terça-feira, 31 de julho de 2007

Tratamento personalizado

Transcrição de um comentário da Maga Patalógica à entrada "Poeira para os olhos", publicada hoje:

A defesa discreta que o Escriba fáz da anterior gestão Socialista é confrangedora. Mais um mandato com gestão Socialista e Sesimbra estaria irremediávelmente arruinada. Um destino turístico competitivo não se cria com balélas nem discursos ocos, mas sim com determinação, estratégia, planeamento e com quadros à altura. É fácil, mas não para todos.......
Cara Maga,

Tire lá o acento da palavra "faz", se faz favor. Acontece. Mas fique descansada, que eu não conto a ninguém.

Tire lá também o acento da palavra "irremediavelmente". Bem sei que este advérbio de modo reflecte cabalmente o seu estado de espírito, mas também, que raio!, não é preciso escrever aos gritos.

Tire lá ainda o acento da palavra "balelas". Eu sei que a Maga a conhece bem por dever de ofício, mas o segredo é a alma do negócio.

Diga lá: esteve recentemente a estagiar no boletim municipal?

Ó Maga, já viu que lhe sobra em acentos o que lhe falta em argumentos?

É como diz o outro: quem sabe ler, lê; quem não sabe, vê bonecos.

É como diz a Maga: é fácil, mas não é para todos. Para si não é, com certeza, que a Maga não nasceu para isto.

E o órgão a tocar...

Televisão é isto mesmo, variedade e contraste, nas imagens e nos conteúdos.
São 16.30, aqui em Lisboa, menos uma hora nos Açores, caso vos interesse saber.

Enquanto o canal Hollywood está a dar "A Lista de Schindler", a nossa querida RTP1 mostra um jovem bem penteadinho que recebe personalidades mais ou menos conhecidas e que consegue a proeza inacreditável de ser pior apresentador do que o Marco Paulo foi, há alguns anos, na mesma RTP de serviço público.

A parte boa é que esse jovem entretidor (também posso inventar palavras, ou não?) anunciou que hoje é o Dia Mundial do Orgasmo.
Não posso duvidar do rapaz, pelo que, perante tão fascinante escolha, me ocorrem duas perguntas:

- esta coisa dos Dias Mundiais é da responsabilidade do ministro Manuel Pinho?

- ou serão ideias da doutora Felícia?

É que tanta originalidade, tanta imaginação, só mesmo na Onda Jovem.

E esta do dia do Orgasmos, uau, é o top dos máximos.

Abstenho-me de vos sugerir como podeis fazer as honras a este Dia Mundial...

Gargalo tecnológico

Percebemos agora melhor a fixação de Sócrates em relação aos países escandinavos cujo modelo de sociedade gostaria de aplicar a Portugal.
Em linguagem moderna, o golpe seria "deslocalizar" a Dinamarca para o Alentejo. Why not?

Pois bem. Ficámos hoje a saber que um cidadão português, Arnaldo de Carvalho, é um sem abrigo de luxo que recolhe garrafas nas ruas de Copenhaga.

Os seus rendimentos levam-no a desprezar um ordenado mensal de 500 euros que poderia ter em Portugal, razão pela qual não tenciona voltar.
Vem cá de férias, sempre de avião, e espera ainda melhorar o seu estatuto social.

Moral da história: que se lixe o plano tecnológico.
A recolha de garrafas na Dinamarca é um job com futuro.
Cá é que não daria, porque não bebemos tanto como os dinamarqueses e porque deitamos fora todas as garrafas, pelas janelas dos carros, para as sarjetas e, em desespero, para os depósitos azuis...

Poeira para os olhos

O editorial que Augusto assina no número duplo (Julho-Agosto) do “Sesimbra Município” é um exemplo claro de que o autarca, antes de escrever, deveria parar um pouco para pensar bem naquilo que quer dizer. E, não podendo ser antes, que, ao menos, o fizesse depois, com o texto alinhavado. Teria, assim, evitado cair em contradições insanáveis que põem em causa a sua credibilidade política e acentuam a do seu antecessor, num reconhecimento tácito, e sem precedentes, do mérito de Amadeu.

Fazendo apelo à lógica, essa prodigiosa invenção de Aristóteles, iremos então por partes.

No seu escrito veraneante, Augusto começa por dizer que “Sesimbra é, hoje, o principal destino turístico da Costa Azul”. Estranho acontecimento! Ainda não fez dois anos, o pretendente Augusto ambicionava empenhadamente transformar o concelho no maior destino turístico da Península de Setúbal, que é apenas uma parte restrita da Costa Azul. Agora, num abrir e fechar de olhos, Augusto já quer levar a palma toda.

Uma pergunta óbvia: como conseguiu Augusto semelhante milagre em tão pouco tempo, se 2006 foi um ano de fraquíssimo investimento municipal, e ainda não há dados estatísticos relativos a 2007? Neste ponto, Augusto não teve outro remédio que não fosse o de fugir para a frente olhando para trás. E lá vêm a melhoria da oferta hoteleira, a requalificação do espaço público, a valorização dos produtos tradicionais, o arranjo dos acessos, os estacionamentos e a dinamização do património como factores que explicam o sucesso avançado. Dando-se ares de mago, o edil fala ainda das sobrevindas excelências da divulgação, o que nos daria vontade de rir, se acaso nos não fizesse chorar. Sabe Augusto dizer em que percentagem (e em que número) aumentaram, em 2006, os turistas estrangeiros entre nós? Se sabe, que o diga, para podermos fazer as contas todas, à vista do que gastou em propaganda. Se não, que meta a viola no saco.

Aqui chegados, novas perplexidades se abrem ao leitor atento. Primeira, tudo, ou quase tudo, o que Augusto apresenta agora como causas eficientes do êxito, veio, em altíssimo grau, do trabalho do seu antecessor. Nada de relevante se viu, entretanto, em matéria de estacionamento, de novos empreendimentos turísticos (há, isso sim, o fiasco recente da hasta pública da Avenida dos Náufragos), de valorização do património (salvo os assadouros que fumegam na Fortaleza e as mariscadas leoninas na esplanada da Casa do Bispo!) ou de novos acessos à vila.
Se Sesimbra só agora se tornou o principal destino turístico da Costa Azul (não sei se isto é verdade, Augusto é que o diz), o mérito vai, interinho, para quem criou condições para que tal acontecesse, e não para Augusto. Mas se, por hipótese, Sesimbra já o era, ou estava próximo de o ser, em 2005 (ninguém compreende que o não fosse, ou quase, em 2005, para passar a sê-lo no ano seguinte sem qualquer investimento de vulto), por que razão prometeu então o candidato Augusto o menos (1.º destino da Península) quando já tinha o mais (1.º destino da Região de Turismo)? Há alguma seriedade nisto?

Há, sim, no editorial de Augusto, um momento bem revelador desta sua divertida pantomina. É logo no começo, no título que reza assim: “Sol, mar e tradição”. Nada disto se deve a Augusto. Deve-se a Deus e aos homens, ao Criador e ao bom povo que, volta e meia, tanto jeito costuma dar ao edil e aos seus apaniguados. Por isso, logo a boca lhe fugiu para a verdade. O resto é poeira para os olhos.

Emigrantes

Muita gente critica este Governo por não explicar capazmente as medidas que toma, daí resultando incompreensão e rejeição, muitas vezes.

Ora, ouvi há pouco que um senhor Secretário de Estado está hoje em Vilar Formoso a tomar parte numa campanha de sensibilização contra os incêndios.
A ideia é distribuir aos nossos emigrantes (o alvo escolhido) panfletos com recomendações.

Haverá, porventura, formas mais simpáticas de lhes desejar as boas-vindas do que esta papelada cuja entrega pode ser sentida como atitude discriminatória e, pior ainda, como um atestado de menoridade.

Os Portugueses que vivem por essa Europa fora (os chamados emigrantes) vêm de países razoavelmente civilizados, talvez não tão modernos tecnologicamente como o nosso, mas onde já existem televisão a cores e telemóveis.
Talvez não tantos como por cá, mas o suficiente para os nossos emigrantes já saberem que é feio atear fogos e deitar lixo para o chão.

O senhor Secretário de Estado não terá mais nada com que se entreter?


Dois sem três

Neste momento, não convém nada ser cineasta e idoso ao mesmo tempo.

Depois de Ingmar Bergman, foi agora a vez de Michelangelo Antonioni que faleceu, ontem, em Roma, aos 94 anos.

Digo isto porque me lembrei do nosso Manoel de Oliveira.

Não é que eu goste dos seus filmes, longe disso, mas terei muito mais dificuldade em fazer comentários cáusticos depois da sua morte.

Por isso, faço votos para que continue a fazer fitas.

É bom para mim e bem feito para quem as vir...

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Morto, sim, mas devagar

O jornal SOL informa que os talibãs dizem ter morto reféns. Talvez.

Pessoalmente, diria que eles podem ter matado.

A confusão resulta do facto de morto ser o particípio passado dos verbos matar e morrer.
Com o auxiliar ter, deve usar-se matado. Com ser ou estar, é morto.

Assim, eu tenho matado, mas não estou morto.
Agora, eu tenho morto é que não.

Eu sei que o SOL anda forte, mas não ao ponto de ter matado as boas regras gramaticais...

Malandros

Eu garanto que não invento nem fabrico estas coisas.
A pura da verdade é que o Correio da Manhã de hoje (internet) traz esta notícia:

" Fátima Felgueiras pronunciada por oito crimes".

E, mesmo ao lado, paredes meias, esta outra :

"Oito grandes incêndios em dia de calor extremo".

Estão a ver como se pode arruinar a boa imagem de uma pessoa?
De que maneira os jornais queimam (literalmente) alguém?
Não será isto perseguição?

Mas não tema, dona Fátima, esta Carta pode ser Magra, mas é sua. Jogue-a quando quiser...

Fátima, o regresso

Olhe, senhor Juiz, eu não sei se oito crimes são conta certa ou não.
Certo é que o oito é o tal algarismo que contém, em si, todos os outros.
O que não quer dizer que a dona Fátima tenha em si todos os crimes, nada disso.
Até ver, e já não é pouco, são oito ou óito, como quiserem.

Mas o que eu queria era dizer da minha gratidão ao senhor Juíz (ou juíza, não sei) por trazer à nossa glutona colação a dona Fátima.

E isto pela simples razão de que já estamos todos fartos dos Pintos (o Costa e o Sousa) e dos Loureiros, pai e filho.

Já chega de Carolina e de Ana, venha a Fátima para alegrar o nosso Verão.

A coisa promete, sobretudo porque ela está perfeitamente em linha com os outros arguidos famosos. Têm todos uma particularidade que nos dá imenso jeito. Eu explico.

Seria cruel e revoltante, inadmissível e miserável, se os zurzíssemos amiúde, julgando nós (ou desconfiando, pelo menos)que são culpados.
Seria maldade raivosa, pulhice imperdoável.

Contudo, estamos de consciência perfeitamente descansada porque a nossa convicção é firme e a dona Fátima veio hoje reforçá-la de forma convincente, ao declarar-se inocente, não obstante a teimosa mania do senhor Juiz que a acusa dos tais óito crimes.

Por isso, estamos felizes porque há uma artista nova no nosso palco dos festivais de Verão, uma artista com provas dadas em Portugal e no Brasil.

Senhoras e senhores, léidis e gente de mas, la voici, la voilà, a nossa Fatimá!

