quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

A mão de Maradona

No Mundial disputado no México, em 1986, a Argentina afastou a Inglaterra nos quartos-de-final, graças a um golo marcado por Maradona. Com a mão.
O Mundo inteiro viu. Só árbitro não se apercebeu.

E Maradona logo se apressou a explicar que foi "a mão de Deus", pirueta com que evitou admitir a verdade.
O certo é que a Argentina conquistou esse Campeonato do Mundo.
Igualmente certo é que Maradona foi um jogador absolutamente genial.
Com os pés, não com a mão.
Só hoje, e precisamente em Inglaterra, Maradona confessou e pediu desculpa.

Trata-se, obviamente, de um gesto simbólico cujo único interesse é mostrar a enorme mentira que é o futebol, a todos os níveis, mesmo ao mais alto.
Com esta atitude, Maradona (involuntariamente) está a pôr a nu a grande farsa, a clamorosa vigarice que é o futebol.
Perante aquilo que foi das maiores falcatruas de sempre, gritante, escandalosa, indesmentível, sobre a qual ninguém teve dúvidas, nenhuma instância dirigente teve a coragem de repor a verdade, castigando Maradona e a selecção argentina.

Os padrinhos do grande futebol branqueram a ilegalidade, coroaram o rei do logro, entregaram a taça aos trapaceiros, como se nada de anormal tivesse acontecido.
A mão da falsidade teve honras de sacramento intocável, como algo concebido por Deus e que nenhum homem pudesse anular.

É espantoso como a FIFA, como toda esta gentalha que se amanha nos bastidores, pôde viver estes anos todos tranquilamente, amassando dinheiro, organizando competições, enchendo as algibeiras, elegendo heróis, distribuindo louvores, falando em "fair play", numa contínua e gigantesca pantomina de vendilhões do templo do futebol.

E é Maradona que lhes arranca a máscara num gesto inútil porque a mentira do futebol só não a vê quem não quer, porque é ingénuo, estúpido ou come da gamela.
Um Maradona que se drogou, que aldrabou em campo, aparece hoje, ao confessar, como um modelo de virtudes quando comparado com os falsários que há uma eternidade manipulam o futebol...

O Milagre dos Porcos

A gente lê e mal consegue acreditar. É como um pesadelo, revoltante, escandaloso, criminoso, sempre abafado por conivências cobardes.

Esta noite, a GNR foi chamada (pela enésima vez ) à Ribeira dos Milagres, em Leiria, onde se verificou mais uma grande descarga de "efluentes suinícolas", ou seja, merda de porcos.
Já lemos notícias iguais inúmeras vezes, mas nunca alguém ouviu falar de uma condenação.

Como é possível?
Ninguém sabe de onde vem a merda? Nâo deixa rasto?
Quantas suiniculturas despejam naquela ribeira?
A GNR não as identifica? Não vai lá pelo cheiro?
Quem abafa esta porcaria? Onde anda a Quercus?
Que faz a ASAE?
Será que as descargas são feitas em recipientes de plástico?
Terão estes as medidas regulamentares?
Os porcos foram lavadinhos antes? Os operários usavam luvas? E desodorizante corporal?

Querem ver que temos de ir chamar o Marinho Pinto? Não há provas?
Quantas descargas serão necessárias para alguém pôr cobro a esta podridão?
Isto não é crime de colarinho branco, é de merda preta, despejada pela calada da noite.
Quem é o maior porco, o bicho ou o dono da suinicultura?
Que país é este que cheira tão mal?
Que impunidade é esta?
Alô, ASAE? E agora, como é?

O fumo incomoda. E a merda, não?

Idade sem inocência

"Dessine-moi un mouton".

Estamos no universo poético de Antoine de Saint Exupéry, autor do texto e dos desenhos da maravilhosa obra "O Pequeno Príncipe" que muitos de nós lemos na nossa longínqua infância sem televisão nem desenhos animados violentos.

Nesse tempo, a vida era aprendida na rua mais do que em casa, não havia educadoras de infância nem psicólogos em cada corredor da escola.
Hoje, os nossos jovens saltam a pés juntos na realidade mais sórdida através da Internet, revistas, cinema, discotecas, concertos, em mil antros de suposto convívio.

Rapazes e raparigas partilham em pé de igualdade a descoberta, a aventura, por vezes dramática, do sexo, do álcool, da droga. Sabem e fazem tudo antes de tempo.

Depois, algures entre a hipocrisia e a provocação, fazem manifestações para exigir aulas de educação sexual. Para quê? Para gozarem com os professores?
Para, com falsa inocência, pedirem:
Stora, importa-se de me desenhar uma pila?

Maria Joana

No estado da Califórnia entraram já em funcionamento duas máquinas de distribuição de marijuana.
Outras estão a caminho, e a venda processa-se sob controlo médico, ou seja, é preciso apresentar receita e a identificação é obrigatória e rigorosa.

Entendem os americanos que a marijuana pode contribuir para o bem-estar dos doentes.
Talvez não cure, mas proporciona conforto, tranquilidade, certa forma de serenidade.

Em Portugal, somos menos directos e transparentes na nossa forma de tratar estas questões.
Proibimos a droga nas prisões, mas facultamos seringas aos doentes. Para quê? Para brincarem aos doutores?

Restringimos drasticamente os locais de fumo, mas continuamos a vender tabaco, através dos canais de distribuição do costume.
Quanto à marijuana, estamos muito mais adiantados do que os americanos. E somos mais espertos.
Em vez de gastar dinheiro com máquinas e receitas, fechamos os olhos ao tráfico que se faz a cada esquina, na paz dos anjos.

Tudo fácil, tudo simplex...

Natural

Soube-se hoje, Durão Barroso é um dos nomeados para a atribuição do Nobel da Paz.

Acho que esta distinção só peca por tardia.

Devia ter sido concedida logo após a cimeira das Lajes...

Assim se explica...

Há pouco ouvi um senhor professor que contestava a nomeação de um Director não sei de quê.

E afirmava que o processo não era claro, não havia concurso, ou seja, (nas suas doutas palavras) não havia processo concursal.

Este é um dos professores que ensinam jornalistas e políticos deste pobre país...

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Bem pensado

Com o bom tempo que teima em nos visitar cada vez mais duradouramente, não tarda que as televisões recomecem a avisar-nos dos perigos que o traiçoeiro sol traz consigo, nomeadamente o risco de cancro da pele.

Há anos que essas campanhas duram, para regalo das televisões que ocupam largos minutos de reportagem, filmando as pessoas na praia e entrevistando médicos, uma mina para encher telejornais.
A verdade, porém, é que ninguém liga, o culto da imagem é sagrado, a aparência é cada vez mais valorizada, pelo que os avisos e os conselhos se perdem na maré vazia.

Julgo ser chegado o momento de o Estado fazer como fez com o tabaco, mas em sentido inverso, ou seja, no interesse de todos nós, pela nossa saúde, proibir a exposição dos corpos ao sol e ao ar livre.
Quem quiser andar de biquini, top-less, string ou em pelota, sim, à vontade, mas não na praia nem no campo. Livre trânsito só em restaurantes, cafés, discotecas, casinos, centros comerciais e nos locais de trabalho.

