segunda-feira, 30 de abril de 2007

O efeito Ségolène

A política é feita de tempos, de modos e de modas.
As coincidências (as tais que não há) ditam que, no próximo domingo, ocorram duas eleições, uma para a Presidência da França e outra para a Região da Madeira.

De um lado, uma espécie de velho régulo que, regular e infalivelmente, tem ganho todas as votações, Jardim das delícias num ilhéu de bananas e compadres.

Do outro, dois jovens pretendentes à sucessão do ícone De Gaulle. Um de cada sexo, de cada margem do Sena, esquerda e direita, iguais na ambição, diferentes na sedução.

Ela, Ségolène, subiu para a prancha e cavalgou a onda da novidade, feminina, iluminada, mais Juliette Greco do que Joana d'Arc, muito "charme", muito "glamour", pouca consistência nas ideias e nos projectos.
Mas, se Deus criou a mulher, por que não deixá-la ir até ao Eliseu?

Hilary Clinton joga no mesmo campo da sedução, embora pareça mais madura e coerente.
Por cá, saída das cinzas camarárias de Lisboa, talvez surja Paula Teixeira da Cruz, destemida, clarividente e determinada.
Talvez seja a melhor (se não a única) hipótese do PSD.

E, como a moda está para durar, o Arquitecto Augusto bem faria em estar atento aos "frufrus" das saias que se movimentam nas suas costas.
Mas sem descurar as calças compridas pois há muito que elas (as calças) deixaram de ser prerrogativa de machos.

Ele até há quem não resista a uma burra de saias!

Ás de cópulas

O ilustre Professor Marcelo, na sua conversa de ontem, usou o termo credível antes de observar que, dantes, se dizia crível.
Ora, acontece que ambos têm idêntico significado, isto é, "digno de crédito". Enfim, é apenas uma curiosidade.

Mais interessante, porém, foi o destaque que o Professor entendeu conferir a um anúncio que, em Angola, promove os produtos portugueses com a expressão "A selection of Portugal".

Num país de língua oficial portuguesa, o uso do inglês revela-se, no mínimo, despropositado, pelo que teve razão o Professor, embora não haja nisto o menor motivo de espanto, uma vez que neste Portugal saloio abundam as expressões inglesas que só muito raramente são acompanhadas das suas equivalências na nossa pobre língua.

Ainda há minutos vi um cartaz publicitário da TAP com a fórmula "Esqueça as conference calls, venha a Nova Iorque".

O Português é um idioma rico e sugestivo, embora traiçoeiro, por vezes.
Lembrei-me agora, vá lá saber-se porquê, de uma expressão usada frequentemente e cujo sentido pode ser mais malicioso do que se julga.
Quando dizemos "coitada da rapariga" não nos lembramos que coito significa cópula carnal, pois não?

domingo, 29 de abril de 2007

À espera do insólito

Acreditem, arranjar uma ideia para um destes insignificantes textos não é coisa fácil, se queremos fugir à banalidade, ao trivial ou ao expectável (linda palavra).

Sinceramente, valerá a pena bater mais no ceguinho da licenciatura estranha?

Qual o interesse de sublinhar a esperteza saloia e a boçalidade do Alberto João?

Acaso alguém aprova a OPA que Portas lançou sobre Ribeiro e Castro?

Alguém tem paciência para esperar que Marques Mendes cresça?

Quem pergunta a Jerónimo por que não impõe JÁ a demissão da presidente da Câmara de
Setúbal?

Novidade, novidade seria ver cinco trabalhadores da Câmara de Sesimbra em acção e um único a vigiar.

Surpresa seria a Câmara deixar de ir buscar e levar os trabalhadores a casa, de autocarro, luxo asiático.

Milagre seria uma das funcionárias (Manuela qualquer coisa) do atendimento da Secção de Obras passar a ser correcta e simpática.

Notícia seria uma velhota sem dentes morder um Rottweiler.

Enquanto tal não acontece, temos de ir brincando aos comentadores...

De cabeça perdida

Um dos meus amigos, antigo praticante, tem uma teoria curiosa segundo a qual se deveria proibir o jogo de cabeça no futebol, medida que tornaria o espectáculo mais bonito, menos violento e mais limpo.

Com efeito, as jogadas de confusão, barafunda, cargas duras e ressaltos fortuitos estão associados a lances por alto, bolas para o barulho, exactamente o oposto ao que o futebol deveria ser, bola rasteira, à flor da relva, técnica, arte, jogo corrido e leal.
Foot significa , e não cabeça. Respeitemos o étimo, defendamos a ética.

Por último, mas não menos grave, o facto de alguns jogadores serem verdadeiros perigos para os seus adversários.
Quem viu ontem o Boavista-Porto, certamente concluiu que disputar uma bola alta com Bruno Alves é o mesmo que chocar com uma locomotiva. O homem é demolidor, cada entrada é um pequeno terramoto.
Há uns anos, agrediu (sem bola) Nuno Gomes à cabeçada, monstruosidade castigada com dois banais jogos de suspensão.

Quando vejo aquele gladiador em acção, só posso concordar com o meu amigo.

Acabem com o jogo de cabeça,antes que alguém perca a dita, literal e desgraçadamente...

sábado, 28 de abril de 2007

Gregos e troianos

A Dr.ª Isabel Peneque mostra o que lhe vai na alma quando, no editorial do último “O Sesimbrense”, confessa que não é possível, na feitura do jornal, agradar a gregos e a troianos. Já calculávamos. Convenhamos que a senhora roça o despudor. Só assim se percebe, aliás, que, a avaliar pelas edições “on-line” do jornal, a actividade da Biblioteca Municipal de Sesimbra tenha sido, pura e simplesmente, ignorada, nos últimos dois meses, mesmo quando ali, entre muitas outras actividades meritórias, está em curso um ciclo de colóquios de dimensão nacional, comemorativo dos 150 anos da Filosofia Portuguesa, onde já participaram nomes marcantes da nossa cultura como António Telmo, António Carlos Carvalho e Pinharanda Gomes, e se evocaram escritores e filósofos tão importantes como Sampaio Bruno, Teixeira de Pascoaes, Leonardo Coimbra, Álvaro Ribeiro ou Orlando Vitorino. Claro que nada disto tem importância perante a ciência chocolateira da Eng.ª Baioneta, ou as conferências da Caixa Geral de Depósitos, onde pontificou essa grande figura do regime que é o inefável Armando Vara. No meio disto tudo, fica-se a saber de onde vem o cavalo de Tróia. E calculo que alguns de nós se continuem a ver gregos.

Dois dedos de testa, um pingo de vergonha, um pouco de memória...

A Dr.ª Isabel Peneque passa o editorial do mais recente número de “O Sesimbrense” a clamar avinagradamente contra aqueles que têm vindo a apontar erros ao percurso do jornal. A desconsolada directora do quinzenário refere, no plural, os críticos inominados. Os leitores assíduos do “Magra Carta” imaginam as causas próximas dos queixumes da Dr.ª Peneque, a saber:

1.º - a galegada que levou o jornal da terra a “naturalizar” sesimbrense uma venturosa judoca nascida em Lisboa e que compete por um clube almadense (à nossa pequena escala, será, talvez, assim a modos que – mal comparado - confundir Jorge Nuno Pinto da Costa com o presidente do Benfica);

2.º - a subsequente, e altruística, divulgação e amplificação do erro que o Dr. Sequerra andou a fazer em lugares públicos, devotando especial atenção, nessa sua benfazeja caminhada, à pessoa do Presidente da Câmara;

3.º - a nota que, de tudo isso, aqui demos.

