sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Indignidade

A palhaçada continua.
No domingo vai ter lugar uma coisa que dantes era encarada como o que é, um simples jogo de futebol.
Mas no amplo palco da histeria e da propaganda saloia deste país, é um clássico que vai representar uma jornada de luta contra o racismo. Racismo? Em Portugal?

Uns quantos iluminados envergam as opas dos templários da treta e armam em paladinos da virtude, acenando com o fantasma do racismo, no pressuposto de que meia dúzia de energúmenos à pancada constituem um foco de contenda racial, lá porque um ou dois poderão ser negros.

E então? A chamada porrada não tem cor nem raça, é apenas folclore de mentecaptos.
Mas que merece a etiqueta de alto risco para um banal jogo da bola.

Parece que a Polícia vai escoltar 1300 adeptos benfiquista até Alvalade. Em nome de quê?
Como podem esses indivíduos aceitar que os conduzam como gado a caminho do altar onde correm o risco de ser imolados?

Que país é este onde se acha normal e natural empurrar adeptos para um comboio humano enquadrado pela Polícia?

Que gente é esta que se deixa assim levar pela trela?

Este país não está para procissões de pobres de espírito...

Ora toma!

Os portugueses são admiráveis, sobretudo as locomotivas da nossa sociedade.

Há dias era a senhora doutora com as suas oportunidades orientacionais.

Hoje, foi (um político cujo nome não recordo e também) a jornalista Maria de São José, da Antena 1, que evocava as multas de trânsito em risco de prescrição e que vão dar lugar (segunda diz Maria) a processos contra-ordenacionais.
Quem acha que o português é difícil?

Este país não está para acanhados da língua...

A carta a Garcia

Paulo Portas meteu-se com Jaime Silva e o inevitável aconteceu. "Quem se mete com o PS, leva"- bem avisou Jorge Coelho, um modelo de democrata urbano.

Com efeito, Jaime Silva não se fez rogado e atacou Portas naquilo que dantes se chamava, prosaicamente, honra (ou honradez) e que agora é catitamente rotulado de "honorabilidade".

Ofendido e magoado, o nosso Paulo fez o que se impunha, leva a querela para a arena da Justiça, tendo, para tanto, dado carta branca ao seu advogado que não é outro senão o ultra-esquerdista Garcia Pereira.

Este país não está para velhos. Nem para espantos...

Ministério ou Mistério Público?

É raro, mas acontece.
Os dois jornalistas do "24 Horas" envolvidos no episódio do Envelope 9, não vão a julgamento.

Ora, em vez de se sentirem aliviados, atentos e venerandos, os dois homens mostram-se frustrados e desafiam o Ministério Público a recorrer da decisão.

Dessa forma, diz Jorge Van Krieke, poderia ser finalmente trazido à luz do dia tudo quanto de errado foi feito pelo Ministério Público que, entre outras coisas, terá ocultado provas e informação, material importante no tristemente famoso processo Casa Pia.

Perante acusação tão concreta e desassombrada, será estranho se o Ministério Público não insistir em levar os jornalistas à barra do tribunal.

Quem não deve, não teme...

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Leno...quê?

Um antigo amigo (já não é?) do embaixador Jorge Ritto (porquê dois tt ?) e dois outros indivíduos foram hoje ilibados do crime de lenocínio.
Estamos em pleno caso Casa Pia, claro.

O Tribunal deu como provado que houve relações sexuais entre o senhor Ritto e os menores, mas, azar dos azares, não se conseguiu provar que os três amigos (ou ex-amigos) tenham ajudado à festa.

Isto vai. Qualquer dia chega-se à conclusão que "aquilo" foi apenas um "Rittual" de iniciação e que o único malandro foi o Bibi...


Chinesices

A riqueza da nossa língua provoca, com alguma frequência, equívocos, ambiguidades ou confusões, quando usamos indiscriminadamente palavras que não são exactamente sinónimos.

Quem se interessa um bocadinho pelo assunto, decerto já terá ouvido muitas vezes falar de publicidade enganosa.
Mas nunca de publicidade enganadora.

Ora, o adjectivo que convém nos casos em causa é enganadora porque não é por acaso nem sem intenção que a mensagem aparece naquele termos.

Porque enganoso (julgo eu) é aquilo que nos engana, por defeito, por imperfeição, por confusão suscitada, mas sem intenção de nos ludibriar.

Enganadora (a meu ver) é a atitude, a sugestão, a promessa feita com o intuito consciente e deliberado de nos levar na conversa.

É uma espécie de bola na mão (enganosa) ou de mão na bola (enganadora).

Se estiver errado, peço desculpa. Se as duas palavras forem (o que não creio) sinónimos puros, sugiro que eliminemos uma porque não faria a menor falta no léxico.

É a minha proposta. Que não é enganadora...

É o Bolhon, carago!

As mudanças projectadas para o mercado do Bolhão estão a deixar a população tripeira em estado de choque.

O Bolhão é o coração do Porto, um pedaço de tradição, um espaço de comunhão.

Por isso, a Plataforma de Intervenção Cívica (PIC) entregou a Manuel Alegre uma petição, com 50 mil assinaturas, protestando contra a ameaça iminente.

No fundo, alguns portuenses sentem que o lendário mercado está a ir a PIC.

E, à medida que a contestação cresce, os autores do projecto sentem que trazem o Bolhão entalado na virilha...

A Banca é quem mais ordenha...

Esta manhã, Octávio Teixeira comentava os escandalosos lucros dos principais bancos portugueses e criticava o Governo por permitir que a Caixa alinhe com os outros na caça aos cifrões.

É evidente para toda a gente que há combinações entre os bancos, no que toca, por exemplo, a comissões ou taxas de juro.
Tal como se percebe que, num sistema de economia livre, o Estado não possa intervir para condicionar ou proteger o seu banco.

Contudo, nada impede o mesmo Estado de sugerir à Caixa a prática de taxas e comissões mais baixas, por forma a não apertar tanto os portugueses. Seria um bom e natural serviço público.
Mas o Estado não o faz. Pior (acrescento eu), tem ainda a gentileza de cobrar menos IRC aos bancos do que a outras empresas.

Curiosamente, os partidos políticos não protestam. O PS gosta, os outros calam-se.
E nunca se viu uma manifestação para contestar a despudorada ostentação da banca que exibe os seus muitos milhões de lucros, mordomias
e salários escandalosos, num país onde o povo vive com a corda na garganta.

Querem ver que o comunista sou eu?

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Quem fala assim...

Noutro tempo, quando havia jornalistas a sério, gente que conhecia a Gramática e nela não dava pontapés, os treinadores e jogadores só davam entrevistas de longe em longe, em regra quando tinham algo de concreto a dizer.

Hoje, as conferências de imprensa são diárias, flash interviews (como dizem os solícitos homens do microfone) e constituem verdadeiros hinos à banalidade.
O lado interessante é observar as atitudes dos treinadores.

O professor (atenção, Professor) Jesualdo surge em palco com ar austero, distante, superior, carrancudo, enfadado, e larga meia dúzia de lugares comuns, acabando sempre por fingir que ainda não acredita que o Porto já é campeão há meses.
E vá de dizer (sem rir) que o Paços de Ferreira é uma grande equipa, que merece todo o respeito, etc.
No final, 3-0 foi a marca do respeito. Claro.

Os senhores treinadores acham que lhes fica bem serem (falsamente) modestos, e repetem que o adversário é que é favorito. Devem pensar que enganam alguém.

Hoje, vem o senhor Rosé Camacho dizer que o Moreirense é como o Milão.

São os novos Parodiantes de Lisboa e arredores...

REflexões...

No vasto e admirável campo das preciosidades linguísticas, ouvi há minutos uma distinta senhora falar em oportunidades orientacionais. Gostei, é coisa fina.
Logo a seguir, o senhor António Macedo, na Antena 1, disse que podíamos ouvir ou reouvir uma determinada canção.

Esta moda dos re é muito engraçada. O chique é acrescentar um re a qualquer verbo ou substantivo e logo se ganha eficácia, credibilidade, prestígio ou envergadura.
Engenharia sabemos, mais ou menos, o que é, mas reengenharia é um patamar superior de excelência. E vai daí, nós reperguntamos, retocamos à campainha, redormimos.
É um nunca mais acabar de baboseiras.

Sinceramente, não sei como se pode reouvir. Quem não é surdo ouve permanentemente, isto, aquilo, tudo o que soa à nossa volta.
No caso de uma canção, podemos ouvi-la mil vezes, ao mesmo tempo que o cão ladra ou a nossa vizinha cantarola na varanda. Mas...reouvir...como será?
Voltar a ouvir, ouvir de novo, isso percebo como seja.

O que me parece é que cada acto é novo, autónomo, não uma mera repetição.
Por isso, o artista não recanta a mesma canção todas as noites. Nem nós retelefonamos, nem rerespiramos, nem recomemos nem reurinamos.

Eu não sei se me faço entender, mas não tem grande importância, é apenas uma divagação, é a gente a refalar...

Crise de abundância

A Fundação que tem por vocação lutar contra a Sida distribuiu no universo da prostituição feminina uma grande quantidade de preservativos defeituosos.

Longe de mim duvidar das boas intenções das pessoas, mas chego a interrogar-me se não haverá ali alguma recôndita e tortuosa intenção de combater a crise da natalidade no nosso país.
Como se sabe, o preservativo limita substancialmente o risco ligado à Sida, mas funciona igualmente como contraceptivo.

Ora (sigam o meu inocente raciocínio), se os preservativos se revelarem permeáveis, é possível que daí resulte um aumento de casos de gravidez, o que pode ser uma boa notícia na perspectiva dos índices de natalidade, mas que teria uma consequência altamente inconveniente.

É que, dessa natalidade inesperada resultaria um acréscimo indesejável e desnecessários, pois neste país o que não falta é filhos da p...

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Ó da Guarda!

A Guarda espera há anos por um hospital, e a ministra da Saúde vai fazer a vontade aos egitanienses.

O novo equipamento vai ficar concluído em 2009, e o respectivo projecto deve ficar pronto em Setembro próximo.
Até aqui tudo bem.

A única coisa que não entendo é a razão de tanta demora na feitura do projecto.
Fica-nos a sensação de que os responsáveis ignoram que há um conceituado engenheiro com vastas provas dadas, com vários projectos executados na região.
O seu nome é José e, se não souberem do seu paradeiro, talvez a Ordem dos Engenheiros possa informar.

Não é complicado, parece até bem simplex...

De que Laden está o Bin?

As eleições americanas estão a aquecer, em particular a confrontação entre a senhora Clinton e o senhor Obama.
Agora, alguém foi desencantar uma velha fotografia em que o nosso Barack aparece com vestes somalis e um turbante no toutiço.

Logo emergiu a acusação de que o homem é muçulmano, o que Obama nega, naturalmente.

Não sei se a dona Hilária estará na retaguarda destas maliciosas acusações, mas, se tal for o caso, ela que não abuse porque alguém lhe pode lembrar que não tem condições para assumir a responsabilidade da grande Nação quem se mostrou incapaz de dominar os impulsos do marido.
Por outras palavras, acusar assim noval.

Ou será que o avanço de Obama começa a ser perturbante?