Em todos os espaço expostos ao sol, uso obrigatório de burkas, sotainas, pijamas, djelabas, sobretudos, gabardinas, vestidos de noite, etc.

Nas praias, rigor máximo, retorno aos modelos antigos, cobertura austera.
Para os homens o "maillot" pelo joelho, com cinto e camiseta branca.
Para as senhoras, no mínimo, fato-de-banho de uma só peça. Ideal, a velha camisa de dormir.

A ASAE está já a preparar um pacote de medidas que entrarão em vigor a partir de Maio, uma vez que as estações respeitadoras acabaram.

A Comissão Europeia aplaude esta ideia precursora que Sócrates designou por "Bronzex" e Durão Barroso já felicitou o amigo Zé com o célebre "Torreiro, pá"...

Cala-te, boca...

O ciclismo português dá os primeiros passos no sentido de um passaporte biológico, ou seja, vai poder dispor de um instrumento altamente eficaz na luta contra o doping.

Não deixa de ser irónico observar esta cruzada contra o uso de substâncias proibidas por parte de responsáveis pela modalidade que mais exige dos atletas, traçando etapas extensas, com subidas infernais, quase forçando os ciclistas ao consumo de estimulantes sem os quais não conseguem triunfar.

Melhor seria que humanizassem as provas, tornando-as acessíveis ao comum dos atletas, ficando a vitória ao alcance dos mais hábeis, dos mais rápidos, e não dos super-roladores carregados de trotil.

Já agora, seria interessante fazerem o mesmo no futebol, começando por um pequeno levantamento, perguntando a antigos praticantes o que sabem sobre a matéria, como foi, se tomaram, se ouviram falar, se viram tomar, enfim, uma reconstituição da história amordaçada do futebol português.

Seria altamente apaixonante, embora pudesse arrancar muitas máscaras, destruir muitos mitos.
Por algumas e óbvias razões, ninguém mexe no assunto, nem Governo, nem Federação, ninguém Liga. Pudera!

Ou será que vai ser preciso o cavaleiro branco Marinho Pinto atacar esse bastião de mentira e pouca vergonha?

Riso amarelo

Acho um bocado idiota esta obsessão pelos máximos do Guinness, sendo difícil para a minha fraca cabeça perceber para que serve fabricar um rolo da massa com 200 metros ou um penico com 50 asas.
Mas enfim, cada um sabe de si.

Por mais surpreendente que pareça, o país vai ficar feliz durante uns dias.
Não porque Correia de Campos foi, finalmente, corrido; não porque a nossa Saúde vá melhorar; não porque a Justiça vá ser mais célere e isenta; não porque o petróleo vá baixar; não porque o poder de compra vá aumentar.

Não. Vamos ser felizes, como o Malato já foi, em Sesimbra, em Torres Vedras, em Ovar, um pouco por toda a parte onde haja máscaras, foliões programados e palhaços, muitos palhaços.
Porque há Carnaval. Que mais quer o povo?

Correia quebrou...

Esta necessidade, obrigação ou interesse dos políticos em nos explicarem algumas (só algumas) das suas decisões, acaba, muitas vezes, por se virar contra eles.

A Comunicação Social acha-se no direito de interrogar os governantes a propósito de tudo e de nada, movida mais pela busca da pequena intriga, pela trica, do que pela vontade de abordar o essencial das questões.
Por seu lado, os políticos procuram tirar partido da presença permanente de câmaras e microfones para vender o seu peixe, quando e como lhes convém.
E, fatalmente, sucede que metam água no peixe.

Foi o que sucedeu agora com José Sócrates quando, a propósito da mini-remodelação, vem dizer-nos que "compreendeu a preocupação das pessoas".

O mínimo que se pode dizer é que o nosso PM é de compreensão lenta...

Ah, tigre!

Dois tigres escaparam do circo Chen, ali perto da Azambuja, tendo um deles sido já capturado.
O outro está encurralado, e os elementos da Protecção Civil estão à espera de uma dose forte de sedativo para o porem a dormir.

Esta situação levanta uma dúvida nas redacções dos jornais que hesitam sobre o relevo a dar à notícia, ou seja, não sabem se hão-de valorizar a captura de um se a liberdade do outro tigre.
No fundo, é a velha história da garrafa meia cheia ou meia vazia.

Se houvesse um terceiro evadido, seria ainda mais complicado falar de três trigues, perdão, três trigos, não, três tigres, assim é que é...

Galinho da Índia

Marinho Pinto mostrou (como se tal fosse necessário) que é um homem de coragem e de convicções, ao repetir, diante dos seus pares e na presença do Presidente da República, o que já havia dito sobre a corrupção em Portugal.

Agora vem o iluminado Manuel Pinho, o homem do ALLgarve e outras piruetas, desafiar Marinho Pinto a provar as acusações.
Este artista é português e não deve ser "remodelado" porque aquilo já não tem conserto.

Que triste figura, que pobre cabeça no cimo daquele corpinho...

Pequeninos e maus

Até ao dia de ontem, o país não fazia a menor ideia de que Ana Jorge existisse.

Bastou que fosse nomeada para a pasta da Saúde e logo os roda-pés das televisões desataram a informar que a médica vai ser julgada no Tribunal de Contas por má gestão de dinheiros públicos.

É espantoso.

Somos, de facto, um país de cãezinhos raivosos...

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Os elos mais fracos

E pronto, já está.
Era uma remodelação mais do que esperada e que acaba de ser anunciada.
Apesar de todas as negações, Sócrates fez duas substituições, na Cultura e na Saúde.

Esperava-se uma terceira (como no futebol) e os lenços brancos viravam-se para Mário Lino.
Porém, instado sobre tal hipótese, Sócrates respondeu: " Lino? Jamé!"

A ver vamos...

Potemkin?

Eu desconfio que os habitantes de Sesimbra não apreciam com justiça o excelente presidente da Câmara que têm. Se não, vejamos.
Todos se recordam da pompa com que foi anunciada a reconquista da Fortaleza, logro do tamanho da baía. Mas o homem não desistiu, a luta continuou, ou não fosse ele do partido que é.
E assim é que, no mais recente "Sesimbra Município", Augusto Pólvora garante (uma vez mais) a entrega da Fortaleza de Santiago à autarquia, prevista para este mês, mediante acordo com o Estado e com a GNR.
Contudo, homem prudente, e cansado da lentidão do processo, resolveu jogar uma cartada decisiva, lançando um ultimato à GNR.
Para tanto, utilizou a influência do partido a que pertence e ontem toda a gente pôde testemunhar a demonstração de força da Marinha russa ao largo de Sesimbra.
Assim se vê a força de Augusto.
Más línguas ainda ousam sugerir que tudo aquilo não passou de uma manobra carnavalesca feliciana.
Esta gente não merece tão augusta presidência...

Vamos por partes

O texto que aqui deixei ontem, sobre Milan Kundera, não passou de uma brincadeira minha, daquelas coisas que me surgem sem aviso prévio.
Mas gostaria de aproveitar o balanço para dizer que os jogadores de futebol podem não ser filólogos eméritos mas não são estúpidos.

Acredito que João Pinto tenha dito "prognósticos só no fim dos jogos".
Mas, quase de certeza, o fez por graça.
Depois, alguém terá aproveitado para fazer ironia fácil, como sucedeu, há décadas, com a piada (?) segundo a qual o marisco preferido de Matateu era o tremoço.
Mais tarde, voltaram a atribuir a mesma graçola ao Eusébio.