Oito ou òitenta?

Fátima Felgueiras (lembram-se dela?) foi hoje pronunciada pelo Tribunal em oito crimes.

Como não pude lá estar, por causa do calor, não ouvi a declaração,pelo que não sei se foi lida com pronúncia do norte ou com sotaque brasileiro.

Parecendo que não, esta questão da pronúncia é relevante, uma vez que é de toda a conveniência que a arguida perceba do que a estão a acusar.

Ora, sendo a doutora Fátima indígena de Felgueiras, mas com permanência prolongada no Brasil, é natural que sofra de alguma perturbação elocucional.

A prova é que não percebeu patavina do que lhe disseram, pois, apesar dos oito crimes que tem às costas, a doutora declara-se inocente.

Cá por mim, foi tudo uma questão de pronúncia. Terão dito oito ou óito crimes?

Passatempo

Isto é mais um exercício para "magros" leitores de férias. Vamos lá atão!

É costume dizer-se que o futebol é para homens de barba rija e, de facto, alguns têm nomes que até assustam.
Em tempo, houve um guarda-redes chamado Tormenta, outro Martelo e um terceiro Roldão.
Há nomes em ão que assustam, sobretudo quando o tipo é mesmo calmeirão, como o Geraldão ou o Luisão.

Mas também os há franzinos, como o Adão (jogou no Braga), o Coentrão ou o Simão.
Aliás, no Benfica, antes deste Simão, houve outro, mais pequeno, mas que valia por dois. Era o Simões.

Depois, há os falsos delicados, como o Petit ou o Costinha, dois sarrafeiros com nomes maneirinhos.Diminutivos curiosos também, como Beto, Vieirinha, Carlitos, Leo, Manu, Quim ou Tonel.
Moutinho é franzino, Pepe lembra circo, Mourinho é carapau fino.

A via fica aberta para sugestões e curiosidades...

domingo, 29 de julho de 2007

Instinto predador

Este ano, ainda não segui as pisadas do João. Mas hoje à tarde, na Praça da Califórnia, o livro Pesca e Pescadores em Sesimbra, de Maria Alfreda Cruz, estava gloriosamente à minha espera, numa banca da feira de velharias da vila, que ali se realiza agora. Atendendo a que se trata de obra há muito esgotada e de um dos títulos mais difíceis de encontrar da bibliografia sesimbrense, não se pode dizer que os 22,50 euros desembolsados tenham sido uma extravagância. A vendedora, pessoa de fora que habitualmente marca presença na feira, deixou escapar: “Estava a ver que vinha a Sesimbra e o levava de volta”. “Isto em Sesimbra está muito mal”. Aludia assim ao desinteresse que, ao longo do dia de hoje, os nativos terão manifestado pelo livro raro que acabara de lhe comprar. Ainda bem, acrescentarei eu agora, com mal disfarçado egoísmo, que nestas coisas da bibliofilia procedo com instinto predador.

Livre e Directo

O Mantorres ...hum... hum... escreveu um livro a meias com o jornalista José Gabriel Quaresma e dessa união de factos ligados à carreira do jogador nasceu o "Livro Directo".
O título é interessante e sugestivo, pelo que estão de parabéns os autores da obra.

Ainda assim, algo me diz que estamos perante uma coincidência que merece a pena (apenas pela curiosidade) reconstituir.

Em meados de 1971, no saudoso "Diário de Lisboa" nasceu uma rubrica intitulada "Livre e Directo".
Era assinada por um tal Cagica, ao tempo ligado ao Belenenses e, se a memória (já vacilante) não me atraiçoa, a primeira crónica teve como figura central, o jogador Fragata, do Desportivo de Sesimbra.

O tempo passou, o "Diário de Lisboa" finou-se e o título "Livre e Directo" só ressuscitou em meados dos anos 80, num programa da Antena1.
Interrogado pelo autor do título, o responsável do programa acabou (a muito custo) por declarar que não houve plágio, mas apenas coincidência. Quem duvida?

Pouco tempo depois, o mesmo título foi utilizado, em rubricas sobre futebol, pelo "Diário de Notícias" e também pelo "Público".
Nenhum destes jornais se dignou sequer responder ao pedido de explicação formulado pelo autor.

Há poucos anos, surgiu no mercado um livro intitulado "Líbero e Directo", por acaso, escrito pelo mesmo Cagica.

É bem evidente que o senhores Mantorras e Quaresma nunca leram o "Diário de Lisboa", são jovens de mais. Decerto nunca ouviram falar, sequer, do obscuro "Líbero e Directo".
Porém, pareceria normal que o jornalista Gabriel Quaresma tivesse ouvido a Antena 1 e/ou lido o "Notícias" e o "Público". E daí, talvez não, em casa de ferreiro...

Seja como for, e dada a subtil semelhança, imagino que o senhor Cagica só possa sentir-se orgulhoso porque os ecos do seu "Livre e Directo" persistem, de coincidência em coincidência,
desde 1971 até aos nossos dias.

Naturalmente, o Mantorras é livre de ter um livro e tem todo o directo...



De encontro a

Eu bem sei que estas observações sobre a língua portuguesa podem parecer a algumas pessoas chinesices de primeira, mas a mim dão-me prazer.
Por isso, volta não volta, cá me têm de atalaia.

Já não sei que pensar de jornalistas, políticos e outros figurões que dizem, repetidamente e sem vergonha, que "uma medida vai de encontro aos desejos do povo". É apenas um exemplo.

Pelos vistos, estes ilustres senhores não percebem que a forma correcta é ao encontro dos e não de encontro aos.
Confesso que fico espantado. Será que esta gente fala sem pensar?

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Alguma razão deve haver

Certamente inspirado pelos queixumes que as exigências de exame prévio do vereador Polido motivaram, recentemente, ao congénere NOTÍCIAS DA ZONA, o director do NOVA MORADA dedica o editorial do último número à distinção entre entrevista e inquérito (trocando a coisa por miúdos: perguntas previamente colocadas por escrito), e termina o seu escrito com uma garantia aos leitores: a de que sempre que o jornal que dirige “publique um inquérito por entrevista os informa da forma e do método utilizado”. Parece-me bem.

Por coincidência, o último NOVA MORADA traz uma extensa entrevista com o vereador Polido, conduzida pelo director do quinzenário e pela jornalista Vanda Pinto. Ao leitor, não é dito tratar-se de um inquérito, pelo que, fazendo fé nas palavras do seu director, estamos mesmo perante uma entrevista (conversa oral).

Resumindo e concluindo: ao que parece, o vereador Polido não terá confiado o suficiente nos jornalistas do NOTÍCIAS DA ZONA para lhes conceder uma entrevista no verdadeiro sentido do termo (aliás, deixou-os a falar sozinhos). Mas não deixou de a conceder ao NOVA MORADA, como se pode ver pela peça assinada pela jornalista Vanda Pinto. Alguma razão deve haver…

À vontade do freguês?

Ao que parece, a Junta de Freguesia do Castelo e a Sesimbra FM estabeleceram uma parceria inédita e insólita. Agora, com efeito, a Junta do Castelo passou a integrar a lista de “contribuidores” (a expressão é catita!) do blogue da Sesimbra FM, e até ali publicou mais do que uma entrada. Realmente, o mundo é muito pequeno. Tão pequeno, que já nos começa a faltar o ar.

Vinha vindimada

O mesmo PCP que em Setembro próximo fará questão de incensar a carnificina de Outubro tem nas suas fileiras um desvairado militante que, há quinze dias, no NOVA MORADA, se deitou a comparar os dirigentes do PS com o responsável pela propaganda nazi, Joseph Goebbels. Na altura, li a barbaridade de Fernando Patrício, mas não quis abusar da paciência dos nossos leitores, servindo-lhes tamanha insanidade. Para mais, tratava-se, sobretudo, de um assunto entre partidos, e esperei que alguém das hostes socialistas viesse a terreiro defender a sua honra. Fê-lo agora Américo Gegaloto, com dignidade e firmeza. Fez bem. Quem não se sente, não é filho de boa gente. Por muitas e duras críticas que este governo socialista possa merecer – e bem as merece –, há limites para tudo. Mesmo para o sumo descaramento de quem passa por noventa milhões de mortos, assobiando para o ar, como cão por vinha vindimada.

A festa do sangue

Este ano, a Festa do Avante vai comemorar os 90 anos da revolução bolchevique. Quando penso nos milhões e milhões de mortos e estropiados que se seguiram ao festim de Outubro, fico espantado com a desfaçatez desta gente. Pior do que isto, só a estranha complacência com que a velha Europa os trata.

Talvez

NASA descobre que astronautas viajavam embriagados.

Capacetes azuis da ONU acusados de crimes de abusos sexuais, na Costa de Marfim.

Agente da Polícia Judiciária detida por colegas.

Igreja Católica nos USA reconhece crimes sexuais de padres e paga milhões a vítimas.

Ex-Primeiro-Ministro francês, Villepin, formalmente acusado de denúncias caluniosas vai a tribunal.

Com instituições neste estado calamitoso, o Apito Dourado é quase um devaneio inocente...


Pela boca morre o peixe

Lembram-se da cassete da azia? Lembram-se do que eles diziam dos blogues e da blogosfera? Cobras e lagartos. Que dirão eles agora deste novo blogue?

Elementar

Depois de se reformar da Presidência da República, Jorge Sampaio dedicou-se à luta contra a tuberculose, mas não me parece que tenha sido a melhor reconversão para o senhor.

Pessoalmente, vê-lo-ia mais realizado em acções diplomáticas, medianeiro, uma espécie de Tony Blair dos pequeninos.

Todos estamos lembrados da sua célebre frase "Há mais vida para lá do orçamento". Pois bem.

Ao ver que Tony Blair chamou a si a missão (quase) impossível de pacificar a Palestina, observo que as negociações são agora ainda mais difíceis quando os próprios palestinianos se guerreiam entre si.

Se de um lado não há dúvidas, está Israel, do outro encontram -se os desavindos irmãos Hamas e Fatah.
Com quem dialogar então? - interroga-se o sempre sorridente Blair.

- Elementar, meu caro Tony - diria o nosso Jorge, se lhe dessem a palavra.

E tem toda a razão, Dr. Sampaio. Para clarificar a situação, bastaria que Israel percebesse que, na Palestina, Hamas vida para lá da Fatah...


Ah, leão!

Se alguém duvidava que a Academia de Alcochete é uma instituição de créditos firmados, a prova está feita.

No Curso de Treinadores, nível IV, o primeiro classificado foi o adjunto de Paulo Bento, de seu nome Leonel Pontes, com 17.5 valores.

O técnico principal dos leões obteve 17 valores, mas não é provável que passe a adjunto.

Da pauta constam muitos nomes conhecidos e não houve reprovações.

Deduz-se que o senhor Pinto de Sousa não esteve metido na elaboração destas classificações.

E não há dúvida de que estes concluíram mesmo os cursos, não são como um que nós sabemos, cala-te boca...

Minha nossa !

Este Benfica está a deixar-me preocupado.

Primeiro foi aquela ideia duvidosa das camisolinhas cor-de-rosa.

Agora, ao que me bichanam ao ouvidinho interno, vão chegar um tal Angel Di María e um Belleti.


Se lhes juntarmos um matulão Luisão, um híbrido Leo, um "mignon" Petit, um rapper Manu, um tal Cuentrão, são só papoilas saltitantes !!!