Ingenuidade

Carlos Cruz arrolou, pelo menos, 208 pessoas para testemunharem no processo em que é arguido.
Ramalho Eanes, Jaime Gama e Paulo Portas só não disseram que não conhecem Carlos Cruz por este ser uma figura pública.
De resto, foi o que era de esperar (expectável será mais catita?), nada disseram que possa ajudar a defesa do apresentador de televisão.

Foi pena Carlos Cruz não se ter lembrado de Pinto da Costa, este sim, amigo do seu amigo, que continua a afirmar que põe as mãos no lume por Pinto de Sousa, o maioral da arbitragem.
Mais garante Pinto da Costa que tem a certeza de não se queimar.

Consta que diversos comandantes de corporações de bombeiros já escreveram a Pinto da Costa para que este lhes revele o nome de produto que usa para proteger a pele...

Inducação

Há momentos, no "Prós e Contras", a senhora ministra da Educação, falou de não existência e, logo a seguir, de não decisão.
No meu tempo, dizia-se inexistência e falava-se de indecisão ou de ausência de decisão, por exemplo.

Eu não sei em que escola de adultos esta senhora andou, mas fico com a ideia de que estamos perante uma não ministra...

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

À meia volta

O presidente francês, Sarkosy (nosso freguês habitual) chamou imbecil (mais coisa, menos coisa) a um homem que o terá insultado enquanto recusava apertar a mão que o Chefe de Estado lhe estendia.
Como era de esperar, a polémica está instalada, há ataques e defesas, disto é que o povo gosta.

Ora, muita gente acusa os políticos de abusarem das frases elípticas, do discurso redondo, aquilo a que os franceses designam por língua de madeira (langue de bois).

Pois bem. Nicolas Sarkosy
ia cheio de boas intenções, foi apanhado de surpresa e sentiu-se insultado, pelo que reagiu com a vibração de quem é filho de boa gente.

Pode não ser ortodoxo, mas é d'homem!

Malhas

No tribunal de Gondomar, o antigo árbitro António Garrido disse coisas pouco favoráveis a Valentim Loureiro, embora tivesse tentado deitar alguma água na fervura.
Não deixa de ser curiosa esta atitude porque o senhor Garrido, durante anos, foi visto como amigo do ambiente azul e branco.
E foi sem surpresa que se soube que,
ao deixar a arbitragem, passou a empregado do FC Porto.

Outro caso interessante é o do ex-jornalista Rui Cerqueira que, ao serviço da RTP, se desfazia em elogios histéricos ao clube do Dragão, numa subserviência patética e irritante.
Foi recompensado, trabalha agora nas Relações Públicas do clube do seu coração.

Assim se constroem as redes de influências...

Inacreditável

Há dias, em Inglaterra, o país do "fair play", um jogador teve uma entrada assassina que provocou uma lesão gravíssima num adversário que é, ao mesmo tempo, colega de profissão.
Ora, gozando de uma impunidade igual à dos parlamentares e diplomatas, o autor da bárbara agressão pode ser apenas castigado com meia dúzia de jogos de suspensão.
Como sucedeu com Binya.

E isto independentemente das consequências do verdadeiro atentado cometido.
A vítima pode ficar fora dos relvados durante meses. Ou não voltar a jogar.
Mas o agressor vai regressar, tranquilamente, depois de dizer "I am sorry".

É inacreditável como, nesta sociedade moderna cheia de leis e ASAEs, alguém pode, intencional e deliberadamente, agredir, pôr em risco a integridade física de outrem, cortar-lhe a carreira, destroçar-lhe o futuro, sem ser minimamente responsabilizado por isso.

Acaso um jejum de alguns jogos pode ser considerado um castigo para tal crime?
Será que vamos continuar a aceitar que vale tudo em campo?
Será que ninguém vê isto?

Cuba libre

A vida tem destas coincidências. A uma distância curta mas que os "balseros" têm dificuldade em percorrer, decorreram duas grandes eleições, uma em Hollywood, outra em Cuba.

Sobre os Óscares sempre pesaram dúvidas, influências, pressões, combinações e insinuações. Mas o veredicto desperta, ainda assim, indesmentível expectativa, um certo perfume hitscokiano, e um consenso geralmente cordato.

Em Cuba, a encenação foi muito maior, a farsa (já rodada e ensaiada) assentava na fingida competição entre alguns candidatos quando toda a gente sabia que o Óscar de Fidel iria direitinho para as mãos do mano Raul.

Mais que cinema, Cuba é um vasto teatro de marionetas onde o velho comandante vai continuar a puxar os cordelinhos enquanto tiver força nos dedos.
Na cabeça não precisa de ter coisa alguma porque há muitos anos que o guião está escrito e nem uma vírgula pode ser alterada...

Sai uma maioria!

Ninguém terá dúvidas de que a grande campanha eleitoral já começou, tendo por alvos as eleições europeias, municipais e, sobretudo, legislativas.

Uma das notas mais interessantes diz respeito à obsessão que já se sente pela maioria absoluta. Vários políticos se têm expressado sobre o tema, deixando claro que só nessas condições se pode governar, ideia que os leva a dizer que os partidos devem pedir ao povo que lhes dê a tão desejada ferramenta.

Ora, que se saiba, o boletim de voto não apresenta um quadradinho para maioria simples e outro para maioria absoluta.

Os partidos só podem abrir jogo, explanar programas, fazer promessas e arranjar forma de nos convencer de que, desta vez, vão cumprir.
É o que fazem sempre. E nunca cumprem. E nós votamos sempre. Porque somos burros, talvez.

Agora, por favor, não prossigam com essa cantilena da maioria absoluta que é coisa que não se pede como se faz no talho ou na peixaria...

Nós podemos!

Este diabo deste Sócrates consegue tudo.
Desde que adoptou o slogan de Barack Obama, passa os dias a repetir "Nós podemos".
Oxalá não se atrapalhe a pronunciar o p, seria trágico.

E a verdade é que, graças ao seu espantoso capital de influência, Sócrates conseguiu que Hollywood colocasse Portugal nas bocas do Mundo.

De facto, é um nome que ocorre imediatamente a todos quantos pronunciam o nome do filme que triunfou na festa dos Óscares.

Com as pensões de miséria, lares escassos e a preços inacessíveis, SAPs em extinção, medicamentos caros, solidão e abandono, sim, de Portugal bem se pode dizer: "Este país não é para velhos".

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Boca a boca

O jornalista José Alberto Carvalho, porventura o melhor pivô de telejornal, escreve, no "Expresso" de hoje, uma crónica intitulada "Boca a boca".
Trata-se de uma expressão que se ouve frequentemente, mas que é incorrecta.

O que se pretende dizer é que uma notícia, uma informação, uma anedota, passa de pessoa para pessoa, circula, propaga-se pela via oral.
Ou seja, há um que diz, outro que ouve e que repete, transmite, num processo que se desenrola não de boca a boca, mas de boca a ouvido.

Os franceses dizem "de bouche à oreille", o que é diferente do vulgarizado "boca a boca".

Com efeito, boca a boca é a especialidade de nadadores salvadores, ou seja, respiração artificial.
Ou então, prática de namorados que trocam língua e saliva.

Por isso, recomendo ao José Alberto que seja muito prudente.
Quando estiver à espera de uma notícia e lhe surgir pela frente o José Rodrigues dos Santos, aconselho-o a não praticar o modelo "boca a boca".

Mas, se for a Clara de Sousa, ó meu amigo, faça favor, agarre a notícia, o trabalho está sempre em primeiro lugar...

O Preto no banco

O bom António, preto do Palmeirim, que viveu e morreu a trabalhar em Sesimbra, era um homem bondoso e honesto.

O mesmo não sei se poderemos dizer de António Preto, deputado do PSD, que vai a julgamento acusado da prática (em co-autoria) de um crime de fraude fiscal qualificada e de falsificação de documentos.
É o que nos conta o "Expresso" que dá ainda conta que o sr. dr. António Preto, durante a investigação, alegou que as escutas telefónicas que o comprometem eram nulas, uma vez que, como deputado, gozava de imunidade.

Não estará o dr. Preto a gozar com a gente?

A sua condição de deputado deveria, muito pelo contrário, constituir uma agravante, nunca uma capa de protecção nem escudo contra (alegadas, claro) ilegalidades.

Para que sirva de exemplo, a Justiça vai pôr o Preto no banco...dos réus (agora chamados arguidos).

Já é alguma coisa...

Casse-tête

Porque é sábado e porque está de chuva, deixo-vos um quebra-cabeças simpático.
Carla Bruni casou com Nicolas Sarkosy e passou a ser a primeira-dama de França.

Assim sendo, como deve ser agora designada Cecília ex-Sarkosy?

Depois de uma primeira (dama) vem a segunda. Naturalmente.

Mas antes da primeira... como será ?

Em francês existe a palavra avant-première que, traduzida à letra, será antes-da-primeira.
Porém, o seu significado é ante-estreia, no universo do espectáculo.

Por isso, Cecília poderia agora ser uma avant-première, uma antes-da-primeira (Carla), embora não tenha chegado a ser, para Sarkosy, uma estreia, nem sequer uma ante-estreia porque já fora casada e tivera outras "representações".

Honni soit qui mal y pense...


Patético

A SIC tenta, a todo o custo, conquistar audiência, estando a recorrer a entrevistas com figuras sonantes.
José Sócrates levava as respostas prontas e só falou do que lhe convinha, exercício em que esteve bem.

Já Pinto da Costa foi uma caricatura do presidente do Porto que era cáustico, provocador, seguro de si e irónico.

Este Jorge Nuno foi atabalhoado, inseguro, misturando processos, insinuando sem acutilância.

O homem ainda não percebeu que só um milagre poderá transformar a fruta em rosas e que os milagres não obedecem a apitos...

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Artistas e artesãos

O brasileiro Ronaldo foi um jogador em grande evidência quando esteve no Barcelona, pela sua espantosa rapidez, pelos arranques desconcertantes, mas nunca possuiu (a meu ver) verdadeira e excepcional classe.

Tecnicamente limitado, jogava mal de cabeça e o remate era fraco, muitas vezes atabalhoado.
Ao perder a velocidade e o arranque, acabou como futebolista destacado.
Nunca percebi o rótulo de "fenómeno" que lhe colocaram na barriga que foi ganhando com os anos, nem os troféus de melhor do Mundo ou da Europa.

Um grande jogador tem de possuir outros atributos que lhe permitam durar a um nível de excepção, mesmo quando as pernas baixam de ritmo.

Classe pura, indiferente a idade e pujança, encontramos em Zidane, Ronaldinho Gaúcho, Raul, Figo, Káká, Messi, como outrora em Pelé, Maradona, Eusébio ou Beckenbauer, todos eles capazes de jogar a passo, de cabeça levantada, execução perfeita, gesto seguro.

Os corredores de fundo, os saltadores de barreiras, os lançadores do peso, os velocistas, sim senhor, podem fazer algum furor enquanto a corda dura.
Mas, quando a força acaba, caem numa vulgaridade que não podem disfarçar.

Por isso, os grandes, os senhores da técnica sublime, são como os bonecos das pilhas, nunca mais acabam, podem tocar o tambor devagar, mas é sempre um primor.

Porque com eles a música é outra, a verdadeira arte nunca morre...

Fado Hillary

A senhora Clinton parece estar a perder pé nesta sua campanha eleitoral, tendo enveredado por ataques ao seu rival Barack Obama, acusando-o de não estar à altura de ser o Chefe Supremo das Forças Armadas e de não escrever os discursos que faz.