Sejamos claros. Os jogadores estão ali para jogar, não para fazer discursos.
E não têm culpa de viver num país de terceiro mundo cuja comunicação social é uma lástima, pirosa e mentecapta.
Eu não sei até quando Camacho vai aguentar até mandar à fava jornalistas que todos os dias fazem as mesmas perguntas óbvias e redondas.

O mal é este país achar que é útil pôr treinadores de futebol a dar conferências de imprensa cinco vezes por semana. Sempre os mesmos, os dos três grandes. Os outros não existem.
Paulo Bento fala aos arranques, espanholando a monotonia. Camacho irrita-se e Jesualdo imita (mal) Artur Jorge na sobranceria e na pretensa subtileza.

Mas pior que isso é termos um ministro da Agricultura que diz vênhamos e póssamos, políticos cheios de casuísticos, contratualizar, obrigatoriedades, desde logo, facilitismos tais que só podem ser igualados por pilotos que se injectam dos aparelhos.

E os burros são os futebolistas?

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Há fogo no pandeiro

Muitas vezes apontados como desleixados e improvisadores, os brasileiros acabam de mostrar que sabem tomar previdências em tempo útil.

É o que se pode deduzir da iniciativa das autoridades do país do grande Carnaval que se traduz na distribuição de MILHÕES de preservativos durante os cinco dias de folia.

Ingénuo como sou, sempre pensei que as pessoas iam ao Brasil para ver os desfiles, os cortejos, as escolas maravilhosas, mas parece que os jogos florais adjacentes não serão de desprezar, que abunda o erotismo no calor da noite e que nem só de samba vive o homem.

Por cá, nos vários palcos de imitação da magia brasileira, talvez fosse de ponderar a hipótese de algumas medidas preventivas similares, mas, segundo consta, os autarcas chegaram à conclusão de que o frio ainda é o melhor preservativo...

Insustentável leveza

Isto ele há gente para tudo, até para denegrir a imagem dos jogadores de futebol.

Há dias, contaram-me que um determinado futebolista foi convidado para o lançamento de um livro e desatou a dar uns palpites sobre romances, o que deu origem a uma rasteira (sem bola) de um jornalista maroto que lhe perguntou o que achava de Milan Kundera.

A resposta foi: "Milan ? Sim, sim, quem me dera, quem me dera."

O jogador não é do Sporting...

Em que ficamos?

Segundo o "Correio da Manhã" o suspeito do homicídio ocorrido hoje em Rio de Mouro já foi detido.

Mais revela o matutino que se trata de um jovem entre os 17 e os 18 anos.

Que idade terá então o rapaz?

Há quem diga que só pode ter 17. Será?

Querem ver que o autor desta esclarecedora notícia também escreve n'O SOL?

A seringa na carlinga

O jornal SOL está neste preciso momento a anunciar que um avião F-16 se despenhou a sul da base de Monte Real.
Mais informa que o piloto escapou ileso depois de "se ter injectado do aparelho".

Numa leitura rápida, concluo que o redactor desta notícia deve ser de Sesimbra, sem o que teria escrito no aparelho.
Mais suspeito que, antes de escrever o que vemos, deve ter absorvido alguma substância pouco recomendável.

Sugiro à Direcção do SOL que chame a ASAE e ordene inspecção aos cacifos dos jornalistas, embora acredite que a verdade seja bem mais simples: o SOL deveria recrutar jornalistas que, de preferência, soubessem ler e escrever...

Lara

A actriz britânica Julie Christie (que já conquistara um Globo de Ouro) acaba de ser galardoada com mais um prémio pela sua interpretação no filme "Away from her", no papel de uma doente com Alzheimer.
Não vi o filme nem sei se o irei ver. Fico contente por ver a actriz recompensada, mas custar-me-ia muito ver a bela Julie Christie envelhecida, desmemoriada.

Para muitos de nós, ela será sempre a sublime Lara, o grande amor do Doutor Jivago, na pureza infinita dos seus olhos azuis, no recorte da sua frágil silhueta na estepe gelada da Rússia.
E tudo envolto no tema musical de Maurice Jarre que enchia a grande sala do Monumental e o romantismo da nossa mocidade, nos anos 60.

O Alzheimer da recente personagem de Julie Christie é a tragédia da velhice, daquela que sobrevive ao ataque cardíaco como o que fulminou o melancólico Doutor Jivago quando ele desceu do eléctrico para alcançar o amor da sua vida que se distanciava, em passos rápidos.
Morreu de amor, traído pelo coração...

Sistema

É admirável o coro de vozes virtuosas que surgem a lembrar que é muito feio lançar suspeitas assim, sobre as pessoas, sem revelar nomes.
Mais lembram que todos são putativamente inocentes, até prova do contrário, coitadinhos deles e delas.
É a hipocrisia retinta, a falta de coragem e o receio de quem tem telhados de vidro, coisas que Marinho Pinto parece não possuir.

Há alguns anos, quando Dias da Cunha falou no "sistema" e apontou os rostos do mesmo, a reacção (desafio?) de Pinto da Costa foi "Provem", uma palavra que vale por uma confissão.

É evidente que não é fácil arranjar provas, mas toda a gente sabe que há corrupção em inúmeros corredores da nossa sociedade. Maria José Morgado disse-o bem alto.

O Apito Dourado e o processo Casa Pia podem não levar a condenações de vulto, mas ninguém neste país duvida de que houve crianças abusadas e árbitros comprados.
Tal como ninguém duvida da existência de um sistema que vai muito para além dos meandros do futebol.

Por isso é que os Marinhos Pintos acabarão sempre por ser amordaçados ou afastados...

A fórmula mágica

As palavras têm destas particularidades, às tantas, vá lá saber-se porquê, adquirem alcances surpreendentes, são promovidas, glorificadas, sublimadas.
É o que sucede com o verbo crescer e o substantivo crescimento.

De repente, como acontece com algumas mulheres, com a idade ganham classe, distinção.
Aquilo que era uma evolução natural, normal, banal, adquiriu uma aura de nobreza, de excelência.
E passou a constituir uma espécie de valor acrescentado, pós-doutoramento situado algures entre a compensação e o estímulo, mas sempre como saída airosa para situação menos feliz.

Assim, aos pais do miúdo que levou uma tareia na escola, o psicólogo de serviço garante que é para bem dele, a confrontação é salutar, fá-lo crescer. Eis a palavra mágica, crescer.
A adolescente feiosa a quem nenhum rapaz liga é igualmente aconselhada a assumir a diferença, na certeza de que vai crescer.
O clube perde, mas o treinador elogia a atitude dos jogadores, afirma que saem com confiança reforçada, a equipa está a crescer.
O casal leva a vida a discutir, a agredir-se verbal e fisicamente, mas o psiquiatra tranquiliza toda a gente explicando que o conflito é saudável, é factor de crescimento.
Os economistas ensinam-nos que uma queda relativamente ao ano anterior não é baixa, é crescimento negativo.
A saúde, a educação, a Justiça, o desemprego, a inflação, o poder de compra, a segurança, a corrupção, tudo isto está pelas ruas da amargura, mas Sócrates continua a dizer que estamos a crescer.