Dito isto, fica claro que o editorial de “O Sesimbrense” parece prestar-se à lavagem da roupa suja do corpo redactorial. Não sei se é legítimo, aprazível, ou sequer interessante. Mas, no fundo, toda a gente sabe que a Liga é um saco de gatos…

Já parece mais estranho que a directora do jornal reaja tão biliar, desdenhosa e sobranceiramente às críticas que lhe são feitas. Bem sei que, há quase um ano, ela começou esta aventura jornalística no insólito posto de subdirectora de si própria, herdando o legado mais pesado que alguém pode imaginar: um título desacreditado pelas aventuras e desventuras do irrequieto Dr. Sequerra. Daí que eu seja levado a compreender a insegurança originada por tamanho desconforto...

Mas, depois disso, começou por se tornar notório – pelo teor dos editoriais – o progressivo desfasamento existente entre a directora do jornal e a vida sesimbrense. O erro com a judoca é a insofismável prova dos nove. Claro que todos erramos e errar é humano; claro que devemos ser complacentes com os erros alheios, sobretudo se eles resultam, em primeira linha, da inexperiência de um jornalista estagiário, recém-chegado à publicação. Mas já vai sendo tempo de a Dr.ª Peneque perceber que, assim como não se pode ser sub-directora de um jornal sem director, directora-estagiária é cargo que não existe, nem nunca existiu, na nossa imprensa.

Isto já não seria pouco, mas não é tudo. A Dr.ª Peneque, diz ela, só aceita críticas construtivas. Pois muito bem…

Qual foi o critério jornalístico que a levou, no mais recente número do jornal, a dedicar quase toda a capa, à guisa de manchete, e quatro páginas interiores – as quatro centrais (ao todo, mais de 25% do espaço do jornal) –, a uma singela visita de estudo de jovens de Sesimbra ao Parlamento Europeu? Terá sido o facto de o convite ter partido de um Deputado do Grupo Parlamentar do PCP? Será que, entretanto, não se passou nada de mais importante no concelho? Dr.ª Peneque: tome isto como uma crítica construtiva!

Qual foi o critério para não dar qualquer outra atenção que não a do mero apontamento ao debate subordinado ao tema “Ordenamento do Território e Mais-Valias Urbanísticas”, promovido pelo “Jornal de Sesimbra” e pela Sesimbra FM, quando, num passado recente, “O Sesimbrense” afinava o seu diapasão com aqueles órgãos e com o “Raio de Luz”, para promover autênticos julgamentos públicos do Presidente Amadeu Penim, sob o título generoso de “Repensar Sesimbra”? Qual o critério, Dr.ª Peneque? Será que estes assuntos deixaram de interessar a “O Sesimbrense”, agora que o Vereador dos planos passou a ser Augusto, o todo-poderoso Presidente do Ordenamento? Haverá aí algum receio de melindre, Dr.ª Isabel? Não quero crer! Mas, tome tudo isto como uma crítica construtiva…

Qual foi o critério que, há coisa de um mês, erigiu os últimos Jogos Desportivos Escolares às alturas da manchete e fez com que um mero depoimento sobre o tema subalternizasse, na paginação, a peça jornalística de Susana Berjano? Terá sido o facto de a autora desse depoimento ter sido a Professora Maria do Carmo Serrote, assessora para a Educação da Vereadora Felícia Costa? Não quero crer! Mas, tome tudo isto como uma crítica construtiva…

Qual é o critério para “O Sesimbrense” ignorar sistemática e olimpicamente as sessões da Assembleia Municipal e as reuniões de Câmara, quando, num passado recente, mais do que uma obrigação, a presença do jornal era uma verdadeira devoção? Qual o critério? Será que a vida e o debate políticos concelhios não têm interesse para os leitores do jornal, numa perspectiva cívica que a Dr.ª Isabel tanto gosta de apregoar, do alto da sua proclamada virtude?

E por que não abre o jornal as suas portas à opinião dos diferentes quadrantes políticos? Dr.ª Isabel, tome isto como uma crítica construtiva, hein?! Já agora, duas últimas críticas construtivas: na notícia da página 4, sobre a inauguração do Espaço Zambujal, teria sido melhor escrever “intervieram” em vez de “interviram”, e no intróito ao “diário de bordo” da página 12, “cronologicamente” seria um pouco mais certeiro do que “cronológicamente”.

Na expectativa das prezadas notícias da senhora Directora,

Atenciosamente,

Subscrevo-me

Escriba

sexta-feira, 27 de abril de 2007

O homem da boina

Há um bom par de décadas, o nosso impagável Carlos José Gomes Albano (mais conhecido por Carlinhos da Rã) ainda não sonhava com as profundezas do oceano que viria a visitar, vezes sem conta, em mergulhos intermináveis, nem coleccionava bilhetes postais de Sesimbra.

Certa tarde, o belo Carlos, com a sua característica boina bem enterrada na cabeça sisuda, entrou no Café Central e olhou os presentes de forma esquisita, sem palavra dizer.
Após um curto silêncio, perguntou:
- Vocês não deram pela minha falta?

Perante a surpresa e a incompreensão da rapaziada, o Carlos apressou-se a esclarecer:
-É que eu hoje fui a Lisboa.
Ninguém foi maldoso ao ponto de lhe perguntar em que é que isso poderia interessar a colectividade. Mas não. Houve apenas uns sorrisos e a brincadeira prosseguiu...

Eu sei que não uso boina, nunca usei, nem mergulho em águas do mar dos Ursos, mas quase me senti tentado a perguntar-vos se não deram pela minha falta, nestes longos dias em que o computador me deixou a remar em seco.
Como dizem? Estão-se nas tintas? Não se aperceberam? Quem é que me encomendou o sermão? Vou falar com o Camões?
Pronto, está bem, já percebi.

Estás a ver, Carlinhos, é assim, a ingratidão humana. Nós, por vezes, temos a ilusão de que fazemos falta, mas não, é só isso mesmo, ilusão, pueril esperança.

Por isso, Carlinhos, se mais alguma vez fores a Lisboa e, no regresso, passares por nós no Central, não perguntes se demos pela tua falta.
Eu seguirei o teu lúcido exemplo, ainda que esta cartinha que aqui te deixo pareça sugerir o contrário. Sabes, é que, agora que o computador voltou (até quando?) a ir de vento em popa, eu tinha de te informar.
Foi o que me saiu desta cabeça sem boina...

sábado, 21 de abril de 2007

Prémio Sequerra (1)

O prémio Sequerra é um galardão recentemente instituído pelo conselho de redacção da «Magra Carta», e tem por objectivo distinguir a isenção, a objectividade e o pluralismo da nossa imprensa local.

O prémio deste mês vai direitinho, por deliberação tomada por unanimidade, com louvor e aclamação e tudo, para a notícia com que o «Raio de Luz» de 25 de Abril próximo, entretanto já saído a 21 de Abril, ou seja, hoje, dá a conhecer a inauguração do Cineteatro Municipal João Mota, ocorrida há uma semana. Particularmente notável é o último parágrafo desta peça informativa – sim, informativa –, que reza assim: “Estão de parabéns o Município e designadamente a Senhora Dr.ª Felícia Costa, Mui ilustre Vereadora do Pelouro Cultural e Social, pelo seu grande empenho e serviço na dedicação a Sesimbra”.

Contactada pelo «Magra Carta», a Dr.ª Felícia Costa congratulou-se com a atribuição deste prémio ao jornal de Santana. Para a vereadora, cuja acção se tem pautado por uma extraordinária originalidade, trata-se apenas de um acto de justiça para com um órgão informativo que tantos e tão bons serviços tem prestado à causa. A vereadora escusou-se, porém, a especificar de que causa se trata. “O meu amigo já está a querer saber de mais, não acha?”, acrescentou a autarca.

O prémio agora atribuído, para além de consistir num donativo monetário, que, neste caso, será destinado a promover a reabertura da creche “on-line” do CECAS-RL, que, há algumas semanas, foi compulsivamente encerrada, por falta de memória RAM, e por indicação da Rede Social, pelo administrador do “site” da Segurança Social, confere ainda ao jornal premiado o direito a publicar, na edição do mês seguinte ao da sua atribuição, em primeira página, o Estatuto Editorial, de forma a poder reafirmar a sua isenção e a sua independência perante o poder autárquico. Não perca, pois, no próximo dia 28 de Maio, data santa, o «Raio de Luz».