A senhora Clinton não acompanhou, certamente, a nossa mais recente campanha presidencial.
Se o tivesse feito, teria percebido que Cavaco Silva deve a sua eleição à sábia estratégia de não atacar os seus adversários.

A antiga primeira-dama ainda está a tempo de arrepiar caminho.

Se o não fizer, outro galo (preto) lhe cantará o fado da despedida...

Daltónicos, coitados...

Parece que ninguém tem dúvidas sobre a existência de corrupção no futebol português.
Que não é de agora, já dura há muitas décadas.

No tribunal de Gondomar, um inspector da Judiciária relatou a cena a que assistiu e que consistiu na entrega , por um ourives, de um saco com artefactos destinados aos árbitros.
Deliciosa é a correcção introduzida pelo advogado do presidente do clube de Gondomar, precisando que o saco não era azul, mas preto.

Este pormenor resume, ilustra e simboliza da forma mais eloquente o que é a realidade que todos conhecem, ou seja, que o nosso futebol é uma mentira vergonhosa que tem beneficiado
(a alto nível) de cumplicidades que permitiram aos patrões da marosca sorrir, gozar e alardear impunidade, provocando e desafiando não só a Justiça como a inteligência do comum dos portugueses.
Agora, apanhados com a boca no apito, quando negar é impossível, a única reacção de que são capazes é corrigir a cor do saco.

Oxalá se faça realmente Justiça e os culpados sejam todos metidos dentro. Do mesmo saco, quer ele seja azul ou preto.

Mas, de preferência, preto. E às riscas...

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

E o melhorzinho é...

A revista "Global Finance" atribuiu ao Millennium BCP, pelo quarto ano consecutivo, a distinção de melhor banco a operar em Portugal.
Eu não percebo nada de banca, mas os responsáveis daquela revista devem usar óculos muito especiais.

Com escolhas destas, não admira que desconfiemos desta onda de galardões, prémios, diplomas, troféus, óscares, globos e esféricos, bolas de ouro, prata e jóias, o melhor do Mundo, o melhor lá da rua, é um nunca mais acabar de nomeados,
medalhados, uma feira de vaidades que muito terá a recear se a ASAE por lá passa.

Quanto ao Millennium, só podemos sorrir.
Com off-shores, jogadas subterrâneas, falsas declarações, golpes palacianos, perdões de dívidas a familiares e amigos, compra de acções à socapa, de facto, é um grande banco, dá para tudo, mordomias e regalias faraónicas.

Mais palavras para quê? Um banco assim só pode ser português...

PROTAL

O PROTAL é o Plano Regional de Ordenamento do Território do Algarve.
Entrou agora em vigor e tem a particularidade de proibir construções a menos de 500 metros da linha de água.
Curiosamente, nas duas semanas que precederam a sua entrada em vigor choveram os pedidos de licenciamentos, segundo revela Macário Correia.

A parte interessante é estarmos (pelo menos aparentemente) em presença de um travão aos abusos e aos crimes contra o ambiente, contra os direitos da comunidade, contra a qualidade de vida da generalidade das pessoas, pondo fim a um modelo que privilegia o lucro da envolvente imobiliária.

O mais curioso é que a sigla encontrada faz pensar nos velhos esquemas de favorecimento em que tudo é autorizado desde que haja um envelope bem recheado para o tal...

A Morte (ou a Mata) de Sesimbra

Eu não sei quais são os critérios do IPPAR no que toca à definição dos perímetros de protecção dos castelos.
Mas tenho a convicção de que a área protegida junto ao castelo de Palmela, por exemplo, é bem maior do que a que envolve o de Sesimbra.

É visível que, do lado sul, as construções estão a subir a encosta, sorrateiramente, como os homens de Afonso Henriques terão feito para surpreender os mouros que dormitavam encostados às ameias.

Agora são os construtores que, a meias com arquitectos imaginativos, exploram até aos últimos centímetros um PDM generoso que, por este andar, qualquer dia, vai permitir moradias e prédios junto às muralhas.

Sesimbra tem a praia que tem, não estende, só pode encolher, e é o funil que sabemos.
Os empreendimentos crescem por todo o lado, condomínios, alumínios, assassínios da beleza e do equilíbrio, da capacidade de acolhimento de uma terra que está a rebentar pelas costuras, que asfixia, que sufoca, que se descaracteriza em cada dia, em nome do único critério que é o dinheiro que o gigantismo imobiliário supostamente trará à terra. A quem? À Câmara? Aos comerciantes? Aos promotores?

Então... e os sesimbrenses? Têm de fugir para o campo porque as casas em Sesimbra atingem preços incomportáveis? Têm de ficar em casa, sem sair, para deixar o lugar, na rua, na praia, aos turistas ocasionais e aos que possuem residência secundária?
Tanto betão, tanto esgoto a correr para a extremidade do funil, tanto automóvel, tanta gente, talvez seja isso o futuro glorioso.

Ou talvez seja a fartura que mata...

Engodar o peixe...

Há alguns bons anos, Georges Marchais, então secretário-geral do PCP francês, foi entrevistado na televisão.
O jornalista fez-lhe uma pergunta algo incómoda e Marchais, como resposta, contou que tinha ido à pesca no fim-de-semana anterior.

O jornalista repetiu a pergunta e o impávido Georges voltou a falar da pescaria.
Já irritado, o jornalista disse "Não foi essa a minha pergunta". Ao que o sorridente Marchais retorquiu "Mas é esta a minha resposta".

Nos dias de hoje, há outra subtileza.
José Sócrates foi à SIC dar uma grande entrevista depois de ter escolhido os temas e conhecido as perguntas.

Nem precisa de ir à pesca...

Do avesso

Jovens da Cova da Moura estão a criar novas expressões de linguagem, misturando o crioulo com o inglês, usando a imaginação para tentar afirmar certa forma de identidade.
Não vem daí mal ao mundo desde que tal prática não os afaste, não os isole do outro mundo, não sei se o real, mas mais provavelmente o que os rodeia, rejeita e assusta.

O mesmo aconteceu, há talvez três décadas, em França, nas Covas da Moura de lá, nos subúrbios das grandes cidades, onde outros jovens que se sentiam marginalizados viravam as palavras ao contrário, talvez na tentativa de pôr o mundo do avesso.

Aplicado
esse modelo ao português, teríamos zaca, ruca ou jaló em vez de casa, carro ou loja.
No fundo, esta busca de originalidade, este afirmação da diferença, não são exclusivas das camadas mais baixas da nossa sociedade.

Pelo contrário, são os que se julgam mais importantes os primeiros a recorrer a neologismos palermas que colocam na lapela como sinal de uma excelência saloia.
São os senhores que começam as frases por desde logo e as recheiam de obrigatoriedade, direccionar, contratualizar, recepcionar, casuístico, de encontro a, facilitismo e tantos outros disparates pedantes.

Entre os dois, mil vezes a ingénua e sofrida imaginação da rapaziada da Cova da Moura.
Boa, man!

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Digam adeus ao senhor Comandante...

A retirada de Fidel Castro é uma lástima para todos quantos admiram o grande democrata que preza tanto os seus compatriotas que não hesita em protegê-los das tentações do imperialismo americano, indo ao ponto de os encarcerar, para bem deles.

Malevolamente, há quem considere estas aparentes prisões cruéis, injustas e arbitrárias, próprias de ditadores sinistros quando, na verdade, se trata de uma espécie de profilaxia, um tipo de quarentena saudável se não para o corpo, pelo menos para o espírito de homens e mulheres que não conseguem perceber que vivem no paraíso, talvez o último no Mundo, a par da Coreia do Norte.

É com infinito pesar que assistimos à saída de cena deste brilhante actor que se distinguiu ao interpretar monólogos quilométricos.
Há figuras assim que deveriam ser eternas.

O povo cubano (o próprio mundo, até) além de órfão, sente-se castrado...

Ribau bau, pardais...

O dr. Menezes não perde uma oportunidade para consolidar a sua imagem de grande timoneiro da nação laranja.
Como é sabido, o PSD foi condenado a pagar com língua de palmo e meio a desinteressada contribuição da benemérita Somague para as despesas da campanha autárquica de 2001.
Instado a pronunciar-se, o dr. Menezes começou por lembrar, do alto da sua majestade, que o PSD é só um. Era o que nós suspeitávamos.

O pior é que, logo de seguida, se apressou a precisar que não foi o seu PSD (dele, Menezes) que arranjou aquele molho de brócolos.
Talvez (mal) aconselhado pelo seu fiel Ribau Esteves, é Pilatos Menezes sem pudor nem contenção, queixinhas e amigo da onça.

E atabalhoado. Porque, por um lado, o bom médico Menezes diz que PSD é um só. E, por outro, diz que "aquilo" não foi com o seu PSD, o que significa que, afinal, sempre há mais que um.

Em que ficamos, dr. Menezes? Será que temos um PSD bicéfalo como uma liderança que nós sabemos?

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Em Boa Hora

Um ex-monitor da Casa Pia foi condenado a cinco anos e seis meses de prisão por abusos sexuais cometidos sobre uma rapariga e um rapaz, ambos surdos-mudos.

O agressor (que é igualmente surdo) vai ter muita dificuldade em se aperceber da aproximação de
outros presos que costumam dispensar tratamento especial a violadores de crianças.
E o seu maior castigo vai, provavelmente, ser a aplicação do velho provérbio "Quem com ferro mata, com ferro morre"...

Saberes e sabores

Eu confesso que não sou um gourmet, antes me situo na área das coisas modestas e simples como o peixe grelhado, um bacalhauzinho, um cozido, coisas assim.

Talvez por não ter sido habituado às iguarias excelsas, fico muito impressionado com o aparato da nova cozinha e com os termos rebuscados que os mestres na arte usam com requintada devoção.

Por isso, não posso deixar de me sentir intimidado diante de um ovo em crouton, umas abras de cogumelos, umas sardinhas assadas com flor de sal de sotavento, um fondant de mel, umas ceviches de lulas, uma brandade de bacalhau com pastéis crocantes, um tournedó com plurotes, um strudel de legumes brazeados, uma pera glacée ou um crumble de café.

E, claro, tudo isto acompanhado com vinhos de cor rubi com taninos firmes que deixam no retronasal aromas longos e persistentes, numa intensidade bastante complexa.

Perante tanta excelência, fico boquiaberto, benzo-me, ajoelho, agradeço a honra e vou a correr à "Adega dos Passarinhos" comer um belo cozido à portuguesa acompanhado com um tintol que, se calhar, não terá taninos bem domados para um belo final de boca.

Que se há-de fazer? Gente fina é outra coisa, e eu sou mais do género "vamo lá atão"...

Não sérvio de exemplo...

Pois é, nós bem avisámos que certos gestos podem provocar réplicas, como os terramotos.
O senhor Scolari, há tempos, tentou agredir a murro um jogador sérvio.
Tentou, mas errou, como geralmente faz quando escolhe jogadores ou bota discurso.

Ontem, na Madeira, foi a vez de outro sérvio (treinador do Nacional) tentar agredir o técnico do Guimarães.
Não duvido de que as competentes autoridades do jogo da bola irão apurar as responsabilidades de cada um, mas Jokanovic não corre grande risco, se nos lembrarmos da insustentável leveza da pena que a nossa amável Federação aplicou ao senhor brasileiro.