Por este andar, a crescer assim, qualquer dia Portugal está maior que a Espanha e já não cabem os dois na Península Ibérica.
Sinceramente, no meio de tanta puerilidade, eu já nem sei o que quero ser quando for crescido...

domingo, 27 de janeiro de 2008

Alô, alô...

Há dias, o país assistiu, entre incrédulo, receoso e divertido, à tragicomédio telefónica que envolveu o INEM e os bombeiros de Alijó e Favaios.

Para começar, os nomes das terras quase dão vontade de rir.

Depois, a história parece tirada de uma rábula do Solnado.

Felizmente, não houve morte de homem, ninguém sequer se Alijó...

Votos e devotos

Nos USA, continua a maratona de eleições primárias e o duelo mais interessante opõe Hillary Clinton a Barack Obama, com cada um a tentar, primeiro, conservar e, depois, alargar a sua base de apoio, ou seja, os seus devotos.

Ao que parece, Obama está em melhor posição para conseguir a preferência do eleitorado negro, ao passo que Hillary seduz mais o bloco tradicional, branco.

O mais curioso e inédito é se Hillary ganhar com votos brancos...

Ah, grande Marinho!

Um ministro sai do Governo e entra na Administração da Iberdrola.
Pode ter sido, mas não parece uma transferência a custo zero.
Por acaso, ao mesmo tempo, o mesmo ministro (Pina Moura) continuou a sentar-se na Assembleia da República, como deputado.

Provável e gentilmente, a espanhola Iberdrola dispensava-o de picar o ponto e fechava os olhos quando o senhor ia de visita a S.Bento. Tudo no melhor dos mundos.

Em pleno parque natural da Arrábida, o dr. Nobre Guedes conseguiu co-incinerar todas as proibições e construiu a sua mansão, excepção que, no entanto, considero mais que justa, tão relevantes foram os serviços por ele prestados à Pátria e ao Ambiente.

Exemplos deste tipo não faltam, deles jornais e televisões fizeram títulos de caixa alta nos últimos 20 anos.
Porém, parece que ninguém sabia, ninguém se lembrava, ninguém achou esquisita tanta coisa que agora esse atrevido do Marinho Pinto veio colocar na ordem do dia.

O nosso impoluto PM já veio pôr as mãos no lume pelos meninos da sua rua. Ai, estes não foram, só se foi noutro tempo.
Como se houvesse tempo para mais arquivamentos duvidosos, para despachos de ministro feitos depois do seu partido ter perdido as eleições legislativa.
Tempo para meter a cabeça na areia, tempo dos telhados de vidro.

Corrupção? Não, não sei, nunca ouvi, deve ser engano.
No futebol, sempre se viu e ouviu o coro das virgens ofendidas exibindo rostos contritos e olhares de inocente estupefacção.
E, no entanto, o Apito Dourado é um facto.

A menos que o cortem numa noite escura como fizeram aos sobreiros do deserto da margem sul...

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Capicuas

Desculpem lá, mas hoje e amanhã fecho o estaminé.

Hoje faz anos o Eusébio, e já tenho aqui três sacos cheios de telegramas para entregar.
Amanhã, estou de folga.

Entretanto, parabéns ao maior e melhor futebolista português de sempre, Eusébio da Silva Ferreira, que só não sabia fazer piruetas nem despia a camisola. No resto, é incomparável.

O rei, o herói do Mundial de 66, faz 66 anos.

Long live the King!

Sem emenda

Estive a ouvir, há minutos, no Rádio Clube Português uma senhora Secretária de Estado e o jornalista João Adelino Faria que falavam de crianças institucionalizadas.
É um termo recente que pretende designar crianças que vivem em estabelecimentos, abrigos, centros de acolhimento.

Poderiam falar, simplesmente, de crianças acolhidas, recebidas, que vivem, que se encontram nessas instituições. Mas não, era preciso um rótulo, um ferrete, uma estrela amarela, tudo reunido num termo moderno, inovador. Institucionalizado! É o país do faz-de-conta piroso, da presunção e da saloiice dourada.

Se institucionalizar é um neologismo (idiota) que significa pertencer, fazer parte de uma instituição, fica a ideia de que só aqueles centros de acolhimento são instituições.
E as escolas, as faculdades, os hospitais, as prisões, não serão instituições?

Serão os estudantes universitários jovens (ou adultos) institucionalizados?
Por essa ordem de ideias, os jogadores serão federacionalizados?
E os sócios da Filarmónica serão associacionalizados?

São as grávidas, os idosos, os populares, é esta febre de colocar rótulos, etiquetas estúpidas em pessoas que deveriam ser tratadas com respeito e, sempre que possível, com carinho.
Uma criança pode viver, encontrar-se, estar, ter sido recebida, colocada, acolhida numa instituição apropriada.
Não precisa é de ser rotulada de institucionalizada.

Para desgraça, já basta o que basta...

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Um homem na sombra

O jornal "O Sesimbrense", na sua mais recente edição, traz uma extensa entrevista com o presidente da CASCUZ, Júlio Pulquério, o homem que lançou as bases e tem sido a alma desta instituição que é digna dos maiores elogios pela sua acção na esfera social.

A referida entrevista é ilustrada por várias fotografias, uma das quais mostra o presidente Pulquério ao lado do homem que, há já alguns meses, assumiu o essencial da gestão e da administração da CASCUZ, com saber e entusiasmo, numa entrega totalmente desinteressada, em regime de absoluto voluntariado.

Ora, o que me chamou a atenção foi o facto de, em duas páginas, o nome desse homem não aparecer uma única vez, nem mesmo numa simples identificação da fotografia.
Ao longo do texto, nem uma palavra. É estranho. E é pena.

Esse homem não procura protagonismo, está ali movido apenas por um sentimento de solidariedade. E está a fazer um trabalho notável.
É justo lembrar o seu nome. É engenheiro e chama-se Raul Pinto Rodrigues...

Quem não sabe...

Foi há poucos minutos numa sala de espera. O homem olhava para mim como se me quisesse pedir ou perguntar alguma coisa. Mas não se atrevia, não ousava, não se decidia.

Eu continuei a ler a revista, ou melhor, a crónica do Lobo Antunes, não uma antiga, mas a de hoje, "Dulcinha".
Achei graça ao título, primeiro porque me fez pensar numa senhora que chama assim a uma amiga cujo nome é Dulcínia.
Depois, porque num livro de um amigo meu (Janela com Escritos), há uma crónica intitulada "A Menina Dulce". Coisas de Antónios, está bem de ler...

O homem, por fim, lá resolveu dirigir-me a palavra. Para me perguntar se estava a ler a crónica do Lobo Antunes. Disse que lhe quis parecer, pela fotografia. Perguntou-me o título. Depois, pôs-me a mão no braço e quis saber se eu gostava de ler aquele escritor.

Expliquei-lhe que gosto mais das crónicas do que dos romances. E acrescentei que gostei particularmente do primeiro livro de crónicas.
Pois olhe, retorquiu, eu não consigo ler nem as crónicas nem o resto. Não consigo. E bem gostava, tão gabado o homem é. Mas, que quer ?, não sou capaz.

