juízos incorrectos.
Ainda assim, atrevo-me a duvidar da justeza da designação de Universidade.
Diversidade, multiplicidade de disciplinas, acredito que venham a existir. Mas Universidade...

Enfim, tudo é possível, e títulos e água benta, cada um rega-se como gosta.
Aliás, há quem acredite que, ali bem perto, há um Centro de Estudos Culturais e, pasme-se, uma creche em pleno funcionamento.

No fundo, nada nos deve espantar pois também o Sporting fundou uma Academia em Alcochete.

Além disso, é verdade que a casinha faz lembrar Coimbra.

Não a Universidade, mas o "Portugal dos Pequeninos"...

Vacas loucas

Bruscamente na semana passada, o país voltou a ser colocado perante o velho fantasma da doença das vacas loucas. Em voz baixa, discretamente, entre duas novelas e um jogo de futebol, o Governo murmurou que, sim senhor, se registaram duas mortes, dois jovens do Norte.
Soube hoje que há uma terceira vítima.

A primeira razão de estranheza é a forma quase subreptícia como são divulgadas, por parte das entidades responsáveis, estas inquietantes notícias.

Outra razão de espanto é a subserviência e a conivência da Comunicação Social (leia-se Televisão) que, por uma vez, não faz títulos de caixa alta, chamadas de atenção repetidas nem envio de jornalistas para o terreno a fim de investigar o que realmente se está a passar.

Será que estão a tentar evitar o pânico? Se assim não é, por que motivo não nos dizem onde é que viviam as pessoas falecidas? Que comeram elas? Mioleira? Tripas? E os seus familiares não comeram? Foram já sujeitos a exames?

Estas e outras perguntas deveriam ser feitas a quem de direito por jornalistas que, habitualmente, entrevistam meio mundo, fazem mil perguntas e se pelam por intervenções junto dos populares.

Esperemos que, à força de falarem de vacas, não nos tomem por burros...

Má língua

Discordo em absoluto da realização do chamado Campeonato Nacional da Língua Portuguesa. Num país com tão flagrantes carências nesta área, parece-me totalmente despropositada uma tal competição que mais não visa do que fazer algum espectáculo.

Culturalmente é anódino e inútil.
E faz tanto sentido como organizar um concurso de "Nouvelle Cuisine" no actual Zimbabwe.

Importante não é um qualquer erudito consultar uma gramática ultracompleta ou um dicionário sofisticado para responder à pergunta inacessível, mas sim ajudar o comum dos portugueses a corrigir os erros mais frequentes, a evitar neologismos pindéricos, a construir correctamente as frases, por exemplo.

Para isso, basta ter ouvidos e olhos atentos ao que se diz e escreve na nossa Comunicação Social, os vênhamos, os póssamos (salvé, senhor ministro da Agricultura) e tantos outros lapsos.

Irónico e curioso, é observar o que escreveu no "Expresso", a propósito deste Campeonato, o jornalista António Loja Neves. Tomem nota pois é mesmo notável.

" 861 é o número de professores que vai monitorizar os 23 mil alunos...".

Ou seja, quem vai monitorizar é o número, não os professores. Admirável!

E, já agora, vai quê? Como disse? Monitorizar ?

Com jornalistas destes, o que faz falta é uma boa escola de adultos...

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

Conversas subliminares

Eu confesso desde já (e não desde logo) que sinto certa vergonha ao revelar que vejo, de vez em quando, o concurso "Um Contra Todos".

Como alguns saberão, o apresentador é o adiposo e xaroposo José Carlos Malato que, além de falar de mais e se achar engraçado, comete com frequência a indelicadeza de ajudar alguns concorrentes.

Foi, notoriamente, o caso desta noite em que o senhor Malato fez tudo quanto pôde para levar à vitória a engenheira Luísa Lima.

Às tantas, a senhora confessou não saber a resposta, mas disse que, por intuição, se inclinava para uma das três hipóteses.

Logo o solícito Malato (sabendo que a resposta estaria certa) a aconselhou a seguir a intuição.
E repetiu a ajuda mais do que uma vez.

Mas teve azar o parcial apresentador, pois a senhora acabou por errar.

Mas o mais espantoso foi ver o senhor Malato a enchê-la de elogios e, praticamente, a justificar-se por não ter podido orientá-la para a reposta certa.

Disse ele, mais ou menos, que há perguntas que não se prestam para conversar.
Conversar, senhor Malato? É a isto que o senhor Malato chama conversar?

Será que me está a levar por pargo, Malato?

Línguas loucas

Cada vez estou mais decidido a procurar uma escola onde possa fazer uma reciclagem em Língua Portuguesa, pois já não consigo acompanhar a esmerada eloquência das excelências que moram dentro dos nossos televisores.

Há uns minutos, um intrépido jornalista da SIC (Miguel Torrão), de peito feito diante do mar, em Esmoriz, perguntava ao seu entrevistado se, para esta noite, previa alguma janela de vigília.

Já não bastavam as janelas de oportunidade, vem agora um Torrão postado junto do mar, com esta requintada figura de estilo.

Mas logo surgiu o presidente da Câmara de Ovar a garantir que está a monitorizar a situação. Confesso que fiquei muito mais tranquilo, porque se o senhor nos dissesse que está apenas a acompanhar, a seguir ou a controlar, seria insofismavelmente menos eficiente, claro.

Porém, o Óscar da asneira vai para o nosso Ministro da Agricultura, Jaime Silva, que (sem sequer cofiar o seu cinéfilo bigode) nos brindou com um vênhamos e um póssamos que abriram em mim uma janela de vigília para futuras declarações suas que, obviamente, irei monitorizar atentamente.

Ó senhor Ministro, por acaso não comeu nenhuma língua de vaca louca?

José Afonso

TRAZ OUTRO AMIGO TAMBÉM

Amigo
Maior que o pensamento
Por essa estrada amigo vem
Não percas tempo que o vento
É meu amigo também

Em terras
Em todas as fronteiras
Seja benvindo quem vier por bem
Se alguém houver que não queira
Trá-lo contigo também

Aqueles
Aqueles que ficaram
(Em toda a parte
Todo o mundo tem)
Em sonhos me visitaram
Traz outro amigo também




Os poetas não morrem, a boa música é eterna.

Presto homenagem a José Afonso, admirável artista, homem livre e de convicções.

Bombom

A globalização ainda não é total nem perfeita, nem mesmo nos USA.

A prova disso está na ausência de harmonização e de concertação evidente nos títulos de dois filmes muito recentes.
Um é "O Bom Pastor", de Robert de Niro, com Angelina Jolie e Matt Damon.
O outro é "O Bom Alemão", com George Clooney.

Ora, não teria sido mais simples aquela gente encontrar-se, conversar, beber um copo e acordar em juntar esforços?

Não era precisa qualquer OPA, apenas sinergia, economia de escala, racionalização.

Dessa forma, em vez de dois, teríamos um só filme, de maior duração, talvez, e toda a gente ficaria a ganhar.

Lógica e elementarmente, " O Bom Pastor" e "O Bom Alemão" dariam lugar a " O Bom Pastor Alemão".

Até a Sociedade Protectora dos Animais agradeceria...

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Augusto, Raul Augusto e o Dia de Reis

Raul Augusto Pinto Rodrigues não gostou do que viu em Janeiro, no sábado, dia 6, Dia de Reis, no Jardim de Sesimbra. Raul Augusto é um homem frontal – que o diga Esequiel – e, para que Augusto saiba, disse agora o que lhe vai na alma, no JORNAL DE SESIMBRA do mês passado.

Bem pode Raul Augusto dirigir a sua prédica às oito ou nove pessoas que estavam em cima do palco, que nem por isso os destinatários deixam de ser apenas dois: Augusto, o homem do leme, o timoneiro da nau, o rei do concelho, centro das atenções no augusto e régio Dia de Reis que resolveu comemorar para sua maior glória, e a inevitável Felícia, contra-almirante, lugar-tenente deste navio que deu à costa.

Não sei se Raul Augusto chegou verdadeiramente a apoiar Augusto. Mas sei que terá dado ao seu projecto político o crédito suficiente para ter aceitado participar, como convidado, numa sessão pública pré-eleitoral em que a CDU se propôs debater assuntos culturais.

Sei também que Raul Augusto parece estar desencantado com a gestão de Augusto. E dá conta de que muitos sesimbrenses já estão “francamente desiludidos”. Os recursos, quer humanos, quer outros, opina Raul Augusto, continuam “escandalosamente a ser desbaratados”.

Mais diz Raul Augusto que “não bastam as aprovações de cada vez mais blocos de cimento armado, de urbanizações por tudo quanto é sítio, de campanhas de limpeza que por falta de mão firme são ridicularizadas, de grande publicidade a todo o tipo de festas, festinhas, festarolas e outros eventos, com o respectivo aproveitamento político e direito a fotografia no boletim municipal.” E, prossegue Raul Augusto, “sem rodeios digo que certamente fizeram algumas coisas boas, mas também mal seria que não. Foi o que prometeram ao povo na campanha eleitoral e é para isso que vos pagam e a todo o enorme staff que vos aconselha, ou não.”

Raul Augusto não fica por aqui. E, muito oportunamente, pergunta: “Então e os espaços verdes na vila; e os parques de convívio e lazer; e o estado lastimoso dos caminhos e estradas municipais; e a vergonha dos acessos ao mercado da Lagoa; e a desadequação e falta de manutenção das pontes e pontões, alguns em muito mau estado; e o escombramento, taludagem e consolidação das rochas que ladeiam pela direita a perigosa estrada de acesso ao porto de abrigo…??? Não é por falta de queixas que não continuamos este extenso rol, tal facto deve-se unicamente à falta de espaço.”

Raul Augusto exorta ainda: “Façam um profundo exame de consciência, uma autocrítica honesta e concluirão, tal como uma boa parte da população, que o vosso desempenho até agora tem tido um saldo negativo.”

Raul Augusto escreve tudo isto num artigo que intitula “Vamos esperar…”, e, na verdade, os dois últimos parágrafos do escrito revelam alguma esperança, que é a virtude de quem espera. Eu creio, todavia, que Raul Augusto vai precisar de uma cadeira…

Fair Play

Não fomos nós, foram eles, os ingleses, os inventores da expressão "fair play" que designa o espírito desportivo, correcto, elegante, honesto, leal, etc.

Ora, se a fórmula é bonita e a intenção elogiável, já a prática deixa muito a desejar.
Já não falo dos hooligans, esses rufias disfarçados de adeptos que semeiam a violência por onde passam.

Pior é quando jogadores, treinadores e dirigentes aplaudem um gesto desleal, anti-desportivo e miserável cometido diante dos olhos de milhões de pessoas.