É verdade que, por vontade do presidente do Guimarães, Jokanovic deveria ser radiado, o que me parece excessivo, embora reconheça que estamos perante uma atitude Cajuda muito pouco a causa do futebol...

Chove chuva

O vereador Perestrelo, da Câmara de Lisboa, vai apresentar em Março um plano de drenagem para Lisboa e arredores.
Mais acrescentou que tal deveria ter sido feito há 20 anos. Pois é.

A conversa é sempre a mesma. De cada vez que chove um bom bocado, há inundações, cheias, o caos, um caos que regressa sempre, fatal como o destino.

Porque não são tomadas medidas correctivas. Muito menos a tempo. Para não dizer, como é fino dizer, atempadamente. Ou será em tempo real? Já lhes perdi o timing...

Quando vemos as calamidades que se abatem sobre outros países, deveríamos ter a noção das nossas fragilidades.
Mas nada fazem os nossos governantes, a não ser autorizar construções a torto e a direito, no leito de correntes de água subterrâneas, onde calha.
Até ao dia em que a Natureza vier reclamar os seus direitos.

O povo chora, calça botas de borracha e deita mão ao balde, diante das satisfeitas câmaras de televisão.
E fica todo contente por dizer o que lhe vai na alma aos microfones de todas as antenas abertas deste país.

O pior é que os governantes se estão borrifando para antenas abertas ou partidas e continuam a (não) fazer o que lhes dá mais jeito.

É assim em Portugal, where else?

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Os melhores amigos dos homens

No Afeganistão, em mais um atentado bombista, morreram 80 pessoas que assistiam a um espectáculo de combate de cães.
Atentados bombistas, suicidas ou veículos armadilhados, pouca diferença faz, é apenas estatística, caracterização jornalística, num mundo que não é o nosso, que mal conseguimos imaginar, onde assistir a combates de cães é tão normal como presenciar uma explosão num mercado, numa mesquita ou numa rua esburacada.

Um mundo estranho que a televisão nos mostra com a mesma indiferença com que transmite em directo um jogo de futebol da Taça das Nações Africanas, uma realidade que não entendemos.
Como não entendemos nem alguém nos explica como vive, de que vive aquela gente, ou os palestinianos que só vemos de armas na mão, em manifestações envoltas em espuma de ódio, de holocausto em destruição, bandeiras rotas, barbas desgrenhadas, olhos a chispar vinganças intermináveis testemunhadas por jornalistas de coletes com muitas algibeiras de onde não sai a menor informação sensata, só palavras estereotipadas, lugares comuns de quem comenta um jogo de morte, espécie de combate de cães raivosos como só os homens são capazes de ser.

Que mundo é este em que vivemos?

Que futuro podemos esperar quando homens e cães assim se confundem?

Azar

O empresário de Makukula, Ricardo Rodrigues, terá sido assaltado, tendo os ladrões levado cerca de 200 mil euros que pertenceriam ao jogador.
Esta notícia suscita-me duas observações.

Uma diz respeito aos riscos que a ostentação de fortuna pode fazer correr aos novos milionários da bola, ao despertarem a cobiça dos amigos do alheio.
Pior ainda quando os famosos têm filhos e o receio de raptos se instala.

A outra nota é para a evocação da velha anedota do tipo que recebeu o seu salário e o do camarada que estava doente em casa.
Tendo resolvido ir jogar poker, teve azar e perdeu. Para cúmulo, perdeu precisamente não o seu mas o salário do amigo.
Eu não digo que o empresário de Makukula esteja a mentir, mas que foi flagrante o azar do jogador, lá isso foi...

Será?

Parece que Ramos Horta tencionava convocar eleições legislativas antecipadas, propósito que teria referido a Lula da Silva e ao próprio Governo timorense.

Quando se sabe que o actual primeiro-ministro é Xanana Gusmão, só se pode concluir que nem tudo seria amorável entre os dois homens.

Quando se sabe que Xanana escapou ao atentado e Ramos Horta quase morreu, as interrogações podem encontrar terreno propício.

Sobretudo quando se sabe igualmente a facilidade com que os timorenses usam de métodos violentos...

E o vencedor é...

O país inteiro ficou hoje a saber que existe uma terra chamada Alvaiázere.
Que tem um presidente de Câmara de seu nome Paulo Tito Morgado.

Esta súbita notoriedade surge graças ao semanário "O SOL" que dá à estampa as arrojadas críticas daquele autarca que considera ser Salazar um aprendiz de ditador quando comparado com José Sócrates.

Esta desassombrada diatribe foi lançada aos quatro ventos (até chegar aO SOL) durante um jantar presidido por Luís Filipe Menezes.

Sabe-se como estas coisas acontecem, boa comida, gente animada, a presença reconfortante e protectora do chefe, a euforia de colocar uma boa farpa, e pronto, lá vem a frase que vai ficar na história, que põe a terra no mapa da actualidade e o tribuno Paulo Tito ao nível invejável do Tino de Rans.

Eu não simpatizo especialmente com o senhor engenheiro Sócrates, mas se Menezes mais não consegue inspirar aos seus acólitos do que parvoíces destas, só Manuel Alegre pode impedir nova maioria absoluta...

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Adieu, Henri

Morreu Henri Salvador, um ídolo em França, um nome, uma voz e um rosto menos conhecidos em Portugal do que Bécaud, Montand ou Piaf.

Poucas semanas depois de subir ao palco para uma ultima actuação, Henri Salvador morreu, com 90 anos e uma carreira admirável, cheia de êxitos, de simpatia e muita alegria.
Era um cantor romântico, malicioso, encantador, adorado pelo público.

É mais (ou melhor, menos) um, deixa o mundo da música francesa tristonho porque, para além do talento, Salvador era a imagem do prazer de viver, ao sol do Mediterrâneo, à sombra dos plátanos, a jogar à "pétanque", bolas de ferro preguiçosas, pretexto para rodadas de "pastis" e despiques verbais com o sotaque meridional que Marcel Pagnol imortalizou nos seus filmes, com Fernandel, Raimu e outros artistas inesquecíveis.

Aznavour vem aí, dia 23. É o último dos grandes, o pequeno Charles.

Não percam, "aquilo" é único, raro, imortal...

Post Scriptum

Segundo o "Público", o Plano de Pormenor da Mata de Sesimbra foi aprovado com os votos da CDU e do PSD.
Salienta o jornal a alegria do presidente Pólvora, sublinha que o Bloco de Esquerda votou contra e que a bancada socialista abandonou a sala antes da votação.

Tudo isto era mais do que previsível, ou seja, o romance idílico entre os parentes de Menezes e o PC, a firmeza do Bloco e a renúncia do PS que continua a primar pela ausência.

Quando nos dizem que o PS saiu, apetece perguntar se aquele partido chega a entrar em campo...

A que$tão de fumo...

Ao que consta, a perseguição ao cigarrito já está a causar estragos nos cofres do Estado.
Em Janeiro, as vendas caíram 50% , pelo que o Estado arrecadou apenas 140 milhões de euros, em vez dos 249 milhões do ano passado.

Cem milhões (a menos) multiplicados por 12 são... ora deixa ver... pois... ah, sim, à vontade... são para cima de ... pois é... é só fazer as contas.

A continuar assim, vamos ter o ministro das Finanças a apanhar beatas, não tarda...

Acontece...

O dr. Mário Soares não é (muito longe disso) um ignorante.
Tem tido atitudes infelizes (como a candidatura contra Cavaco), é verdade, mas é um erudito e uma figura de vulto neste Portugal cada vez mais medíocre.
Por isso me surpreendeu o que ouvi ontem, na SIC Notícias.

Em entrevista dada a Mário Crespo, Soares disse "Se não me revesse no PS, já tinha devolvido o cartão".
E disse por duas vezes.

É tão estranho que, se me contassem, ficaria com dúvidas.

Ou seja, se não ouvesse não acreditava...

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Nação de valentes

Estive esta tarde num estabelecimento de Sesimbra cujo dono me contou a extraordinária visita de um fiscal da ASAE.
Sinceramente, eu não gostaria de fazer comparações com a Pide, mas não encontro melhor imagem. Eu conto.

Como a época de saldos vai até ao fim de Fevereiro, o comerciante pôs na montra um cartaz onde indicava a data de 29 deste mês como último dia dos descontos.
Imagine-se que um zeloso e minucioso funcionário da ASAE entrou na loja e explicou que o fizera por causa daquele 29.
É que, explicou o infinitamente cuidadoso fiscal, a Lei diz 28 e não 29 de Fevereiro.
Por isso, acrescentou o bondoso, a sorte do comerciante foi hoje não ser dia 29, se não a multa seria de 2.500 euros.
Adorável criatura! É o país que temos, com gente desta a quem é conferido o direito e o poder de malhar nos infelizes comerciantes que ousam aproveitar até ao tutano o ano bissexto.

Na mesma linha de coragem e de dignidade, os valentes cabos-de-mar de Sesimbra multaram uns pescadores delinquentes que tiveram a crueldade e o atrevimento de apanhar meia dúzia de polvos ali quase na borda d'água.
Com igual firmeza e implacável rigor, já apreenderam canas de pesca a perigosos amantes das rochas, ali para os lados do Cabo.
Fazem bem, porque estes facínoras dos polvos e das sarguetas são bem capazes de danificar irremediavelmente a fauna dos nossos mares e destruir o equilíbrio piscícola.

Aqui fica, pois, uma palavra de admiração e de encorajamento para o abnegado agente da ASAE e um voto de louvor para os nossos arrojados e incompreendidos marinheiros que, mais que cabos, são verdadeiros heróis do mar...

Preparem-se...

Quem não viu o golo do Benfica, bem fica com a ideia de que Makukula é um herói e está a justificar a contratação.
Quem viu só pode sorrir perante uma águia que vence com um frango.

Quem não sorriu para Camacho foi Cardozo que não gostou de ser substituído.

Bem se rala o nosso Rosé António.

Ele é que a leva direita, recebe um saco cheio todos os meses e, qualquer dia, deixa-os a falar sozinhos...

E o presidente sou eu?

As chicotadas psicológicas cada vez resultam menos. No futebol como na política.
Luís Filipe Menezes andou muitos meses a atacar Marques Mendes, provocou as directas e ganhou. Para quê?

Nunca o PSD esteve tão ausente da frente de combate político, e a única voz que se faz ouvir (quer se goste ou não) é a de Santana Lopes que marca pontos no Parlamento e agora está a percorrer o país naquilo que os analistas e comentadores designam por "presidências abertas".

Ora, Santana Lopes é apenas presidente da bancada parlamentar cuja acção se limita e restringe à Assembleia da República, não tem a menor representatividade cá fora.
Daí que as incursões de Santana ao Portugal "de profundis" possam ser rotuladas de tudo menos de presidências abertas, título tão pomposo e anedótico como as conferências de imprensa de futebolistas e treinadores que repetem pela milésima vez que não há vencedores antecipados e que o futebol é uma caixinha de surpresas...

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Para sempre...

Hoje, dia dos Namorados, a notícia invulgar chega-nos de Espanha, mais concretamente de Madrid, onde o histórico Real anuncia que celebrou contratos vitalícios com os futebolistas Raúl e Casillas.
O padrinho foi o lendário Di Stéfano, por todos considerado o melhor futebolista do Mundo por muito tempo, ou seja, a única forma de reconhecimento que não se confunde com atribuições anuais, ora agora é este, amanhã já é aquele.