Drama

Confesso que estou altamente deprimido.
Claro, há a atrocidade terrível do massacre cometido pelo asiático nos USA; há a quotidiana carnificiana no Iraque; há as incertezas sobre o futuro da França em vésperas de eleições; há a ameaça nuclear crescente do Irão; há o aquecimento global e as directas no CDA-PP.
Mas o que me rala é que o Simão não joga com o Marítimo nem (que horror) com o Sporting...

sexta-feira, 20 de abril de 2007

Missão difícil

Numa atitude corajosa, transparente e imparcial, o impetuoso Presidente da Assembleia da República, Jaime Gama, mandou realizar um inquérito que, infelizmente, acabou por concluir que os registos biográficos do Primeiro Ministro foram destruídos pelos serviços administrativos do Parlamento. Que maçada, que maçada!

Não há dúvida de que José Sócrates anda em maré de azar. Com tantas coisas estranhas à sua volta, agora ainda mais esta contrariedade.
Não é bem, mas faz lembrar a mensagem do início da "Missão Impossível" que se destrói ( por sua alta recriação) passados cinco segundos.
É assim, acontece, os serviços fazem coisas destas, não é por mal, foi sem intenção.

Ninguém duvida, a começar por Jaime Gama...

Vara a pau

Segundo o "Público" de hoje, Armando Vara recorreu ao director-geral do GEPI e a engenheiros que dele dependiam para projectar a moradia que mandou construir em Montemor-o-Novo.

O GEPI é o Gabinete de Estudos e Planeamento de Instalações do Ministério da Administração Interna.

Sabe-se ainda que o pai de José Sócrates fiscalizou dez obras do GEPI.

Ontem à noite, José Sócrates, num discurso pungente, afirmava a sua vontade de construir (não uma moradia, mas) uma democracia de valores e de decência.

Ninguém duvida, a começar por Mário Soares...

Sai meia de bola

O futebol, para quem gosta, continua a ser, pelo menos, um tema curioso de conversa. Para os conhecedores, o golo de Messi é uma verdadeira obra prima, um lance de puro génio.
Para os coleccionadores de coisas raras e surrealistas, fica a notícia de que o senhor Akram Ahmed Salman deixou de ser o seleccionador do... (pasme-se) Iraque.
Eu bem sei que no futebol há barreiras, bandeiras, tiros, petardos, ataques, contra-ataques, mas imaginar que, no Iraque, entre dois atentados suicidas, há lugar para se jogar a bola, é inacreditável. Felizmente, há (será possível?) futebol...
Quero felicitar o árbitro que ontem assinalou aquela grande penalidade contra o Braga, já no prolongamento. Eu não vi razão para tal, mas aquele senhor não só viu como não teve a menor hesitação em tomar uma decisão de tão graves consequências. O País precisa de homens destes, seguros das suas opiniões, firmes nas suas convicções. É espantoso!
Já agora, uma reflexão ingénua. Quando um jogador, junto da sua baliza, mete a mão à bola para evitar um golo, o árbitro expulsa-o e ordena penalidade máxima.
Em contrapartida, se um jogador, junto da baliza adversária, usa a mão para tentar marcar um golo, o seu castigo é apenas um cartão amarelo.
Alguém me explica esta diferença de critérios?
Pronto, já aqui têm assunto para acompanhar a bica e a aveleda...

quinta-feira, 19 de abril de 2007

A gente a mangar...

O cavaleiro queria entrar no torneio e pediu uma boa espada e uma armadura. Mas interroga-se: será que a arma é dura? Será que a arma dura?

Se comparação é cotejo, tecido gasto será cosado?

Se primaveril é bucólica, prima viril será lésbica?

Após três horas na bicha das Finanças, ficou o cidadanado.

Engenheiros UNIdos são títulos falidos. Nem à Ordem (dos ditos) são chamados.

Até a ordem UNIda está a ser contestada pelos recrutas.

Pavarotti recusa-se a cantar FUNIculi FUNIculá.

Ninguém já quer dar trabalho a fUNIleiros.

E ainda dizem que a UNIão faz a força.


Quem quiser participar com maluqueiras deste tipo, habilita-se a receber um diploma passado em dia feriado, com a nota que mais desejar.
Aproveitem, eu sou cUNIvente...

Querem apostar ?

Acto 1 : Dona UNI entra em cena, esbracejando, batendo no amplo peito e prometendo, alto e bom som, que vai fazer revelações explosivas, bombásticas, etc.

Acto 2 : Dona UNI adia por 24 horas o lavar da roupa íntima do senhor (quase) engenheiro.

Acto 3 : Dona UNI, afinal, foi uma montanha que nem um rato pariu.
Nem explosivos nem bombas.
Nem sequer uma bicha de rabiar, apenas e só um dobrar de espinha, um branqueamento total do percurso académico do senhor Sócrates.

Estivemos perante uma verdadeira ópera-bufa cheia de reviravoltas surpreendentes ou nem por isso.

Talvez errada e injusta, a ideia que fica é que o adiamento das declarações e o fiasco das mesmas se fiquem a dever a pressões de última hora exercidas sobre a UNI.
A não ser que, mais sorrateiramente, tenha havido alguma promessa de indulgência como paga pelo (quase) silêncio.

Querem apostar que a UNI, lavada das suspeitas, vai reabrir?

quarta-feira, 18 de abril de 2007

(Nem quero ver) o mar ao bote...

O Lourenço, ao passear nos corredores do hospital de Almada, ouviu, mais de uma vez, pessoas que se queixavam da forma como certos médicos tratam os doentes.
Começam por marcar consultas a uma certa hora e só aparecem muito, muito tempo depois.
Em seguida, alguns olham o doente como um objecto, um impecilho, sem o menor respeito nem cordialidade, o que é particularmente chocante quando se trata de pessoas idosas, indefesas, em posição de manifesta inferioridade, por estarem doentes, por precisarem de ajuda e por não terem os conhecimentos técnicos dos médicos.

É inadmissível que alguns destes senhores (e senhoras) usem de arrogância e desprezo para com pessoas diminuídas.
Um nome chamou a atenção do Lourenço, uma tal Dra. Antónia Bote que, segundo ouviu, é competente mas de péssimo trato.
Seria bom que a Administração do Garcia de Orta se inteirasse destas situações deploráveis e revoltantes.
Sendo visita antiga de Sesimbra, o Lourenço bem conhece uma expressão que encontra pleno cabimento no que toca à tal doutora.
Realmente, ninguém parece amar a Bote...

Terapias

O Daniel está reformado há cerca de dois anos e tem tido dificuldade em encontrar um novo ritmo de vida.
Por isso, resolveu recorrer aos serviços de um psiquiatra, experiência de que resolveu dar conta ao amigo Lourenço, igualmente aposentado, que teve uma reacção surpreendente.
- Sabes, Daniel, eu não te censuro pela decisão que tomaste. Contudo, tenho as minhas dúvidas quanto aos resultados. Olha, eu também atravessei um período de certa depressão, mas acabei por encontrar, sozinho, a solução.
- Ah, sim? Mas como?
- Muito simples. Vou, de seis em seis meses, ao hospital Garcia de Orta.
- Mas... fazer o quê? À consulta?
- Não. Vou apenas passear nos corredores durante duas horas, olhar, ouvir, escutar, reflectir, carregar as baterias. Sim, carregar as baterias. Depois de presenciar o terrível espectáculo da doença, da degradação física, dos efeitos devastadores da velhice, depressa chego à conclusão de que sou um homem cheio de sorte.
- É curioso, nunca tinha pensado nisso. Mas voltas seis meses depois...
- Sim, volto, porque nós esquecemos rapidamente o lado bom das coisas, deixamo-nos cair num desalento piegas e nem sempre justificado. Por isso volto.
- Olha, da próxima vez vou contigo.