Sucedeu no desafio entre o Lille e o Manchester United quando um jogador inglês marcou um livre (que deu golo) enquanto os adversários estavam a formar barreira. E sem o árbitro apitar.

Vergonhoso, simplesmente vergonhoso, com o glorioso Manchester a fingir que não houve deslealdade, apenas perícia e desembaraço do seu jogador.

Idêntica falta de dignidade sucedeu, há pouco tempo, entre nós, com um golo (do Paços de Ferreira ao Sporting) marcado com a mão.

O gesto até pode ter sido instintivo, não premeditado. Mas inqualificável é ninguém daquele clube ter tido a nobreza de reconhecer a ilegalidade do lance.

Do Fair Play à esperteza saloia e à falta de carácter vai um fora-de-jogo de posição...

O ouro e o pechisbeque

A autenticidade e a verdadeira importância das datas, das quadras, das festas, dos diversos acontecimentos, medem-se pelo grau de enraizamento que chegam a ter na nossa memória e/ou no nosso coração.

Os aniversários dos que nos são queridos não nos saem do pensamento.

O Natal, apesar do consumismo, começa a ser sentido e vivido muito antes do dia 25.
E o seu espírito, o que resta da sua poesia, perdura por algum tempo ainda.

Por isso, não sei se é má vontade minha, mas apetece-me perguntar :

O Carnaval já acabou? Há quanto tempo foi?

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

Quem encomendou o (fraco) sermão?

O Procurador Geral da República foi hoje o convidado de Judite de Sousa na "Grande Entrevista", na RTP.

Como seria de esperar, a entrevistadora (com o Apito Dourado ou a Câmara de Lisboa em mente) teve por objectivo dominante tirar nabos da púcara, enquanto o dr. Pinto Monteiro se ia limitando a dizer que não podia responder.

Perante um quadro destes, só podemos concluir que ambos perderam uma belíssima ocasião de estar calados.

Se não vejamos.
É espantoso que uma jornalista experimentada possa ter imaginado que o Procurador Geral da República fosse à televisão revelar segredos de processos que estão em segredo de Justiça. Santa ingenuidade!

Por outro lado, sendo as coisas o que são, que raio foi o homem lá fazer?
Se já sabia que nada de relevante poderia dizer, por que aceitou o convite?

Esta exposição mediática não traz qualquer benefício para a Justiça nem satisfaz a curiosidade dos telespectadores. Foi um equívoco desnecessário e penoso.

Por último, refira-se que Judite de Sousa é que foi a verdadeira procuradora pois procurou desatar a língua ao dr. Pinto Monteiro, embora sem êxito.

E a nota mais curiosa terá sido a insólita situação de vermos um Procurador Geral da República a ser interrogado pela Judite...

Quem diria?

Por falar em multimilionários, parece que o russo Abramovich, dono do Chelsea, está a pensar em devolver cartas e fotografias e acabar o namoro com o futebol, paixão que lhe tem custado os olhos da cara e centenas de milhões de euros cuja proveniência desperta tanta inveja como suspeita.

Nestas circunstâncias, é natural e compreensível que José Mourinho ande preocupado.
O homem, coitado, é casado, tem dois filhos de tenra idade, e pode ver-se sem salário ao fim do mês.

Parece (não posso garantir) que, enquanto ele está hoje com o Chelsea no Porto, a mulher e as crianças se postaram diante do iate de Abramovich e dali não saem enquanto não forem desfeitas as dúvidas sobre o futuro do treinador.

Solidário com a angústia de Mourinho, o Sindicato dos Treinadores de Futebol já iniciou uma recolha de fundos, roupas e géneros alimentícios.

A quem estiver interessado, há também uma conta aberta num banco suíço onde os miúdos guardam os seus porquinhos-mealheiros. O número da conta é SOS 112 112.

Shame on you, Abram! Devias ter vergonha, Abram! Ovites ou queres que repita?

Nem o pai morre...

Os multimilionários do nosso país executam muito a sério o que, no jogo do Monopólio, os miúdos fazem por brincadeira.
Os milhões andam no ar, há lucros supersónicos que levantam suspeitas e desafios na praça pública financeira, através dessa figura moderna que é a OPA.

Há tempos, a Lisbon Brokers poderá (diz-se) ter deixado escapar (sem querer, naturalmente) a informação de que se preparava uma OPA do BCP sobre o BPI.

E assim foi que alguns transeuntes que, por afortunado acaso, iam a passar, acharam graça ao palpite e foram, num instante, comprar uma alcofa de acções que, (milagre da multiplicação dos dividendos) passados dois dias, valiam muitíssimo mais do que custaram. Acontece...

Entretanto, a Sonaecom e a PT andam a jogar ao gato e ao rato. Ou talvez seja poker.
Ou ping-pong, não sei.

O certo é que o mano-a-mano se arrasta e a indecisão perdura, nem a PT cede nem a Sonae com...

Incompetência

Segundo li hoje,o TIC (Tribunal de Instrução Criminal) declarou-se incompetente para julgar a suspensão do processo do futebolista Luisão que, como estareis recordados, foi apanhado a conduzir com um grãozinho na asa.

Como um magistrado dos Juízos de Pequena Instância também já se tinha declarado incompetente para julgar o caso do senhor Luisão, o processo foi remetido para o Tribunal da Relação de Lisboa.

Com tudo isto, de incompetência em incompetência, no fim de Maio acaba o campeonato, e o mais provável é o senhor Luisão abalar para Itália. Ou algures.

Resultado: adeus trabalho comunitário que o senhor Luisão tanto gostaria de fazer.

Assim vai a Justiça em Portugal, ao ritmo e ao sabor da incompetência...

terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

O corpo, a cabeça, os olhos e a barriga

Já tinha dito aos meus botões que não iria aqui deixar uma única palavra do meu latim, nem verter uma só lágrima do meu desencanto, sobre o Carnaval – entenda-se o Carnaval de Sesimbra. O tempo é precioso e eu tenho, na verdade, mais que fazer. O breve artigo, sugestivamente intitulado Temos um Carnaval com corpo mas sem cabeça, que o engenheiro Carlos Macedo, representante do Bloco de Esquerda no concelho, assinou no NOTÍCIAS DA ZONA de ontem fez-me, entretanto, mudar de ideias.

Do Carnaval, começa o engenheiro Macedo por escrever que “desde há algum tempo que esta é a maior manifestação cultural do Concelho (infelizmente é, também, a única)”. Temos aqui dois problemas que são dois mistérios.

Um é o problema da “maior manifestação”, cujo mistério está em se enunciar uma comparação de um só termo. Uma manifestação cultural que é simultaneamente a maior e a única torna-se um caso sério, por irremediavelmente ficar sem resposta a pergunta: “Maior do que o quê?”

Outro é o problema da “única manifestação”, cujo mistério está em se ignorar, por sistema, a realização de colóquios e conferências, concertos e exposições, lançamentos e visionamentos, “workshops” e “ateliers”, e em se ocultar o funcionamento regular de uma Biblioteca Municipal e de um Museu Municipal.

Pode, no entanto, o engenheiro Macedo perfilhar um qualquer conceito de manifestação cultural que, de momento, me tenha escapado. Talvez assim se compreenda que o mesmo engenheiro Macedo afirme que o Carnaval tenha de “ser encarado como um produto rentável”, por ser “imoral que sejam os nossos impostos a pagar um evento que, pelo simples facto de não estar bem estruturado, não gera a riqueza que devia”. Confesso a minha perplexidade ao ver um homem de Esquerda – de Esquerda pura e dura – a falar assim de uma manifestação cultural que, por acaso, é, nas suas palavras, a “maior” e a “única” do concelho de Sesimbra. Nos livros da especialidade, chama-se a isto liberalismo, coisa que talvez o faça benzer-se.

Sejamos claros: se, enquanto manifestação cultural, o Carnaval tivesse verdadeiro mérito, promovesse realmente aquilo que se espera da Cultura – o livre desenvolvimento da personalidade humana –, não deveria repugnar a um homem de Esquerda – de Esquerda pura e dura – como é o engenheiro Macedo que os dinheiros públicos municipais suportassem parcialmente o evento – como, há largos anos, tem sucedido.

No fundo, o engenheiro Macedo sabe tão bem como eu que o Carnaval, simiescamente abrasileirado, de Sesimbra não passa de mero espectáculo, de pura diversão, de simples entretenimento. Convém, aliás, de ordinário, aos poderes instalados que as pessoas andem entretidas – que estejam presas ou fiquem enredadas entre dois pontos quaisquer. Não tenho nada contra o facto de as pessoas se divertirem, mas não gosto de que me atirem areia para os olhos.

Os méritos culturais do Carnaval de Sesimbra são absolutamente duvidosos. Mas o seu relativo gigantismo tem custos desmesurados. Daí advém a aparente “má consciência” do engenheiro Macedo, ao afirmar que o Carnaval não pode ser encarado “como um saco roto onde a Câmara Municipal deposita dinheiro”. Nisso estou de acordo com ele.

Na verdade, este Carnaval começa a fazer parte da tragédia que o concelho de Sesimbra vem vivendo. A par das pirotecnias e das recepções à comunidade educativa, os folguedos do Entrudo contribuem sobremaneira (segundo Augusto, este ano foram “apenas” 80.000 euros desembolsados pela Câmara) para que medre o sugadouro de verbas que nos faz continuar a penar na menoridade sócio-cultural. Dir-me-ão que, por estes dias, por causa dos corsos, os restaurantes sempre estarão cheios e que as lojas vão fazer negócio. Acontece que a ventura fugaz dos comerciantes não é, por certo, a única, ou sequer a principal, meta a ponderar quando se gere o erário público. Ainda assim, haverá formas mais inteligentes de lhes proporcionar réditos e benefícios com regularidade. Claro que, para isso, não basta que o corpo tenha uma cabeça. É preciso também que a cabeça não tenha mais olhos do que a barriga que o corpo tem.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

O regresso do Dr. Sequerra

Por um insondável desígnio, o Dr. Sequerra deixou o amanho remansoso do quintalinho desportivo que presentemente cultiva nas páginas de O SESIMBRENSE e, na mais recente edição deste jornal, subscreve uma crónica em que considera estar a “Biblioteca de parabéns!”. O Dr. Sequerra começa o seu escrito lembrando-nos que quem se considere verdadeiramente sesimbrense, por nascimento ou convicta adopção, não pode nem deve desperdiçar o mínimo ensejo de dizer bem de Sesimbra, seja por que motivo for. Mais opina o notável plumitivo que um vasto leque de incorrigíveis maldizentes, entre mal informados e, também, mal formados, carece de uma forte contra-partida dos que querem e podem dizer bem da “Piscosa”.