Contrapartidas

Raros serão os portugueses que já teriam ouvido falar da Comissão Permanente de Contrapartidas (CPC) ou do Plano Indicativo de Cooperação (PIC) que, ontem, aqui trouxe à colação.

Ficamos a pensar no número de PICs e de CPCs que não existirão nos incontáveis corredores do Poder.
A verdade é que, para além das notícias vindas a lume, o que desperta a atenção é a estranha designação de cada uma das entidades.

Um plano de cooperação percebe-se logo o que seja, mas...indicativo?
Nos verbos, Indicativo é um Modo. A cooperação pode ter lugar no presente (logo Presente do Indicativo), mas visa mais o futuro, do mesmo Indicativo. Mas porquê Indicativo?
Plano de Cooperação não é suficientemente explícito?
Enfim, eles lá saberão.

Mas nós sabemos (agora) que os 65 milhões de euros se destinam a sectores carenciados como a Saúde, a Educação e a Agricultura. Como se nós, por cá, não tivéssemos também carências.
Mas é aí que talvez entre em cena aquela coisa surpreendente das Contrapartidas.
E é curioso como duas notícias distintas podem ter pontos de contacto.

Se o pobre Portugal ajuda a rica Angola, quais serão as nossas contrapartidas?
Para muitos empresários portugueses, Angola volta a ser terra prometida.
Mas para o comum dos cidadãos-contribuintes qual é a contrapartida?

Até ver, Portugal oferece milhões a Angola e recebe, em contrapartida, milhares de desempregados, adultos e crianças a quem damos Educação e cuidamos da Saúde.

Só não lhes arranjamos trabalho na Agricultura porque isso é coisa que já não temos, a Comissão Europeia tem-lhe tratado da saúde, oferecendo-nos contrapartidas que serviram, sobretudo, para comprar jipes...

Honni soit

Um leitor pede-nos que expliquemos o sentido do honi soit. Muito bem, vamos lá arrumar a casa.
Em primeiro lugar, deve escrever-se honni e não honi. Fica a correcção, sendo o lapso da nossa inteira responsabilidade.

A expressão honni soit qui mal y pense significa, à letra, maldito seja quem disso pensar mal.
No fundo, trata-se de uma fórmula carregada de hipocrisia que é utilizada por pessoas que fingem ingenuidade e inocência enquanto formulam insinuações ou acusações.

Ao acrescentarem honni soit qui mal y pense estão a transferir para quem ouve ou lê a responsabilidade de tirar conclusões malévolas.

É uma habilidade tão estafada que perdeu significado, pois toda a gente percebe que a insinuação nada tem de inocente.

E foi precisamente porque a fórmula caiu em desuso que a colocámos como divisa, numa escolha que, só por si, já é um pequeno desafio, contém um certo perfume de provocação. Sorridente, insinuante, mas provocaçãozinha.

E isto porque nós não fingimos inocência, assumimos o fundo e a forma do que escrevemos, colocamos factos na base das afirmações sérias, nunca nos escondemos atrás da hipocrisia de um qualquer honni soit.

Outra coisa é a ironia e o bom humor com que tentamos, muitas vezes, tratar certos assuntos. Mas aí, se houver algum resquício de honni soit ele é frontal, ostensivo, está claramente inscrito na matriz da brincadeira.

Talvez por isso, porque não nos julgamos justiceiros nem donos da verdade, o que buscamos neste exercício é, acima de tudo, o prazer de partilhar com quem gosta o prazer desta cavaqueira.
Razão pela qual adoptámos agora a divisa uma companha alegre.
Qualquer dia pode ser outra. Ou nenhuma. Não estamos amarrados a outro compromisso que não seja este gosto de partilha.

E honni soit, errado estará, quem julgar o contrário...

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Angola, afinal, ainda é nossa?

Eu gosto de tratar algumas notícias como me dá prazer, mas esta (quase) dispensa retoques.

Acabo de ler que este simpático país que é Portugal vai pôr, nos próximos três anos, 65 milhões de euros à disposição de Angola.
Se bem compreendi, estamos perante uma ajuda não reembolsável, ou seja, é dado, não é emprestado.

Mais ficamos a saber que esta medida se integra no Plano Indicativo de Cooperação, garbosamente sintetizado na sigla PIC.

Eu prefiro não dizer de que é isto indicativo. Mas não posso deixar de pensar no petróleo, nos diamantes, nas imensas fortunas das classes dirigentes angolanas.
Tal como me custa compreender que um Governo que nos obriga a prolongados sacrifícios, que nos esmaga com impostos directos e enviesados, ache apropriado oferecer milhões a Angola.

Se calhar, sem nós suspeitarmos, somos um país rico. Ou talvez sejamos como o Titanic, com a orquestra a tocar enquanto o navio mergulhava a PIC...

Contrapartidas?

Era uma vez uma senhora chamada Helena Loureiro que, até anteontem, foi adjunta do ministro Manuel Pinho.

Acontece que, talvez para impressionar os amigos, a senhora resolveu distribuir cartões com o seu nome e a categoria de vice-presidente da Comissão Permanente de Contrapartidas, cargo que não existe.

Implacável, Manuel Pinho não esteve com meias medidas e demitiu a senhora.
De todas as suas funções, ou seja, all jobs. Assim é que é! Reacção imediata, ao melhor estilo da directora da DREN, ( char) rua com a Helena.

Resumindo: o cargo de vice-presidente da CPC não existe. Ficamos todos a saber.
Mas existe uma coisa chamada Comissão Permanente de Contrapartidas.
O que será? Do que tratará? Favores? Cunhas? Olha, depois, não te esqueças de mim?
Fico cheio de curiosidade, confesso.

Entretanto, a
(saudosa) ANOP está a divulgar um comunicado do major Valentim esclarecendo que nada o liga a esta senhora Helena Loureiro...

Passatempos de férias

Se, no processo Apito Dourado, a Comissão de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol foi identificada como sendo a torre de controlo (ou caverna de Ali Bábá), pergunta-se, candidamente:

Quem é o Presidente da Federação?

Hipótese A : Otelo Saraiva de Carvalho

Hipótese B : José de Sousa Saramago

Hipótese C : Gilberto Madaíl


Reflexão subsidiária para resposta facultativa : o senhor Gilberto foi

a) - menino de coro
b) - discípulo de Pôncio Pilatos
c) - o último a saber

Provérbio chinês: A nêspera é filha da nespereira. O caroço é filho da fruta...

Como disse?

A quem possa interessar, a XV bienal da Festa do Avante vai evocar o 90º aniversário da Revolução de Outubro. Foi tão bonito!

Bienal...bienal... onde é que eu já ouvi isto?

Até que enfim

Vieira, Santos e Veiga, Lda. cumprem hoje (com um sorriso maroto nos lábios) o fingidamente doloroso dever de participar aos seis milhões de lampiões a partida do extremoso (direito e esquerdo) Simãozinho Sabrosa, após prolongada dolência.

Como é sabido, as crises transferenciais agudizavam-se em cada defeso e já se havia perdido a esperança de o despachar quando se abriu esta janela de oportunidade, o chamado barrete espanhol, talvez cunha metida por don Saramago, por supuesto.

A trasladação está a cargo da agência Jorge Mendes.

O treino de 7º dia terá lugar no Vicente Calderon, em Madrid.

Agradecem, desde já, a quantos queiram acompanhar o Simãozinho neste adeus à Luz.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Tinoni

Caro senhor Escriba,

Bem sei que não sou pago para pensar, mas apenas para encher o saco e ir à vida.
Mas acontece que eu olho. E não só olho mas vejo. E bem vi que o senhor tirou lá de cima o honi soit qualquer coisa e botou uma companha alegre.
Gostei, confesso que gostei, até porque não sei o que é que o tinoni queria dizer.
Também gosto dos dois santinhos, são cá da minha devoção.

Mas fico aqui a matutar no seguinte. A senhora do quadro estava grávida, se bem me lembro da polémica aqui atrasado.
Agora, aparece um dos santinhos com um menino nos braços. Será da senhora do quadro?

Tinoni longe de mim lançar suspeitas sobre o tal santinho que nem sequer deve conhecer a senhora, mas que há aqui algum mistério, lá isso ainda há qui mal y pense.

Passe bem, senhor Escriba! E continue alegre, que assim é que eu gosto.

A síndrome Tupperware

Há coisas que me fazem espécie. Por que carga de água o anúncio da Exposição Internacional de Arte de Sesimbra deste ano, iniciativa apoiada (ou co-promovida?) e divulgada pela Câmara Municipal surge com os dizeres respectivos primeiro na língua inglesa, e só depois traduzidos para português? Não bastava o traste do Pinho com o triste Allgarve? U2, Augustus? Terá agora o dinheiro dos nossos impostos o nefasto condão de nos pôr servilmente de joelhos perante a ralé “beef” que por aí deambula, como se isto já fosse uma réplica acabada de Albufeira? Para mais, diz o cartaz que esta é a 4.ª bienal de artes plásticas. Gostava então que me dissessem quando se realizaram por cá a terceira, a segunda e a primeira. Será que alguém se deu ao trabalho de ir ao dicionário? Olhem que não é sinónimo de exposição… As luminárias de serviço no burgo não se contentam com o desprezo à língua pátria. Na verdade, não descansarão enquanto a não destruírem. Aposto que ainda hoje estão convencidas de que tupperware quer dizer marmita na língua de Shakespeare…

Ainda pendente

O jornal inglês "The Independent" traz à baila o imbróglio da licenciatura de José Sócrates, sublinhando que se trata de uma questão delicada e embaraçosa, em plena presidência portuguesa da União Europeia e quando o nosso PM aponta a baixa escolaridade como uma das causas da estagnação económica.
Mais reforça o aspecto simbólico do assunto, num país (o nosso) onde os títulos académicos são altamente valorizados.

É irónico e curioso ser o jornal "The Independent" a apontar o dedo à Universidade Independente.

Resta-nos esperar que um dia tenhamos um esclarecimento total e indesmentível deste nebuloso processo. O que certamente acontecerá, se não surgir qualquer contratempo independente da vontade do nosso Primeiro-Ministro.

Já agora, e como sugestão inocente, tratando-se de uma questão escolar, talvez não fosse mal pensado entregar o caso à senhora directora regional do Norte, a tal que dá ouvidos a bufos e instaura processos disciplinares como quem come tremoços....

Quase

O novo Presidente francês, Nicolas Sarkosy, tem-se revelado um homem de acção, de grande iniciativa, tanto no plano interno como na cena internacional.

A recente libertação das enfermeiras búlgaras resultou, em grande parte, do empenhamento pessoal de Sarkosy que até enviou a própria mulher, Cécile, à Líbia, numa operação de charme e diplomacia que (a par de certas contrapartidas) não deixou Kadafi insensível.

Esta omnipresença de Sarkosy, o seu estilo descontraído mas firme, e a presença da mulher a seu lado, fazem lembrar John Kennedy e Jacqueline, sendo mesmo flagrante a semelhança entre as duas primeiras-damas.

Quase julgamos estar nos Estados Unidos da Europa...

Casa Pia promete

Jorge Cleto, um ex-agente da Polícia Judiciária, disse na televisão que viu uma fotografia de Carlos Cruz com um menor, numa situação que configurava abuso sexual.