Augusto e Orfeu

Desta vez, Augusto cortou cerce com o passado e não convidou Esequiel Lino a estar presente na inaugurança de sábado. De nada serviu ao antigo autarca a sua condição de destacado militante do PCP, a circunstância de ter sido presidente da edilidade durante duas décadas ou o facto de o processo tendente à construção do edifício se ter iniciado no seu último mandato.

A verdade é que Augusto, qual Orfeu perseguido por Eurídice, já não consegue olhar para trás. Destarte, arredadas da passadeira vermelha do Cine-Teatro João Mota ficaram também figuras históricas da vida autárquica como o Sr. Melo ou Aurélio de Sousa. Sim, Aurélio, o ex-provedor autárquico que Augusto tanto preza publicamente (e a quem, num jornal local, pediu recentemente desculpas pelo facto de não ter sido reconduzido no cargo, devido à votação da Assembleia Municipal), também não foi convidado para a inaugurança.

Compreendo que Augusto não goste de olhar para trás. Oito anos de trabalho continuado fazem sombra a qualquer um. Sobejam ainda duas décadas em que se andou a encanar a perna à rã. Não é por Augusto ignorar agora o Vice-Presidente da Região de Turismo da Costa Azul que deixará de ser lembrado como o delfim que um dia, em pleno esequielinismo, caiu em desgraça.

Assino por baixo

Hoje a "Rede da Xixa" traz o balde cheio.

terça-feira, 17 de abril de 2007

O fungágá da bicharada

A camarária Dr.ª Felícia propõe-nos para breve uma “Conversa na Capela” (do Espírito Santo) subordinada ao tema “Avifauna selvagem da nossa terra – um património vivo”. Pela parte que me toca, confesso ser pouco dado a aventuras ornitológicas, mas sei que o palestrante, Dr. José Rodrigues, é pessoa de reconhecido mérito, e sou até capaz de admitir que o tema se revele excitante para uns quantos bem-aventurados.

Não obstante, faz-me muita espécie ver que um museu de arte antiga (e sacra) possa dar guarida, na sua programação, a uma temática que não deixa de se afigurar assustadoramente extravagante a quem considerar a natureza das colecções que são conservadas no núcleo da Rua Cândido dos Reis. Mandaria o bom senso que a conferência se realizasse num outro espaço, mais adequado, como é, por exemplo, o caso do Auditório Municipal Conde de Ferreira.

Não sei se a Dr.ª Felícia preserva alguma noção do que sejam a arte antiga e os museus em que ela se guarda. Como calculo que ande, por ora, muito afadigada na concepção de novas e trepidantes aventuras sócio-culturais, e não se possa deslocar às Janelas Verdes (não, não é a sede do Sporting), recomendo-lhe que, pelo menos, visite o “site” do MNAA, para ficar com uma pequena ideia do que está em causa.

Também não sei qual é a arrevesada teoria museológica em que se estriba tão peregrina ideia feliciana, mas não há universidade que possa justificar a demência. O mais é a confirmação do que há muito se sabia: neste imenso fungágá da bicharada em que a Dr.ª Felícia logrou transformar o concelho, e depois de os Corvos aterrarem na Fortaleza, só já nos faltava que o resto dos pássaros poisasse na Capela.

O hábito...

Eu bem sei que o fato de treino não faz o monge, mas a atitude de um líder tem importância fundamental. Quer se goste ou não, José Sócrates respira confiança, segurança, optimismo, dinamismo, arrogância até, bastante ao estilo do outro José, o especial, o do Chelsea.

Ora, quem tem a (in) felicidade de assistir às inúmeras conferências de imprensa do Benfica, já notou, certamente, que Fernando Santos é a imagem da resignação, do fatalismo, da acomodação, do distanciamento, alguém que carrega às costas uma cruz pesada, pesada de mais para os seus ombros.

Fernando Santos é um excelente homem, católico, honesto, competente (imagino, não conheço) mas não tem a aura de conquistador, falta-lhe ambição, é um funcionário público num mercado altamente competitivo onde é indispensável agilidade, vivacidade, golpe de asa, crista levantada e olhar de águia.
O treinador do Benfica, mesmo quando ganha, é tristonho, quase pede desculpa.

Será que estou a ser injusto? Estarei a ser mauzinho? Talvez, não sei.
A verdade é que, vistas as coisas de longe, através da televisão, é o que parece.

E, em futebol, como na política, o que parece é...

Afinal havia outro

Um dos candidatos à Presidência da França chama-se Olivier Besancenot, é trotskista e é ... carteiro.
O mais curioso é que conta, nas sondagens, com 5% das intenções de voto, mais do que a candidata do Partido Comunista, Marie-George Buffet, que não passa dos 3%.
Como, em todos os quadrantes, a corrida ao voto útil é a táctica dominante, o jovem Besancenot parece ser capaz de centralizar a esmagadora maioria dos votos da esquerda mais à esquerda, o que, a acontecer, representaria um verdadeiro Waterloo para o Partido Comunista, uma derrota estrondosa de consequências dramáticas e históricas.
Se o carteiro levar a carta a Garcia, o PC francês vai ter de se contentar com Buffet frio...

Hara-Kiri

Depois de as coisas acontecerem é (relativamente) fácil glosar o tema, gozar com os actores ou falar de cátedra, com aquele ar entendido que todos ostentamos por nos considerarmos licenciados em Crítica Pronta nas universidades modernas e independentes que são os táxis, os salões de cabeleireiro, os escritórios ou as salas de espera de dentistas.
Vem isto à colação por mor da intenção anunciada pela Universidade Independente de fazer, logo à noitinha, revelações bombásticas.

Mandaria a dona Prudência que esperasse pelo acontecimento, mas não, rebelde que sou, decidi jogar em antecipação, correndo o risco de me equivocar, eventualidade que (devo dizer) não me tira o sono nesta tarde de canícula.

Para atingirem o estatuto de bombásticas, as revelações da UNI terão de ser, no mínimo, melindrosas para José Sócrates, pois é este o único assunto capaz de fazer palpitar corações.

Ora, se assim for, a UNI far-me-á pensar num náufrago que não quer morrer sozinho e tenta arrastar outrem para a fundura do mar de irregularidades em que está mergulhado.
A parte delicada da questão é que, se tal for a opção da UNI, ela não se limitará a afundar o cidadão José Sócrates mas, igualmente, o Governo e o País.
É que, neste momento, com ou sem canudo, mal ou bem amado, melhor ou pior cumpridor de promessas, Sócrates é indispensável e insubstituível.
E grande será a responsabilidade da UNI, se escolher fazer "hara-kiri"...

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Na corda Bemba

A República do Congo deve ter concluído a sua licenciatura em Democracia na Universidade Independente. De facto, há títulos, nomes ou designações que só com descarado atrevimento e amarga ironia podem ser exibidos.
Um ditador como Jean-Pierre Bemba é irmão gémeo de Kabila ou Mobutu, troncos da mesma raiz onde não chegou a água da democracia tal como nós a entendemos.

Pois o senhor Bemba está no Algarve, na Quinta do Lago, com um visto de 90 dias e goza da protecção do Grupo de Operações Especiais. Natural, naturalíssimo.
Depois de ter estado refugiado na Embaixada da África do Sul na sequência de violentos incidentes que provocaram mais de 500 mortos, há menos de um mês.
Talvez seja a nova imagem do Allgarve a dar frutos, o certo é que o senhor cá está, também para receber tratamento médico, parece.
Não sabemos se paga taxa moderadora, esperemos que não, coitado, a vida custa a todos.