A gente lê, pasma e não acredita. Quando o Dr. Sequerra alude a inominadas pessoas que reputa de “mal informadas”, será, talvez, conveniente lembrar-lhe essa sua extraordinária galegada, peça de antologia, que foi o episódio das bandeiras azuis, no ano que passou. E também fazer-lhe ver que, só neste seu curto escrito de agora, incorre em duas inexactidões clamorosas. Nem a biblioteca funciona seis dias por semana como ele assevera (a menos que contabilize a segunda-feira, em que se encontra fechada ao público); nem Anabela Santos, que distingue a par de Rui Costa Marques, trabalhou, alguma vez, na Biblioteca Municipal. Quero, aliás, acreditar que o Dr. Sequerra confundiu a Dr.ª Maria José Albuquerque com a Dr.ª Anabela Santos, pois não encontro outra explicação para o facto insólito de nunca nomear a primeira destas funcionárias da Câmara, que tão brilhantemente tem dirigido a Biblioteca Municipal.

Mas, no inalcançável juízo sequerriano, os incorrigíveis maldizentes, além de “mal informados”, são também pessoas “mal formadas”. Mesmo que o anterior director de O SESIMBRENSE tenha, quase por sistema, atropelado os direitos de resposta dos leitores (a começar pelos do Presidente Amadeu Penim) ou deturpado a verdadeira história do opúsculo de António Reis Marques sobre a história do jornal, ou que, ainda enquanto mero colaborador, se tenha permitido verberar nas colunas do periódico, por “delito de opinião”, esse outro colaborador do jornal da terra que foi o ancião António João Fernandes, e que lamentavelmente viria a falecer, em Agosto de 2001, poucos dias depois do correctivo verbal aplicado pelo Dr. Sequerra.

Mas agora o antigo director é um homem novo e não permite que ninguém diga mal da sua Sesimbra. Sequerra não deixa que ninguém toque na sua menina, nem sequer com uma flor. Sim, para má-língua bastaram os anos em que o Dr. Sequerra disse da gestão de Amadeu Penim o que Maomé não ousou dizer do toucinho, e, logo depois, os meses em que louvou Augusto e Felícia como um islamita não louva Alá.

Agora, o mesmo Dr. Sequerra que, enquanto director de O SESIMBRENSE, quase ignorou a inauguração da Biblioteca Municipal, acontecimento então relegado, na capa do jornal, para um plano secundário, em detrimento da colossal façanha que foi a recepção ao professor de 2005, vem confessar-nos, no seu plural majestático de presumido senador, que enaltecendo a Biblioteca, sentimo-nos bem connosco próprio. Eu quase estaria tentado a acreditar num acto de contrição, se não conhecesse de ginjeira esta criatura. E, ou muito me engano, ou anda medalha de mérito municipal na costa.

Ah, Grandes Portugueses!

É inquestionável o direito que cada um tem a divertir-se, mas não deixa de ser paradoxal esta onda de aparente alegria, de exuberância e de entusiasmo num país que tem muito mais motivos para chorar do que para rir.

Bem sei que tristezas não pagam dívidas, que a vida são dois dias e que há que deitar os problemas para o lixo durante algumas horas. Talvez.

Mas a forma como se processa essa fuga à realidade, o modo como tanta gente se transfigura e exibe expressões de inesperada e pouco compreensível felicidade, isso dá que pensar.

Sobretudo porque estes supostos estados de alma não surgem naturalmente, não brotam de acontecimentos de raiz profunda como o que sucedeu no 25 de Abril , uma vitória eleitoral ou, até, um triunfo da selecção de futebol.

Pelo contrário, é uma alegria decretada por calendário, com um estranho bónus concedido a uma função pública de tão má imagem neste país.

E este simulacro de Carnaval abrasileirado que Portugal adoptou só serve para acentuar a falta de originalidade e a incapacidade de preservarmos os nossos valores.

É um Portugal descaracterizado este em que vivemos, com uma língua mutilada por abreviaturas, estrangeirismos e neologismos rascas, gel nos cabelos ouriçados, óculos escuros descomunais, barriguinhas gordas à mostra, telemóveis futuristas, férias na neve e em Cuba a prestações, casamentos de arromba (também a prestações) e proezas idiotas para o Guiness onde ocupamos certamente o primeiro lugar no endividamento das famílias.

É Carnaval, é Portugal...

O infiltrado

É o título de um bom filme, com Denzel Washington e Jodie Foster.

À primeira vista, nada terá a ver com futebol, mas, se olharmos com atenção, há coincidências interessantes.

O treinador Rogério Gonçalves foi hoje afastado do comando técnico da equipa do Braga, ficando no seu lugar o até agora adjunto, Jorge Costa, ex-jogador do FC Porto.

Ontem, o Braga perdeu com o Leiria, equipa comandada por Domingos Paciência ex-jogador...adivinhem de quem? Do FC Porto, carago.

É esta uma das formas de controlar à distância e exercer um magistério de influência indirecta, através da colocação de peões estratégicos.

Sobretudo agora que a fruta e o chocolate antes servidos aos árbitros são analisados à lupa.
Daí a vantagem de novas formas subtis de gestão de recursos.

Alguma coisa há-de dar à Costa. Simples questão de Paciência...

Meia de Jardineira

Eu bem sei que é Carnaval, mas nem por isso deixa de ser estranha a notícia segundo a qual o Dr. Jardim se apresta a demitir-se do cargo de Chefe do Governo Regional da Madeira.

Em protesto contra a Lei das Finanças Locais que um tal Sócrates mandou fazer e um tal senhor Silva promulgou.

Obviamente (e a ser verdade), tudo indica tratar-se de uma esperteza jardineira para provocar novas eleições e prolongar o mandato.

Mas vamos admitir que será assim.
Pensará o Dr. Jardim que a sua manobra possa levar o Governo a alterar ou retirar a Lei que ele contesta?

Não parece que tal viesse a suceder.
Mas então, se Jardim for reeleito e a Lei se mantiver, que fará o D. Alberto João? Demite-se outra vez?

O que é evidente é que o líder madeirense está solidamente agarrado à cadeira do poder e, com esta e outras manobras, apenas pretende reforçar e eternizar a sua posição.

Palpita-me que dali não sai, a não ser que tropece nas voltinhas do bailinho e caia da cadeira.

Como o outro...

De encontro às calinadas

O eminente professor Marcelo voltou ontem a utilizar a expressão ir de encontro a em vez do correcto ir ao encontro de.
É estranho como tanta gente dá este erro tão grosseiro, sobretudo porque se trata de moda recente.
Devia o senhor professor ter mais tento na língua pois as suas palavras fazem (má, neste caso) escola...

Mais interessante é o caso do senhor Daniel Oliveira que opina no "Expresso" e pretende ter graça no "Eixo do Mal", na SIC.

É aceitável e desejável uma boa crítica. É saudável o bom humor.
Mas quando há nos comentários certa forma de jactância, de pretensa superioridade intelectual, torna-se desagradável.

Ora este senhor Oliveira dá-se ares, é mordaz com um sorrizinho satisfeito, o que não o impede de escrever esta pérola "quando se bane do léxico". Como diz, senhor Oliveira? Bane?

No meu tempo, havia um cantinho da gramática dedicado aos verbos defectivos pessoais, e lá nos ensinavam que colorir, abolir, carpir, por exemplo, só se usam nas formas em que conservam o i do tema.

Tal é o caso de banir. Por isso, bane é uma estrondosa calinada.

Tão estrondosa que, se eu tivesse a veia humorística do senhor Daniel Oliveira, diria que, com uma tal calinada, até a barraca abane...

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

Banzai

Há tempos, andou por aí um filme esquisito que tem um título bizarro, Lost in Translation.
Em português, vá lá saber-se porquê, chamaram-lhe " O amor é um lugar estranho", salvo erro.

A história do filme anda à volta de desencontros, não tanto um problema de tradução mas de algo que se perderia na comunicação entre as pessoas, um desfasamento, um equívoco, uma incapacidade de falar a mesma linguagem, mais do que a mesma língua.

Ora, no mais recente filme de Clint Eastwood, há igualmente um desfasamento linguístico que teve consequências devastadores.
Trata-de de "As cartas de Iwo Jima", palco de uma resistência japonesa dramaticamente inglória.

É, verdadeiramente, a crónica de milhares de mortes anunciadas, inevitáveis, um holocausto terrível de vidas sacrificadas no altar da honra de samurais sem hipótese.

É um belo e violento filme, relativamente ao qual, talvez para aligeirar o drama, tomo a liberdade de deixar um trocadilho malicioso, de gosto porventura duvidoso.

Atrevo-me a insinuar que se tivesse havido uma tradução adequada, muitas vidas teriam sido poupadas. Quando perceberam que iam todos morrer (só escapa um), os japoneses desataram a gritar "Banzai! Banzai!".

Quando o que os chefes deveriam ter ordenado aos soldados era "Bazai! Bazai!".

A fuga teria sido menos honrosa, mas muito mais útil e realista.

Assim, entre Banzai e Bazai, houve um falha, ficaram "Lost in Translation", ou seja, perdidos na (e pela falta de) tradução correcta...

Assim se vê...

A Câmara de Setúbal é um caso digno de figurar nos manuais da excentricidade.
A saída de Carlos Sousa, imposta pelo Partido, é uma magistral lição de democracia, de respeito pela vontade do povo, uma e outra tão caras aos comunistas.

Mas olhemos a actualidade.
Que aquela autarquia tem graves problemas de tesouraria, não é segredo algum.
Que o Vitória de Setúbal não tem um tostão para mandar cantar o cego do Bonfim, também é do domínio público.

Agora o insólito é a Autarquia acabar de aprovar a atribuição de um subsídio de 100 mil euros ao Vitória.
Como contrapartida, o clube faz publicidade à Câmara nas camisolas da equipa de...andebol.

Ou seja, as dezanove pessoas que vão assistir aos jogos da equipa de andebol do Vitória, vão ficar a saber que, em Setúbal, há uma Câmara Municipal.
Genial lembrança! Admirável acto de gestão! Um rasgo de empreendedorismo, uma medida de vasto alcance que, certamente, nunca passou pela cabeça do ancilosado Carlos Sousa.

Agora compreendo que o Partido, atento e perspicaz, tenha determinado a chicotada psicológica.

Felizmente que, em Sesimbra, não é preciso fazer publicidade, toda a gente já percebeu que lá existe uma Câmara que faz coisas. Olá se faz!

À borla

O empresário Joaquim Oliveira decidiu despedir os directores do "Diário de Notícias " e do "24 Horas" por estar descontente com as vendas.
Como acontece no futebol, se a equipa não ganha, corre-se com o treinador. Não tem que saber.