Reagindo, Carlos Cruz declarou ao jornal "24 Horas" que a acusação provinha de um indivíduo que cumprira prisão por burla e outros crimes de natureza patrimonial.
Mais adiantou que esta informação lhe fora fornecida pelo amigo Moita Flores, ex-inspector da PJ.

Por sua vez, Jorge Cleto processou Cruz e Flores por difamação.

O tribunal do Seixal acaba agora de decidir não levar os dois arguidos a julgamento por não existirem indícios de prática de crime nem dolo.

Moral da história: Cleto poderá ter cometido burlas e outros crimes.

Mas não consta que seja cego...

Vinte mil léguas

Por causa de uns rumores que por aí esvoaçam, o cidadão e presidente do CDS-PP, Paulo Portas, pediu ao Governo que tornasse público o teor dos contratos da compra de dois submarinos.

No bom estilo de quem nada deve nem teme, o nosso Paulo ofereceu o peito às balas, citou, desafiou, deu a cara, pegou o toiro pelo periscópio, lançando para a arena política a sua imagem em três dimensões, transparente, corajoso e impoluto.

Belo gesto, sim senhor.

Sucede, porém, que o cidadão Paulo Portas foi ministro da Defesa e, por essa razão, sabe perfeitamente que contratos daquela natureza não podem ser divulgados na praça pública, por conterem matéria classificada.

Foi essa a resposta do Governo, naturalmente, e não podia ser outra. Como o próprio Paulo Portas sabia quando lançou o seu repto puramente teatral.

Terá conseguido iludir alguém? Ou terá ficado a léguas do seu objectivo?

terça-feira, 24 de julho de 2007

Estão bem uns para os outros

Parece que o vereador Polido andou um mês a encanar a perna à rã com uma entrevista prometida ao auto-intitulado jornal de referência cá da zona. Segundo reza a agora inconsolável folha quinzenária, o discreto, mas cauteloso, autarca fez um grande finca-pé e exigiu que as perguntas da entrevista lhe fossem previamente apresentadas por escrito, para que, presumo eu, também por escrito lhes pudesse responder.

Nisso, permitam-me os parênteses, está, naturalmente, o nosso vereador no seu direito, pois cada um analisa previamente o que quiser, seja o questionário de uma entrevista, sejam os comentários feitos às entradas publicadas num blogue como este, por exemplo. Espero que, doravante, os camaradas do vereador Polido que, com ou sem vassoura, por aqui pululam quase todos os dias, metam, para sempre, no saco a viola com que habitualmente acompanham o fadinho da alegada censura, um dos poucos que, até hoje, conseguiram decorar.

Mas, voltando à vaca fria, parece que o nosso vereador, mesmo tendo visto satisfeitas as suas exigências quanto ao exame prévio, acabou por roer a corda e deixou o auto-intitulado jornal de referência a falar sozinho. Na Quinta do Conde, calculo eu, deve ter havido mosquitos por cordas.

Estão bem uns para os outros, convenhamos. Se o navio de Augusto mete água por todos os lados, os seus imediatos mostram à puridade que não beberam chá em pequenos. Já os plumitivos, sempre lestos a sondar os ventos, vão adivinhando a borrasca, e, mandando às malvas a solicitude de outrora, fazem por tratar da vidinha, bem acomodados nos botes salva-vidas. Entretanto, o concelho resvala a pique, pelo convés inclinado. Convés? Há quem lhe chame “plantaforma”…

Charrua com ela

A senhora ministra da Educação mandou arquivar o processo disciplinar que fora instaurado ao professor Charrua, considerando que as críticas por este feitas não se dirigiam a um seu superior hierárquico directo, mas sim ao Primeiro-Ministro.
Estranha filosofia esta. Então o Primeiro-Ministro é menos importante do que um qualquer director escolar?

Fica a ideia de que a senhora ministra quis pôr uma pedra no assunto, mas parece que o fez de forma tão desajeitada como (não) tratou este assunto desde o início.

Então e a directora regional, Margarida Moreira, a tal que instaurou o processo ao professor? Além da desautorização da ministra, nada mais lhe sucede?

E o professor Charrua não merecerá um pedido público de desculpas?
Não do Primeiro-Ministro nem da ministra da Educação, claro, mas sim do seu superior hierárquico directo.

Estamos, sem dúvida, perante um arquivamento muito infeliz, mas dificilmente se podia esperar melhor de quem tão mal geriu o processo.

E, se não houver o pedido de desculpa, o mínimo que se poderá concluir é que houve dedo da ministra mas faltou Educação...

Angola é vossa

Estamos a viver, a nível mundial, uma convulsão brusca e preocupante, com mutações que nos deixam desconcertados.
Portugal foi durante muitos anos e é ainda hoje um país de emigração.
Nas duas décadas mais recentes, passou a ser igualmente um país de imigração.

Dois dos problemas maiores que a chegada maciça de estrangeiros coloca são o controlo e a legalização.
Das nossas antigas colónias vieram muitos milhares de pessoas e nós sempre vimos esses países apenas como exportadores de emigrantes.

Sucede agora que Angola está a braços com problemas de imigração ilegal, havendo o receio de perturbações semelhantes às que têm ocorrido na Serra Leoa, Costa do Marfim ou República do Congo.
É estranha esta evolução que levanta dificuldades decorrentes de uma nova realidade para a qual Angola não está preparada, nem psicológica nem estruturalmente.
Não diria que é o mundo às avessas, mas não deixa de causar alguma perplexidade.

Dentro do espírito de cooperação que existe entre os dois países, talvez Portugal possa ajudar o Governo de Luanda a enfrentar este desafio, mas não pode fazer muito mais porque cada um tem de tratar de si e devemos lembrar aos nossos amigos que o velho slogan é hoje letra morta.

É verdade, agora Angola é vossa...

Morte lenta

O mundo está louco e a febre da informação deixa as pessoas desorientadas.

Eu não sei se já repararam, mas os telejornais consagram uma grande parte do tempo a tratar de assuntos relacionados com a saúde, ou melhor, com as doenças.

À hora da refeição, servem-nos imagens de hospitais, gente acamada, blocos operatórios, tripas de fora, apêndices caídos, aortas mal cultivadas, bofes negros do tabaco, banhas pendentes, dentes podres, desgraças sem fim, doenças insólitas, casos desesperados, lista de malefícios, sol na pele, tabaco, álcool, gordura, sal, um horror.
Depois disso, é o desfile de atentados, desastres, incêndios, inundações, naufrágios, terramotos, descarrilamentos, só a calamidade é notícia.

Vêm agora cientistas americanos dizer-nos que colesterol baixo favorece o cancro. Não se morre da doença, fina-se da cura, venho o diabo e escolha

Enquanto isso, na Nigéria, os ricos mandam as mulheres fazer curas de engorda.
Elas sentem-se melhor, anafadas, apetitosas, desejadas, confortáveis com esse sinal exterior de opulência.
Ao mesmo tempo, nas civilizações modernas ocidentais, as escanzeladas é que marcam o rumo, ditam a moda, servem de paradigma.

Quem é que pode ser prior destas freguesias?

E, sem que alguém se comova, o clima continua de cabeça perdida, completamente desregrado, sem que os senhores do Mundo mandem fechar ou condicionar as chaminés e torneiras dos óxidos, monóxidos e mil outros gases que nos vão matar lentamente, ao ritmo dos glaciares que se desfazem em água, lá longe, nos pólos, tão longe que nem damos por isso...

Porquê?

Este Governo descobriu agora que o preço do peixe comprado pelo consumidor final é muitíssimo mais alto do que o valor recebido pelo pescador.

Trocado por miúdos, o Governo chegou agora à conclusão de que o grande negócio é feito pelos intermediários, com prejuízo para os dois extremos do circuito, o pescador e o consumidor.

Na realidade, não quero atirar peixe podre à cara do Governo, pela simples razão de que esta realidade tem décadas e nenhum anterior executivo olhou para ela.

Mas o mais estranho é que nas próprias terras piscatórias nunca houve uma reacção a esta insólita situação que leva a que o peixe aumente dez vezes de preço no espaço de um quilómetro, entre a doca e a praça.

Por que será?

Há mais Pintos na terra

O senhor Pinto de Sousa é o antigo presidente do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol. Fica feita a apresentação.

Ora, este senhor acaba de ser acusado pelo Ministério Público de 144 crimes cometidos no exercício da sua função.

Esta acusação é, no meu ver de leigo, capital.

Porque, se há crimes verificados, basta
agora fazer como nos livros policiais e descobrir quem com eles beneficiou

Aposto que não foi o Desportivo de Carrazeda de Ansiães...

Ensaios

Ontem, deixei aqui um texto sobre a figura pouco recomendável do senhor Artur Agostinho que deveria ser o tema central da croniqueta.

Porém, e como tanta vez sucede, as pessoas só ligam ao que lhes interessa.
A certa altura falei da adesão surpreendente daquele senhor ao PS, conversão que data dos anos 80, creio, e tanto bastou para que o essencial dos comentários tenha tido por objecto não a personalidade tortuosa do senhor Agostinho mas as querelas partidárias.

É prática habitual de alguns que, seja qual for o assunto, recitam a cartilha que lhe ensinaram.

O que vale é que isto, para mim, é um simples passatempo, fonte de pura diversão, pouco me preocupando com estes ensaios sobre a cegueira partidária...

Segundo acto

A televisão mostrou ontem José Sócrates em grande plano, numa escola que foi palco de uma acção incluída no Plano Tecnológico.

E lá vimos as crianças encantadas com os computadores que vão passar a ser instrumentos de trabalho diário, substituindo, entre outras coisas, o quadro preto.

E quase preto ficou o nosso Primeiro quando se apercebeu de que aqueles meninos eram simples figurantes contratados por 30 euros.

No fundo, não se percebe bem a razão da surpresa de Sócrates, uma vez que não haverá grande diferença entre estes figurantes e os outros que vieram em autocarros desde as "berças" para dar calor, brilho e expressão à estrondosa vitória de António Costa.

Que a política é uma farsa já todos sabíamos. O que está a aumentar é o número de farsantes.
E de figurantes...

Simplex

Contrariamente ao que aqui vaticinei, Luís Filipe Menezes avança para a disputa da liderança do PSD.
Afinal, o homem dá a cara. Ainda bem, é disto que a democracia gosta.

Há três anos, idêntica competição teve lugar no PS, entre Alegre, Soares e Sócrates.
Depois, foi no CDS-PP, com Ribeiro e Castro a vencer, para vir a ser derrotado por Portas, recentemente.

São situações normais, abertas e saudáveis que ocorrem em partidos democráticos, lutas que provocam feridas, desavenças, mas que reforçam o sentimento de liberdade de opinião, de expressão de ideias e de direito de escolha.

Mas nem todos os partidos são assim. Há um tão simpático, tão paternalista, tão protector que poupa aos seus militantes a maçada de pensar, de ter opinião e, sobretudo, de votar livremente.
Por isso, não há eleições, mas apenas nomeações.
É bem visto, é mais simples...

segunda-feira, 23 de julho de 2007

Com traste

Ontem, na RTP1, o senhor Artur Agostinho disse que há pessoas direccionadas para apresentar concursos. O português médio, com a 4ª classe antiga, diria que há pessoas talhadas, com jeito, feitas, capazes, preparadas, vocacionadas para apresentar concursos.
Mas o cabotino Agostinho quis mostrar-se moderno, up to date, numa de desinibido.
Se o bom Fernando Peça fosse vivo teria dito : "Direccionados? E esta, hem?!".

