quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

FIM

A ÚLTIMA CARTA

"Aos 65 anos, o que tinha a fazer está feito. Pouco ou nada me resta para oferecer e não me parece que haja muito a esperar deste mundo que vai a caminho da perdição. Não direi, como algumas vezes o meu pai, que espero adormecer e não voltar a acordar, mas não encontro grandes motivos para continuar a assistir à destruição do planeta, ao desbragamento de valores morais e éticos, ao afundamento das estruturas sociais."


ANTÓNIO CAGICA RAPAZ, in Tratar da Vida

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

NOITE VELHA

Mais logo, depois das duas da madrugada, a SIC Notícias repete o documentário "O Mundo Perdido do Comunismo - No Reino do Esquecimento", sobre os horrores do estalinismo na antiga Checoslováquia: largas dezenas de milhares de presos políticos, e perto de duzentos executados por delitos de opinião. Ora aí está uma boa oportunidade para a Rita Rato aprender alguma coisa sobre o credo sinistro que professa. A lição, claro está, é extensiva a quem, eventualmente, tenha passado uns anitos muito desatentos ali para as bandas de Bratislava. Mais logo, noite velha...


DA LÓGICA

As boas almas são muito sensitivas. E, por isso, deitaram-se, num foguete, a repetir a atoarda que Augusto Pólvora havia lançado na cerimónia de tomada de posse do novo elenco camarário: a de que Américo Gegaloto decidira não aceitar pelouros. Pois logo as alminhas, em surdina, puseram o boato a correr de boca em boca por essa Sesimbra fora: que o vereador socialista era um madraço, que não queria trabalhar, e mais isto, e aquilo, e o diabo a sete. Sucede que, logo na primeira reunião de Câmara, Américo apresentou uma declaração em que esclareceu a situação e desmontou o embuste, explicando que, em matéria de aceitação de pelouros, tinha feito ao Presidente da Câmara uma contraproposta, mais conforme àquilo que entendia serem as suas áreas de especialização. Augusto, que recusara a contraproposta, confirmou prontamente a declaração de Américo. Donde se prova que as boas almas mantêm uma relação difícil com a verdade. Melhor mesmo é fazerem como a Rita Rato: não sabem, não leram, não viram, ninguém lhes contou. Custa sempre a engolir, mas, pelo menos, não ofende a lógica.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

PALERMICE ABSOLUTA

A Magra Carta tornou-se o primeiro blogue sesimbrense (quiçá, o primeiro português, quiçá, o primeiro mundial) a ter honras de um contra-blogue, que lhe é inteiramente dedicado por quem se está mesmo a ver. Registamos, comovidos, a supina distinção. Só é pena que a primeira réplica ali publicada releve puramente daquela imbecilidade imberbe e farsola que define certos adolescentes: querer contrapôr pretensas características políticas de Américo Gegaloto e Francisco Luís aos horrores dos gulags soviéticos e da repressão sino-maoista, que têm passado despercebidos à deputada comunista Rita Rato (será que ela sabe, ao menos, o nome que tem no BI?), é tolice que fala por si. Em 11 de Outubro, Augusto Pólvora garantiu não querer transformar a sua maioria absoluta numa arrogância absoluta. Talvez. Mas da palermice absoluta com que os seus apaniguados o embaraçam já ninguém o livra.

ELES...

...não viram, não leram, não sabem de nada!

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

É UMA QUESTÃO DE FAZER AS CONTAS...

Na noite de 11 de Outubro, Raul Pinto Rodrigues, comentando os resultados das eleições autárquicas, disse aos microfones da Sesimbra FM que a maioria absoluta alcançada por Augusto Pólvora tornaria mais baratos ao erário público os custos suportados com a vereação. Se não foi bem isto, foi coisa que o valha. Pelo que se sabe agora, vai-se a ver e esses custos, não obstante a maioria absoluta, não só não diminuiram, como aumentaram, visto que em vez dos cinco tempos e meio do mandato 2005-2009, passamos agora a ter seis tempos. Vou ficar atento ao Jornal de Sesimbra nos próximos meses, ai isso é que vou...