A grandeza de um clube mede-se e exprime-se de muitas maneiras e esta decisão original mostra como o velho Real Madrid sabe reconhecer, apreciar e retribuir o talento e o carácter de dois atletas de excepção.

Mas um clube é também visto através da imagem dos seus dirigentes, pois são eles que marcam o rumo e governam, com maior ou menor perícia, com mais ou menos felicidade.
E esta atitude dos responsáveis madrilenos é de grande classe, de uma fidalguia que não vejo como poderia ser imitada em Portugal...

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Suicida?

Eu posso perceber que uma pergunta inesperada de um repórter possa provocar uma resposta menos feliz.
Contudo, políticos e outras personalidades mais solicitadas devem ter sempre engatilhada uma frase simpática para contornar a pergunta, fugir à resposta e seguir em frente.
É o mínimo que se deve esperar de pessoas habituadas à situação.

Contudo, já tenho dificuldade em conceder o benefício da indulgência a quem diz o que diz no decorrer de uma entrevista programada, pensada, preparada.
E foi o que aconteceu com o dr. Alípio Ribeiro.

Quem o viu e ouviu não pode ter deixado de notar a forma quase teatral como pronunciou a frase devastadora.
Precipitação foi coisa que não houve em Alípio Ribeiro que fez pausas, pesou, escolheu as palavras, o tom e o ritmo da frase, a expressão facial, como um bom actor teria feito.
Como alguém que levava o discurso artilhado e que apenas esperou o momento e o enquadramento para o soltar, com a minúcia e a frieza de um bombista suicida.

Por isso, a pergunta que me ocorre não é se ele teve ou não razão no que disse.
Nem se fez bem em dizer.

Apenas pergunto: porquê?

Por quantos?

Valentim Loureiro anda há muito tempo com a borda debaixo de água, ou seja, não faz ondas, não iça a grande vela, não larga a caçada.

Mas, como certas gaivotas, não perdeu o pio e ei-lo que grita que vai ganhar por 15-0.
Alguns marotos já dizem que, com árbitros amigos, pode ganhar até por 20.

Só que essa maré de vitórias antecipadas já passou e apenas o desespero de fanfarrão pode explicar bravatas deste calibre.

Obrigação tem o major de saber que prognósticos só depois do jogo e este ainda agora começou...

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Quantos são hoje?

Já nada é como era, e não é só a chuva que escasseia.
Até o próprio calendário anda maluco.

Vejam bem que ontem, em Gondomar, à porta do tribunal, não faltava quem dissesse que era dia de S. Valentim...

Quase...

Gosto de observar os anúncios furtivamente, ao acaso, e fico pasmado com as palermices que vão buscar para louvar o mérito dos produtos.

Um caso saboroso é o que encontra quem viaja, na auto-estrada, entre o Fogueteiro e Lisboa.
A certa altura, do lado esquerdo, há um enorme painel a anunciar carros Renault em segunda mão.

A astúcia consiste em nos transmitirem a ideia de que os carros estão praticamente como novos.
Para isso escreveram assim "QUASE QUASE QUASE QUASE QUASE NOVOS".

Eu não sei, não sou especialista, mas atrevo-me a pensar que seria mais adequado se lá tivessem colocado "Quase Quase Quase NOVOS".

A não ser que estes criativos sejam tão bons como os que pariram o célebre "Há chapéus para meninos de palha"...

Por que será?

O futebol tem destas coisas interessantes.
O Manchester United anda a atirar foguetes todos os dias e os seus responsáveis quase organizam manifestações proclamando que Ronaldo é o melhor do Mundo e arredores.

Enquanto isso, o jovem ídolo aparece nas páginas dos jornais com novo carro, palácio no campo e namoradas renovadas.

Entretanto, o Arsenal (de onde saiu a vedeta Thierry Henri) lá vai, devagarinho, sem alarido, e já leva 5 pontos de avanço sobre os superfamosos de Manchester.

Alguém conhece o nome de um único jogador do Arsenal?

E o Chelsea, órfão do grande Mourinho, agora nas mãos de um treinador cujo nome só os vizinhos conhecem, ocupa o 3º lugar da Liga, vai à final da Taça e está na liça dos Campeões Europeus.

Talvez o saudoso Gabriel Alves possa explicar, eu não sei...

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Dilema

O Governo está a dar sinais de vitalidade.
A nova Ministra da Saúde já tratou da dita ao presidente dos serviços de Emergência Médica que foi afastado num abrir e fechar de olhos. Sai INEM bufa...

Mais interessante é a conjugação de duas novas medidas: por um lado, a distribuição de pílulas contraceptivas (para as mulheres) que dão para seis meses.
Por outro, e para os homens, os centros de saúde vão fornecer gratuitamente preservativos.
Nas quantidades que quiserem. O único critério de abastecimento é o bom senso.

Não sei o que será isso do bom senso quando se trata de fornicar, mas, se calhar, era preferível voltar ao único contraceptivo 100% eficaz e higienicamente irrepreensível: o copo de água.
Nem antes nem depois, mas em vez de.

Quem é que pode entender esta gente que nos governa? Por um lado, fornecem a pílula e o preservativo. Por outro, querem fomentar a natalidade.

Como é que isso se faz? Com bom senso?

É servido de um penalte?

Quero aqui deixar o meu mais vincado elogio ao senhor Augusto Duarte que mostrou ao mundo que possui olho de falcão, rapidez de águia e insensibilidade de abutre.

No primeiro penalte, mesmo para quem vê na televisão, em câmara lenta, ficam muitas dúvidas e, nesses casos, é dos livros que o árbitro deixe correr.
Mas não. Não é assim este Augusto que não deveria ser Duarte mas da arte da visão microscópica.
Houve até quem esperasse vê-lo encontrar o brinco que o Vítor Batista perdeu, no relvado, há trinta e tal anos. Valente Augusto, assim é que é!

O segundo penalte é outro rasgo de audácia.
Em Paços de Ferreira espeto com eles no chão. De acordo, mas em Lisboa a Luz é outra e o árbitro é mais implacável que o imperdoável Clint Eastwood.

Aliás, toda a gente viu que o pobre e frágil Makukula foi selvaticamente arremessado ao chão, mordeu o pó, por pouco não era feito em pedaços.
Agiu bem o Augusto.
Claro, há sempre quem diga que em TODOS os jogos, em TODOS os campos, lances daqueles ficam por julgar. Talvez.
Mas, por uma vez que há um árbitro isento, teso e clarividente, de que se queixa o Zé Mota portador de um deficiente boné de pala comprida que lhe tolhe a visão?

Cá pra mim, com árbitros destes, talvez o Benfica ainda faça umas gracinhas.
Basta despejarem jogo para o barulho e deixarem o resto da refrega com o Makukula.

Não lhe passem é a bola, é tempo perdido...

Só pode ser...

Segundo o "Expresso", a Polícia Judiciária está a efectuar, desde esta manhã, 11 buscas, numa empresa do Grupo Espírito Santo, na Câmara Municipal de Sesimbra e na Pelicano.
Esta acção investigativa está ligada à permuta de terrenos da Aldeia do Meco com a Mata de Sesimbra, decidida por Isaltino Morais, em 2003.
Fico perplexo, amigos ouvintes.

Isaltino Morais é pessoa digna de crédito, o Grupo Espírito Santo é a pureza em pessoas de boa fé e Pelicano não é um vulgar pato bravo.
Quanto à Câmara de Sesimbra, valha-nos a Senhora do Cabo!
Se chegamos à ousadia de pôr em dúvida a seriedade dos responsáveis camarários, mais vale atirarmo-nos todos em voo picado e colectivo das arribas do Espichel.

Está bem de ver que só pode tratar-se de excesso de zelo, a síndrome da ASAE a estender-se a estes assuntos e, sobretudo, como tão bem opinou
o meditabundo Alípio Ribeiro, é capaz de ter havido alguma precipitação...

Sem surpresa...

Factos recentes confirmam o que todos sabíamos:

- o povo timorense é pacífico

- o Benfica não é beneficiado por arbitragens

- Valentim Loureiro está cheio de pressa em ser julgado

- Alípio Ribeiro (ainda) não foi demitido

- o melhorzinho do Mundo voltou a perder


domingo, 10 de fevereiro de 2008

Mais pão, menos circo...

Pondo um travão subtil na megalomania de Madaíl, Cavaco Silva já veio dizer que Portugal tem prioridades que não incluem a realização do Mundial 2018 a meias com a Espanha.

Concordo em absoluto, mas não me recordo de ter ouvido a voz de Cavaco quando os iluminados governantes deste país decidiram levar por diante o "desígnio nacional" que consistiu na construção de 10 estádios para o Euro 2004...

O murro e o burro

O treinador brasileiro que falhou o soco no futebolista sérvio não falhou a oportunidade/tentativa de humilhar o jogador Simão Sabrosa.
Se bem percebi, Simão não gostou de ter ficado fora do grupo escolhido para o jogo com a Itália e manifestou o seu desagrado.
Não acho bem que o tenha feito. Devia ter acatado em silêncio a opção de Scolari.

Contudo, e pelos vistos, Simão gosta de jogar na selecção, e reagiu ao afastamento. Compreende-se.
Acontece que o seleccionador aproveitou uma intervenção pública para vergastar, com sarcasmo e arrogância, um jogador que tem, regularmente, feito parte dos escolhidos pelo brasileiro.

Foi infeliz e indigna a atitude de Scolari, de que a televisão fez grande eco, ávida de escândalos.
Quem agride a soco adversários; quem mente cobardemente negando, depois, a agressão;quem fugia do estádio do Porto com receio das sequelas-Baía; quem culpa publicamente os seus jogadores alijando responsabilidades próprias flagrantes; quem tem filhos e enteados no grupo não possui a menor credibilidade para criticar seja quem for.
Além disso, o papel de um verdadeiro líder é proteger o grupo, é desvalorizar (em público) tudo o que possa afectar a solidez e a cumplicidade saudável do conjunto.

O seleccionador tem de ser como um pai para os jogadores. Pode ralhar lá em casa, no balneário, mas na rua anda com eles ao colo.
Não pode nunca ser o seleccionador a fomentar quezílias, alimentar desavenças, ser agente nem factor de hostilidade.
Ao atacar Simão em público, Scolari confirmou que não merece estar no lugar que lhe ofereceram e mostrou, uma vez mais, que não é bem formado.
Talvez não seja burro, mas não está longe de ser uma besta...

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Querem ver?

A falta de imaginação ou a preguiça mental, uma das duas levou o treinador do Sporting a imitar Scolari, adaptando a adoptando a frase que o brasileiro proferiu e que tem sido glosada em vários tons.

O facto é que Paulo Bento, ao que consta, anda às voltas no balneário, pelos corredores, perguntando a toda a gente "Então o bufo sou eu?".

Claro como água

É uma questão bem delicada esta do Sistema Intermunicipal de Abastecimento de Água.
Em primeiro lugar, temos de ter consciência de que a água é um bem precioso cujos valor, preço e importância serão inestimáveis num futuro que desejaríamos longínquo.

Por isso, tudo quanto está relacionado com a posse e a gestão da água é matéria altamente sensível e que deve merecer a maior atenção e consensos muito alargados, obtidos com uma transparência tão grande como a que exigimos para o líquido sem o qual o planeta morrerá.