O nosso primeiro ministro achou por bem acolher tão ilustre democrata, ignorando vozes discordantes e confirmando assim não só que Portugal continua a ter brandos costumes mas que ele, eng... perdão, licenciado, perdão, com licença, é um homem independente.
Embora haja quem pense que o nosso Primeiro terá feito uma opção infeliz que o mantém na corda Bemba.
Ficamos à espera de o ver, qualquer dia, na televisão, para nos explicar o que é uma República Democrática...

Há fruta

Um recente estudo científico conclui que o organismo humano reage com mais prazer ao chocolate que se derrete na boca do que a um beijo apaixonado.

Não tenho por norma desconfiar de estudos científicos, pelo que me limito a tomar conhecimento e a acrescentar um ou outro pensamento inspirado na doçura do objecto da análise.
A ideia que me surgiu está ligada a frases que conservamos no sótão da nossa memória, por exemplo, alteia e mel prá tosse, há chapéus pra meninos de palha, há horas de sorte, há bolos ò pastéis (Zé Tucha) ou há o Rajá fresquinho. E, sobretudo, face ao estudo científico acima referido, há fruta ou chocolate.
Eu explico. Quem acompanha, ainda que à distância, o processo "Apito Dourado" sabe que determinados dirigentes costumavam oferecer fruta aos árbitros.
Mais ficámos a saber que fruta designa presença feminina, dama de companhia ou madrinha de paz, eufemismos que sugerem enredos lascivos que nem todos os homens do apito terão aceitado sem ficarem com as faces ruborizadas.
Os mais respeitadores dos mandamentos citados pelo senhor pároco poderão até ter recusado envolvimentos carnais.

Por essa razão, poderá (deito-me eu, sozinho, a adivinhar) ter sido assim que um astuto dirigente terá tido uma visão celestial, antecipando o tal estudo científico e apressando-se a informar o simpático juiz de campo das virtudes do chocolate, garantindo que o mesmo provoca mais prazer do que um beijo apaixonado.
Chama-se a isto, com toda a propriedade, antecipação científica, inspiração que, simultaneamente, terá introduzido no léxico a palavra alterne.
Ou seja, aos árbitros passou a ser oferecida uma alternativa que fez história e perdura na poeira dos tempos, "Há fruta ou chocolate".
É a prova de que o futebol é mesmo uma ciência...

Travessia na Cotovia

Um automobilista que venha da Fonte de Sesimbra e pretenda dirigir-se à Cotovia, atravessando a estrada nacional, corre riscos consideráveis.
Ao chegar à beira da nacional, encontra, à sua direita, um semáforo cujo sinal vermelho não lhe garante travessia segura porque do lado da Venda Nova continuam a chegar carros a que se juntam os provenientes da Cotovia.
É um "ver-se-te-avias" perigoso para o qual conviria encontrar solução.

Sabendo-se que existe outro semáforo, intermitente, mais adiante, rumo à Venda Nova, parece razoável pensar-se que da articulação concertada de ambos poderia resultar alguma ordem e mais segurança.
A menos que se construa uma verdadeira rotunda.

Fica a sugestão...

domingo, 15 de abril de 2007

Comovente

Tenho grande apreço e franca admiração pela clarividência e pelo estilo erudito do meu amigo Escriba, mas não posso assistir impávido e sorridente a esta sua denúncia do comportamento aparente e alegadamente censurável do Dr. Sequerra.

Percebo o entusiasmo e a febrilidade do jovem Escriba, razão pela qual, com a sabedoria e a sensatez que a idade me pôs no sapatinho de ténis, desço a terreiro para colocar as coisas no seu devido lugar.

Deveria o jovem Escriba ter presente no seu fulgurante espírito que o Dr. Sequerra é um Grande Sesimbrense, um sumo-sacerdote, um catedrático a quem o jornal e o povo de Sesimbra não souberam agradecer nem reconhecer o alto valor.

É verdade que, maldosamente, há quem sussurre que o Dr. Sequerra empurrou pelas costas o modesto Carlos Batista, para lhe ocupar a cadeira.
Também há quem insinue que o senhor pintou a alma de vermelho, usando o jornal para ajudar à ascensão do Arquitecto Augusto. A menos que tudo tenha sido apenas uma campanha anti-Amadeu...

Naturalmente, recuso, nego, insurjo-me, uso do meu legítimo direito à indignação porque tenho a íntima convicção de que só a mediocridade dos seus detractores explicará tais insídias.
Mediocridade e inveja, claro, uma vem de mão dada com a outra.

O seu afastamento da Direcção de "O Sesimbrense" deixou o jornal sem timoneiro, sem rumo, sem farol, sem sextantes nem conservantes.
Daí que, ao detectar, com os seus olhos de águia dos mares da Cotovia, um erro no seu querido mensário, o Dr. Sequerra se tenha apressado a espalhar o lamentável lapso, apenas para mostrar a sua solidariedade com a actual Directora, explicando, no fundo, que um erro qualquer tem, acontece aos melhores, enfim, fórmulas pujantes de sinceridade a que não terão faltado o toque sempre comovente da lagrimazinha rebelde.

Não, não se trata de saudade doentia, de sede insaciável de protagonismo, menos ainda de vontade de voltar a tomar conta do jornal.
É apenas ternura por uma Directora que conhece desde criança, é só bondade desinteressada, gesto romântico, meu caro Escriba.

Não te esqueças de que este nosso David é um poeta...

Um mundo à parte

Li ontem no "Expresso" que o Tribunal de Gondomar condenou uma mulher acusada de ter dado um estalo numa vizinha.
Quando nos dizem que os tribunais estão a abarrotar de processos, não podemos deixar de pensar que muitos deles (como este) nunca deveriam lá chegar sequer.

Porém, este caso leva-me até aos campos de futebol que, aos olhos da Lei, constituem uma espécie de terra prometida à mais absoluta das impunidades.

Com efeito, enquanto um estalo entre vizinhas chega à barra do Tribunal, as mil formas de agressão, com uma larga amplitude de violência, encontram-se tácita e previamente desculpadas.
O mais curioso é que essa impunidade é aceite e reconhecida por toda a gente.
Que eu saiba, jamais alguém apresentou queixa contra um futebolista por agressão praticada no decorrer do jogo, embora todos saibamos que, a pretexto da disputa de uma bola, chovem cotoveladas, murros, bofetadas, pontapés, cabeçadas, etc.

São incontáveis as fracturas de braços, pés, pernas, costelas, dentes, cabeças, ou os dilaceramentos de tendões de Aquiles, tudo assumido como consequência normal de um eventual excesso de virilidade.

Inclusivamente, um jovem mais temperamental pode inutilizar, temporária ou definitivamente, um jogador sem que lhe seja assacada a menor responsabilidade cível ou penal.
Com alguma ironia, poderemos dizer que a violência, a brutalidade, a agressão intencional, nada disso é punido com uma grande (nem pequena) penalidade.

De onde a conclusão límpida de que um estalo dado pela nossa vizinha é mais demolidor e constitui gesto bem mais criminoso do que a cabeçada que o Bruno Morais deu ao Nuno Gomes.

Agradeço que não comentem nem espalhem esta minha ingénua e patética reflexão, sob pena de os Tribunais deste estranho país terem de recrutar todos os funcionários colocados na Mobilidade que o senhor eng..., enfim, o senhor Primeiro Ministro anda a promover.

E, já agora, se quiserem dar uma pêra no vosso vizinho, convidem-no para uns toques na borracha. Depois, cortem-lhe as linhas de passes, corram atrás do prejuízo, façam uma rápida transição defesa-ataque e apliquem-lhe uma cotovelada nos dentes seguida de uma entrada de carrinho na região do baixo ventre.

Vai ver como os outros vizinhos, todos eles comentadores encartados, serão unânimes em afiançar que se tratou apenas de uma falta cirúrgica...

“O Sesimbrense”, ainda “O Sesimbrense”, sempre “O Sesimbrense” (o que é que a gente há-de fazer?)