UM ROSTO E UM NOME

Ao contrário do vereador do PSD, Francisco Luís, que ficará a tempo inteiro - imagine-se! - para exercer os três pelouros mais ou menos irrelevantes que Augusto Pólvora lhe ofereceu, Américo Gegaloto recusou-se a aceitar qualquer pelouro. Não me parece mal que a oposição passe a ter um rosto e um nome: o poder absolutíssimo dos comunistas não se combate com paninhos quentes.

NÃO HÁ MAL QUE SEMPRE DURE...

No final da tarde da passada quarta-feira, a Dr.ª Guilhermina Ruivo foi oficialmente devolvida à sua irrelevância civil. Eu sempre disse que, depois do descalabro de 11 de Outubro, as coisas só poderiam começar a melhorar...

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Mais uma campanha negra


O país inteiro está a ser vasculhado por mor de uma gigantesca investigação baptizada "Face Oculta" que envolve algumas das maiores empresas portuguesas. E tudo porque há provas de um flagrante esquema de corrupção que tem feito as delícias de uma empresa de recolha e tratamento de resíduos que ganhou todos ou quase todos os concursos, graças a ajudas de pessoas bem colocadas no xadrez político e empresarial.
Armando Vara foi apanhado numa escuta quando tentava obter 10 mil euros como contrapartida da influência que julga ter.
Outro nome envolvido é o de José Penedos, destacado socialista cujo filho é advogado do dono da empresa beneficiada.
Já é azar, são umas atrás das outras, pelo que só pode tratar-se de uma cabala, uma campanha negra ou uma campanha porca, tão mal cheira. Hoje é 6ª feira, mas não foi a Manela Moura Guedes a levantar a lebre...

Homens e bichos


Numa escola do interior ostracizado, a professora pediu aos alunos que indicassem o nome do animal que achassem mais parecido com figuras públicas.
O menino João sacou do Magalhães, fez uma pesquisa e achou que Saramago tem cara de tartaruga. Há quem ache que ele tem cara de c..., mas fiquemos por aqui e agradeçamos ao simpático Magalhães...
Esta professora vai ser suspensa com certeza.

Caim e o guarda Abel


A polémica criada por Saramago teve o condão de restituir a felicidade ao colectivo dos árbitros portugueses.
De facto, depois de Don José de Lanzarote ter chamado filho da p... a Deus, os nossos árbitros deixaram de se incomodar com os insultos que lhes chegam da bancada e do peão.
E o próprio Saramago fica radiante quando, ao fazer uma ultrapassagem arriscada, algum automobilista mais reles lhe lança o piropo filial...

E atão?!!!


Algumas almas sensíveis andam incomodadas com o comportamento grosseiro de Jorge Jesus, treinador que o cinéfilo António-Pedro Vasconcelos acha já ser melhor que Mourinho.
A verdade é que cada um é como é, tem o seu estilo e na Luz há quem recorde a fidalguia de Fernando Santos, Camacho, Koeman e Quique Flores.
Mas o que conta é que o Benfica ganha e goleia.
O resto entra no âmbito daquilo que Jesus designa pelo seu forno interior...

Perguntar não ofende


Soube-se agora que o generoso Governo PS concedeu, dois dias antes das eleições, uma garantia de mil milhões dos nossos euros ao excelente BPN.
Se a medida se justificava, por que não foi t0mada mais cedo?
Terá Sócrates receado a reacção dos eleitores?
Mais coragem (ou lata) teve Augusto Pólvora ao atribuir um abono de família colossal ao CECAS-RL. A propósito, alguém sabe o que são Estudos Culturais?

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Vira o disco...