O senhor Agostinho continua a furar por toda a parte, não pela boa e compreensível vontade de estar activo, mas pela sede cega de protagonismo que sempre mostrou ao longo da vida.
Foi uma
das vozes e dos rostos mais destacados do regime do senhor Salazar, foi preso, fugiu para o Brasil e voltou, tendo tido a lata de se filiar no PS. Por ambição e com a tal sede de protagonismo, tendo, na altura, por fito afastar da RTP o homem sério e grande profissional que é Ribeiro Cristóvão.

Artur Agostinho foi igualmente um bom profissional, é verdade.
E sempre se exprimiu correctamente, pelo que este neologismo parolo só acontece porque o homem quer mostrar que cavalga a modernidade. Parola, pindérica, mas modernidade.

Artur Agostinho não é, nunca foi, pessoa simpática nem respeitadora de princípios éticos. Sempre procurou ficar à frente na fotografia, por todos os meios. E continua.

Não haverá alguém que o direccione para a arrecadação dos trastes velhos?

domingo, 22 de julho de 2007

Sublime

Antigamente, as selecções nacionais de futebol eram quatro: A, B, Esperanças e Militar.
A tropa acabou. Por seu lado, B e Esperanças deram origem a uma infinidade de Subs.

Hoje, não há cão nem gato que não seja internacional Sub qualquer coisa, é a banalização da honra de vestir a camisola das quinas, camisola essa que tem mais cores do que o arco-íris.
A última versão do chamado equipamento alternativo é o preto.

E, de facto, a coisa está mesmo preta.
Depois de os Sub-21 terem sido tristemente eliminados no Canadá, foram os Sub-20 vergonhosamente corridos na Holanda.
Ontem, foi a vez dos Sub-19, fatalmente afastados na Áustria.

E tudo isto não aconteceu bruscamente no Verão passado mas, subitamente, no Verão em curso.
Sem querer subestimar o valor dos rapazes nem exigir a substituição dos técnicos, o certo é que não estamos perante uma questão subjectiva.

Factos são factos, e a derrocada dos Sub -21, 20 e 19, prova que não estamos a subir...

Pouca sorte

O jornal SOL, como milhões de portugueses, já não consegue designar uma pessoa com sorte sem ser com a palavra sortuda.
Por influência dos brasileiros, naturalmente.

Não sou fundamentalista, e se faço as observações que se seguem, é apenas para divagar devagar, nesta tarde dominical.

Ainda assim, não posso deixar de lamentar o mal que esta facilidade (e não facilitismo) vai fazendo ao Português que falamos por cá, na nossa terra.
É evidente que, a partir da palavra sorte, o mais simples e saboroso será dizer sortudo, à semelhança de carnudo ou cornudo.

O problema é que a tal facilidade conduz ao empobrecimento, à redução, ao apoucamento do nosso vocabulário.
Com efeito, toda a gente diz sempre e só sortudo, deixando no balde do esquecimento outras formas como feliz, felizardo, ditoso, afortunado, abençoado, contente,etc.
Qualquer dia, o moribundo passará mortudo, um nortenho a nortudo, um portador a portudo.
É lógico, não é?

Paciência, já estou por tudo...

Toca e foge

Confesso que não sou dos mais atentos nas aulas, mas fiquei com a ideia de que os filiados no PSD dispõem agora de 50 dias para pagar as quotas, se quiserem votar nas eleições directas.
É, salvo erro, o que diz Marques Mendes.

Contrapõe Menezes que se trata de uma manobra para impedir que todos os militantes votem.
E que Marques Mendes está a encenar uma pequena comédia.

Pergunto eu: 50 dias não chegam para pagar as quotas?

Pobre PSD se tiver militantes caloteiros e desmobilizados.
Pobre PSD que talvez tenha um líder fraquinho. Mas sobretudo porque à sua volta é o deserto.

Este senhor Menezes parece um daqueles jovens da faixa de Gaza que atiram pedras e fogem.
Se Marques Mendes protagoniza uma pequena comédia, o senhor Menezes não chega a ser uma farsa, é apenas uma anedota.

Pobre PSD quando um alegado candidato à liderança apenas revela hipocrisia e pequenez da mais genuína, a de carácter...

sábado, 21 de julho de 2007

Afinal havia outra

O mar Salgado, afinal, não era uma só extensão de águas turvas chamada Carolina.
Agora, aparece a bater na rocha outra vaga, gémea, de seu nome Ana e que nos vem dizer que devemos esquecer tudo quanto a outra musa cantou.

Esta Ana fala de Pinto da Costa designando-o sempre por Jorge Nuno e surge, vinda das trevas, para denegrir a mana.

Sabe-se que Carolina alternava. Será que Ana alternava com e como Carolina?

Perguntas inocentes: Onde estava Ana quando tudo isto começou? Por que só fala agora? Quem lhe encomendou sermão?

A única certeza que tenho é que não foi o senhor Jorge Nuno, não é homem para jogadas rasteiras.

Fruta, chocolate, sim, mas nunca iria servir-se da mANA...

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Vale tudo?

Uma revista satírica espanhola apresentou na capa uma caricatura da princesa Letízia e do príncipe Filipe fazendo sexo.

A graçola ordinária, de mau gosto e gratuita, é inspirada pelo subsídio que o Governo oferece por cada novo filho.

O tribunal mandou já arrecadar todos os exemplares da revista e o autor da gracinha arrisca dois anos de cadeia.

Volta, assim, à baila a questão da liberdade de expressão.
O príncipe das Astúrias não é Maomé, mas como é?
Vale tudo? Não há limites à liberdade?

Pelos vistos, o tribunal acha que sim. Eu também acho.

Maga oftalmológica

Volta e meia, a Maga dá à costa. A vassoura, prestes a ficar sem combustível, entra na reserva e ela aí vem, toda assarapantada, poisar nalguma caixa de comentários. Foi o que sucedeu hoje, era já noite velha, na entrada aqui posta ontem, intitulada “O carro à frente do porco”.

Pergunta-me a Maga por que razão não enumeramos as promessas já cumpridas por Augusto. Respondi-lhe que poderia ser ela a fazê-lo, neste blogue. Não deve ser difícil. Basta seguir o exemplo do seu camarada Patrício, que já inaugurou três vezes, nos últimos meses, nos jornais condenses, a Rotunda do Marco do Grilo, e que, no “Nova Morada” da passada semana, afirmava haver obras em todo o concelho, desde o saneamento (onde?) ao alcatrão (atenção, Vereador Gameiro, ponha lá isto a crédito!).

Não tem nada que saber, minha rica. Basta dar largas à sua imaginação. Torne-se uma Maga oftalmológica…

Talvez sim

Eu confesso que me perco no meio destas contradições.

Toda a gente anda preocupada porque Portugal está a envelhecer, porque fazemos cada vez menos filhos.
Por isso, o Governo vem agora, a correr, propor incentivos à natalidade.

O mesmo Governo que tornou o aborto mais fácil e encerrou inúmeras maternidades pelo país fora.

Afinal, para haver mais crianças, a solução é simples.

Por uma vez, lamento ter de me socorrer desse intragável Abrunhosa e dizer como ele : "Talvez f...".

Casablanca

Quem acompanha, mesmo espaçadamente, a actividade dos blogues ligados a Sesimbra decerto estará recordado das inúmeras e frontais críticas feitas ao dr. David Sequerra pelos dois principais autores do "Sesimbra e Ventos", dr. Pedro Martins e dr. António Cagica Rapaz.

Não são eles, aliás, os únicos a apontar a dedo certas atitudes daquele senhor.
Nós próprios, aqui na Magra Carta, temos feito o mesmo, sempre que tal se justifica.
Certamente com menos talento do que aqueles dois excelentes ex-bloguistas, mas com idêntica clareza.

Ora, foi com alguma surpresa que lemos no jornal "O Sesimbrense" uma nota de reportagem assinada por David Sequerra acerca da sessão realizada no largo do Central e animada, precisamente, por Pedro Martins e António Cagica Rapaz.

É certo que não elogia expressamente a actuação da dupla, mas dá a notícia de forma alargada e cita o bom desempenho de alguns intervenientes.

Chama-se a isto fair play, isenção e simpatia. Pedro Martins, ao que me dizem, teve mesmo direito a um beijinho da Veva, companheira do dr. Sequerra.

Será o início de uma bela amizade?

Pré-época pouco Sabrosa

Vá lá, duas notas de outro tipo de cultura, a futeboleira.

Os tempos são verdadeiramente outros.
Ontem, ouvi o treinador do Porto dizer que não conhece o sérvio Stepanov que o clube acaba de contratar.
Mas então, que raio de organização é esta? Qual é o papel do técnico? Alguém percebe?

O folhetim Simão é o prato forte de todos os Verões, vai para aqui, está com um pé ali, está por horas. No fim, acaba por ficar no Benfica.

Hoje é dado como certo no Atlético de Madrid, clube que rastejou aos pés de Quaresma.
Simão poderia ficar ofendido na sua dignidade, mas parece que não.

Senhores, de uma vez por todas, levem o homem, já estamos fartos...

Página cultural

Satisfazendo o solicitado por um dos nossos indefectíveis leitores, aqui vão três notas culturais.

Porque é Verão e há sempre quem procure a confusão do Allgarve (quase igual à de Sesimbra), sugiro a todos quanto estiverem perto de Albufeira, no próximo dia 27, que se afastem, discreta mas decididamente.

É que nessa noite vai lá cantar (?) a barbie açoriana Nelly Furtado. Fica o aviso.

Em contrapartida, aconselho que não percam o concerto de Norah Jones, no domingo, no Estoril.
É o Cool Jazz Fest, e são, sobretudo, os ternos e melodiosos alcatruzes da Norah...

De assinalar, igualmente, no Museu Gulbenkian, a exposição de escultura Baco, da autoria de Michael Rysbrack.

Eu também não fazia a mínima ideia, mas agora posso afiançar-vos que se trata de um artista flamengo que trabalhou em Londres, com grande sucesso, na primeira metade do sec. 18.
Se calhar, o nosso Michael também fazia como os ministros do senhor Brown e buscava inspiração numa ervinha suave, vá lá saber-se.

Se vale a pena a exposição? Não sei, mas acredito que sim, o senhor Calouste costuma ter coisas jeitosas na montra...

E daí?

No Reino Unido, soube-se agora que seis ministros e um secretário de Estado já confessaram ter fumado marijuana em tempos idos.
O Primeiro-Ministro, Gordon Brown, diz-se tranquilo com a situação.

Eu acho que faz bem, o que lá vai, lá vai, e seria reacender as fogueiras de uma hipócrita Inquisição considerar tais comportamentos passados como pecados mortais.

No fundo, e se não estou enganado, esta ervazinha simpática até nem é desconhecida do senhor Primeiro- Ministro, ou não fosse ela designada por brown sugar...

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Agarrem-me, se não demito-me

O grupo parlamentar do CDS-PP acaba de aceitar a demissão apresentada por Telmo Correia e procederá oportunamente à eleição de um novo líder.

Eu pouco percebo de política, nunca andei pelas alas de qualquer partido, mas acho estranha esta lógica que leva uma derrota numa eleição autárquica a ditar demissões de funções que nada têm a ver com municipalidades.
De facto, têm mais contornos de pretexto para fuga ou de gesto teatral de tragédia grega.