Lá me enchi de boa vontade e tentei convencê-lo a ler algumas das primeiras crónicas, assim, devagarinho, aos poucos, como quem toma uma colher de óleo de fígado de bacalhau. Quem sabe se não lhe toma o gosto?

Que não, nem pensar. Mas porquê? Já experimentou?
Está fora de questão, meu amigo. Ainda se, ao menos, eu soubesse ler! Mas assim, analfabeto,
o melhor que consigo é meter conversa com as pessoas e ir aprendendo qualquer coisa...

Olha a mala

Ontem, perto de Faro, pelas 20 horas, foi encontrada uma mala abandonada numa estrada, o que levou ao circo habitual, perímetro de segurança, comparência da (o)Brigada de Minas e Armadilhas, enfim, como nos filmes americanos. E tudo para nada, uma vez mais.

O engraçadinho que ali largou a mala não conseguiu o objectivo de passar no telejornal das 20 horas.
Para a outra vez, tem de agir mais cedo, assim não deu, já era tarde de mais.

Mas o que surpreende nestas brincadeiras de mau gosto é a divulgação maciça, a enorme e oportunista cobertura mediática que deve encher de gozo o autor da parte gaga e incita outros a fazer o mesmo.

Será que ninguém percebe isto?

Porreiro...

A produtividade dos portugueses pode ser fraca mas não em todas as áreas de actividade.
Na malandrice somos imbatíveis.

Soube-se agora que certas oficinas alugam peças importantes para automóveis, carrinhas e camiões, unicamente para assegurar a aprovação dos mesmos nas inspecções anuais.
Depois, a viatura volta à oficina onde a peça boa é retirada e a defeituosa reposta.
Simples, barato e eficaz.

Esta história lembra-me outra que me contaram há alguns anos.
Em Luanda, os candidatos a emigrar para Portugal tinham de justificar de meios financeiros mínimos, o que era feito mediante a apresentação de uma certa soma em dinheiro na Embaixada (ou Consulado) de Portugal, no acto administrativo apropriado.

Ora, como a quase totalidade dos angolanos não dispunha da soma necessária, havia um "manga" que se colocava à porta e alugava o montante a cada candidato, apenas o tempo indispensável para ele mostrar e obter o visto.
De seguida, devolvia o dinheiro. Com juros, claro.

Desta forma, o mesmo maço de notas servia a inúmeros "clientes" e enchia os bolsos do usurário que (suponho) era português.
Viver não custa...

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

O que diz Odete

Apenas porque, em termos académicos, digamos assim, me parece interessante a observação, sublinho a ideia de que o desgaste continuado da credibilidade do partido comunista se explica, em boa parte, pelo que aqui dei conta ontem.

Por um lado, a desajeitada e patética tentativa de Odete Santos ao negar a miséria que todos sabem ter existido na antiga URSS.

E, logo a seguir, outro desajeitado camarada a negar o que Odete disse.

De negação em negação, a evidência da verdade só se torna mais flagrante...

Baralha e volta a dar

Como se a crise da Bolsa não bastasse; como se as ameaças terroristas não fossem suficientes; como se a histeria do referendo não chegasse, os abutres da informação atiram-se ao desaparecimento da ciganita Mari Luz como gato ao bofe.

Como o caso Maddie não ata nem desata, toca a apontar holofotes para a menina espanhola, sem dó nem pudor.
Hoje circulam fotografias da criança no Algarve, tudo serve para chamar o leitor mórbido.

O drama de Maddie ocorreu na aldeia da Luz.
A menina espanhola chama-se Mari Luz.

Para os jornais e televisões, tudo o que Luz é oiro...

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Odete e Antoinette

A actual crise financeira que abala o Mundo parece conhecer apenas uma excepção, Portugal. Isto se fizermos fé no que prega frei Sócrates.

Perante tamanha derrocada, surge a voz autorizada de Odete Santos a dizer que o único remédio é um socialismo a valer, não o do nosso engenheiro Primeiro de todos os Ministros.
Contestada por outro engenheiro, Ângelo Correia, a doutora Odete afirmou bem alto que na antiga União Soviética não havia fome, nem sequer bichas.

Admitiu que, uma vez, uma única vez, esteve na bicha, na Checoslováquia, mas apenas para comprar bolos.
E jura que havia muitos bolos.

Marie Antoinette também achava que o povo bem podia comer brioche.
Não sei qual das duas, Odete e Antoinette, está mais longe da verdade e da realidade.
A diferença é que a rainha não sabia, enquanto a ex-deputada comunista recita a cartilha, sem pudor e (quase) sem gaguejar.

O Partido Comunista não sai engrandecido destes actos de fé que mostram à saciedade que não há pior cego do que aquele que não quer ver...

Coimbra já teve mais encanto

Segundo li, a Queima das Fitas da Academia de Coimbra vai ter novo formato, por causa de Bolonha.

Fica-me a esperança de que alguém tenha a coragem de proibir a oferta de hectolitros de cerveja que provoca bebedeiras hediondas, estraga a festa, tira dignidade à celebração e atira os futuros doutores para a vala dos alarves. E, pior, para comas etílicos.

A Queima com bebedeiras perfidamente oferecidas por cervejeiras abjectas é um espectáculo degradante, uma nódoa na capa dos estudantes de Coimbra.

Bom seria que a Queima mudasse, não por Bolonha, mas por vergonha...

A pouco e pouco...

Há dias, Portugal foi promovido a potência suficientemente importante para merecer ser alvo de atentado terrorista. O povo português, farto de ser parente pobre e pelintra, agradece a quem nos concedeu tal honra.

À primeira vista, esta história de paquistaneses à solta neste nosso quintal surge como um acontecimento fortuito.
Porém, logo entraram em campo todos os serviços encarregados da nossa protecção, desde a banal PSP até à contra-espionagem, a "inteligência", como alguns inteligentes chamam aos serviços secretos.

Hoje, ainda por acaso, uma mochila deixado no metropolitano provocou o caos, numa orquestração interpretada a preceito pelas nossas televisões que encheram o papo com directos, numa acção que não se fica pelo mero espectáculo pseudo-informativo.

A verdade é que vivemos num mundo cada vez mais controlado por forças que não nos foram apresentadas, que não sabemos bem quem são, mas cuja presença nos vai asfixiando.
Esta ASAE é apenas um dos peões desta nova ordem mundial que escolhe uniforme pretos (porquê pretos?), usa viseiras escuras, gente sem rosto a mando de senhores invisíveis.

O objectivo é espalhar o medo, condicionar, preparar o advento de um modelo de sociedade onde a democracia (já) não tem lugar, onde só a força do poder oculto ditará leis.
Eles estão aí e a sua arte mais fina é levarem-nos a acreditar que estão a agir pelo nosso bem.

Não estou a brincar, não há aqui ironia nem metáforas.

Abram os olhos...

Homem ausente

O Tribunal Europeu dos Direitos do Homem acaba de punir a França por ter recusado a uma mulher homossexual o direito de adoptar uma criança.

Embora a mulher (de 45 anos) tenha uma relação estável com uma companheira,
os tribunais franceses entenderam que isso não chega e que a falta de uma figura paterna seria nociva para o equilíbrio da criança.