Esta lógica empresarial não constitui surpresa, é apenas mais um episódio no panorama dos nossos meios de comunicação, com o recente ressurgimento do Rádio Clube Português ou o aparecimento do jornal "Diário Desportivo" que é gratuito.

Ora, acontece que o director do "24 Horas", Pedro Tadeu, terá sido já convidado pela GlobalNotícias para assumir as rédeas de um novo jornal gratuito.
Curioso é o facto de esta GlobalNotícias ser a proprietária do "DN" e do "24 Horas".

Pelos vistos, jornal gratuito é a fórmula de sucesso. Não sei até quando, mas é a moda.

Pela nossa parte, estamos em perfeita sintonia com as novas tendências do mercado.
As minhas cartas não levam selo e o Escriba nada leva pelo que dá à estampa.
Por seu lado, o leitor que tem a extrema amabilidade de nos ler nada paga por isso.

É um mundo perfeito, bom e barato. Que digo eu? Barato? Não, à borla...

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Todos os nomes

Fiquei hoje a saber que um dos deputados do Partido Comunista se chama Miguel Tiago e não pude deixar de estabelecer uma relação com Álvaro Cunhal.

Como se sabe, o grande timoneiro do Partido Comunista escreveu vários livros sob o pseudónimo de Manuel Tiago, de onde a associação de ideias.

Naturalmente, trata-se apenas de uma curiosidade, uma coincidência, uma vez que Miguel Tiago, o jovem deputado, não usa um pseudónimo em política.

Porém, o caso não é tão inverosímil como isso. Há uns quarenta anos, Portugal inteiro cantou "Ó tempo volta pra trás", o imenso êxito de António Mourão.

Ora, António Mourão era o nome artístico, não o verdadeiro. Mas o mais extraordinário foi o facto de um irmão do fadista se ter lançado igualmente nas cantorias, tendo achado por bem escolher como nome artístico José...Mourão.
Engenhoso, não foi?

Como poderia dizer outro comunista famoso, de Nobel na lapela, podemos glosar todos os temas, cantar todos os fados, usar todos os nomes...

Capri

Em França, os dois maiores bancos, BNP Paribas e Société Générale, anunciam lucros tão fabulosos que até me incomoda indicar os montantes.

Em Portugal, todos os anos, todos os bancos apresentam proveitos faraónicos, o mesmo sucedendo com empresas como a PT, a EDP, a Sonae e tantas outras.

Mas, afinal, será que há mesmo crise? E qual é o preço de tanto lucro?

Até quando se vai manter este fosso entre os cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais numerosos?

Para uns, o luxo, a opulência, a vida de sonho.
Para outros, a exclusão, a miséria, a valeta que só é varrida na noite de Natal, coitadinhos dos sem-abrigo, são tão queridos.

Os barcos de recreio dos multimilionários evitam os mares onde podem cruzar-se (que incómodo) com os desgraçados empilhados em cargueiros podres que acabam por se afundar à vista da costa sul da Europa.

Alguém se admirará se, mais dia menos ano, deflagrar uma explosão social, gigantesca, imparável?

Ameaças já tivemos algumas, em França, por exemplo. E, como se diz por lá, ce n'est pas fini.

Entretanto, os barcos de recreio ancoram ao largo das Bahamas ou de Capri...

A rodos

Não obstante a recente procissão dos autarcas comunistas do distrito à sede do Governo Civil de Setúbal, e concomitante ladainha de protestos (aliás noticiada, com diligência, na anterior edição de “O Sesimbrense”), por causa da avareza atribuída à nova Lei das Finanças Locais, dinheiro é coisa que parece não faltar à Câmara Municipal de Sesimbra, a avaliar pelo luxo asiático patenteado pelos materiais de divulgação do programa do Carnaval deste ano. Agora, mais descansados, ficamos à espera das prometidas obras.

Uma boa pergunta

É mais forte do que eles. Apanham-se com o instrumento na mão e acham-se no direito de fazer todo o género de perguntas em nome da sacrossanta missão de informar o público.

Ora o que muita vez se observa é a inépcia dos jornalistas (?) e a vacuidade das perguntas, com frases mal construídas, pontapés na gramática e abordando apenas assuntos mesquinhos, pequenas intrigas palacianas, numa tentativa pateta de passar uma rasteira ao entrevistado.

O estranho, porém, é que as nossas altas figuras (as excelências cuja aura atrai, como moscas, os microfones) se revelam iguais aos entrevistadores.

Não consigo entender por que carga de água, ontem, Cavaco respondeu a perguntas idiotas e extemporâneas sobre a nova lei da interrupção da gravidez, um texto que só daqui a meses estará pronto.

Para quê falar de ponderação, moderação e outras virtudes que, obviamente, qualquer lei deve conter?

Porquê responder quando lhe perguntaram se admitia vetar a lei?
Para quê lembrar o que todos sabemos, ou seja, que ele, Cavaco (como qualquer Presidente da República) dispõe do direito de vetar uma lei que lhe seja submetida?

Que haja jornalistas incompetentes, é mau.
Que lhes metam um microfone na mão, é perigoso.
Que eles façam perguntas (ou coloquem questões, é mais fino) é previsível.

Agora que Cavaco ou outras personalidades se sintam obrigados a responder, isso é que me espanta.

Mas... por que será que o fazem? Por mera cortesia? Por receio de represálias?
Ou pela vertigem de uma notoriedade a que, embora habituados, não resistem?

Sim, por que será? Aqui está uma boa pergunta...

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

As palmeiras também se abatem

Há poucas horas foi derrubada – leia-se cortada, decepada, abatida – uma palmeira da nova Marginal. A razão é simples: houve que arranjar lugar para uma bancada do sambódromo agora ali instalado, quando se aproxima a festa sesimbrense maior.

O episódio é esclarecedor.

Como exemplo cívico, como contributo para a formação de uma consciência ecológica tão propalada noutras ocasiões – alô PEV! –, diz muito de quem, na última campanha eleitoral, até fez dos espaços verdes – leia-se, jardins, parques urbanos – um cavalo de batalha. A propósito, onde estão eles? Já agora: com que autoridade irá a Câmara, doravante, fiscalizar os proprietários prevaricadores que decidam abater as suas árvores?

Por outro lado, a cena de hoje, triste e lamentável, revela bem como esta gente que nos governa – a mesma que, pela boca de Augusto, dizia querer transformar Sesimbra no primeiro destino turístico da península de Setúbal – encara o desenvolvimento, afrontando com a ignomínia da serra eléctrica um dos mais nobres espaços pedonais com que a vila conta, e cuja paternidade o actual Presidente da Câmara, enquanto candidato à autarquia, reclamou de modo tão insistente quanto duvidoso.

Por fim, o caso espelha claramente a matriz da gestão com que Pólvora parece querer reger o concelho: o desenrascanço e o improviso de mãos dadas, ao sabor do vento e de certos caprichos que dão votos. A bitola actual mede-se sem qualquer dificuldade: é uma triste linha recta, traçada algures entre a barraca de feira e o balcão da taberna. Sem desprimor para os feirantes e os taberneiros, claro está.

A próxima etapa

Há três anos, uma senhora francesa deu à luz um menino em consequência de uma inseminação artificial praticada na Bélgica.

Agora, o tribunal de Amiens aceitou o pedido de adopção da criança pela companheira da mãe biológica que com esta vive há dez anos.

Trata-se, no fundo, de uma forma de contornar a lei que proíbe a adopção por casais homossexuais.

Em decorrência da sentença, a mãe biológica perde a autoridade parental sobre o menino e só poderá recuperá-la mediante nova decisão de Justiça.

Para as organizações de defesa dos direitos dos homossexuais, trata-se de uma grande vitória.

Para outros sectores da sociedade, esta decisão vem abrir as portas a avanços que muitos consideram imorais e em nada favoráveis ao desenvolvimento harmonioso das crianças.

E nós por cá, será que vamos ter, qualquer dia, um referendozinho sobre a questão?

Moeda falsa

O estudo de uma moeda do ano 32 AC pode vir destruir o mito da lendária beleza de Cleópatra, encanto que foi reforçado pela identificação que o mundo passou a fazer quando a maravilhosa Elizabeth Taylor interpretou o papel da rainha do Egipto.

Agora surge um amante da numismática a dizer que a rainha vai nua, ou seja, que, bem vistas as coisas, observando bem a moeda, forçoso é admitir que Cleópatra teria uma testa estreita, um queixo pontiagudo, lábios finos e um nariz adunco.

Eu mal sei jogar às moedas, quanto mais ousar desafiar os especialistas em numismática. Nem pensar nisso. Não obstante, atrevo-me a pedir ao cientista que reconsidere.

Primeiro, porque destruir assim um mito é acto cruel e gratuito.
Que mal faz nós continuarmos a pensar que a rainha do Nilo era bela como os amores?
Que ganha o mundo em descobrir que ela era um camafeu?
Acaso isso faz subir os índices de produtividade? Trava o aquecimento global?
Faz baixar a inflação? Reduz o défice? Sustém o avanço do mar na Caparica? Torna o Cavaco sedutor? Acalma a verborreia do Louçã? Faz crescer o Marques Mendes?

Bom, então para quê abrir feridas inúteis?

Além disso, é bom não esquecer que cada moeda tem duas faces. E se aquela face não representasse a Cleópatra, mas sim o primo dela que trabalhava nas obras das Pirâmides?
Sim, por que não?
Ah, por esta não esperava o cientista!

Mais ainda. Convém lembrar a existência da Esfinge, símbolo de sabedoria e mistério, de segredos insondáveis. Quem nos diz que não foi a manhosa e invejosa da Esfinge que mandou cunhar aquela moeda só para lançar a confusão?

Por todas estas razões, aqui deixo a sugestão de um pedido de "Habeas Rostus" para que permaneça intocável e imutável a imagem da beleza divina de Cleópatra.

E que este caso sirva de lição à Teresa Guilherme, ao Marco Paulo, ao Manel Luís Goucha e a todos quantos andem a pensar em mandar cunhar moedas com as suas belas efígies...

Nem meia culpa

Em Portugal, já se sabe, a culpa morre sempre solteira, é dos livros, está nos nossos genes, é costume, era de esperar, tava-se mesmo a ver, pois claro...

Há uns anos foi a ponte de Entre-os-Rios.
Caiu, provocou dezenas de mortes, o senhor ministro Coelho fugiu corajosamente e, no fim, ninguém teve culpa.

Os bombeiros chegam atrasados, a Marinha não consegue salvar pescadores a dez metros da praia, há inquéritos, investigações, acariações, tudo debalde, águas de bacalhau.
Casa Pia, Apito Dourado, agora madame Felgueiras, há sempre uma novela para entreter o pagode.