(1) Descubra as diferenças

Comparar a capa de “O Sesimbrense” que, em 2005, deu a notícia da inauguração da Biblioteca Municipal, com a primeira página da mais recente edição do quinzenário, reportada, quase exclusivamente, à abertura de portas do Cine-Teatro, pode ser um exercício estimulante. Com efeito, sabemos que a memória é curta e há sempre quem conte com isso. Mas, por favor, não nos tomem por parvos.

(2) Amor à camisola

A capa do último “O Sesimbrense” distingue-se ainda pela galegada do ano, ao anunciar que uma “Judoca sesimbrense renova título europeu”. A páginas 4, narra-se que Telma Monteiro, do Grupo Desportivo de Sesimbra, se sagrou bicampeã europeia. Sucede que esta jovem de 21 anos nem é sesimbrense, nem sequer atleta do Grupo Desportivo de Sesimbra. No fundo, nada disto surpreende, sabendo-se o que a casa gasta.

Notável, notabílissimo, foi, na verdade, o concomitante aprumo corrector do Dr. Sequerra. Foi um regalo para a vista topá-lo, na última sexta-feira, à noite, num intervalo da sessão da Assembleia Municipal, a esclarecer, qual errata humana, por sua livre iniciativa, o lapso informativo junto do Presidente da Câmara, Augusto Pólvora.

De jornal em riste, e denotando um zelo inexcedível, o Dr. Sequerra teve ainda o ensejo de, em pleno Auditório Conde de Ferreira, chamar a atenção de outros circunstantes para a falácia que o crivo da directora deixou passar. Visivelmente, tamanho fervor comove uma cordilheira. Fico agora na expectativa de saber se o Dr. Sequerra irá, ao longo da próxima quinzena, deslocar-se ao domicílio dos demais assinantes do jornal, com o propósito de desfazer o equívoco. Calculo que a Dr.ª Peneque esteja encantada com a abnegação do seu antecessor.

A inaugurança: quentes e boas, fregueses!

(1) Falta de chá de tília

Mosquitos por cordas, a bem dizer. Que uma câmara municipal dita comunista, como é presentemente a de Sesimbra, tenha consumido largas horas, nas últimas semanas, em discussões acesas e acaloradas quanto à extensão e ao teor da lista dos convidados para a inaugurança do Cine-Teatro demonstra à puridade o desnorteio neurótico de quem, há muito, usa o povo operário na lapela para lhe enfiar a carapuça. Ele há o séquito e a corte, mailo cortejo. O resto são migalhas, sobejantes, para o pagode, está bem ver.

(2) Falta de chá, simplesmente

Pura falta de chá. O poder vermelho vigente não convidou Cristóvão Rodrigues, o vereador que, em 2001, deu início à obra da Biblioteca e do Cine-Teatro Municipal, a estar presente na inaugurança de sábado. Mas, quem se admira? A chefe de gabinete do actual Presidente da Câmara também não recebeu em devido tempo o miraculoso papelinho de ingresso. Repescada a desoras, segundo o “Magra Carta” apurou, a Dr.ª Sandra Rodrigues Carvalho fez saber que não iria estar presente. Entretanto, Cristóvão Rodrigues fez pela vida, arranjou bilhete e dispôs-se a escutar a Missa de Glória de Puccini. Bravô!

(3) Instrumento solista

Sábado, dia 14 de Abril. Passa das quatro da tarde e a betoneira roda, e roda, e roda, e roda, sem parar, na Rua Maria da Arrábida. Dentro de poucas horas vão chegar os músicos. A entrada dos artistas é ali por perto. E a betoneira roda, e roda, e roda, sem parar, na Rua Maria da Arrábida. Calculo que a partitura do compositor italiano não consinta piano de cauda. A betoneira, porém, faz-se ouvir, e roda, e roda, e roda, sem parar, na Rua Maria da Arrábida.

(4) Royal deluxe

A Dr.ª Peneque é que o diz, no editorial do último "O Sesimbrense": a programação do Cine-Teatro Municipal é “de luxo”. É bom saber que a edilidade respira, inspira e transpira saúde financeira.

quinta-feira, 12 de abril de 2007

Não lembra ...

Ontem, enquanto pedalava em seco, olhava para um écran que me mostrava as maravilhas da nossa televisão matinal.
A certa altura, na RTP1, surgiu uma rubrica que bem poderia ser interessante, já que tratava da nossa pobre língua portuguesa.
A admirável pergunta era : "Deve dizer-se impedido ou empedido?".

Nós lemos coisas destas e só podemos duvidar da sanidade mental de quem escolhe estes exemplos tão profundamente didácticos e tão exuberantes de intelectualidade.
Francamente, com tantos erros graves que ouvimos todos os dias, não lembra ao diabo chinesices destas.

Ainda há pouco, no telejornal da SIC, o pivô (ou não vou) Paulo Camacho disse "alcoolémia", erro logo catitamente repetido pela jornalista que deu voz à notícia.

Perante este e tantos outros casos de incompetência, é evidente que certos jornalistas deveriam ser impedidos de trabalhar enquanto não fossem para uma escola de adultos.

O pior é que seriam bem capazes de sair de lá com algum doutoramento feito à pressa numa qualquer escola desinibida e independente...

Talvez

Ouso esperar que este mecanismo que agora me permite estar de volta às lides não torne a pregar-me outra partida, contrariedade a que o meu pobre coração dificilmente resistiria.
Por isso, é apenas um ensaio que estou a fazer, timidamente, em bicos de mãos, só para ver se isto funciona, assim ao jeito de quem mete o pé para ver se a água está fria.

O pretexto é o (talvez) engenheiro que não conseguiu convencer-me da sua inocência. É que foram tantas as coincidências e as originalidades que custa a engolir.
Aliás, se nada fez de mal, por que não falou mais cedo?
E porquê as pressões e ameaças a jornalistas?
E onde estão os colegas de turma da "Independente"? Alguém os conhece?

Por outro lado, foi interessante observar que a entrevista constituiu um duplo exame, para o (talvez) engenheiro e (ao mesmo tempo) para os jornalistas que tinham sobre os ombros a tremenda missão de representar a classe. De facto, foram os jornalistas a desencadear o processo e foram os mesmos jornalistas a sofrer múltiplas pressões.

Por isso, ingrato era o papel dos dois e visível foi o embaraço da Flor (Pedroso) que esteve muito murcha.
Imagino o gozo do (talvez) engenheiro se estas enormes trapalhadas tivessem acontecido com o Santana Lopes!
Mas não, e no melhor pano pode ter caído uma nódoa que vai custar muito a disfarçar...

terça-feira, 10 de abril de 2007

A anedota do ano

A última edição do NOTÍCIAS DA ZONA garante, a propósito da inauguração do Cine-Teatro Municipal João Mota, no próximo dia 14, que “a entrada é livre e os ingressos devem ser levantados nos dias 11 e 12 na bilheteira”. Se não se tivesse dado o caso de o jornal ter saído na passada segunda-feira, dia 2 (quer dizer, um dia depois do famigerado primeiro de Abril), seríamos levados a pensar que a Câmara de Sesimbra tinha reeditado em 2007 o notável concurso do Dia das Mentiras que, no ano transacto, fez estremecer o arranha-céus. Afinal, o certame deste ano, exclusivamente destinado à imprensa local, parece ter sido de anedotas e o vencedor foi o NOTÍCIAS DA ZONA, que, com a piada acima transcrita, arrasou a concorrência, bem merecendo levar a taça. Os nossos parabéns: a piada é de gritos. Simplesmente genial! Valeu!

segunda-feira, 9 de abril de 2007

Grandes planos

Leio, no último "Notícias da Zona", um artigo assinado por Fernando Patrício, líder da bancada da CDU na Assembleia Municipal, sobre a revisão do Plano Director Municipal. O título dado ao escrito é de uma sobriedade exaltante: “Com a CDU Sesimbra avança”. E o articulista começa por garantir que “o novo PDM deve valorizar o património cultural do Concelho, onde se destaca a Fortaleza de Santiago, o Castelo de Sesimbra, o aproveitamento turístico das grutas do Zambujal e do Santuário do Cabo Espichel”.