A Câmara de Sesimbra já deu sinal do que vai ser a sua actuação, ou seja, carnaval todo o ano. Um anúncio inserido no "Jornal de Sesimbra" diz-nos que vamos ter um recital de canções de Brel. É uma excelente iniciativa, embora o anúncio repita o que tem sido a imagem de marca da CDU, fachada, aparência, ausência de criatividade, pobreza intelectual. Faria todo o sentido revelar o nome do intérprete, já que, infelizmente, não poderá ser o grande Jacques. Mas não, tal não foi julgado importante, nem sequer por respeito pelo artista.
É a CDU igual a si mesma. Uma projecção de diapositivos ou uma curta-metragem poderiam acompanhar a leitura de um texto sobre o criador de "Ne me quitte pas". Mas não, para quê? Importante é a estatística que permitirá incluir o espectáculo entre os grandes momentos culturais do executivo CDU. É tão fácil assim, basta pagar, o dinheiro é dos munícipes e vai dando para estas e outras leviandades, é a CDU a mexer, e a música a tocar. O costume...

Brandos costumes

Radovan Krazadzic é responsável pelo extermínio de perto de 200000 pessoas na antiga Jugoslávia, numa bárbara limpeza étnica pela qual devia ter começado a ser julgado anteontem pelo TIC, em Haia.
Porém, o senhor, beneficiando das benesses que a Democracia concede até a canalhas como ele, faltou ao julgamento, argumentando não estar ainda suficientemente preparado para enfrentar os juízes. E assim ganhou um dia...
Provavelmente os MUITOS milhares de vítimas deste criminoso também não estariam preparadas para morrer, mas ninguém lhes fez a pergunta nem concedeu um dia de tréguas.
É curiosa esta coisa da Democracia, que se rege por um Manual de bons e brandos costume etambém proporcionou indulgência aos nossos pides que continuam por julgar. Não por se sentirem mal preparados, mas talvez porque poderiam ter revelado algumas verdades inconvenientes para grandes senhores do regime.
Felizmente, o PCP deitou a mão aos arquivos da PIDE. No nosso interesse, está bem de ver...

AFORISMO, APÓS UMA CONVERSA COM O CARTEIRO

O Raio de Luz é um jornal que nunca desilude o nosso interesse: seja por aquilo que traz publicado, seja por aquilo que não traz.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

A NOITE VAI SER LONGA

Pelo que se vai sabendo, o PS, em Sesimbra, entrou no vórtice da autofagia. O grupo, os baronetes e a peonagem entretêm-se metodicamente na prática austera daquela saudável modalidade desportiva a que os portugueses deram um dia o nome de mosquitos por cordas. A noite vai ser longa e eles merecem-no. Nós é que não.

sábado, 24 de outubro de 2009

POBRE PAÍS ESTE!

O que esta querela cinzenta entre José Saramago e os teólogos nacionais tem de dramático é que estamos hoje como há cinquenta ou sessenta anos: cantando e rindo, num país reduzido à sombra tutelar da Igreja Católica (em boa medida, o braço direito de Salazar), de um lado, e ao estalinismo e suas derivações, do outro.

Só a ampla e enigmática complacência civil com os horrores do comunismo permite explicar a audiência concedida a um escrevente boçal e sumamente sectário como Saramago. E só o marasmo venerando em que vegetamos permite que se confie a defesa do outro lado da barricada à delegação portuguesa de Roma.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Tudo é possível

Isabel Alçada declarou à Rádio Renascença não ter recebido qualquer convite para integrar o próximo Governo.
Acredito que assim seja e concluo que permanecem em aberto várias hipóteses de ascensão para Felícia Costa e, sobretudo, Guilhermina Ruivo.
O pior é se alguém se lembra de submeter as candidatas a um ditado...