Há um bom par de anos, uma derrota nas municipais foi motivo suficiente para António Guterres abalar a correr, deixando o país no pântano.

Quando caiu a ponte de Entre-os-Rios, o comentador da SIC, perdão, o ministro Jorge Coelho achou por bem demitir-se, num gesto de grande dignidade, assumindo uma responsabilidade que ninguém de bom senso lhe atribuía.

Fica a ideia (talvez errada) de que, nos momentos mais difíceis, nas circunstâncias mais adversas, quando todos são poucos para enfrentar as dificuldades, é que eles se vão embora. Com grande dignidade.

O carro à frente do porco

Em Sesimbra, as coisas já chegaram a este ponto: a inauguração do “Páteo Verde”, no logradouro da Casa do Bispo, prevista para o passado sábado, dia 14, foi adiada. A razão é simples: Augusto sabia da pretensão do núcleo sesimbrense do Sporting há cerca de um ano, mas só se lembrou de agendar a competente autorização do executivo para a sessão camarária da quarta-feira seguinte. Pelo meio, as obras de remodelação do espaço já tinham sido feitas pelo dito núcleo. Convenhamos que é um bom exemplo para qualquer munícipe que deva cumprir regras.

Haverá quem diga que alguém pôs o carro à frente dos bois. Mentira. O que foi devolvido à procedência foi um porco, destinado à comezaina. Inteirinho, mas morto.

Entretanto, a proposta originalmente apresentada por Augusto era notável: não previa prazo para a cedência e invocava, como justificação da mesma, a impossibilidade da Câmara garantir a limpeza daquele espaço. Conseguirá Augusto garantir, ao menos, a limpeza do concelho, já que a daqueles poucos metros quadrados é duvidosa?

A impotência para a barrela acabou por ser removida do texto, mas ficámos todos a saber que a Câmara não irá tocar na Casa do Bispo até ao final do presente mandato. Augusto dixit. E ficou preto no branco. Em termos práticos, sabendo-se que nada vai avançar no Castelo nem na Fortaleza, a recuperação do património sesimbrense está irremediavelmente comprometida nos próximos anos. Mas o primeiro destino turístico da península de Setúbal é já ali, ao virar da esquina, na Rua Antero do Quental. Estamos bem entregues.

A cadeira

Aquela Federação Portuguesa de Futebol é um verdadeiro ninho de ratos.

Agostinho Oliveira nunca devia ter saído, mas teve a coragem de enfrentar Scolari e perdeu.
Não no campo, mas nos corredores palacianos da Praça da Alegria que invade inúmeros cortesãos vitalícios, atentos e obrigados.

José Couceiro nunca deveria ter entrado, uma vez que não possuía currículo adequado. Perdeu. No campo, no jogo e na (ausência de) disciplina.
Fala-se na sua (mais do que justificada) saída, mas parece que há uma cláusula de rescisão que o protege quase tanto como a mãozinha de Scolari.

Ao mesmo tempo, já se fala num possível sucessor, Paulo Sousa, outro protegido que não tem a mínima experiência de treinador.

O responsável de todas estas coisas estranhas é só um. Chama-se Madaíl, mas está bem agarrado ao tacho, bem sentado na cadeira, bem apoiado nos amigalhaços das várias Associações.

É assim que a coisa, tentacular, bolorenta e viciada, funciona...

Revolução

Em França, está já a trabalhar uma Comissão de que faz parte o socialista Jack Lang, recordam-se?
Ora bem. Essa Comissão estuda uma reforma das instituições, já aqui vos tinha revelado este segredo de Estado.

De entre as ideias em equação, há uma que poderá causar perplexidade, primeiro, e depois espicaçar a fantasia de muito boa gente.
Trata-se de extinguir o lugar e a função de Primeiro-Ministro, ficando a governação do país sob controlo directo e efectivo do Presidente da República.

No fundo, e no caso de Portugal, é o retomar do refrão tão repetido ao longo da última campanha eleitoral para Belém em que, vezes sem conta, Cavaco Silva foi acusado de ter mais o perfil e os tiques de PM do que a estatura de PR.

A resposta de Cavaco consistiu em duas palavras: cooperação estratégica.

A verdade é que a ideia dos sábios franceses encaixaria perfeitamente no cenário português, uma vez que Cavaco Silva é, essencialmente e para a eternidade, um PM.
Está a fazer um bom papel de PR, sem dúvida, mas o que lhe corre nas veias é a função de PM.

Essa polivalência está ao alcance de raros, ninguém imaginando Soares ou Alegre às voltas com dossiês complicados, rigor, planeamento, organização, controlo, prazos, metas e compromissos.

Como Sócrates é muito novo, impulsivo e autoritário, não poderia, por agora, aspirar ao lugar.
Assim sendo, resolver-se-ia a crise no PSD, podendo Marques Mendes, Menezes e outros ir de férias porque, em 2009, Cavaco acumularia, um pé em Belém, outro em S. Bento.

Quanto a Sócrates, poderia voltar para o Ambiente. Ou ir acabar o curso...

Tinta de China

A cidadania tem destas coisas, as pessoas começam a exorbitar nas exigências, nos protestos, nas reclamações. Por dá cá aquela palha, sai uma providência cautelar, não pode ser.

Ainda estou indignado com o que acabei de ler. Imagine-se.
Uma senhora mora ao lado de um bar, em Vilamoura, e queixa-se do barulho que se arrasta até de madrugada, não a deixando dormir.

Ora bem. Quem tem o privilégio de morar numa zona frequentada pelo jet set deveria enjoy, não é?, aproveitar, saborear, sem perder tempo a dormir.
Tanto mais que o bar em causa não só é jet como é, sobretudo, set ou não se tratasse do Bar 7 do famoso Figo himself.

Tem de haver compreensão, minha senhora. Lembre-se que o rapaz, coitado, está em fim de carreira, aquilo é uma profissão de desgaste rápido, e é natural que ele não saiba o que vai ser o dia de amanhã.

Vá lá, perceba isso, não lhe corte as pernas que ainda fazem uma perninha no Inter.
Deixe a GNR em paz, não insista. Lembre-se que o negócio nem sequer é só do Figo.
O pobre rapaz teve de empenhar um fio de ouro da avó para arranjar dinheiro para abrir o estabelecimento a meias com um tal Paulo China. Está a ver?

No fundo, ao contrário do que se julga, aquilo não é um espaço sofisticado, de gente rica e famosa, daquela que faz correr muita tinta, mas, apenas e prosaicamente, uma loja do chinês...

Mariscada

Portugal está a fazer enormes progressos no campo da intelectualidade.
Até o futebol passou a ter Academias, e em terras finas como o Seixal e Alcochete, causando mesmo inveja à velha congénere de Coimbra.

Mas a notícia chega-nos da Academia do Marisco, em Algés, sob forma de crime passional, com um ex-subchefe da PSP a enamorar-se da Angelina, casada e nada interessada em mariscadas fora de portas.

Vai daí, o antigo polícia não esteve com meias medidas, entrou na Academia e meteu quatro balas no corpo da "reitora".
Talvez porque a carapaça do marisco seja mais rija do que se julga, a mulher não morreu, o que prova igualmente que a pontaria dos nossos agentes fica a léguas da certeza implacável exibida pelo Clint Eastwood.
Preso, o putativo homicida confessou a autoria dos disparos.

Segundo consegui averiguar, à custa de umas imperiais e meio quilo de gambas, o advogado do arguido vai tentar que o caso seja entregue ao mesmo juiz que absolveu o homem que pagou aos russos para lhe liquidarem a mulher.

Ou seja, isto é assim mesmo, ou há moralidade ou comem todos. Sim, porque o velho subchefe não só tem a atenuante circunstância de estar enamorado como (ainda por cima e sobretudo) não matou a vítima. Essa é que é essa.

Pode até invocar que lhe poupou deliberadamente a vida, ao disparar com a máxima precaução, o que explica que nenhum dos quatro tiros tenha sido mortal.

Bem analisadas as coisas pelo tal juiz compreensivo, o apaixonado infeliz ainda se habilita a uma medalhinha que o tio Isaltino lhe colocará no peito, aquele peito onde, perfeito, ainda bate um coração...

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Ai, as meninas

O caso ficou conhecido como o das "Mães de Bragança" e consistiu na revolta de umas quantas mulheres indignadas porque os maridos as ignoravam, perdidos de amores por jovens brasileiras que iluminavam as noites das casas de alterne.

Ontem, foi conhecida a condenação a nove anos de prisão do principal empresário da noite.

Entretanto as meninas procuraram asilo político e sentimental em Espanha, ali tão perto, onde os homens portugueses se deslocam para duas satisfações, a das suas carências afectivas e a dos comerciantes locais.

Feito o balanço, a vida das chamadas "Mães de Bragança" ficou destroçada
, os homens não voltaram para casa.

Terá sido mesmo um combate inglório e desigual, por várias razões, mas sobretudo porque as outras, as meninas, eram mais (jovens e sensuais) do que as mães...

Mais vale prevenir

Um avião da companhia brasileira TAM fez uma aterragem devastadora, em São Paulo, atravessou toda a pista e foi parar a uma avenida onde chocou com um prédio.

Levava 170 pessoas a bordo. Não deve haver sobreviventes.

À atenção de quem tem a responsabilidade de escolher o local para a construção do novo aeroporto de Lisboa...

É capaz

O jornal SOL anuncia esta manhã que o cantor Sting foi multado por descriminação sexual.
Acontece com muita frequência.
Toda a gente sabe, mas o SOL, desta vez, não brilhou pela correcção ortográfica.
Neste caso, certo é discriminação.

Ontem, na SIC Notícias, Helena Costa (PSD) disse (duas vezes seguidas) que os resultados do seu partido nas eleições de Lisboa foram uma hetacombe.
Suponho ter-se tratado de lapso, apesar de repetido.

Quero acreditar que a senhora doutora saiba que não se diz hetacombe mas hecatombe.

Hecapaz de saber...

terça-feira, 17 de julho de 2007

Os amanhãs que não assobiam

Nicolas Sarkosy continua, habilmente, a estilhaçar o Partido Socialista francês.
Desta vez é Jack Lang a aceitar um convite do Presidente da República para integrar uma comissão de reflexão sobre a reforma das instituições.

Jack Lang é um socialista de sempre, muito próximo de Mitterrand, foi ministro e é um nome sonante no seio das
esfrangalhadas hostes de François Hollande.

Trata-se de um intelectual, um homem de modos requintados, sensível, maneirinho, e não admira que o presidente da Câmara de Paris, Bertrand Delanoé, compreenda e apoie esta decisão de Jack Lang que, ao mesmo tempo, apela a uma demissão colectiva da Direcção do PS.

Assim se vê que os maus resultados eleitorais trazem sempre consigo traumas e retaliações.

Que o diga a Direita portuguesa...

Vinte anos

Saramago volta a ser notícia, depois de, há dias, ter declarado que Portugal devia ser integrado em Espanha, atitude que mereceu o repúdio geral, naturalmente.

Claro, os abutres do costume estavam à espreita, caíram-lhe todos em cima, choveram as críticas e eu devo ter sido o único a defender o admirável humanista. Honra me seja feita.

Afinal, à semelhança de Pablo Nerudo, don Saramago também gosta de metáforas, o maroto.
E hoje percebemos todos o que ele, afinal, queria dizer na sua, ao lermos que José e Pilar del Rio voltaram a casar em Espanha, como haviam feito há 20 anos.