Há dois dias, foi o comboio que caiu ao rio Tua, provocando três mortos.
Sai mais um inquérito sobre a manutenção da via, a vetustez da composição, o estado do meio envolvente, para no fim se concluir que a culpa não foi de ninguém.

Nem minha nem Tua...

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Afinal ...

Hoje, o Supremo Tribunal de Justiça veio esclarecer que as custas de 480 euros relativas ao pedido de "Habeas Corpus", afinal, não vão ser pagas por cada um mas sim pelo conjunto dos subscritores.

Recordo que, ontem à noite, na emissão "Prós e Contras", o Juiz Conselheiro Fisher Sá Nogueira (julgo ser o nome) anunciara, do alto da sua catedrática sapiência, que as custas são individuais, ou seja, cada um teria de pagar os tais 480 euros.
Na altura, o ex-bastonário da Ordem dos Advogados, José Miguel Júdice, manifestou a sua estranheza, mas o senhor Juiz Conselheiro foi categórico, afirmando mesmo que já tratou de inúmeros processos semelhantes.

Por mim, fico muito grato ao senhor Juiz Conselheiro que, desta forma, me forneceu saborosa matéria para aqui botar discurso.

Porém, ao mesmo tempo, não posso deixar de ficar preocupado quando aquele alto magistrado (pelos vistos) marcou um grande golo na própria baliza, a da Justiça, uma baliza cujas redes precisam de ser remendadas, tantos são os buracos.

Ou será que o Supremo Tribunal de Justiça meteu o pé na argola?

Afinal, em que ficamos? Que raio de magistrados são estes?

Ainda a creche do "Raio de Luz"

Nos últimos minutos, foram várias as leitoras que, entre grávidas de oito meses e mães de recém-nascidos, nos contactaram, solicitando informações sobre a creche do “Raio de Luz”. O que podemos dizer é que ela é uma realidade. Pelo menos, o “site” da Segurança Social – que reputamos de fidedigno – inclui-a entre os três equipamentos do género existentes na freguesia de Santiago (os outros são as duas creches do Externato Santa Joana). Em http://www.seg-social.pt/, basta explorar a "Carta Social", e, dentro desta, a Rede de Serviços e Equipamentos. Os leitores terão a bondade de reparar que não estamos perante o caso de um equipamento com autorização provisória de funcionamento, pois esses, como se pode ler, devem estar assinalados com um asterisco, o que, visivelmente, aqui não sucede. Supõe-se, pois, que foram feitas as necessárias vistorias, emitidas as competentes licenças, passados os correspondentes alvarás. Confessamos, porém, ter alguma curiosidade quanto à solução que foi encontrada para se poder conciliar, em escassíssimos metros quadrados, o funcionamento de uma biblioteca pública, a laboração da redacção de um jornal e um berçário com capacidade para 33 bebés. Mas, depois de – segundo dizem os entendidos – o homem ter ido à Lua, tudo é possível.

O país das maravilhas

Disseram-me e eu fui ver. É verdade, está lá. Conhecem a creche do “Raio de Luz”? Fica em Santana, freguesia de Santiago, na cave do edifício de Santa Maria, e tem capacidade para 33 utentes. Parece que já não há vagas. Não é grupo, está no portal da Segurança Social. Para mais informações, podem clicar aqui.

Habeas Carteira

Já sei, não vale a pena repetirem. Já sei que ninguém pode alegar desconhecimento da lei, mas têm de concordar que este é um pressuposto tão utópico como imaginar que cada católico conhece a Bíblia de cor.

Esta história que atinge cada subscritor do pedido de "Habeas Corpus" mais parece um flagrante caso de abuso de confiança.

No fundo, o Estado Português (que é costume designar por pessoa de bem) não tem o menor escrúpulo em exigir coiro e cabelo a inocentes cidadãos que não faziam a mínima ideia do que os esperava.

Ninguém os avisou, eles não suspeitaram e toca a assinar a petição, com a alegria e o orgulho de participar na defesa de uma causa justa.

Imagino quantos casos terão ocorrido com famílias inteiras a assinar, unidas na convicção de estarem a praticar uma boa acção.

Qualquer dia vão receber um convite que não podem recusar e terão de pagar 480 euros a multiplicar pelo número de membros do agregado familiar.

Aqui está um caso em que ter muitos filhos não dá jeito nenhum.

Mas não haverá por aí uma palavra feia para designar este acto legal?

A morte à cintura

O grupo terrorista Baader semeou a morte na Alemanha, nos anos 70, e vários dos seus membros foram capturados, julgados e condenados.

Brigitte Mohnhaupt , depois de cumprir 24 anos de reclusão, vai ser libertada no próximo mês de Março, uma vez que os juízes consideram que ela deixou de representar um perigo para a sociedade a que, na altura, declarou guerra.

Brigitte foi reconhecida culpada de 9 assassínios.

Quando comparamos este número com as dezenas de mortos que, todos os dias, ocorrem no Iraque, quase somos tentados a considerar o grupo Baader como uns meninos de coro.

Obviamente, a questão é bem mais complexa e, para além de muitas outras considerações, ressalta o facto (capital) de os terroristas do século passado não serem suicidas.
Bem pelo contrário.

O aparecimento dos suicidas alterou por completo (e incontrolavelmente) a lógica das acções terroristas. Hoje, não há hipótese de evitar um ataque. Qualquer pessoa, mulher ou criança, jovem ou idoso, pode trazer a morte à cintura.
O terrorismo dos nossos dias é imparável.

A única solução (talvez, remotamente) é uma acção psicológica junto das populações para lhes explicar que a morte não lhes abre as portas de qualquer céu, que não há virgens à espera dos mártires.
E, sobretudo, se é tão bom ser mártir, por que motivo os grandes chefes não se suicidam?

Tremendo

Não é só a Joaninha. A revolução cultural prossegue a sua marcha. No PÚBLICO de hoje, o tremendo Vital Moreira já veio avisar a Ordem dos Médicos de que terá, obrigatoriamente, de rever o seu Código Deontológico, por causa do resultado no referendo de domingo passado.

“É insustentável que a OM possa censurar deontologicamente actos médicos que deixaram de ser penalmente ilícitos”, escreve este professor de Direito. Aconselho o tremendo Vital a dar uma vista de olhos pelos estatutos de algumas profissões, onde estão interditas, e são punidas, diversas condutas que não são crimes, sem que a ninguém passe pela cabeça considerá-las lícitas no plano ético.

E se os médicos, maioritariamente, decidirem não alterar o seu Código Deontológico? Que proporá então o tremendo Vital? Há dias, alguém me contava ter visto na China mulheres serem levadas para abortar, sob a escolta de metralhadoras…

Claro que esta tresloucada sanha tem uma explicação. Na tremenda cabeça do tremendo Vital, o que estava em causa, no domingo passado, era sobretudo derrotar a Igreja, impor-lhe uma derrota manu militari, sujeitá-la à vindicta de uma humilhação. O texto que hoje subscreve aponta claramente nesse sentido.

Impõe-se, talvez, que o tremendo Vital medite a lição da História. O nefasto Afonso Costa, e toda a balbúrdia a que deu azo, prepararam o advento de Salazar. Não tarda muito, o tremendo Vital verá a extrema-direita irromper entre nós, como as azedas florescem nos campos.

Às nossas custas

No programa "Prós e Contras", que ainda está a decorrer, um senhor Juiz Conselheiro revelou que todos os cidadãos que assinaram o pedido de "Habeas Corpus" (no chamado caso Esmeralda), vão ter de pagar 480 euros de custas, uma vez que o pedido foi rejeitado.

Parece que a decisão é legal, estando prevista no Código Penal.
A verdade, porém, é que não podemos senti-la como justa.

Afinal, estamos perante um movimento cívico, um grito de indignação que não foi ouvido, desenlace que até se pode aceitar.
O que ninguém pode achar normal é que a rejeição do pedido acarrete custas individuais tão gravosas.

Dá a sensação que a Justiça aproveitou plenamente as prerrogativas legais para desancar os cidadãos que ousaram contestá-la.

É certo que Lei é Lei, e é igual para todos. Porém, a Justiça não é igual para todos.
Pelo contrário, há tantas Justiças, digamos assim, como juízes.

Todos sabemos de casos gravíssimos que redundam em penas suspensas, e o que nos chocou a todos foi, sobretudo, a violência da sentença.

Daí aquele movimento espontâneo de sincera de revolta que, no entanto, não exigia a crucificação do juiz. Apenas se pedia a libertação do sargento Gomes.

Esta inacreditável cobrança de tão elevadas custas pode ser legal, mas não é justa. Justa, no sentido simples e objectivo que lhe damos, moral, adequada, razoável.

Por esta e muitas outras, os Portugueses não acreditam na Justiça nem nos juízes.

Tal como não reconhecem autoridade nem dignidade a polícias que se escondem atrás de arbustos de ratoeira na caça à multa...

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Com que voz

Na China, uma mulher recuperou a voz ao fim de 60 anos.

Em plena adolescência, vítima de fortes febres, perdeu o uso da fala e, agora, aos 76 anos, repentinamente, voltou a falar.

O marido (imagino eu) é que não deve ter achado grande piada.

Consta que José Sócrates já encomendou um relatório circunstanciado aos amigos chineses, na esperança de que o vírus que silenciou a mulher possa vir a ser discretamente transmitido a algumas vozes incómodas como Manuel Alegre ou Cravinho.

Para Alegre, com aquele vozeirão, a dose teria de ser reforçada...

Ainda as questões fracturantes

Ontem à noite, depois de conhecidos os resultados do referendo, o enfunado Jerónimo de Sousa veio congratular-se com o triunfo alcançado sobre as forças “conservadoras e reaccionárias” do campo contrário. Agora, fico a aguardar a resposta do director do “Raio de Luz” ao discurso hostil do secretário-geral dos comunistas. E à espera de que o colunista Augusto Pólvora abandone, de vez, as más companhias e deixe de escrever naquele periódico.

Com um sorriso nos lábios

No DIÁRIO DE NOTÍCIAS de hoje, Joana Amaral Dias perora com apreciável candura sobre a façanha do referendo. Na sua prosa, há dislates que são pérolas. De todos, este será o mais notável: “Para que os resultados deste referendo possam ter expressão, é estritamente necessário que, seja nos hospitais ou nas vizinhanças, a pressão e a censura moral sobre as mulheres abrandem e, depois, se extingam. Apenas desse modo desaparecerá a vergonha, o medo e a culpa, grandes combustíveis do aborto clandestino.”