Carros de assalto


Inserção.A indústria automóvel resolveu fabricar carros imponentes. Mesmo os ligeiros têm agora frentes elevadas, arredondadas e volumosas.
De jipes nem se fala, são bólides compactos, verdadeiros carros de assalto que transmitem aos condutores uma sensação inebriante de poder que os leva a olhar com desprezo os veículos comuns.
Quem anda nas estradas estreitas e mal cuidadas do concelho de Sesimbra já se cruzou certamente com carrinhas, jipes, camiões e autocarros de passageiros que rolam no eixo da via ou mesmo fora de mão, seguros do seu peso e assumindo o direito de forçar os mais pequenos a desviarem-se para a berma.
Talvez tenha sido essa embriaguez do poder que levou, há poucos dias, um senhor a passear de jipe, a meio da tarde, na praia da Califórnia. Desceu a rampa adjacente ao novo hotel e seguiu, todo inchado, praia fora, rumo ao Caneiro. Algumas pessoas tentaram , por gestos, fazer-lhe compreender que estava a infringir a lei, mas o cavalheiro (seria?) não só não afrouxou, antes acelerou deliberadamente quase atropelando duas senhoras. Alguém ligou à Polícia marítima que não tardou a comparecer, interpelando o indivíduo que, entretanto, estacionou a viatura junto às rochas do Caneiro.
Segundo um dos agentes da Autoridade, o homem mostrou-se arrogante, declarando não compreender o alarido pois já fizera a mesma coisa várias vezes sem que o tivessem incomodado. Mais disse que o seu objectivo era encher de água salgada os recipientes que tinha na viatura.
A multa para este tipo de infracção vai de 250 a 2500 euros, mas tais valores só poderão provocar um sorriso ao cavalheiro que, visivelmente, não recebe o salário mínimo nacional.
Não sei como acabou a peripécia, mas julgo que a melhor solução teria sido a imobilização da viatura no local onde estacionou,na borda d'água, por uns dias largos. Talvez a maré cheia lhe fornecesse a água que o senhor desejava. Para algum aquário ou para a piscina, quem sabe?
Fica a ideia (talvez errada) de que a Polícia Marítima foi mais benevolente do que teria sido perante um pescador a bordo de uma aiola ou algum turista em frágil barco de recreio...

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

UMA SUGESTÃO...

...ao Dr. José Pedro Guerreiro Xavier, do CECAS-RL: a leitura do novo romance de José Saramago. Agora que o Nobel zurziu Bento XVI e decretou que a Bíblia é um manual de maus costumes, duas ou três citações de Caim são sempre de bom tom nos dias que correm. E, o que é mais, hão de permitir-lhe fazer um brilharete perante os seus novos compagnons de route.

DA HUMILDADE

Será que estes senhores da escrita só se lembram de escrever,em tempo de eleições,e ainda por cima a declarar o seu apoio a um candidato,vieram com tanta garra,mas a seguir a abada que a CDU lhes deu acabou-se-lhe a garrra,enfim esperemos pelos novos desenvolvimentos.


Comentário publicado hoje, na entrada anterior

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Na noite das eleições autárquicas, Augusto Pólvora manifestou o desejo de que a maioria esmagadora que acabara de obter se não transformasse numa arrogância esmagadora. Deixou obviamente por explicar se a maioria relativa de que até aí desfrutara tinha correspondido a uma arrogância relativa. No caso dos autores do saudoso blogue Sesimbra e Ventos, bastante crítico da gestão municipal, sabemos bem como foi. Cagica Rapaz viu a vereadora Guilhermina Ruivo fechar as portas da Biblioteca Municipal à apresentação do seu quinto livro, sem que Augusto Pólvora mexesse uma palha para o evitar. Mesmo no Grémio, a Câmara presidida por Augusto tentou boicotar a sessão de lançamento das Conversas, como, na altura, o Carteiro teve oportunidade de aqui explicar. Cagica Rapaz e Pedro Martins, não obstante terem, depois disso, continuado a lançar livros na sala polivalente da Biblioteca, desapareceram das páginas do Boletim Municipal, ao contrário do que foi sucedendo com outros autores de Sesimbra ou de livros sobre o concelho. Chama-se a isto decretar a morte cívica a quem não pensa da mesma maneira que o poder. Quem pode acreditar numa palavra de Augusto? O comentário que serve de epígrafe a esta entrada mostra o que se pode esperar da humildade democrática desta gente. Fica-nos a satisfação de saber que, dia e noite, sonham connosco. Que tenham bons pesadelos.