Dizia-me ontem o tal amigo do grão que a constituição de Associações como esta pode levantar suspeitas e interrogações, mas esse talvez seja um mal menor, na convicção de que, a prazo, o Governo venha a entregar o negócio da água a privados gananciosos.
Concordo por inteiro e daí este apontamento.

Antes disso, porém, gostaria de lembrar a solidariedade que deve existir entre as populações, independentemente de divisões administrativas, conluios ou simpatias políticas.
É fundamental que cada autarquia explique bem os objectivos da Associação, qual o contributo de cada parte envolvida, o que cada munícipe está em direito de esperar, o que pode vir a ganhar ou a perder.

E, sobretudo, que a limpidez da iniciativa não antecipe o pior cenário futuro, ou seja, que os poderes públicos actuais não se convertam já hoje em privados de amanhã, através da colocação de camaradas e amigos em lugares propícios a negócios pouco limpos.

O que for feito terá de ser pelo bem comum e não no espírito sonso de enganar as populações, obtendo o monopólio da água que é de todos para encher os tachos de alguns...

Descargas anatómicas

Por falta de provas substanciais foi arquivado (com grande alívio de Pinto da Costa) o processo relativo à agressão a Ricardo Bexiga.

Isto faz lembrar o estranho caso das violações dos miúdos da Casa Pia. Ninguém duvida de que houve abusos, mas parece que (além de Bibi) ninguém foi.
Ao que se lê, a Polícia Judiciária do Porto esqueceu-se de (ou não achou útil) procurar impressões digitais e outros daqueles indícios que até os investigadores das séries televisivas buscam sistematicamente.

Por isso, ou por outras razões, verifica-se que houve agressão, cabeça rachada e braço partido. Há ainda a confissão/testemunho de Carolina Salgado. Mas não chega.
Como (quase) sempre, águas de bacalhau, com batatas a (muito) murro, obra de cozinheiros desconhecidos, homens invisíveis talvez perdidos na bruma da noite da Ribeira.

Carolina já tinha revelado ao país e ao mundo o hábito das flatulências de Pinto da Costa.
Agora temos de reconhecer a sua arte para esvaziar Bexiga...

Às duas tabelas

Durante décadas, o bilhar foi um desporto e um passatempo elegante, chegando a ser uma arte praticada por gente brilhante a pensar e executar carambolas às três tabelas com a mesma ciência com que elaborava teorias de literatura ou reflexões filosóficas.

Com os anos e a nefasta influência da modernidade americana, o snooker foi conquistando espaço, talvez pela facilidade, pelo colorido, não sei, mas bem mais pobre e nobre do que o aristocrático e pensativo bilhar.

Ontem, um amigo desafiou-me para um bacalhau com grão, no João do dito e na presença do senhor Conde de Vimioso. Tinto, claro.
Após o que, sem grão na asa, caminhámos, fleumáticos e melancólicos, evocando o Espírito Santo, o inesquecível Alfredo da voz grossa que Deus já lá tem, ou não faça ele parte da Trindade.

Entre a Praça da Alegria e o Parque Mayer fica um soberbo salão de snooker onde entrámos com a tímida esperança de lá encontrar uma mesa de bilhar. Mas não, nem uma única, só rectângulos verdes com seis camaroeiros pendurados.
Tivemos de nos resignar e lá enfiámos uma bolas (e também a viola) no saco, desiludidos com estes tempos de McDonald's e Halloween que nem precisaram da ajuda da ASAE para ocupar o espaço das nossas iscas e do Pão-por-Deus.

Algures, em Estremoz, o maior filósofo português vivo, António Telmo, continua a fazer bolas a girar, a puxar com efeito, a juntar no canto e, sobretudo, a inventar tacadas com a mesma facilidade com que nos abre a alma e leva por caminhos deslumbrantes do conhecimento.

E, já que estamos em maré de gastronomia, o snooker não passa de fast-food, ao pé do bilhar, eterno e imprescindível grão-mestre da arte de dominar as bolas com o espírito...


quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Realmente...

Eu não digo que a recente polémica acerca do regicídio tenha provocado por aí um surto de saudades da monarquia.

Contudo, há momentos, ao ouvir declaração do Presidente da República, tive a nítida sensação de estar a escutar D. Duarte Pio.
Não no fundo, mas na forma, no tom, nas entoações, no timbre da voz.
E porque a semelhança me pareceu flagrante, convido todos quantos lerem esta observação a fechar os olhos na próxima vez que ouvirem Cavaco Silva.

A sério, façam isso...

Retirada

Acabo de ter conhecimento do anúncio feito pelo Eng. Raul Pinto Rodrigues no mais recente número do "Jornal de Sesimbra" através do qual ficamos a saber que dá por finda a sua colaboração que se traduzia num artigo (muito apreciado) de opinião com a designação genérica de "Sem Rodeios", à imagem do seu autor, frontal, lúcido e conhecedor da vida, em geral, e da sua terra, em particular.

Admito que os seus afazeres (louváveis e não remunerados) na CASCUZ lhe deixem pouco tempo para acompanhar o que se passa no concelho de Sesimbra.
Contudo, não me custa adivinhar que haja, na raiz deste abandono, cansaço e desapontamento, desilusão e saturação, tão pouco elogiável é a forma de se fazer política na terra.

É pena que Raul Rodrigues deixe de escrever porque é senhor de vasta experiência na governação autárquica e possui uma independência que lhe permite falar com apurado conhecimento de causa e com uma autoridade moral inatacável pois nunca auferiu um cêntimo pelo trabalho levado a cabo enquanto vereador.
Quem mais pode dizer o mesmo?

Talvez esteja aqui a grande diferença entre aqueles que defendem causas apenas por convicção e ideal e os outros que correm atrás de mordomias, protagonismo e salários confortáveis.
Nestas condições, é natural o cansaço, compreensível o pessimismo, diante do triste quadro da política local.
E, como não precisa de aparecer nem estende a mão a benesses, Raul Rodrigues retira-se.
Já deu.
A sua luta agora é ajudar os que verdadeiramente precisam, embora tenha consciência de que o vazio que deixa a outros aproveita.

E assim a mediocridade vai cimentando o seu espaço...

Eles "hadem" ver como é...

O deputado socialista Ricardo Rodrigues, com aquele seu jardinesco sotaque madeirense, disse hoje no Parlamento que o PS vai criar uma entidade para a prevenção da corrupção.

Querem ver que, afinal, há corrupção em Portugal?
E que é feito do projecto de João Cravinho, de ataque (não de prevenção) à mesma corrupção que não existe?
Sabe-se também que o Tribunal Constitucional recusa divulgar o nome dos políticos que não querem revelar os seus rendimentos.
Eles lá sabem porquê. E nós também sabemos.

Estamos é mais descansados pois vem aí a CACA, a entidade de luta Contra A Corrupção Activa.
É simples, sem a corrupção activa, a passiva não existe.

Ele há socialistas fantásticos, não há?

A diferença

Este senhor Scolari é um "chico-esperto" que tenta enganar o galego português.
Antes do jogo, clamou que era uma vergonha não ganharmos à Itália. Ou seja, seria uma desonra se perdêssemos com os campeões do Mundo.

O que o homem queria era, na praça pública, surgir como o grande comandante que conseguiria o feito heróico e histórico de "quebrá" uma tradição. Scolari, o mágico.

Depois, aconteceu o que era de esperar, a Itália é melhor e ganhou.
Curioso é que, quando Portugal marcou, o empate era ainda possível.
Mas Scolari nem festejou o golo.

Depois, passou um atestado de estupidez aos jogadores, os mesmos que ele achava capazes de ganhar aos campeões do Mundo.
Falou de esperteza e malandragem, virtudes necessárias no futebol (segundo ele) e que os nossos palermas não têm.
Da última vez, Scolari perguntou se o burro era ele. Agora apontou os burros a dedo.

A diferença é que os italianos limitam-se a ser campeões do Mundo e não passam o tempo em frente ao espelho a ensaiar poses para a televisão.
Nem perguntam :"Espelho meu, há no Mundo melhor do que eu?".

Depois, chegam ao campo, jogam, ganham e vão para casa.
É para isso que lhes pagam...

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Itália, pois claro...

Acabou agora mesmo o jogo, e a Itália ganhou, claro.
Não basta apregoar que se é o melhor do Mundo, é preciso provar.
Não basta marcar golos de livre directo e julgar que se descobre a pólvora.
Só quem não viu Eusébio pode ficar tão admirativo.

Melhor, muito melhor ( a jogar e a marcar) esteve Quaresma que, antes, displicentemente, mascava pastilha elástica enquanto todos (menos Deco) cantavam o hino nacional.

Apesar das fanfarronadas de Scolari, a vergonha continua, apenas porque a Itália é uma grande equipa, joga de olhos fechados. O que não quer dizer que ganhe o
Europeu.
Comparem o grupo da Itália com o de Portugal...

Scolari nem sequer festejou o golo de Portugal.
Dizia ele, antes do jogo, que é tempo de mudar. Pois é. Muito há para mudar.
A começar pelo seleccionador...

Entre aspas

Não me perguntem, porque não saberia responder. O que sei é que estas coisas se põem a saltitar à minha frente e eu não resisto.
Acho-lhes graça, assumo um ar pouco condicionado, e venho a correr partilhá-las convosco.

Claro, há-de haver quem não ache piada, mas há aí um grupinho que faz o favor de me convencer de que certas observações são bem caçadas.
Olhem, um deles vai amanhã almoçar comigo ao "João do Grão". Se os outros quiserem, já sabem...

Mas onde é que eu ia, sem ser ao "João do Grão"? Ah, já sei, ia contar-vos a última que fabriquei, sem saber como.
Imaginem um senhor distinto, bem falante, mas um tanto desiludido com a vida. Ao ponto de dizer com frequência aos amigos que a sua vida era uma porcaria, se é que vida lhe poderia chamar. Talvez por isso, dissesse sempre "Olhem, é uma vida entre comas".

Ao terceiro coma foi de vez, morreu...

É um ar...

Quem ouve, de vez em quando, o Rádio Clube Português talvez tenha reparado que as informações de trânsito são patrocinadas pela Auto Motriz, empresa cuja publicidade tem como frase-força "600 carros em exposição".
Ora, há meses que oiço este anúncio e o número de carros em exposição é sempre o mesmo, seiscentos.

Esperto como sou, tirei a conclusão que se impunha: os tipos não vendem um só carro.
Daí que (curioso como me sabeis) tenha perguntado a mim próprio: Por que será?
E, clarividente como vim ao mundo, eu próprio respondi à minha pergunta, explicando à minha pessoa a razão das nulas vendas.

Imaginem que alguns dos carros que os senhores da Auto Motriz têm em exposição dispõem de sistema de ar condicionado.
Só que os geniais publicitários acharam por bem realçar essa vantagem da seguinte forma: "Carros sem ar e com ar condicionado". Tal e qual, assim mesmo, sem tirar nem pôr.

Ou seja, carros com o simples ar, normal, corriqueiro, poluído talvez, mas da nossa velha atmosfera, não há. É um tudo ou nada, ou falta de ar ou, então, o arzinho condicionado.
Nestas condições, como ninguém quer morrer asfixiado, gelado ou torrado, os 600 carros lá continuam, para sempre, em exposição...