Elementar, meu caro Gabriel Alves, Portugal a entregar-se a Espanha era isto, o casório renovado e, sobretudo, num plano mais carnal, a repetição da lua-de-mel.
Digam lá que o homem não é genial!

A questão é que, vinte anos volvidos, outras águas leva Rio, que saudades de Pilar!
Ninguém sabe se José o terá Levantado do Chão, se conseguiu entrar n' A Caverna ou se, irritado, lhe chamou Todos os Nomes.
Aqui entre nós, como foi, o que sentiste, José, vinte anos depois? Provavelmente Alegria...

A menina do anel

Uma jovem inglesa foi proibida de usar, na escola, um anel que simboliza a sua virgindade.

A rapariga pertence a um grupo de adolescentes católicas que praticam o culto da virgindade, o chamado núcleo do "Anel de Prata".

A Direcção da escola permite que outras raparigas usem véus e pulseiras, argumentando que são sinais reconhecidos da fé islâmica.
Mas o anel, não. Por isso, o caso foi até ao tribunal que deu razão à Direcção da escola.

É estranho, neste mundo depravado em que vivemos, de ostensivo desbragamento sexual, reprime-se uma jovem que faz da castidade a sua regra de vida, impedindo-a de usar um simples anel que simboliza o seu culto.

Curiosa esta forma de ver as coisas, esta Justiça que, por vezes, faz lembrar a nossa, ao punir alguém unicamente porque prefere o culto ao coito...

Nota prévia

A propósito do que escrevi sobre Paulo Portas e o PSD, alguém me perguntou se eu sabia (ou pensava) ser essa a intenção do homem.

É evidente que não sei, tal como não sei se Ribeiro e Castro estará contente ou triste.
Não sou bruxo, não faço escutas, não tenho espiões ao meu serviço e, melhor ainda, não estou interessado em saber.

Contar aqui o que li ou ouvi algures é tarefa de moço de recados, amanuense meticuloso, ordenança obediente, manga-de-alpaca tristonho.

Ora, eu sou Carteiro, pago para,
antes de tudo, levar a carta a Garcia, é verdade.
Mas sou, mais ainda, um Carteiro parecido com o de Pablo Neruda, amante de metáforas, pescador de pérolas, defensor de causas insólitas, com um pé na fantasia, outro na irrisão e a atenção distraidamente pousada na baça realidade.

Pelo menos, é assim que gosto de olhar para as pessoas e os acontecimentos.

Por isso, quero lá saber dos planos do Portas! O que me dá prazer é contar histórias, umas totalmente inventadas, outras inspiradas no que observo, é só isso.

Se alguém me levar a sério, paciência, não diga é que não avisei...

segunda-feira, 16 de julho de 2007

À abordagem!

Paulo Portas pode ser tudo menos parvo.

Escolher o cinzento Telmo Correia foi um sinal claro de que ia jogar para perder.

Declarar, em seguida, que esta eleição seria um teste à sua liderança pode ter parecido um gesto excessivo e precipitado.

Mas não foi, Portas não faz as coisas no ar. Pode errar na manobra, mas calcula friamente onde quer chegar.

Por isso, a conclusão é óbvia: sabia que ia perder e, agora, tem o pretexto na mão, vai querer aproveitar o naufrágio para abandonar o navio.

Isto, na esperança de que o seu bote salva-vidas venha a ser recolhido pela fragata PSD que anda igualmente à deriva.

Uma vez a bordo, o fulgor, a garra e a convicção do jovem Paulo deitarão aos tubarões o grumete Mendes, o eterno gajeiro Menezes e a cozinheira Ferreira Leite.

E se o corsário Lopes subir ao tombadilho, o flibusteiro Portas baixará a pala preta e lutará até à morte com um punhal na liga e outro nos dentes de um branco imaculado.

Pode não ser nada disto, mas que seria romântico, lá isso seria...



O último a rir...

Parece que o Dr. José Ribeiro e Castro telefonou ontem à noite a Anthony Hopkins para lhe pedir emprestada a célebre máscara que o actor usou no filme "O Silêncio dos Inocentes".

Por enquanto, o ex-presidente do quase defunto CDS-PP vai manter-se em silêncio, um silêncio divertido que de inocente pouco terá.

A máscara é só para que ninguém veja quanto se está a rir...

domingo, 15 de julho de 2007

António gosta

Quem ouviu, esta noite, o discurso de José Sócrates, a celebrar a vitória de António Costa, talvez tenha encontrado pontos de contacto com as pregações de Salazar, na forma enfatuada, dramatizada, arrastada, com o seu quê de sermão sacerdotal.

Não foi só hoje, é um hábito ou um tique em José Sócrates, esta forma de falar de púlpito, com requebros na voz, ecos longínquos das serranias beirãs.

Hoje, para que a osmose fosse ainda maior, Lisboa foi invadida por centenas de pessoas vindas de Cabeceiras de Basto, em autocarros, ao bom estilo das manifestações "espontâneas" do tio António, o "mais grande" dos Grandes Portugueses.

Sócrates fala com emoção e tremidinhos na voz. E o novo autarca de Lisboa, o outro António, gosta...

Haja vergonha

Os nossos jovens futebolistas continuam a portar-se mal, revelando péssimo carácter e total ausência de correcção em múltiplas ocasiões.
Há uns anos, em França, vandalizaram o balneário, depois de uma derrota e, agora, no Canadá, foi o que se viu.

É caricato ler-se que um tal Zequinha vem pedir desculpa a todos os portugueses.
Mas quem é o Zequinha? Alguém sabe?
É a triste rábula de rapazes mal formados que jornais e televisões irresponsáveis tentam tornar em vedetas à pressa.
Aquilo sobe-lhes às cabecinhas vazias e os resultados estão à vista.

De José Couceiro, só resta esperar que tenha a decência de se demitir.

Mas o que achei extraordinário foi a lição de moral que o senhor Amândio de Carvalho proferiu na rádio. É espantoso!

Para se julgar alguém e pregar os altos valores da ética, é preciso ter um mínimo de credibilidade, coisa que esse senhor não tem.

Não vou perguntar-lhe onde estava pelo 25 de Abril, mas sim se está recordado do penalti que qualificou Portugal para o Europeu de França, em 1984. Foi contra a Rússia, na Luz.

Só um árbitro com visão extra-lúcida poderia ter visto que o Chalana caiu dentro da grande-área. Mas esse senhor (francês, por sinal) viu, não teve a mínima dúvida, aí valente.

E que teve o senhor Amândio de Carvalho a ver com isto?

É uma boa pergunta. Eu conheço a resposta, mas seria bonito que o próprio nos contasse.

Seria tão instrutivo...


Ensaio sobre a cretinice

O senhor Saramago defende a ideia de que Portugal deveria ser integrado na Espanha, passando o novo país a ser chamado Ibéria, para não ofender "os brios" dos portugueses, concede o sublime camarada.

Pelos vistos, o escritor comunista parece não desistir do sonho de reduzir a zero este nosso insignificante Portugal.
Nos tempos gloriosos do PREC, nos intervalos dos inúmeros saneamentos que fez, lutou pela albanização do nosso país. Foi pena (para nós, certamente), mas falhou.

Admirador de Fidel, bem gostaria que nos tornássemos noutra Cuba livre onde por acaso, e só por acaso, intelectuais como o senhor Saramago, espíritos independentes, jazem em masmorras democráticas.

Mas, como tal não é viável, o insigne pensador gostaria de nos despachar para Espanha onde, aliás, ele próprio já vive, há muitos anos. É um verdadeiro patriota a sofrer no exílio.

Já não há paciência para aturar a criatura...

À vista desarmada

Hoje é dia de eleições em Lisboa e muito se falou em serviço público, na resolução dos pequenos problemas dos munícipes, o buraco na rua, a falta de luz naquela esquina, enfim, as mil coisitas que azedam o dia-a-dia das pessoas.

Lembrei-me agora de algo insólito, aparentemente banal, que está à vista, há muitos anos, numa parede da Almoinha, perto da casa do Arq. Carlos José David.

Trata-se de um desenho de contornos fálicos que mão porca ali deixou, sem que tal pareça incomodar os moradores.

Pelos vistos, toda a gente aceita com naturalidade o gesto boçal, não tendo havido, até hoje, quem se tenha lembrado de pintar aquele bocado de parede com tinta branca.

Não por pudor nem pruridos moralistas, mas por uma simples questão de decoro.

Desconheço o leque de funções dos homens da Câmara que por ali passam vezes sem conta, tal como não sei se o Sindicato da Função Pública lhes cairia em cima se eles tomassem a arrojada iniciativa de tapar com cal ou tinta aquela ordinarice barata.

Apenas observo, com alguma tristeza, que as pessoas são capazes de se habituar a tudo, sem reagir, sem protestar, sem exigir.

Será que os inúmeros caixeiros viajantes da Câmara, de jipes e pick-ups todo o santo dia, não vêem estas coisas?

E será que acham que isto não é com eles?


sexta-feira, 13 de julho de 2007

Ai, Mouraria

O 24 Horas fez um teste aos 12 candidatos à Câmara de Lisboa e apurou que nenhum deles sabe onde nasceu Amália.

Grave seria não saberem quem foi Amália.

Pior seria desconhecerem em que rua morou.

Imperdoável seria não gostarem de Amália...

Sim, mas...

O semanário SOL esteve em Londres e entrevistou Cristiano Ronaldo e Paula Rego.

Perguntam algumas pessoas: quem é essa Paula Rego?

Fracasso

Depois de mais uma vergonha, José Couceiro explica tudo com grande naturalidade, como se fosse um espectador anónimo de bancada e não o seleccionador.

Depois disto, é de esperar que o senhor, logo que tenha um momento livre, passe pela sede da Federação e entregue ao doutor Madaíl a sua demissão.

Talvez o dr. Madaíl lhe siga o exemplo...

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Verde? Branco?

Ontem, em Braga, o líder do Bloco de Esquerda acusou de bandidagem os empresários que homenagearam o presidente da Bragaparques.

É uma das frequentes e fracturantes invectivas de Francisco Louçã, com recurso a termos contundentes que roçam a difamação.

Dito isto, desconfio que, se o senhor deputado Francisco Louçã ouvisse uma tal declaração da boca de outro líder partidário, certamente manifestaria a sua indignação pela ligeireza e pela gravidade de tal acusação, exigindo, com a sua proverbial firmeza, que prova concreta fosse, de pronto, apresentada.

Caso contrário, seria justo levar à barra do tribunal tão irresponsável líder político.

Parece esquecer o senhor Louçã que acusou publicamente várias dezenas de homens, baseando-se apenas no caso de um que vai a tribunal, suspeito de corrupção, é certo, mas que, até prova em contrário...etc, não é?

Não terá sido precipitação? Ou estaria Louçã verde, branco... de raiva?


Dos "flatos" não reza...

Segundo consta (e conta Carolina Salgado), o presidente do FC Porto é homem dado a flatulências, fraqueza, hábito ou capricho (vá lá saber-se) mal cheiroso que deixava a pequena azul de incómodo e a obrigava a gastar incontáveis caixas de fósforos para disfarçar.

Ora, com um mal nunca vem só, parece que o caso da agressão a um vereador de Gondomar, (alegadamente) encomendada pelo flatulento presidente, vai mesmo a tribunal, o que, muito provavelmente, irá duplicar os problemas físicos de P. da Costa.