Não deixa de ser curioso que se invoquem agora a Fortaleza e o Castelo, as Grutas do Zambujal e o Santuário do Cabo, quando é sabido que o PDM, seja ele qual for, nada poderá mudar quanto ao destino destes quatro monumentos.

O que os sesimbrenses querem saber é se, dentro de dois anos, o Museu do Mar abrirá as suas portas, como Augusto, no ano passado, depois de ter reconhecido a legitimidade da posse da GNR sobre a Fortaleza, lhes prometeu, sorrindo radiante de optimismo. A avaliar pelo relato de uma sessão camarária, vindo a lume num dos últimos números do “Nova Morada”, a coisa está preta! Mas o que os sesimbrenses querem saber é se – e quando – a Fortaleza vai ser recuperada e aproveitada para fins culturais e turísticos. É que, para isso, planos – já há!

O que os sesimbrenses querem saber é se a recuperação do castelo de Sesimbra vai progredir ao ritmo que vinha de trás. É que, para isso, planos – já há!

O que os sesimbrenses querem saber é se, para o problema do Cabo Espichel, se vê alguma luz ao fundo do túnel, e se o Santuário vai ser recuperado e reconvertido. É que, para isso, planos – já há!

O que os sesimbrenses querem saber é se a Casa do Bispo, futura sede do Museu Municipal, vai ser recuperada. A obra custa umas dezenas de milhares de contos, o que implica poupar um bocadinho em fogo-de-artifício e em comes-e-bebes. Mais ça ira! É que, para isso, planos – já há!

Mas esta gente é assim, gosta de planos; e adora sobretudo fazê-los. Esequiel Lino passou vinte anos a desenhar no papel o futuro radioso do município que nunca mais chegava, os amanhãs que teimavam em não cantar. Foi o que se viu, e sobretudo o que se não viu: a calamidade no abastecimento de água; a desastrada localização da ETAR de Sesimbra; as instalações sempre adiadas para a Assembleia Municipal; o cemitério de Aiana que nunca ganhou vida; a alfurja do Castelo de Sesimbra; o Cine-Teatro e a Biblioteca eternamente a marcarem passo; e a anedota pegada que, durante uma década, foi a obra do mercado municipal da Quinta do Conde. Malfadadamente, a vida de um município está muito para além dos dossiers.

Entretanto, há coisa de dois anos, um jornal da Quinta do Conde chamou elogiosamente a Augusto o “vereador dos Planos”. Certo é que, dois anos volvidos, nenhum dos planos iniciados por Augusto no anterior mandato, enquanto vereador do Planeamento Urbanístico, foi até hoje aprovado.

Agora, o amor aos planos permanece intocado, o que vai levando Sesimbra a resvalar pelo plano inclinado. Não sei se Augusto tem na manga algum plano de emergência; ou se, ao invés, joga tudo na ribalta das objectivas e na notoriedade dos grandes planos…

A acrimónia de Raul Augusto

Presumivelmente, Raul Augusto Pinto Rodrigues não gostou do que aqui escrevi no passado dia 22 de Fevereiro. Pelo menos, é o que agora depreendo da leitura do post-scriptum que apôs ao artigo de opinião publicado no número de Março do “Jornal de Sesimbra”. Para cabal juízo dos leitores, transcrevo integralmente essas suas considerações extravagantes:

“P. S. – Embora a minha independência relativamente aos partidos políticos seja total não abdico de exercer os meus direitos e deveres de cidadania.
As minhas sugestões e críticas que considero construtivas, são apenas de ordem política. Todas as conclusões e aproveitamentos partidários ou outros que se façam fora desse contexto, considero-os completamente abusivos.
Estou abertamente em desacordo com algumas das políticas seguidas tanto pelo actual como pelo anterior Presidente da Câmara, mas só isso. Não me escondo atrás do anonimato para o fazer, e eles sabem que os considero homens íntegros e de grande honestidade com quem tenho mantido desde há muitos anos sólidas relações de amizade que não quero ver desbaratadas.”


Esta é a tese. Agora vem a antítese, para que o leitor faça a síntese:

1 – Tal como Raul Augusto, também não estou filiado em qualquer partido político, nem dependo de nenhum.

2 – Tal como ele, também não abdico de exercer os meus direitos. Escrever num blogue, sob pseudónimo (o que é diferente do anonimato que Raul Augusto sugere), é um deles. Lembro-me de ler, no “Jornal de Sesimbra”, algumas colaborações sob pseudónimo, quando Raul Augusto era o director da publicação. Eram colaborações notórias, porventura notáveis. Mal comparado, como diz o povo, a história da literatura está cheia de pseudónimos: de Miguel Torga a Eugénio de Andrade, de José Régio a Manuel Tiago. E a do jornalismo local também: de Dirceu Arranca a Romualdo Santanás.

3 – Calculo que Raul Augusto não leia este blogue com frequência. Caso contrário, ter-se-ia apercebido da importância que, quer este pobre Escriba, quer o ilustre Carteiro, dão à imprensa local, que regularmente comentam.

4 – Raul Augusto diz estar abertamente em desacordo com algumas das políticas seguidas pelo actual executivo. É verdade. Sucede que, tratando-se de Raul Augusto, esta é uma verdade relevante. Espero sinceramente que ele tome as minhas palavras como um elogio, sem falsas lisonjas.

5 – Isto é tanto mais assim quanto Raul Augusto, no seu anterior artigo, falou em nome de muitos sesimbrenses que, disse ele, “estão francamente desiludidos” com a actual gestão.

6 – Não percebo, pois, a acrimónia que, aparentemente, me é dispensada por Raul Augusto. Limitei-me a citar o que escreveu, mas com uma diferença: ao contrário de Raul Augusto, eu não dou o benefício da dúvida a Augusto; ao contrário de Raul Augusto, creio que a virtude teologal da esperança é mal empregada com a actual gestão camarária. Trata-se, afinal, do mesmíssimo partido – já se sabe que eles não mudam – que, durante duas décadas, sustentou no poder Esequiel Lino, cuja gestão Raul Augusto tão asperamente criticou no passado. Daí que lhe tenha sugerido, numa nota de humor (que, vá lá alguém saber porquê, lhe não terá caído bem), que continue a esperar, mas sentado. Continuo, porém, a apreciar Raul Augusto, a sua escrita e a sua frontalidade, e não me coibirei de aqui o citar. Até porque não é proibido.

quarta-feira, 4 de abril de 2007

OS ZEROS À ESQUERDA (Parte 2)

Represas e condutas

Na campanha autárquica de 2005, os militantes comunistas de Sesimbra, com Augusto à cabeça, puseram o seu melhor ar indignado e levantaram-se contra a ausência de obra de saneamento básico no Castelo. Para impressionarem o pagode da freguesia comme il faut, chegaram mesmo a medir a coisa ao milímetro.

Ao fazê-lo, esqueciam-se, oportunamente, do estado calamitoso, quase terceiro-mundista, em que, em 1997, o PCP tinha deixado o abastecimento de água ao concelho, forçando a nova gestão a um reordenamento das prioridades, que, de resto, se traduziu num investimento de muitos milhões de euros.

Já no poder, puseram preto no branco, e com as letras todas, nas Grandes Opções do Plano para 2006, que o investimento no saneamento básico do Castelo seria, nesse ano, “a aposta principal na freguesia”. E, com efeito, foram inscritas naquele documento verbas significativas que permitiam dar passos seguros na realização de duas obras.