Anoto a preocupação da Joaninha com as “vizinhanças” e dou comigo a pensar que o próximo passo desta esquerda iluminada será, provavelmente, o de criminalizar qualquer acto de censura pública ao aborto, que, doravante, terá de ser proclamado, senão um bem valioso (é um interessante instrumento de eugenia social, não é?), pelo menos um fenómeno banal, neutro no plano ético. A revolução cultural só agora começou, mas já está realmente em curso, disso ninguém duvide. E a Joaninha, tocada pela sua inestimável frieza revolucionária, propõe que aniquilemos, com um sorriso nos lábios, os nossos mais fundos valores com a mesma impassibilidade com que o comunismo liquidou as suas dezenas de milhões de vítimas.

Sucede que há algumas coisas que nem a Joaninha, nem ninguém consegue evitar. Ninguém pode impedir que eu constate que à noite há luar, mas que de dia faz sol, ou que eu diga que uma monstruosidade é simplesmente uma monstruosidade. Ninguém pode evitar isso nem um tremor de terra como o de hoje.

GNR 4

Muito embora não se deva generalizar, a verdade é que a grande maioria das pessoas sente que os agentes da PSP e (sobretudo) da GNR não têm a noção de que a sua missão é estar ao serviço dos cidadãos, para prevenir, para ajudar, para criar condições materiais e psicológicas de segurança.

Ora, a verdade é que o padrão de comportamento que os caracteriza, à luz da nossa experiência, é a de agentes de repressão e de angariadores de fundos para o Estado.

Como eram antes do 25 de Abril. É espantoso, mas é assim.

A farda ainda simboliza a força, o poder absoluto da autoridade. À partida, somos olhados como culpados, só não sabemos quais serão as medidas de coacção. Ou o montante da multa.

Na estrada, a GNR não previne, ameaça, assusta. E só se coloca em locais pouco ou nada perigosos, mas onde uma hábil e traiçoeira proibição (ou limitação) constitui fonte de receita fácil.

Os agentes da GNR não serão os cobradores do fraque, mas são o pesadelo dos fracos...

domingo, 11 de fevereiro de 2007

GNR 3

Há pouco tempo, um amigo meu foi apanhado, no Alentejo, na armadilha de uma recta interminável na beira da qual há uma povoação quase fantasma.

Em vez dos 50 que ninguém (obviamente) respeita, ele seguia a 82 Kms/hora.

Foi multado, impiedosamente, por um agente que reconheceu que o local é traiçoeiro e que é por isso mesmo que eles para ali são mandados.

Mais revelou que, em hora e meia, já tinham feito uma receita de 15 mil euros, três mil contos.

É assim a nossa GNR.

Nem vale a pena perguntar para que serve...

GNR 2

Algures, neste Portugal profundo, um homem andou a ameaçar de morte, repetidamente, uma mulher.
A família procurou a ajuda da GNR que nada fez, alegando não ter provas concretas da intenção e, menos ainda, de qualquer gesto do homem.

E assim o tempo foi passando, com ameaças continuadas e a indiferença da GNR.
Até que o prometido foi devido e o homem assassinou a mulher.

Pergunta-se : que responsabilidade cabe à GNR? Pouco importa a questão legal, ou seja, quais eram as obrigações ou constrangimentos da GNR nestas circunstâncias.
Não eram credíveis as ameaças? Ou só podem intervir depois de o crime ter sido cometido?

Que lugar está reservado à PREVENÇÃO? Uma prisão preventiva não teria sido aconselhável? Não teria refreado os instintos violentos do homem?

Que sentirão os responsáveis da GNR neste momento? Culpa? Remorso? Vergonha?

Daí, de novo, a pergunta : para que serve a GNR?

GNR 1

Há uns bons quarenta anos, um motociclista pouco cuidadoso, embateu no meu Austinzinho.
No posto da GNR, após apresentação dos dados pessoais e dos documentos dos veículos, o homem reconheceu a culpa.

Quando eu pensava que o graduado ia informá-lo de que teria de me pagar o arranjo do carro, não senhor, perguntou apenas se havia feridos.

Como não havia, decretou que nada podia fazer e que, se eu quisesse ser indemnizado do prejuízo sofrido, teria de ir para tribunal.
Mais não quis ouvir o mariola que logo se "pirou", convencido de que eu não me daria ao incómodo de ir a tribunal. Enganou-se.

Felizmente ( para mim), um cabo que tudo presenciou, teve a gentileza de me entregar o papel com os dados do indivíduo. E assim pude levar o caso a tribunal. Por uma questão de princípio.
E ganhei, claro.

A questão é : para que serve a GNR? Como se explica que, com tudo em mão para resolver o assunto, me tenham obrigado a ir a tribunal por uma questão quase insignificante?

Não sei quais são as prerrogativas, as atribuições ou as competências da GNR, mas, neste caso, qualquer aprendiz de Salomão teria posto um termo ao incidente, com facilidade e clareza.

Afinal, saiu-me um Pilatos que acabou por sobrecarregar o tribunal.

Será esta uma forma de prestar serviço aos cidadãos?

Isto foi há quarenta anos, mas hoje estamos na mesma. Vejam o próximo texto...

A insustentável leveza da bola

Para quem está menos familiarizado com estas coisas, pode ser interessante sublinhar a enorme importância das bolas no tipo de futebol que hoje se pratica.

In illo tempore, as bolas de coiro eram mais pesadas, em particular quando chovia.
Por essa razão, só alguns raros futebolistas conseguiam marcar golos de longe, com remates de grande potência.

Hoje, as bolas são leves e impermeáveis, pelo que a chuva deixou de ser factor de peso.
Mais, QUALQUER jogador pode desferir tiros a trinta metros.

Assim se explica que um frágil peso-pluma como o Nélson tenha marcado um golaço do meio da rua, no campo do Manchester United.

Ironicamente, é igualmente a leveza da bola que leva o mesmo Nélson a marcar na própria baliza, ontem à noite.

Dos três golos deste jogo, nem um resultou de remate propriamente dito, mas sim de simples desvios, porque a bola, para mais molhada, ganha tal velocidade que basta um ínfimo toque para lhe dar uma trajectória fatal para quem defende.

Por isso, o futebol está (cada vez mais e infelizmente) transformado num jogo directo e feio que consiste em colocar a bola na grande-área contrária, na esperança de um ressalto, um desvio, um acaso, um toque aleatório, uma roleta, um bambúrrio que resulte em golo.

Dantes, importava o percurso, ou seja, admirava-se a progressão no terreno, o avançar com fintas, com passes, com aberturas, com imaginação, com arte, até se chegar à zona da verdade.
E esse era o encanto do jogo.

Isso (quase) acabou e hoje predomina o futebol de carros de assalto postados na área à espera da confusão consequente a livres, cantos e outros despejos.

Em frente às balizas vale tudo, mais parece rugby. Acabou o apreço pela beleza do gesto, pelo perfume do talento, só o golo conta, mesmo se aos trambolhões ou até irregular.

Talvez Michel Platini, um artista da bola que acaba de ser eleito presidente da FIFA, queira olhar para esta guerra de trincheiras em que o futebol está a tornar-se.

É que a situação, para quem gosta de bom futebol, está a ficar insustentável...

Vigésimo premiado

À modesta equipa do Varzim, para a Taça de Portugal, calhou em sorte o glorioso Benfica, esta semana colocado sob os holofotes da fama por figurar no pódio dos ricos, ao ocupar o lugar nº 20 na pauta das grandes fortunas mundiais a nível de clubes.

Grato ficou o sem abrigo ( e sem complexos) da Póvoa a quem saiu um vigésimo premiado...

Coincidências

O País abre a boca de espanto ao saber que a corrupção no futebol não envolve apenas dirigentes e árbitros, mas atinge os próprios jogadores.

A notícia hoje divulgada refere um futebolista da União de Leiria, e o jogo em causa foi uma final da Supertaça que o FC Porto venceu por 1-0.

Quatro factos interessantes:

1 - O jogador João Paulo (U. Leiria), sem necessidade, meteu a mão à bola, viu o segundo amarelo e foi expulso.
O jogador João Paulo está hoje no FC Porto.

2 - O golo do FC Porto foi INDISCUTIVELMENTE irregular.
Mas o árbitro validou e o Porto ganhou.

3 - O guarda-redes do Leiria era o calmeirão Helton que, embora carregado em falta, tinha todas as condições para conservar a bola nas mãos.
Mas deixou-a escapulir-se para as redes.
O guarda-redes Helton joga hoje no FC Porto.

4 - O clube envolvido (e beneficiado) é, mais uma vez, o FC Porto.

Não se sabe quem foi o jogador do Leiria que se terá (alegadamente, claro) deixado aliciar, mas que há coisas estranhas, lá isso há.

Curiosamente, em todos estes apitos dourados o denominador comum é o FC Porto.

Coincidências, certamente...

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

Pelo Seguro

Corre por aí que, na hipótese de eleições antecipadas para a Câmara de Lisboa, o nome de António José Seguro não seria mal visto.

João Soares, batido em Lisboa pelo funâmbulo Santana e em Sintra pelo improvável Seara, não oferece grande crédito.

Por isso, a carta Seguro talvez venha a ser jogada.
Embora Sócrates não morra de amores pelo António José, isso não quer dizer que não o mande aquecer para entrar na segunda parte.

Sócrates é mestre neste tipo de jogadas. Lembram-se como ele arrumou de vez o velho Soares, empurrando-o para a fatídica corrida a Belém?

Com Seguro pode suceder o mesmo. Sócrates finge apoiá-lo, lança-o às feras, o Tó Zé morre na praia e é mais um inimigo que desaparece for ever da cena política.

O seguro talvez tenha morrido de velho e o Sócrates é bom rapaz.

Mas não é burro...

O velho, o rapaz e o burro...

Eu não sou especialista em publicidade, apenas me limito a gostar ou não dos anúncios que vejo e oiço.
E não gosto desta moda de associar graçolas a anúncios (relativamente) sérios.

Por exemplo, um Banco deveria inspirar-nos confiança, segurança, seriedade, e não entendo que recorra a fórmulas apalhaçadas que me provocam um efeito de rejeição inapelável.

Vejo no "Expresso" de hoje um anúncio enorme do BES que tenta realçar as vantagens da taxa fixa do crédito à habitação.

Ora, aqueles cérebros iluminados acharam que dizer-nos isso, ou seja, que é melhor uma taxa fixa do que outra variável, é fórmula antiquada, fossilizada.

E que, para os jovens a quem se dirigem prioritariamente (suponho) é preciso coisa mais moderna, colorida, cheia de imaginação.
Vai daí, arranjaram um Zé Pedro que aparece deitado no chão a puxar um burro pelas rédeas.