Agora, a mais alta instância europeia julgou favoravelmente o pedido, pelo facto de o direito francês autorizar a adopção por uma pessoa solteira.
Ora o pedido de adopção não foi formulado por um casal mas por uma mulher solteira.

No fundo, o Tribunal Europeu finge desconhecer que há ali, de facto, um casal. Sem homem.
E acha que a presença de um homem não é indispensável. É um ponto de vista.

Este caso deve fazer jurisprudência...

Habituem-se...

A nova lei para as Autarquias vai colocar a totalidade do poder mas também da responsabilidade nas mãos e sobre os ombros de quem ganhar.

E vai, sobretudo, acabar com oposições acomodadas e vereadores cata-ventos...

Licença de espirro

O senhor Director-geral de Saúde disse, há pouco, no "Prós e Contras" que o montante que o Estado lucra com o tabaco é sensivelmente igual ao que gasta com as doenças provocadas pelo fumo. Admitamos que sim.

Mas a parte interessante desta lei de proibição é ela visar (dizem os seus defensores) a protecção dos não-fumadores que, ironicamente, são os menos prejudicados pelo fumo.
Por outras palavras, o Estado protege os menos expostos, mas está-se nas tintas para os mais atingidos, ou seja, os fumadores.
Se houvesse coerência e seriedade nisto, uma só medida se imporia, a proibição total e absoluta de fumar, atitude que deveria ter por ponto de partida a proibição de venda de tabaco.

Amanhã vem aí a certificação do ar. Qualquer dia, ao dobrar da esquina, fazem-nos operações-saúde, controlo da tensão, da glicemia, da ureia, do catarro, das flatulências, da eructação, do espirro, da ranhaça, dos macacos no nariz e da cera nos ouvidos.

Quem não estiver nos conformes, paga multa e é internado num qualquer centro de reabilitação.
Adivinham-se tempos gloriosos de fundamentalismo sanitário.
Tudo para nosso bem, está claro...

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Sai uma vacina, uma.

No blogue do mesmo nome, e na rubrica SESIMBRA FM Informação de 4 de Janeiro, encontramos o seguinte título: "Comissão de Utentes dos Serviços de Saúde da Quinta do Conde repudia a falta de inércia do Governo".

Curiosamente, no mesmo local, na coluna ao lado, à direita do leitor (na secção "Cultura") vê-se um anúncio da "Sesimbr'acontece".

Será que se pega?

Referendo, pois claro

O tema do fim da vida e das condições em que se morre neste país conduz-nos à eutanásia embora esta não seja a única via para um fim com dignidade e sem sofrimento inútil.

Por isso, há muito tempo que muita gente sugere um referendo sobre esta questão que, no mínimo, não é menos grave do que a interrupção da gravidez.

Há quem considere ser a Europa um aborto ou de boa vontade praticasse nela uma eutanásia bem pronta.
A verdade é que, mais dia, menos dia, este assunto terá de ser encarado com coragem e sem preconceitos. E quanto mais cedo melhor porque, em cada hora, há inúmeras pessoas que morrem após uma degradação evitável.
Deixem-se
os nossos políticos de tratados e tratem dos problemas dramáticos que, cada vez mais, vão ocorrer.

Já que não são capazes de nos ajudar na vida, ao menos que nos deixem escolher como morrer.

Em paz, de preferência...

Sentinela alerta

Quando me contaram que a Dra. Guilhermina Ruivo decidira não dar continuidade aos colóquios sobre Filosofia Portuguesa admiti que a senhora tivesse outras e melhores propostas a fazer à população do burgo.

Ora, acontece que o primeiro sinal foi dado no passado sábado, com a realização de um debate sobre a nova lei da Imigração, conduzido pela deputada nacional Dra. Celeste Correia.
Aqui está, pois, um bom exemplo do pragmatismo e da visão prospectiva da Dra. Guilhermina que, em vez das lérias da filosofia, preferiu abordar assuntos concretos, prementes e pungentes, daqueles que nos preocupam, que nos enfezam a alma e nos atazanam a mioleira.

Ágil, atenta e perspicaz, mal ouviu falar nos marroquinos que vararam o barco no Algarve, a Dra. Guilhermina aproveitou o gargalhete para pôr em cima da mesa, levar à colação, chamar à boca de cena, o tema controverso, melindroso e estruturante que é a Imigração. Clandestina, note-se, daquela que causa arrepios na espinal medula.

Correntes de pensamento são coisa reles ao pé das correntes que prendem os homens à miséria e à exploração. São minudências quando comparadas com as correntes marítimas que empurram os pobres náufragos para as mãos da impiedosa Guardia Civil espanhola.

Mas alegrem-se, aqui, na pérola da Costa azul, a duas braças do Calhau da Mijona, fica a Biblioteca Municipal onde a Dra. Guilhermina dá a cara por uma nobre causa.
Imagino que, enquanto decorria o debate, um esquadrão de vigilantes observadores estariam a postos, nunca fiando, uns junto ao farol, outros na pedra de Zé Manel e os restantes no Caneiro.
Isto, sim, é política, pôr o dedo nessa ferida que é a ameaça de novas invasões bárbaras, a coberto do nevoeiro, pela calmaria do mar dos Ursos.

Venha lá agora esse Pedro Martins, mais o seu mestre Telmo, chatear-nos com o Pascoaes, o Álvaro Ribeiro e o Sampaio Bruno. Filosofia não enche a barriga nem protege os sesimbrenses da emigração africana.

Vamos estar de atalaia nos torreões do Castelo, sentilela alerta, alerta está. Quem vive?
A Dra. Guilhermina, pois quem havia de ser?

Olhem que não

Há muito que Carvalho da Silva deixou no ar a hipótese de não continuar à frente da CGTP, facto que leva agora o secretário-geral do Partido Comunista a pronunciar-se.

E aí temos Jerónimo de Sousa a formular votos para que o amigo Manuel continue a liderar os destinos da organização e a garantir, com ar sério, que o PC não interfere nos assuntos da CGTP.

É curiosa a necessidade sentida por Jerónimo de Sousa em esclarecer esta questão, uma vez que toda a gente sabe que CGTP e PC são entidades distintas e totalmente independentes.

E que os pontos nos ii assim postos pelo camarada Jerónimo é que podem levar alguém a suspeitar (erradamente, claro) que a CGTP seja controlada pelo PC...

Ora essa!

Há por aí uns puristas sempre a apontar as calinadas dos políticos, dos jornalistas e outras figuras públicas.
Essa gente mal intencionada não compreende que a liberdade, a imaginação e a criatividade contribuem para que a nossa língua seja mais colorida, mais viva e mais expressiva.
Por isso, já andam a resmungar contra o acordo ortográfico, os velhos do Restelo.

Por mim, acho que a língua portuguesa deveria deixar de ser pública, ou seja, formatada, acondicionada, delimitada, espartilhada pelo Estado, para se tornar privada, propriedade individual de cada cidadão falante. Bem ou mal falante deixaria de ter importância, bem ou mal escrevente seria irrelevante, desde que se fizesse compreender.

Pur iço, aki deicho o meu apelu no sem tido da libertassão da líunga portugueza, bosta ao servisso da imajinassão e da fantazia. É um dezeijo unestu e uma aspirassão lejítima.