Uma dessas obras, para a qual estava orçamentada uma verba de 240 mil euros, era o sistema em baixa Caixas/Alfarim/Meco/Torrões; a outra abrangia a zona de Santo António/Sampaio/Pedreiras/Maçã. Agora, perante a conta de gerência do ano passado, a realidade é desoladora. O saneamento básico do Castelo, que era a aposta principal de Augusto para a freguesia em 2006, traduziu-se apenas na abertura, já em Dezembro, do concurso relativo à primeira daquelas obras. Na prática, saldou-se num rotundo e sugestivo zero, a fazer lembrar a circunferência da manilha em Alfarim, que um dos mais recentes boletins municipais exibia galhardamente.

Tratando Augusto das prioridades a este ritmo vertiginoso, as gentes do Castelo já podem ir formando uma pequena ideia daquilo que as espera. Melhor: daquilo por que vão continuar a esperar, e longamente. Na verdade, quem paga Represas não constrói condutas…

segunda-feira, 2 de abril de 2007

OS ZEROS À ESQUERDA (Parte 1)

Verdes são os campos...

Jardins públicos, parques urbanos, zonas de lazer. Foi um regalo ouvir Augusto prometer mundos e fundos na campanha eleitoral de 2005. Os espaços verdes eram um dos seus mais vistosos pendões vermelhos. Alguma gente menos precatada foi na conversa catita do arquitecto. E o concelho virou irremediavelmente à esquerda.

Agora que se conhece a conta de gerência de 2006, é ainda à esquerda, e ao fundo, que se descobrem os primeiros zeros. Os espaços verdes são um deles. Em 2006, népia, nicles, neribi. A vistosa bandeira vermelha de Augusto já está a meia haste e, para o futuro, todos os parques anunciados parecem apenas jardins suspensos.

N’Os Lusíadas, o épico Camões cantou a Piscosa Sesimbra enquanto descrevia uma refrega aqui bem perto. Hoje, cansados os cavalos de batalha de Augusto, poderíamos sobretudo ouvir o lírico cantar: Verdes são os campos…

A última tentação de Isabel

De frete em frete, o espectro do velho O SESIMBRENSE prossegue, com proba virtude, a ladainha laudatória à gestão camarária de Augusto e Felícia. Veja-se, a páginas 5 da última assombração, a peça dedicada à Ond@ Jovem. Ao pé desta desaçaimada vergonha propagandística, os anúncios do TIDE passam por ser tratados de neutralíssima isenção.

São cinco linhas apenas, em tipo de letra a negrito, e pouco menos do que garrafal. O sermão aos pexitos termina com esta pérola: “Comemore esta Época Pascal de uma forma mais activa. Participe!”. Seguem-se três fotografias acrobáticas, alusivas à prática do Yoga, do Skate e do Skimming.

O leitor desprevenido poderia esperar que o jornal se limitasse serenamente a dar-lhe conta da iniciativa, divulgando porventura o programa respectivo, que é, de resto, a lástima que se conhece. Mas não: o fervor posto no novo credo levou o quinzenário da Dr.ª Peneque a vender o peixe umas boas oitavas acima da vozearia da lota. Como a asneira não deu para menos, toca de alvitrar a comemoração da época pascal de uma forma mais activa.

Eu bem sei que a nova ordem vigente tem uma visão peculiar do fenómeno religioso. Ele é jazz na Capela e rap em Dia de Reis. Mesmo a Ond@ Jovem não prescinde da sua Queima do Judas privativa. Faltava-nos agora a procissão da Via Sacra transformada em corrida de patins. Claro que até ao Calvário é a subir, mas descer a Calçada sempre dá algum balanço e às vezes há milagres.

Impenitência, é o que é

Posso dizer (quase) sem ironia que tenho saudades do pontificado do Dr.Sequerra à testa de "O Sesimbrense", tantos eram os motivos de admiração e os pretextos que, generosa e involuntariamente, nos oferecia para darmos largas à confessada maldadezinha que tanto gozo nos dá.

Verdade seja dita, nunca precisámos de maquilhar nem deturpar os factos, bastava-nos aproveitar as oportunidades que o senhor nos oferecia em escritos cozidos com sovela e lançados à vela no mar traiçoeiro da nossa navegação flibusteira.
O actual "O Sesimbrense" é insípido, mal consegue despertar o diabinho que dormita em nós, enfim, não é grande fonte de inspiração.

Talvez porque a Páscoa está à porta, lembrei-me da ansiedade e de sobressaltos antigos, das trombetas e dos tambores com que o Dr. David Sequerra nos informava da iminente chegada da Bibina.
Timidamente, ainda esperei ver no jornal alguma notícia sobre a ocorrência, mas não, estamos na deplorável contingência de uma Páscoa sem Bibina.

Se assim for, só podemos resignar-nos e rezar para que o Verão nos traga, dos confins do Canadá, o excelente Luís Saraiva, qual rei mago que o Dr. Sequerra costumava ir esperar à entrada da vila, junto aos Bombeiros e à porta dos Telefones cujas meninas (noutros tempos e despudoradamente) ouviam as nossas conversas, mesmo (ou sobretudo) as proibidas.

Enfim, tudo isto, no fundo, é apenas um grito da nossa alma despedaçada pela deserção do doutor que, quer sequerra quer não, faz muita falta ao desolado carteiro e ao impenitente escriba ...

Um novo blogue...?

Como é sabido, o Ministério da Administração Interna criou um blogue cuja função é dar a conhecer as opiniões dos membros do Governo, particularmente no que toca a reagir a artigos, comentários ou ataques de jornalistas e articulistas vários.

A ideia parece-me excelente e lembrei-me de sugerir idêntica iniciativa à Câmara Municipal de Sesimbra que, tantas vezes, é posta em causa por alguns blogues entre os quais este se conta.

Seria muito mais saudável e construtivo se a Câmara aceitasse esta forma de diálogo e de comunicação que só poderia trazer-lhe vantagens, uma vez que o blogue seria mais uma plataforma de esclarecimento, informação e promoção.

Aliás, não é a primeira vez que alguém faz tal sugestão, mas a Câmara continua a preferir intervenções de anónimos que saem em defesa (normalmente desajeitada) da sua dama e patroa.
Não seria esta uma forma democrática de lidar com os assuntos de interesse colectivo?
Não seria um sinal de abertura e de modernidade?

Talvez fosse bom que as pessoas responsáveis aparecessem, dessem a cara, contribuindo assim para uma maior transparência nos debates de ideias ou na avaliação de iniciativas.
Da tonelada de assessores, talvez haja um capaz de ser uma espécie de porta-voz ou de provedor bloguista.

Fica o repto...

A bem do Turismo

A genialidade brota das trevas em rasgos fulgurantes, como aconteceu com o nosso imparável ministro Manuel Pinho e a sua inefável lembrança "Allgarve".

Perante tal manifestação de imaginação criativa, achei que é nossa obrigação entrar na dança e lançar outras sugestões dentro da mesma linha de pensamento e a bem do Turismo que é uma valiosa fonte de receita para o nosso país.

Assim, e sem sairmos do Allgarve, poderíamos propor para Sagres um turismo de ponta, ao mesmo tempo que, pensando no mercado espanhol, bem ficaria promover-se o carnaval de LOLÉ.

Agora o que me surpreende é a passividade dos espíritos inventivos da Câmara de Sesimbra, gente tão virada para a modernidade e mergulhada em ondas jovens.
Modestamente, atrevo-me a sugerir que se mude o nome da terra para SEEsimbra, convite aberto aos turistas de língua inglesa para virem VER as nossas belezas naturais.

Pensando no turismo de espiritualidade, esoterismo e meditação, o palco ideal seria o ZENbujal.
Se tivermos a ousadia de acolher milhões de peregrinos, temos ali à mão a aldeia de Meca.
E porque não somos menos que os outros, tratemos de dar a conhecer ao mundo as festas de Allfarim e o conforto da Allmoinha Residence.

A Comissão de Turismo da Costa Azul talvez agradeça estas sugestões, tanto mais que lá se encontra um bom amigo de SEEsimbra...