Opróbrios de nós

É frequente ouvir-se dizer que o Estado é uma pessoa de bem.Talvez.
O que parece é que só quer o bem de alguns, dos ricos, dos poderosos, dos que, por terem muito, possuem os meios de obter mais, melhor, mais depressa, na Saúde, na Justiça, na Educação ou na Fiscalidade.

Os desgraçados que trabalham por conta de outrem são controlados à lupa, vão pela trela, de baraço ao pescoço, pagar a dízima, pela arreata, sob a canga implacável do computador, sem a menor hipótese de esquiva, ao contrário dos grandes senhores frequentadores de paraísos fiscais ou de profissionais liberais que levam à folha do IRS as férias, a gasolina, os almoços ou as prendas às amantes.

Vem agora este mesmo Estado todo-poderoso (para os fracos) gabar-se de ter penhorado 120 mil salários.
E revelar, satisfeito e ameaçador, que se serve dos bancos para, na fonte, deitar a mão a uma parte dos magros ordenados.
Antes que esses malandros desatem a comprar Maseratis ou iates.

Nunca o fosso entre ricos e pobres foi tão grande.
E nunca um Estado mostrou de forma tão arrogante e cínica o seu desdém perante a miséria do povo, actuando sem pudor sobre os mais indefesos enquanto assiste, indiferente, ao escândalo da exibição na praça pública de fortunas feitas sem criar bens, sem gerar outra riqueza que não seja a que metem ao bolso através da especulação. Muitas vezes com o dinheiro dos miseráveis a quem incitam a contrair empréstimos, aliciando-os malevolamente com taxas simpáticas, dispensa de formalidades, corda suave que lhes vão passando à volta do pescoço, espécie de gravata fatal, oferta de quem sabe e ajuda a realizar sonhos.

O povo não é sereno. Não consegue é gritar o seu protesto porque a corda não permite.
E depois, quando aparece um Marinho Pinto a dizer verdades, só falta voltarem a erguer fogueiras em pleno Terreiro do Paço.

Para que sirva de exemplo aos que duvidem de que o Estado é uma pessoa de bem...

O que diz Capello

Billy Mc Culloch foi (não sei se ainda é) massagista do Chelsea, e John Terry levou-o para a selecção para servir de bobo daquela corte de vedetas.

Parece que o talento maior de Billy era dizer umas graçolas, entreter o pessoal.
Pelos vistos, não resultou e agora Fabio Capello afastou-o do seio da equipa.

Com um estilo totalmente diferente dos seus antecessores, Capello exige rigor, aplicação, ambição, mentalidade ganhadora.
Com ele acaba o uso de alcunhas, cada um é chamado pelo apelido. E ele, Capello, é o chefe.
Deixa de haver dispensas para compras, pequeno-almoço na cama e joguinhos intermináveis com Play-Stations (versão moderna da lerpa).

Não sei se a Inglaterra, com este novo modelo, vai ganhar mais jogos, mas que vai ter outra atitude, lá isso vai.
E é tudo quanto o treinador pode fazer.
Agora, a dúvida que me fica é sobre o tal palhaço do Billy McCulloch que não joga muito com o estilo-Mourinho.
O certo é que o Chelsea continua de vento em popa. Será que o homem por lá continua?
Ou, se saiu, as suas piadas permanecem na memória dos jogadores.
Será que estes são de compreensão lenta e ainda se riem de velhas larachas?
Assim, a modos que, fazendo prognósticos depois dos jogos?

Não creio, burros são os que gostam de ironizar com a burrice dos futebolistas...

Abençoado, carago.

Pinto da Costa renovou por mais três anos o contrato com o Ministério Público.
Ao que parece, a SÁDica que está a conduzir o "Apito Dourado" reconhece o talento do artista, as fintas, as fugas pelas laterais, as simulações, os disparos, as faltas cirúrgicas, as transições defesa-acusação, os cortes das linhas de passe dos telemóveis, enfim, toda a gama de habilidades do craque.

Por isso, chegaram a acordo e, durante os próximos três anos, o jogo vai continuar porque há muitas dúvidas relacionadas com branqueamento de capitais provenientes (alegadamente, claro) da compra e venda de propriedades (leia-se jogadores) levadas a cabo (de esquadra) pela "Imobiliária de Cedofeita".
Não sei se é marosca cedo feita ou tarde descoberta, apenas vos relato, em tempo real e bem direccionado, o que li, em diagonal, na imprensa da especialidade.

Por mim, dragon cumbicto, continuo a acreditar na inocência do Pintinho e congratulo-me com a notícia desta renovação por três anos, carago. Ou eu não fosse tri...peiro.

O que diz Sarkosy

O presidente francês, Nicolas Sarkosy, não é um alinhado previsível.
Pelo contrário, tem feito do desassombro uma arma e um credo, tanto no plano pessoal como na sua acção política.

Agora, à revelia dos dogmas liberais, não hesita em afirmar que tenciona recuperar o domínio industrial da França, estando disposto a investir dinheiros públicos que permitam manter e criar postos de trabalho.
Mais explica, com clareza, que é preferível isso a, mais tarde, ter de recorrer aos cofres do Estado para pôr em prática políticas sociais de combate às consequências do desemprego.

Eu sei que Sócrates é um barra em inglês. Mas agora, talvez não fosse mau um refrescamento de francês e tentar entender Sarkosy...

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Há mais marés...

Não sou, longe disso, adepto da importação do modelo brasileiro para o nosso país, por várias razões.
Primeiro, porque foi secando o que havia de original nas várias regiões do nosso país.
Depois, porque não temos o ritmo no sangue, falta-nos a fantasia e a alegria natural.
E o clima não ajuda.

Acho ridículas as fórmulas que visam os máximos do Guinness, mas reconheço que a realização do Carnaval tem aspectos positivos.
Nos dias que correm, não são muitos os motivos para festejar, e talvez seja preciso um abanão para forçar o sorriso, sacudir a depressão.
Mais reconheço que todo o esforço de concepção e preparação constitui um factor de convivência, aproximação e, até, de comunhão entre as pessoas.

O que não deve impedir que outras tradições sejam conservadas.
É o caso, em Sesimbra, das ruas enfeitadas que constituem a manifestação mais genuína e mais representativa da matriz de um povo que, ao longo de muitas décadas, se juntou na praia, à volta dos barcos, a olhar o mar, com ansiedade e fascinação.
E que fez da sua rua um porto de abrigo que, noutro tempo, cheirava a mar e a alecrim...


segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Um Partido moderno

Isto é muito engraçado.
Já vimos como José Sócrates está em sintonia com os patrões no que toca a renovar os quadros, mimetismo que, em verdade, à maioria dos portugueses nem causa surpresa.

Contudo, e aqui está a grande novidade, o exemplo mais flagrante desta filosofia progressista veio do Partido Comunista que, há tempos, deu ordem de despejo a Carlos Sousa que teve de embalar a trouxa e deixar a Câmara de Setúbal.
Porquê?

O impávido Jerónimo de Sousa explicou, bem explicadinho, que se tratava de uma medida que visava o rejuvenescimento dos quadros.
Nem era preciso ser tão claro, nós percebemos logo, nem outra coisa podia ser.

O que não imaginávamos é que o insuspeito Partido dos trabalhadores tomasse tais medidas MUITO ANTES das corporações patronais.

É o PC, who else?

Não é?

Começou hoje a ser julgada nos Açores uma mulher acusada de violar rapazes menores.

Confesso a minha ignorância, mas não consigo perceber de que forma uma mulher pode violar um rapaz se este não colaborar um bocadinho, ou seja, se não houver da parte do jovem macho um mínimo de adesão, chamemos-lhe assim...

Aquilino

As confederações patronais, CIP e CCP, defendem o alargamento da figura do despedimento como forma de melhor renovar o quadro de pessoal das empresas.

Com a intuição que lhe conhecemos, e talvez pressentindo os desejos dos patrões, José Sócrates já deu o exemplo despedindo dois ministros e alguns Secretários de Estado.

É nestes pequenos nadas que nos é dado detectar a marca dos grandes estadistas, aqueles que sabem antecipar os acontecimentos, com a premonição dos eleitos, dos que lêem nas franjas do vento o inelutável rumo da História.

Prepara-te, Lino...

Como é?

O director-adjunto do Instituto de Conservação da Natureza considera ter sido "uma grande asneira" a expedição dos três montanhistas que se perderam no Parque da Peneda-Gerês.
Muito bem. Está dito.

Mas agora, perguntamos nós, quem paga os custos das operações de salvamento?
Será que estes e tantos outros desportistas têm o direito de se aventurar para lá do que a prudência aconselha sem assumir a responsabilidade pelos custos das operações de auxílio a que obrigam?

O mesmo já tem acontecido com praticantes de surf ou de vela, e não sei se existe regulamentação que contemple as consequências deste tipo de aventuras arriscadas que implicam intervenções de várias corporações, Marinha, Força Aérea, Protecção Civil, Bombeiros, etc.

Tudo isto tem custos que não devem ser pagos pelo conjunto dos contribuintes, lá porque uns quantos Indiana Jones, Rambos ou Homens-Aranhas gostam de emoções fortes.

Porque, na hora de aflição, eles não ligam para o solitário bombeiro-telefonista de Favaios...

Inconsciência ou provocação?

O que leva tanta gente, políticos, polícias, advogados, banqueiros, futebolistas, a dar entrevistas?
A profissão de jornalista consiste, entre outras coisas, em fazer perguntas, investigação, entrevistas, é óbvio.
Mas ninguém é obrigado a responder a perguntas.

Podemos admitir que o façam quando apanhados de surpresa, à saída de uma reunião, por exemplo, embora todos saibam que há sempre microfones à espera.
Porém, podemos interrogar-nos sobre as motivações de pessoas que aceitam dar entrevistas de fundo como aconteceu agora com o director da Polícia Judiciária, Alípio Ribeiro, que acabou por fazer declarações nada sensatas e sem a desculpa da precipitação, já que teve todo o tempo para pensar no que dizia.
Qual terá sido o seu objectivo?

O que disse é de tal forma grave que, antes de outras consequências, impõe-se que algum superior use as palavras do rei Juan Carlos e corte ao Alí o pio...

É achim...

África é um barril de petróleo e outro de pólvora, com conflitos por toda a parte.
Agora, a par do Quénia, é o Chade.

O nosso correspondente neste último país perguntou ao presidente se ele sabia que medidas deveriam ser tomadas para se voltar à paz.
Desconsolado, o homem apenas respondeu:

- Já ninguém Chade o que Chade fazer...

Vai lá...

Acabo de ver uma bilhete-postal proveniente dos USA no qual se diz que a senhora Hillary Clinton decidiu reforçar as acções de campanha.

Como a coisa está escura, dona Hillary achou que seria boa ideia lançar a confusão nas hostes do rival Obama.

Vai daí, lembrou-se de incentivar os seus apoiantes a irem perturbar os comícios do seu opositor, para o que arranjou a seguinte frase de ordem:

" Vai lá, vai, até o Barack Obama".

Os nossos "Malucos do Riso" devem estar orgulhosos...

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Domus vobiscum

O lar da Misericórdia de Sesimbra é a tristeza que nós sabemos, mas há casos mais escandalosos porque trazem o carimbo de grandes grupos financeiros e constituem verdadeiros nichos de exploração dessa mina que é a velhice de gente com posses.