O burro não parece disposto a segui-lo. E eu também não. Porque acho aquilo de um mau gosto atroz, imbecil e patético.
Depois porque já não sei quem é o burro, se o que tem quatro patas ou o que está deitado;
se somos nós, os leitores, se são os rapazolas, os criativos (?) das agências de publicidade.
Ou ainda os responsáveis do BES que devem julgar que somos mesmo umas alimárias.

A verdade é que o BES tem, como todos os outros bancos, lucros monstruosamente fabulosos.

Provavelmente, sou apenas eu que estou velho de mais para apreciar estas subtilezas da moderna publicidade que tenta vender confiança com um rapaz e um burro...

São Valentim

Segundo o insuspeito jornal "24 Horas", o major Valentim Loureiro (que mudou de opinião e agora defende o SIM) terá confessado à sua esposa que tem mais dois filhos de outra mulher.

Esta notícia é de capital importância porque, para além do mais, vem mostrar sob um ângulo novo um dos ícones das frases feitas do "Contra Informação" que o país inteiro decorou e, galhardamente, repete.

Com efeito, depois da confissão do major, é a sua mulher que diz, repete e interroga, febril e incessantemente " Mas, afinal, ó Valentim, quantos são, quantos são?".

Depois desta revelação, só podemos concluir que estamos em presença de um homem cheio de vitalidade, um saudável, um são Valentim...

Bécassine, c'est ma cousine...

O dia 11 de Fevereiro, em Portugal, porá um ponto final a este aceso despique entre o SIM e o NÃO, enquanto em França é a candidata Ségolène Royal que vai jogar uma forte cartada com a realização de um comício em busca de uma virgindade perdida.

Ségolène surgiu como uma andorinha antes da Primavera, com um belo sorriso, um discurso melódico, um ar de donzela de Ticiano.
E agradou, seduziu, entusiasmou, até.

Porém, rapidamente, o povo foi deixando de balançar as cabeças, de erguer os braços, de acender os isqueiros, ao ouvir com mais atenção a letra da canção, percebendo que o conteúdo é frágil, que não há consistência nem profundidade na mensagem.

Então a artista desatou a fazer uns garganteados estridentes e intermináveis, ao estilo da Dulce Pontes, acabando por dar umas fífias incómodas e embaraçosas.

Disso logo se aproveitaram os misóginos defensores de Sarkosy que atacam a senhora pelo que diz, pelo que não diz e ... por ser mulher, comparando-a a Edith Cresson, antiga e pouco hábil primeira ministra, protegida do maquiavélico Mitterrand.

Jacques Seguela, cérebro das campanhas de Mitterrand, diz que Ségolène está a ser vítima de "bécassinização".
Eu explico: Bécassine é uma personagem meia tonta de uma canção da não menos tonta Chantal Goya que, há trinta anos, era o ídolo da pequenada.

Não deixa de ser irónico. No mesmo dia em que a dignidade e a liberdade das mulheres é plebiscitada em Portugal, a França assiste a um golpe de força de outra mulher que quer cometer a proeza de se sentar na cadeira da Presidência, até hoje apenas ocupada por machos.

Esta mesma França que, enquanto Chantal Goya dava guinchos e pulinhos, liberalizava a Interrupção Voluntária da Gravidez.
Foi graças a Simone Veil, uma mulher que conheceu o horror dos campos de concentração.

Foi há trinta anos...

A gravidade da lei

A lei da gravidade terá a ver com a gravidade da lei?

E a lei terá verdadeiramente em conta a gravidade do crime?

E qual é a gravidade da gravidez?

Será a lei da gravidez mais incerta do que a lei da gravidade?

6o anos será uma grave idade?

A lei da gravidade

Tendo por horizonte os próximos Jogos Olímpicos, o governo chinês está a levar muito a sério as questões que envolvem o civismo, em geral, e a higiene, em particular.

Este último aspecto acaba de merecer uma medida drástica que consiste em multar as pessoas que cospem para o chão, excelente iniciativa que tomo a ampla liberdade de aconselhar ao executivo camarário de Sesimbra, como forma de alcançar um duplo saneamento, o das vias públicas e o das finanças, graças às incontáveis multas que, certamente, iriam aplicar.

Com efeito, Sesimbra é uma terra onde cuspir para o chão é uma tradição, embora haja quem também cuspa para o ar e, mesmo, quem cuspa na sopa.

Obviamente, cuspir para o ar é equivalente a cuspir para o chão ( a lei da gravidade assim determina) sendo a infracção de idêntica gravidade (cá está ela) à de cuspir para a borda do passeio.

Sugiro a criação imediata de um grupo de trabalho para definir formas de actuação, fixar os montantes e nomear fiscais.

Mais lembro a inclusão dos pormenores no Boletim Municipal , em particular o leque de corpos do delito e as coimas apropriadas.

Ao acaso, proponho que haja valores diferenciados consoante se trate de cuspinho, cuspo, cuspidela, escarreta, escarro ou ostra.

Vá lá, toca a cuspir nas mão e vamos ao trabalho...

Famous last words

Aborto clandestino – substantivo e adjectivo. A falácia está nisto: fazer incidir os holofotes sobre o adjectivo, deixando o substantivo na penumbra. Eliminar a substância. E, no seu lugar, instalar o acidente. O SIM, provavelmente, vai ganhar. Mas sem razão.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

O segredo

Ao longo dos séculos, o homem tem cismado sobre a sua origem, o seu fim, o seu papel no Mundo, com teólogos e filósofos, cientistas e pensadores avulsos, todos à procura do sentido da vida.

De tanta reflexão e tanto estudo resultam obras que, por sua vez, dão lugar a mais interpretações e congeminações, espécie de polvo de tentáculo na boca.

Por vezes, digo para mim mesmo, na pueril inocência dos ignorantes, que, se calhar, essa efervescência toda, essa marmita de druídas do saber não deita cá para fora uma gota sequer da poção mágica que nos ajude a encarar com naturalidade e serenidade esta coisa atroz que é sabermos que estamos todos condenados a morrer.

Uns morrem até às dez semanas, outros mais tarde, mas todos acabamos por morrer.

Difícil, para a grande maioria, é o que temos de carregar às costas, até ao apagar da vela da nossa existência terrena.

Ora, há poucos minutos, ouvi duas mulheres que, na "Antena Aberta", falavam sobre o mundo em que vivemos. E cada uma delas disse uma frase que deveria merecer reflexão da nossa parte.

Uma disse que está "bem na vida". A outra revelou que está "bem com a vida".

Talvez seja esta a linha de divisão das águas, do tal sentido da vida, o ter e o ser.

Seria muito bom que todos nós, em qualquer momento, pudéssemos dizer que estamos bem com a vida...

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

Um belo lance

Segundo o jornal "A Bola", os quatro golos do sportinguista Bueno representam uma contribuição de dois mil euros para os doentes com cancro dos IPO de Lisboa, Porto e Coimbra, graças a uma iniciativa da Liga e da Roche.

Ora aqui está uma bonita notícia que, para além de outras considerações, nos faz desejar que muitos golos sejam marcados, para alegria dos adeptos e alguma consolação dos doentes.

É uma jogada limpa e elogiável num campo tão pouco digno como é o do nosso futebol.

Como nota curiosa, o facto de o director do IPO de Coimbra ser o Dr. Manuel António Silva, ponta-de-lança da Académica dos anos sessenta, internacional e vencedor de uma Bola de Prata.
E um homem verdadeiramente admirável.

O futebol também tem coisas destas, "buenas" a valer...

Venha de lá essa França!

Ainda o aborto e os exemplos que chegam de fora

Pessoa próxima, compatriota, radicada em França, dizia-me ontem, ao telefone, que se o NÃO ganhasse domingo, isso seria uma vergonha. Naturalmente, discordei. Entretanto, um leitor deste blogue trouxe à colação o exemplo francês em matéria de aborto. Vamos lá então… Em muitos aspectos, a França é um país admirável, e até invejável. Mas isso não quer dizer que seja, sem mais, nem menos, imitável. Especialmente em matéria civilizacional. Portugal tem cultivado, em demasia, o espírito simiesco; e copiado, com particular desmesura, os modelos gauleses. Mas há alturas na história em que Portugal trilha a sua própria estrada. Quando assim é, aponta ao mundo o caminho a seguir. Se a regra do transferidor e do tira-linhas não comportasse excepções, teríamos substituído a forca pela guilhotina e andado a cortar as cabeças dos nossos maiores criminosos até mil novecentos e setenta e tal. Como, porém, cometemos a heresia pioneira de abolir a pena de morte em meados de século XIX, presumo que tenhamos, então, divergido drasticamente da Europa civilizada. E, a propósito, por que será que ninguém fala agora da tão apregoada, da tão desenvolvida Irlanda, que parece não ter vergonha da sua lei, que proíbe o aborto?

Triagem?

Uma funcionária de uma empresa que faz a triagem do lixo em Trajouce, encontrou um feto (que aparenta ter sete ou oito meses) dentro de um saco de plástico. Vem num diário de hoje.

Deixo aos entendidos neste assunto os comentários a esta descoberta que surge a poucos dias do referendo sobre o aborto.

Pela minha parte, gostaria apenas de saber por que razão se diz e escreve tranquilamente triagem e triar quando estes vocábulos mais não são do que infelizes e desnecessárias adaptações do francês triage e trier.

Em Português, temos escolha, separação, selecção, por exemplo.

Não chegam? Não servem?

Será que o referendo vai fazer uma triagem?


Portugalegre, Brasilento

O jogo de ontem sugere-me três ou quatro considerações.

Em primeiro lugar ( e não desde logo), jogos amigáveis, a este nível altamente competitivo, apenas servem para encher os cofres das Federações e fornecer programa às televisões.

Depois, prejudicam os clubes (que pagam aos jogadores) e são tão anacrónicos como o fumo preto no braço dos jogadores.

O luto é ritual obsoleto, caído em desuso, cheira a naftalina.
E surpreende ainda mais num ambiente em que os sentimentos não são a grande prioridade.

O senhor Scolari quis passar a mão pelo ego do talentoso Cristiano Ronaldo, e nomeou-o capitão da equipa.
Não é um drama, mas julgo ter sido uma escolha pouco feliz.
O capitão da selecção nacional tem de possuir, no mínimo, maturidade, estabilidade emocional, personalidade, autoridade e respeitabilidade, virtudes que o jovem madeirense, pelo menos por agora, não possui.

De resto, num jogo a feijões, com mil substituições, Portugal correu mais e ganhou.