Ou seja, além de uma incontinência flatulosa, o senhor presidente pode vir a sofrer de Bexiga...

Ironias

A vida é mal feita. A prova está neste Governo.

Além das perseguições pidescas, temos os vários casos de insensibilidade perante dramas de pessoas diminuídas por doenças terríveis, que foram obrigadas a continuar no activo quando já não possuíam condições físicas nem psicológicas para tal.

Ou seja, pessoas que pediam, dolorosamente, para sair; pessoas a quem deviam ter permitido uma retirada com dignidade.
Mas tal não sucedeu.

Enquanto neste Governo há outras pessoas que, se tivessem vergonha, já teriam pedido para abandonar os seus cargos; pessoas que, há muito, deviam ter sido afastadas.
Mas tal não sucedeu.

Podia ser pior...

Ontem, na "Quadratura do Círculo" vimos o habitual, ou seja, dois comentadores (Pacheco Pereira e Lobo Xavier) que pensam, analisam e tomam posição.
A par de um comissário político (Jorge Coelho) que não está ali para ter nem dar opinião, mas apenas para defender os patrões, Governo e PS.

Mas esse é outro assunto. O que trago à colação é um erro que Pacheco Pereira cometeu e milhões de pessoas repetem. Disse o nosso José "prejorativo".

Ora bem, Pacheco Pereira é um homem muito culto e inteligente. Sem dúvida. Mas não é perfeito, e teve um deslize que aqui recordo não por maldadezinha mas para servir de exemplo.

Talvez por influência de prejuízo, não sei, muita gente diz prejorativo quando a forma correcta é pejorativo, de pior. Pejorar é tornar pior. Simplesmente.

Tal como se deve escrever retaguarda e não rectaguarda, pois a raiz é retro (para trás) e não recto, como o ângulo.

Desculpe lá, ó Pacheco, não é para o beliscar.

Meninos, podem ir para o recreio...

Nem tanto ao mar...

O novo estatuto dos jornalistas está a provocar forte reacção dos profissionais que se sentem atingidos na sua independência, sobretudo no tocante à protecção das fontes.

Ora, na verdade, há uma gigantesca hipocrisia nestes pruridos dos jornalistas, porque a sua grande preocupação não é informar o público, não é trazer ao conhecimento geral assuntos ou notícias verdadeiramente importantes, mas sim temas sensacionais que farão vender jornais e garantir audiências televisivas.

Há uns anos, o "Expresso" apresentou, com grande relevância, uma entrevista com Rosa Casaco, sinistro Pide procurado pela nossa Justiça.
Pois o indivíduo, disfarçado, entrou em Portugal, deu a entrevista e deixou-se fotografar, em Lisboa.
O jornalista achou (e o semanário apoiou) que era legítimo não só não o denunciar mas ainda dar-lhe palco solene.
Será isto proteger as fontes? Deixo a pergunta sem outro comentário...

O segredo de Justiça é o osso entalado na garganta de muita gente.
Ontem, António José Teixeira e Luís Delgado diziam que cabe ao Estado tomar medidas que impeçam as fugas de informação. Mas reconhecem que não se pode pôr um polícia atrás de cada elemento do universo judicial. É verdade.

Porém, não menos verdade é que a violação do segredo de Justiça só ocorre plenamente quando o jornalista lança a notícia na praça pública.

De facto, o verdadeiro crime é praticado mais pelo jornalista do que por quem lhe fornece a informação.
Porque, se o jornalista metesse o papel na gaveta e não o tornasse público, a violação seria um acto falhado, um tiro de pólvora seca. Uma notícia explosiva no fundo de uma gaveta não existe.

Ora, nenhum jornalista digno desse nome é ingénuo ou ignorante ao ponto de não perceber a gravidade da notícia que lhe chega às mãos.
Ele tem a obrigação de saber que "aquilo" está em segredo de Justiça.
Por isso, deixem-se de fingimentos, se resolve divulgar, não é por espírito de missão nem por consciência profissional, mas apenas para causar estupefacção e curiosidade no público-cliente.

A menos que se reconheçam como patetas que publicam tudo quanto lhes apareça à frente...

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Esplendor na Relva

A culpa é da mundialização, dos tablóides, enfim, um homem não pode namorar no jardim e o Universo fica logo a saber.
Claro, isso só sucede quando se trata de Cristiano Ronaldo que dá de comer a uma imprensa mais cor-de-rosa do que as camisolas do Berardo, perdão, do Benfica.

Mas o caso mais recente tem outros contornos.
Imaginem que o rapaz foi apanhado, em posição frontal, à entrada da pequena área, a beijar uma actriz indiana de sua graça Bipasha Basu, de 28 anos.

Para começar, quase se pode dizer que ela é que desencaminhou o jovem madeirense que apenas tem 22 risonhas Primaveras.

Depois, deixem-me que vos diga, a rapariga tem um nome que se presta, olá se presta, a trocadilhos tentadores.
De Basu a beijo vai menos que um fora-de-jogo de posição. Mas, sobretudo, Bipasha... sim, quem diz Bipasha diz duas vezes Pasha ou seja, abreviando, Pashasha. Ou não é?

Então, com tudo isto escrito no vento, não havia o Ronaldo de redescobrir o caminho para a Índia?!!

O pior é que ele também namorisca com uma tal Gemma Atkinson. Estão a ver, não estão?, a gemada que isto vai dar?

Daqui só podemos concluir que o rapaz está de boa saúde.

Segundo consta, o Carlos Queirós já tratou de mandar umas mensagens ao pequeno para lhe lembrar que, não é pressa, mas, quando ele se lembrar, que apareça em Old Trafford.

Ao que dizem, é o campo onde o Ronaldo é suposto treinar e jogar...

Komo foi ke disse?

Contrariamente ao que já tenho ouvido, não se me afigura preocupante o facto de (sobretudo) os jovens usarem nas suas mensagens e em conversas correntes abreviaturas e atropelos à norma, como o x em vez de ch ou k no lugar de que.

Acho mais censurável que adultos, muitos de idade avançada, digam à séria, desde logo, direccionar, obrigatoriedade e outras baboseiras do género.

A introdução de termos novos não é grave, em si. Desde que não substituam permanentemente as formas correctas.
Desde que as pessoas não esqueçam e não deixem de usar o que sabem.

Nós podemos aprender Inglês ou Francês sem esquecer o Português.
Saber mais enriquece, mesmo que as aquisições não sejam as mais correctas.

Todos conhecemos muitos termos de calão, o importante é sabermos em que circunstâncias os podemos usar.

Por isso, não há motivo para alarme, apenas sendo necessário ir à dobra, como no futebol, ou seja, compensar, não deixar no esquecimento o bom Português.

O tempo acaba sempre por varrer as modas estéreis...


E vão dois...

Há dias, tal como acontecera há uns anos, deflagrou um incêndio nas imediações de uma estação de serviço, em Fernão Ferro.

Um incêndio é, só por si, motivo de preocupação, mas esta ganha maiores proporções quando as chamas se aproximam de uma bomba de gasolina.

E, como se isso não bastasse, a essa bomba junta-se outra, ali ao lado, e que é o depósito de botijas de gás.

Não parece ter sido a mais prudente das decisões esta de juntar gás e gasolina.

Não sei a quem cabe olhar para aquele quadro e tomar medidas correctivas, mas sei que, entretanto, as duas bombas lá estarão, porventura, à espera de terceiro incêndio e de consequente explosão dramática.

Certamente, nessa altura, diante das câmaras e microfones da TVI, lá estarão todos aqueles que, há tantos anos, ainda não se aperceberam de que não se deve brincar com o lume...

terça-feira, 10 de julho de 2007

Quantos são? 40?

Eu sei, já não é novidade, mas não resisti a evocar o facto, apenas pela curiosidade dos números, verdadeiramente irónicos no seu simbolismo.

Li, há pouco, que o Ministério Público se prepara para acusar mais quarenta árbitros (alegadamente, claro) envolvidos em esquemas de classificações que, provavelmente, obedeceriam a critérios que os patrões determinavam.

A curiosidade e a ironia da coisa residem no facto de os nomes de Pinto da Costa, Valentim Loureiro e Pinto de Sousa estarem associados a mais esta leva de acusações.

Estes três poderão ser, como o tal filme, "Os Suspeitos do Costume".

Quanto aos novos acusados, os tais 40 árbitros, vá lá saber-se porquê, fazem-me pensar no Ali Bábá...

Alcatruzes

Ricardo está a viver um dramático momento da sua carreira.
Claro, ele gosta do seu Sporting, mas o Bétis dá-lhe mais e é tempo de o rapaz tratar do futuro, talvez comprar uns terrenos na sua terra, na presunção de que o novo aeroporto ficará por ali.

Ao mesmo tempo, Anderson Polga colocou o dedo na ferida, chamou a atenção para a enorme injustiça que é os jogadores da bola terem de pagar tantos impostos. Não é por nada, mas a carga fiscal torna Portugal um mercado menos interessante do que Espanha, por exemplo.

Eu acho que o nosso Polga tem razão.
Os rapazes ganham pouco e a profissão é de desgaste rápido.
Se, ainda por cima, os massacram com impostos, onde é que isto vai parar?

A Sevilha, provavelmente, como parece acontecer com o guardião (ainda) sportinguista.
Temos de compreender, um futebolista não pode ser lírico nem sentimental, tem de defender os seus interesses.

A sua floresta não é Sherwood mas sim Alcochete e ele não é
Robin dos Bosques, mas simplesmente um Ricardo que até ontem tinha coração de leão...

Uma moedinha para o partido

Em França, o Partido Comunista e a Frente Nacional (Le Pen) estão a atravessar graves crises financeiras como consequência directa dos péssimos resultados nas recentes eleições, a presidencial e as legislativas.

Neste último caso, as despesas de campanha só são reembolsadas pelo Estado desde que os candidatos obtenham, no mínimo, 5% dos votos.

Ora, a tanto não chegaram muitos dos membros do PC e da FN, numa clara demonstração de perda de influência de dois partidos tão distantes nos ideais e, agora, tão próximos na decadência.

Será a globalização a impor as suas regras?

Será a morte dos pequenos comerciantes da política, tragados pelas grandes superfícies?

Atrás do Avante

Quem vai de Lisboa para Sesimbra é obrigado a fazer a travessia penosa de Fernão Ferro. Depois chega àquela abençoada rotunda (é mesmo, abençoada) e então julga poder respirar fundo.

Eis senão quando apanha com aquele enorme cartaz a anunciar a festa do Avante que, como sempre, ocorre em Setembro.

Acho bem que os comunistas divulguem a sua tradicional comemoração, mas parece-me abusivo que durante três meses seja aquele o cartão de visita de Sesimbra.

Ao lado do mar de emoções, a festa do Avante, é a Câmara ao serviço da promoção das festividades do Partido Comunista.

É um bocadinho triste...



Pois...

21 de Outubro. Fixem esta data.
Podia ser 1 de Abril, seria a mesma coisa, a mesma farsa, a mesma mentira.

Com um ar muito sério, sem o menor sorrizinho pérfido ao canto da boca, com a solenidade própria da circunstância e com a pompa que se adivinha, um alto funcionário do aparelho de Estado terá anunciado aquilo que, em alguns países, tem certo significado: eleições.

Os tambores rufam, os corações palpitam, señoras y señores, compañeros, camaradas, que bueno, vai haver eleições em Cuba.

Pois...