Seguesse um abaicho açinadu.

domingo, 20 de janeiro de 2008

Lirismo fácil

A generosidade, a humanidade, a tolerância e a solidariedade, por exemplo, são valores que qualquer boa alma pode albergar mas cujo monopólio a Esquerda teima em afirmar possuir.

Arrogância que leva alguns políticos a excederem-se no seu papel de defensores da virtude e da magnanimidade em tiradas que ultrapassam a barra do idealismo ingénuo para atingirem a demagogia irresponsável.

Há pouco tempo chegaram ao Algarve cerca de vinte marroquinos que tentavam alcançar o El Dourado que, para eles, a Europa representa.
Logo detidos pelas autoridades, vão agora ser devolvidos ao seu país de origem, uma vez que Portugal não aceita imigrantes ilegais.

Surge então o cavaleiro branco Louçã a reclamar a legalização destas pessoas, ou seja, que o Estado Português as integre plenamente, coisa que, a acontecer, constituiria um perigoso precedente de consequências incalculáveis.

Um tal gesto de aparente benevolência colocaria Portugal no topo da lista dos países preferidos de todos os candidatos a desembarcar na Europa.
A Espanha está a braços com um fluxo considerável de africanos que arriscam a vida por uma ténue esperança que a firmeza da Guardia Civil destrói de imediato.

O drama dessas pessoas é terrível, mas não se pode endireitar o mundo aos soluços, desgarradamente, ao ritmo de gestos isolados de bondade ou compaixão.

Nem satisfazendo os arrebatamentos quixotescos do senhor Louçã...

Quem diria?

Já sabíamos que José Sócrates é um homem de afectos, amigo dos seus amigos.

O caso-Independente mostrou como o homem encontrou apoio em professores que o trataram de forma altamente simpática, com exames enviados por fax, lições quase particulares, enfim, gestos de inequívoca gentileza e de rara compreensão.

Agora, o homem veio revelar urbi et orbi que José Luiz Zapatero é o seu melhor amigo.

E nós que pensávamos que o cão é o melhor amigo do homem...

Dupont e Dupond

O delicioso ministro Manuel Pinho não pára de nos surpreender.
Ontem ouvi a notícia segundo a qual o dr.Pinho aplicou um ralhete ao director da ASAE, António Nunes, aconselhando-lhe (ou exigindo) que tivesse mais tento na língua.

A gente ouve isto e julga sonhar.
Se, neste incontinente país, há alguém que deveria contar até 33 antes de abrir a boca é, precisamente, o ministro Manuel Pinho.

Será que o homem não tem espelho em casa?
Será que não vê televisão?

É que, se visse, certamente teria reparado nas embrulhadas e nos dislates de um senhor chamado Manuel Pinho que é a cara chapada do ministro da Economia...

Para o melhor e o pior...

Esta conversa toda à volta da promessa quebrada do Primeiro-Ministro (referente ao referendo) já começa a enfadar.

Sinceramente, se eu fosse o D.José diria simplesmente que sim, senhores, prometi referendar, mas mudei de ideias. E depois?

Acredito na boa fé de alguns contestatários, mas a maioria é composta por fariseus que apenas pretendem chatear o homem. E eu sou insuspeito porque não sou socrático.

No fundo, se valorizássemos assim tanto as promessas, o melhor seria proibir o divórcio...

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

PT desfalcada

Aproveitem para acertar os relógios, são 21.25, uma hora a menos nos Açores, claro está.
Pois, como ia dizendo, acabo de ler no roda-pé da Sic Notícias que o nosso compatriota Armando Vara renunciou ao lugar que desempenhava (e bem, com certeza) na Administração da PT.
Ou seja, o talento de Vara é tão vasto e multifacetado que lhe permitia administrar a Caixa e a PT, ao mesmo tempo. É notável. Tão notável como a sua delicada atenção, para com o BCP, de se desligar da PT a fim de consagrar toda a sua energia e todo o seu imenso saber ao convalescente Millennium.

É uma atitude que só o dignifica e que contrasta flagrantemente com a serôdia tentativa de manter a ligação à Caixa enquanto obrasse no BCP.

Enfim, a ubiquidade fascinante deste super-gestor que toca sete instrumentos já levou algumas pessoas (menos a par da linguagem forense) a acreditar que a Décima Vara fosse mais um emprego do doutor de Vinhais.
Sejamos justos, não exageremos, o homem não tem tentáculos e não há por aí Varas a dar com um pau...

Bimbolândia

Zapatero invadiu Portugal a convite de Sócrates para lançar a primeira pedra de um vasto projecto a que puseram o estranho nome da Nanotecnologia.
Acontece isto num local com outro estranho nome que é a Bragalândia.

Sinceramente (embora acredite que isto tem cura), fico altamente incomodado com estes primores, estas delícias da incansável imaginação portuguesa que nos oferece jóias tão sublimes como são estas Bragalândia e Nanotecnologia.

Nenhum dos jornalistas nem políticos explicou o que é esta coisa da Nanotecnologia, mas eu (rapaz esperto que sou) deduzo que seja algo parecido com micro qualquer coisa.
A ser assim, resta-nos concluir que micro é termo já do passado, nano é que é fino.

O pior é que nano faz pensar em anão, termo que, inevitavelmente, evoca a velha anedota do menino Zequinha na escola. Anão, senhora professora, anão, mas com um grande par de sapatos...

Pois

Um velho do Restelo pediu-me, há minutos, que entregasse na Federação o seguinte telegrama:"Casa sem janela presidente caiu"...

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

A bola dá muita volta...

O ex-director desportivo do Belenenses, Carlos Janela, vai explicar amanhã o que se passou.
Não consegui apurar se dará uma conferência de imprensa ou se emitirá um ou mais comunicados.

A verificar-se esta última hipótese, dar-se-ia a curiosa coincidência de tais comunicações poderem ter o título de um livro de crónicas escrito por um antigo e ocasional jogador do Belenenses, precisamente.

Chama-se ele Cagica e o livro é "Janela com Escritos"...

A ginja continua...

Depois de ter sido encerrada a 27 de Novembro pelos "terminators" da ASAE, reabre amanhã a simpática Ginjinha do Rossio.

A única questão que perdurará para sempre e que exige respostas caso-a-caso é "Quer com elas ou sem elas?"

A luta continua

O Supremo Tribunal Administrativo acaba de autorizar a co-incineração de resíduos industriais perigosos na Secil, decisão que não permite recurso pelos mesmos motivos.

A Quercus considera ter sido uma sentença mal formulada, por ignorância dos juízes em questões ambientais.
Para as 3 Câmaras do distrito é uma nova oportunidade de voltarem à luta.

Augusto Pólvora agradece e já se prepara certamente para montar a cavalo e empunhar a bandeira do cavaleiro branco amigo do ambiente e da sua querida terra.

É mais do mesmo POPNA...

Janela de (pouca) oportunidade

Depois do caso Mateus, surge agora o lapso Meyong.
A nota comum é a triste figura que o Belenenses (por acção do seu presidente) fez em ambos.
No primeiro imbróglio, o clube do Restelo conseguiu ganhar na secretaria o que perdera no campo e, sem pingo de vergonha, ficou na divisão principal, em detrimento do Gil Vicente.