Mas nada de ilusões, estes jogos são como as sondagens, valem o que valem...

terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

De olhos em bico

O “Magra Carta” está em condições de assegurar que as celebradas declarações feitas pelo ministro Manuel Pinho, na semana passada, em Pequim (ou Beijing, como eles preferem dizer), não caíram em saco roto. Muitas e muitas dezenas de cibernautas daquele país do Extremo Oriente têm, durante o dia de hoje, visitado - como se pode comprovar por uma consulta ao “Sitemeter” - e elogiado o nosso blogue, propondo-nos ainda que visitemos os seus, numa evidente disposição negocial. Claro que os respectivos comentários têm sido rejeitados, uma vez que, apesar da mão-de-obra do “Magra Carta” ser pouco qualificada, os custos do factor “trabalho” ainda não estão em saldo por estas bandas. Mesmo perante um ataque de “spams”…

No pasa nada

A Dr.ª Isabel Peneque, sendo, há largos meses, directora de O SESIMBRENSE (como se lembrarão, começou por ser sub-directora de si própria), conseguiu a proeza de não ter ainda escrito um único editorial sobre a situação política do concelho. De resto, o jornal que dirige revela-se, consabidamente, uma folha veneradora, atenta e obrigada. Em Sesimbra “no pasa nada”. Fazer grande manchete com uma prova de corta-mato escolar, como sucedeu com o último número do quinzenário, diz-nos logo ao que vamos. Mas a senhora permitiu-se agora, do alto do seu esfíngico porte, consignar esta pérola, a propósito do referendo do próximo dia 11, dando-nos a todos uma lição de moral, plena de virtude democrática: “A questão a que teremos de responder é demasiado séria para que nos fechemos no nosso comodismo e deixemos que outros decidam por nós. A abstenção é um inqualificável acto de desinteresse (eu diria mesmo, de cobardia) por uma questão de tal gravidade que o próprio Governo não se atreveu a decidir sem ouvir a vontade dos portugueses”. Quem julga esta senhora que é? Quem lhe encomendou o sermão?

Borda d'Água

Esta tarde, enquanto aguardava a luz verde do sinal, fui abordado por uma rapariga (romena?) que me estendeu o "Borda d'Água" e a mão para uma moedinha.

A única que tinha a jeito era de 20 cêntimos. E dei-lha.
A reacção foi de desprezo e censura. Só 20 cêntimos?!!

Noutro tempo, não muito distante, quarenta escudos, para esmola, era uma soma não só aceitável como apreciável.

Mas, hoje, vinte cêntimos não só não satisfazem como dão lugar a indignação e reacções agressivas por parte de quem pede e se sente no direito de determinar o montante da "bandeirada".

Assim sendo, e para evitar incidentes diplomáticos à beira dos semáforos, convido o Secretário de Estado que estiver menos ocupado a aproveitar a próxima Presidência Portuguesa da UE para fixar uma EMN, ou seja, esmola mínima nacional.

Desta forma, deixaremos de fazer figura de pelintras diantes destes jovens e simpáticos romenos que nos honram com a sua presença, têm a sua dignidade e não aceitam qualquer coisinha.
Não sei se são pobres. Agradecidos é que não são, de certeza.

A serigaita ficou a recitar o seu rosário de nomes feios (em romeno) e eu jurei que, na próxima vez, não leva vinte nem dez nem cinco.

Mal ela sonha que eu sou da borda d'água...

No seu melhor

Agora percebo as corridas matinais do primeiro-ministro. Desiludam-se os cépticos: a coabitação está para durar. É bom saber que o presidente Cavaco vela por nós.

Pergunta

Se o SIM ganhar, qual será a próxima causa fracturante?

Um referendo escusado

Por diversas razões, o debate (sobre o aborto) tornou-se num combate, o que é de lamentar.

O que deveria ser decidido no recanto mais tranquilo das nossas consciências foi posto na praça pública, com partidos políticos, múltiplas associações e movimentos em acesa peleja.

Os dos NÃO apresentam-se como os anjos imaculados, desfraldando a bandeira de defensores da Vida. E acusando os do SIM de assassinos de criancinhas.

Só não querem perceber que nem uns nem outros vão conseguir o ideal, ou seja, acabar com o aborto, em especial, o clandestino.

A verdade é que este referendo é inútil, uma vez que TODOS somos contra o aborto.

O que faz falta é uma lei que contemple todas as formas de prevenção, apoio e protecção para as mulheres, em particular as mais jovens.

Com o contributo de todos, os do SIM e os do NÃO, seria possível chegar a um consenso que nos unisse à volta do essencial , a Vida e a felicidade das famílias.

Por agora, haveria uma só coisa a fazer: alterar a lei e despenalizar o aborto.

Depois, meter mãos à obra e tratar a sério, em profundidade, este grave problema.

Mas fazê-lo de mãos dadas, com tolerância, com compreensão.
E com amor...

O aborto e a tragédia da Esquerda

Os apoiantes do SIM no referendo do aborto – trata-se, por atacado, da Esquerda – defendem-se, como podem, no último reduto das suas posições. A sedução do pragmatismo em que se ancoram reside, por inteiro, na lógica, aparentemente impecável, decerto implacável, dos raciocínios proclamados: “é melhor escolher o mal menor”. A par deste argumento, surge também invocada, em seu auxílio, a comparação com o que se passa “lá fora”, na Europa “desenvolvida”, no mundo “civilizado”.

Sem disso se dar conta, a Esquerda, ainda que no domingo o SIM acabe por não vencer, meteu-se num beco sem saída. Não a Esquerda comunista, que sucumbiu vergada ao peso dos seus próprios horrores; mas a Esquerda democrática, cuja origem remota se há-de buscar num vago fundo iluminista e romântico, de que o espírito maçónico, depois maculado pelo positivismo, pode, talvez, oferecer paradigma reconhecível. É esta Esquerda que agora se recusa, enfim, a transformar o mundo, abdicando de realmente melhorar as condições materiais da vida das pessoas, uma vez que, quanto às condições espirituais, há muito – desde que suprimiu a ideia de Deus do seu horizonte – demonstrou a sua inépcia.

Como no mito fáustico, a Esquerda vendeu a alma ao diabo. A mesma Esquerda que dizia sonhar – porque o sonho comandava a vida – não tem hoje para oferecer senão a desolação. Para mais, a comiseração pungente denotada perante as mulheres levadas a julgamento degrada irremediavelmente séculos de uma luta justa pela dignidade da condição feminina.

A Esquerda perde tudo: a alma e a face. Martelar agora a tecla do exemplo internacional, ceder à falácia do inexorável, resignar-se às circunstâncias, é entreabrir a porta ao mal menor dos despedimentos colectivos, abençoar a frouxa legislação laboral que se aplica noutras paragens, o diabo a sete! A tragédia da Esquerda está sobre o palco e o pano vai cair.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

Um país desenvolvido

Ó cínica Inglaterra, ó bêbeda impudente,
Que tens levado tu, ao negro e à escravidão?
Chitas e hipocrisia, evangelho e aguardente,
Repartindo por todo o escuro continente
A mortalha de Cristo em tangas d’algodão.

GUERRA JUNQUEIRO, FINIS PATRIAE


Segundo o DIÁRIO DE NOTÍCIAS de hoje, Philip Hook, um especialista em arte impressionista e em arte moderna, terá sublinhado, a propósito do milionário leilão da Sotheby’s, que agora se iniciou em Londres, a importância da capital inglesa no mercado de arte. Nomeadamente, Hook admite que “os Invernos frios e os Verões quentes têm consequências positivas nos negócios, porque há mais pessoas a morrer e a sua arte a ser por isso vendida, enquanto outros compram paisagens quentes”. Eis a esplêndida Inglaterra, um dos tais países desenvolvidos lá da Europa, que, de vez em quando, dá jeito invocar, como luzeiro civilizacional, por estas bandas, para justificar o que não tem justificação…

Por que SIM

Se a actual lei se mantiver, as mulheres

- deixam de abortar ? NÃO

- vão renunciar ao aborto clandestino ? NÃO

- deixam de ser consideradas criminosas ? NÃO

- vão ter acesso a melhores condições para abortar ? NÃO


Então, para que serve votar NÃO ?

Paneleiros

Vem no jornal. A empresa Silampos, produtora de panelas de pressão, anda a ser altamente prejudicada por imitações provenientes da China.
Até os livros de instruções e as respectivas erratas são copiados à letra.

Já sabíamos que, na sua deslocação à China, José Sócrates não iria tocar na melindrosa questão dos direitos do Homem.

Falta agora saber se, por acaso, este assunto das panelas de pressão terá ido à colação.

Suspeito que não, talvez por haver uma só empresa a queixar-se, talvez por não ter calhado.

Ou talvez porque suas excelências não têm tempo a perder com negócios de paneleiros...

Um NÃO muito infeliz

Está, neste momento, a falar na RTP1, a propósito dos Grandes Portugueses, uma piquena chamada Isabel Moreira (Assistente da Faculdade de Direito) que acaba de afirmar que uma das grandes armas do Doutor Salazar foi, "claramente, a não instrução" (sic).

No meu tempo, o não (advérbio, de profissão) só acasalava com verbos (obviamente) e, menos, com adjectivos e outros advérbios.

Expressões como não instrução, não notícia, não entrega, não presença, etc. são erradas, feias, pedantes e caricatas.

Salazar terá, porventura, alimentado o analfabetismo.

Em Portugal terá havido falta de ou pouca instrução.

Agora não instrução, ó sô dòtora, em que escola de adultos é que aprendeu isso?

domingo, 4 de fevereiro de 2007

A "borto" e a direito

O caso da pequena Esmeralda talvez pudesse constituir um ponto de partida para uma reflexão sobre os direitos dos chamados pais biológicos que, apenas por trazerem ao mundo uma criança, adquirem sobre ela direitos que, muitas vezes, estão longe de justificar.

Quando digo apenas, refiro-me aos casos em que a concepção não resulta de um acto consciente, reflectido, mas apenas de um banal e ocasional episódio de sexo.

O pai biológico está, frequentemente, ausente, física e/ou afectivamente, enquanto a mulher se limita a trazer o filho no ventre até dar à luz.

De uma forma muito simples e clara, os direitos só deveriam ser concedidos aos homens e às mulheres que demonstrassem ser mais que (às vezes, involuntários) genitores.

Só deveria merecer direitos sobre uma criança quem mostrasse, de forma duradoura e constante, ser verdadeiramente PAI ou MÃE, o que é infinitamente mais do que
ser um mero protagonista de um encontro carnal.

As fêmeas dos animais irracionais têm, por norma, gestos instintivos de afecto e ternura, para com as suas crias.

Desgraçadamente, o mesmo não sucede com muitas mulheres e homens.
Mas nem por isso deixam de ser designados por pai e mãe, com direito a direitos imerecidos.

Será que todas as leis são perfeitas, actuais e imutáveis?