Na Junqueira, há um lar de idosos a que, pomposa e eufemisticamente, chamam "Domus", ou seja, casa
, casa da (pouca) sorte de ser velho e cair nas mãos dos Mellos que enchem os bolsos à custa dos doentes de Alzheimer que os parentes abastados ali despejam de forma a aliviar as consciências turvas.

Nos últimos tempos, a "Domus" vai engrossando os seus efectivos, havendo cerca de 80% de residentes com sérios problemas de dependência, situação que não leva a Administração a reforçar os quadros com pessoal qualificado e motivado.

Os senhores Mellos são fortes em matemática e o que sobra em deficiência falta em enquadramento apropriado. O pessoal é insuficiente e mal remunerado.

Fala-se muito de lares ilegais, clandestinos, é verdade, mas pouco ou nada sobre asilos de (suposto) luxo, lares finos onde a ASAE seria bem-vinda.
Não para aquilatar dos requisitos básicos, mas para avaliar as condições de vida (?) de pessoas com necessidades especiais e a relação entre o preço da pensão e a qualidade do serviço prestado.
É aceitável que a velhice seja um negócio
rentável, mas também é exigível que corresponda às expectativas e à retribuição mensal.

Como se ser velho e doente já não fosse tristeza suficiente...

Mais bizarrias

O jornal O SOL não é o único a falar de ministros "remodelados".
Há quem lance uma palavra no circuito e, como gaivotas tontas, vai tudo atrás.

Os ministros não foram remodelados, mas sim afastados, despedidos, demitidos, substituídos, despachados, o que quiserem. Remodelados, não.
Nem o Governo foi remodelado, porque o modelo é o mesmo, Sócrates e mais uns quantos camaradas.

Se passasse a haver um PM-adjunto ou um mini-grupo de sábios no seio do governo, talvez se pudesse falar de novo modelo, de remodelação.
Mas chamar-lhes remodelados é tão correcto como falar (como fazem técnicos e políticos modernos) em zonas intervencionadas.
O verbo é intervir. Intervencionar é asneira da família de direccionar, recepcionar ou contratualizar.
Uma zona pode ser objecto de intervenção, e os bombeiros podem intervir, nunca intervencionar.

Dou por concluída esta intervenção porque tenho de ir mascarar-me de Scolari para desfilar logo à tarde.
Com este tempo...Carnaval... só mesmo um burro...

Divagando

Isto dos blogues é fascinante e extremamente demonstrativo da natureza humana.
Por um lado, o criador, o dono da palavra, pode ter a tentação (idiota) de pensar que detém a verdade e a sabedoria, apenas porque tem um blogue e pode escrever o que lhe apetecer.
Nem que seja, ao mesmo tempo, autor e leitor único.

Todos sabemos que há muitos milhares de blogues, cada um com seu paladar, na forma e no fundo.
E a blogosfera, imensa e generosa, faz o milagre de proporcionar a cada um uma pista onde o autor deixa correr o seu talento, a sua imaginação, a sua sapiência ou, simplesmente, a sua modesta ilusão de génio.
Do outro lado estão os leitores, a legião de anónimos, alguns conhecidos com pseudónimo e, raros, de cara destapada.
Mas o interessante é observar como eles reagem ou se abstêm.
Porque é pouco comum alguém escrever ou pôr fotografias para si mesmo.
A regra é supormos e desejarmos que, algures, haja quem nos receba.
E é curioso verificar a que estímulos as pessoas reagem.

Por exemplo (e é apenas curiosidade), o que me dá especial prazer é ver surgir em mim uma ideia diferente, insólita, se possível, sobre um tema na ordem do dia.
Ou então conseguir improvisar sobre uma notícia tão seca como a abertura da auto-estrada entre Mafra e a Ericeira.

Já houve tempo em que me desagradava não ter reacções a certos textos. Agora não. Faz parte da regra do jogo, a liberdade de cada um se abster.

Mas que, ao mesmo tempo, me leva a apreciar duplamente quem entra no jogo, como um amigo que chega e se põe a dar uns toques na bola connosco, distraidamente, enquanto conversamos sobre as mil futilidades que são o mais saboroso da convivência.

E também aprendemos a arrumar na gaveta das incompreensões os silêncios de quem esperaríamos uma palavrinha....



sábado, 2 de fevereiro de 2008

Bizarrias

No "Expresso" de hoje fala-se, a páginas tantas, da velha Censura (ou Exame Prévio) e dos seus cortes cirúrgicos.
Um dos casos citados diz respeito a uma notícia sobre a prisão de Palma Inácio dada pelo jornal francês "L'Aurore", da qual foi tirada a expressão "por seu turno".

De repente (coisas apatetadas, se calhar), dei por mim a pensar que, embora turno signifique vez, nós nunca dizemos "por meu turno, por teu turno, por nosso turno".
Por que raio dizemos apenas e só "por seu turno"?
A pergunta parece pertinente, ignoro é a resposta.

O melhor que consigo é imaginar alguém, por seu turno, falar do seu torno.
Em casa de ferreiro ou em oficina antiga...

A Sala dos Poetas Mortos

Como é do conhecimento dos leitores mais assíduos desta Magra Carta, a senhora vereadora que manda na Biblioteca Municipal de Sesimbra tomou a sábia decisão de acabar com os colóquios sobre Filosofia Portuguesa, acontecimentos que envolviam muitas pessoas de e ligadas a Sesimbra.

Estava a dra. Guilhermina Ruivo no seu pleno direito. Desde que fosse capaz de fornecer uma explicação aceitável, ou seja, que dissesse quais as acções culturais que iria realizar na Sala Polivalente com uma frequência tal que não deixasse, legitimamente, lugar para a Filosofia.

Ora, ao olharmos a programação de Fevereiro, verificamos que hoje a sala está às moscas.
E nos próximos três sábados (dia dos colóquios) a Sala Polivalente vai ser sala de cinema.

Eu gosto muito de cinema, mas julgo que cada macaco no seu galho.
Ali ao lado está o Cineteatro e a vocação de uma Biblioteca não é passar fitas.
Pode levar a cabo colóquios, debates, exposições, palestras, sobre Cinema, sobre realizadores (nem que seja sobre o Manoel), mas não descer ao plano do salão de bairro.
Eu não sei se a dra. Guilhermina tem vergonha, se tem curiosidade intelectual ou se tem qualificação para o lugar que lhe arranjaram.
O que se esperaria era que, no mínimo, ela percebesse que aquilo é uma biblioteca, sim, isso, livros, ler, falar sobre livros, debater ideias à volta de livros, de escritores, de pensamentos, de pensadores, de contadores de histórias, de poetas, de filósofos, de historiadores, de encantadores de serpentes.
Mas tudo e sempre em torno da palavra, do verbo.

Por isso, há quem lembre que quem sabe ler, lê.

A dra. Guilhermina, pelos vistos, prefere ver bonecos...

Finalmente

A cada esquina da nossa vida encontramos símbolos, basta estarmos um bocadinho sintonizados.
Acabo de ler ler que Mafra e Ericeira estão, a partir de hoje, ligados por auto-estrada.
De certa forma, sinto que só hoje acabou o pesadelo da guerra colonial.
Parece estranho, não é?

Quem assentou praça (era o termo), em Mafra, quem lá passou alguns meses da sua juventude nunca poderá esquecer esse tempo terrível nem o que a Ericeira significava, o melhor e o pior daquele inferno.

Ao fim de cada dia de instrução, a Ericeira era o paraíso onde, durante umas horas, os soldados-cadetes olhavam o mar, viravam as costas ao Convento, comiam, bebiam, conviviam como pessoas normais, amigos e não camaradas, numa ilusão de que só despertavam no regresso à monstruosidade, na porta-de-armas.

De G3 ao ombro, arrastámo-nos ao longo de incontáveis quilómetros, nos chamados "trabalhos de estrada", até à Ericeira ou à foz do Lizandro.

Mas lei é lei, e os soldados-cadetes estão proibidos de palmilhar a auto-estrada.

Parece que é mesmo verdade, a guerra acabou...

Seria pior?

Eu não quero o lugar de Pedro Silva Pereira, mas tenho a impressão de que Sócrates não está a ter a reacção mais conveniente face aos múltiplos ataques que lhe têm sido dirigidos.

Por alguma razão eu nunca estive nem estou ligado a qualquer partido político.
Provavelmente por falta de gosto, certamente por não ter jeito para a função, pelo que as minhas opiniões são ainda piores do que as sondagens, nem valem o que valem.

Contudo, porque tenho um teclado à frente, um dedo indicador que me faz a escrita e uma ou outra ideia que me visita a cabeça, julgo-me no direito de dizer o que me apraz.
Por isso, se eu estivesse no lugar de Sócrates, não responderia a insinuações, não me justificaria sobre acusações pessoais, apenas me pronunciaria sobre o trabalho desenvolvido na função para a qual fui eleito, governar a Nação.

Mas não o faria a correr, à saída de uma sala, a entrar para um carro.
Perguntas e respostas têm locais e tempos adequados.
O Primeiro-Ministro de Portugal não é um futebolista que fala à saída do balneário ou junto à linha lateral.

Quanto ao resto, o que alimenta a mórbida curiosidade da populaça, diploma, projectos, assinaturas, nem uma palavra.
Quem achasse que houve ilegalidade que recorresse à Justiça.

E a todas as perguntas de jornalistas ávidos de sangue, a minha resposta seria sempre a mesma:

- Portugal tem um Primeiro-Ministro, sou eu, o Carteiro. Muito obrigado.

Travessias

Naquela velha mas saborosa anedota, o João, o Zé e o Manel explicavam à professora que tinham chegado atrasados à escola por causa de uma velhinha que os três levaram para o outro lado da estrada.
A professora começou por elogiar os meninos mas, logo a seguir, manifestou a sua estranheza pelo facto de terem sido precisos os três .
-"É que a velhinha não queria atravessar" - explicou o Zé.

Ao que O SOL apurou, a velhinha Isabel Pires de Lima e o velhinho Correia de Campos também não queriam deixar o Governo.
E só se demitiram quando perceberam que o Zé os ia mesmo obrigar a atravessar a estrada do afastamento.
Por isso é que, no Parlamento, Sócrates foi incapaz de dizer, com clareza, se os ministros se demitiram ou foram demitidos, tendo usado uma fórmula atabalhoada de decisão consensual.

Ora bem. Sócrates não tem que dar explicações sobre a forma como gere o "plantel".
M
enos ainda justificações sobre as substituições que faz.

Mas, já que a tal se prestou, ao menos que seja convincente. O que esteve longe de ser o caso...

Só pode ser isso...

O meu amigo Escriba quase me acordou esta manhã para me dar a lisonjeira notícia de que o jornal Público voltou a distinguir-me com uma citação da Magra Carta.

Por esta e por outras, está o Escriba cheio de sorte porque já não posso exigir-lhe que reveja o meu contrato. Dessa está ele safo, uma vez que me deixou a escrever sozinho neste mundo cruel da blogosfera.
Cheguei a pensar que fosse uma brincadeira de Carnaval, mas o Escriba não é dessas coisas, antes leva tudo a peito.

Resta-me concluir que as sucessivas gentilezas do jornal se devem a certo espírito de corpo, espécie de cumplicidade decorrente desta minha profissão que consiste em distribuir cartas ao vento, numa missão que é do mais puro serviço Público...