Agora, no caso Meyong, houve lapso, ignorância, incúria, talvez, mas não intenção deliberada do director desportivo em lesar o clube.
Mas tanto bastou para que o presidente mostrasse que não merece estar à frente de uma colectividade com pergaminhos, ainda que muito mal servida por dirigentes como este senhor que ignora o sentido de palavras como solidariedade, espírito de grupo, coesão, cumplicidade saudável, união. E dignidade.

Da mesma forma que o treinador não deve culpar pela derrota o guarda-redes que errou, assim o presidente só deveria demitir o director desportivo se este tivesse agido de má fé.
O que parece não ter sido o caso.

A precipitação com que foi despedido Carlos Janela, o apontar imediato do dedo acusador, o sacudir a água do capote, a sanha posta nas palavras, tudo mostra que o senhor Cabral Ferreira não tem estatura de presidente.
Nunca Pinto da Costa faria uma coisa destas, um acto de tiranete impiedoso que nada tem de líder.

O clube não merece ser servido por tal gente que, sem envergadura para assumir responsabilidades, não hesita em atirar Janela pela porta fora...

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Homem prevenido

Pode dizer-se, sem grande margem de erro, que os aborrecimentos do dr. Jardim Gonçalves começaram quando se descobriu aquela coisa estranha do perdão da dívida ao filho.

O resto veio por arrastamento, quase de carrinho, sendo sabido que as entradas de carrinho geralmente acabam em cartão vermelho.

Suponho que o mais que certo homem forte do banco esteja avisado, tenha analisado os videos todos de treinos e jogos do BCP e se mostre duplamente atento, munido de Vara e recordado do provérbio que diz que "quem não tem filhos tem Cadilhe"...

O "Público" é que mais ordena

Acordei hoje com a "Sininho" (blogue Ecos da Falésia) a tocar, alertando-me para nova menção honrosa que a Magra Carta recebeu do jornal "Público" que divulgou mais um texto nosso, desta vez "Debalde".

Em poucos dias, é a segunda distinção que nos concedem, pelo que quase começamos a acreditar que temos quem nos aprecie.
E digo temos porque o Escriba continua de alma inteira aconchegada em cada sobrescrito desta Magra Carta.

É assim esta companha alegre, agora com um só camarada a bordo, com muita pena da ausência do outro, embora a sua aiola nunca ande longe, antes continue ao reminho pelas águas que gostamos de sulcar.

Registo e enalteço o alvoroço saudável da Sininho que bem percebe que é nesta franca partilha que residem o prazer, a força e a razão de ser dos blogues...

Analfabetos

Parece que o Belenenses vai perder 6 pontos por utilização indevida do regressado Meyong.

E tudo porque interpretaram mal os regulamentos.

É aquilo que nós dizemos, quem sabe ler, lê.

Quem não sabe, perde pontos...

Não é grave...

Além do antipático epíteto de grávidas que as mulheres recebem, é muito frequente ouvirmos falar de gravidezes, palavra que soa tão mal que deveria suscitar dúvidas a quem a utiliza.

De facto, não me parece correcto, menos ainda elegante, falar de gravidezes quando se poderia, simplesmente, dizer "casos de gravidez".

Tal como ninguém se lembrará de falar de surdezes ao referir-se a várias pessoas surdas.
Nem mencionar as liquid
ezes dos bancos.

Que isto não vos impeça de ter um bom dia...

Em Roma sê romeno...

O Benfica ainda não é uma das três melhores equipas do Mundo, como prometia não há muito tempo o presidente Vieira.

Mas lá vai andando, conseguiu empatar com o Leixões e acaba de fazer uma soberba contratação, um romeno chamado Laszlo Sepsi.

É possível que o jovem se revele uma boa aquisição, vamos a ver.
O essencial é que ele assimile a mística do clube, se integre bem e pegue de estaca.

Se tiver valor, com certeza que Sepsi cola...

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Boa ideia

A atleta americana Marion Jones, que foi apanhada nas malhas do doping, perdeu os títulos e teve de devolver as medalhas olímpicas.

Agora foi condenada a seis meses de prisão efectiva, não por se ter dopado, mas por ter mentido em tribunal.

Parece que já está a correr por aí uma petição dirigida à dra. Maria José Morgado solicitando-lhe que convide aqueles juízes americanos a ouvir os envolvidos nos casos "Apito Dourado" e "Casa Pia"...

Porque sim.

Pouco mais de um ano depois de ter criado este blogue a meias com o Carteiro, cuja camaradagem cúmplice não tem preço, a “Magra Carta” atinge picos de audiência – uma média de 150 visitas diárias – que não podem deixar de impressionar. Pela parte que me toca, não poderia imaginar melhor altura para acabar – de vez – com este ofício da escrita na blogosfera. Porquê? Porque sim.

Ao primeiro toque...

Nesta era em que o computador tende a transformar o futebol numa ciência (quase) exacta e a tornar tudo previsível, há quem continue a pensar que a riqueza do jogo decorre da criatividade, do talento e da imaginação dos jogadores.
Ao ver a tristeza que foi aquele Académica-Sporting, lembrei-me de uma frase simples do grande mestre que foi José Maria Pedroto.

Disse ele um dia "a bola guarda-se colectivamente". Ou seja, tocada, trocada, passada, de jogador para jogador. Com o adversário a correr atrás dela, a cheirá-la. Simplesmente.

A tendência do jogador português é adornar o lance, pisar a bola, escondê-la, fazer floreados, dar as costas ao adversário, rodopiar, inventar, tudo num metro quadrado de terreno.
O resultado é expôr-se, inutilmente, a cargas, perder a bola, irritar os companheiros e prejudicar a equipa.

Atitude adequada é fazer circular a bolinha, tranquilamente, seguramente, queimando tempo, desmoralizando o adversário. Sem olés nem arrogância, sem gozo nem provocação.
Para isso é preciso jogadores com personalidade, com confiança e com inteligência.

Que o Sporting não tem...

domingo, 13 de janeiro de 2008

O ovo e o enigma

O mais recente filme (receio que não seja o último) de Manoel de Oliveira tem um título (Cristóvão Colombo - O Enigma) que me parece altamente significativo, podendo ser até uma chave de ouro para a sua carreira.

De facto, para mim (ignorante e teimoso). é um mistério absoluto, um enigma que nem Maigret teria resolvido, a fama que o nosso Manoel alcançou por esse mundo fora, com prémios e medalhas capazes de fazer ciúmes à Vanessa Fernandes, da Phone-ix.

Por outro lado, tem de haver uma razão, ou muitas e boas razões, para que críticos e intelectuais gabem o talento do homem que já tem conseguido levar quatro e, às vezes, cinco espectadores (na mesma sessão) a ver os seus filmes.

Desculpem lá, mas tem de haver uma fórmula, uma receita, um código, uma poção mágica, não sei.
Se calhar, é coisa simples, tão simples como o ovo de Colombo, mas o certo é que continua a ser um enigma...

Tudo debalde

Em Portugal ainda existem 656 celas onde, por não haver qualquer sistema sanitário, os presos continuam a usar baldes para recolha dos seus dejectos.
À primeira vista é chocante e pouco digno do Portugal moderno das inovações tecnológicas e do Tratado de Lisboa.

Todavia, e infelizmente, rede de esgotos é coisa que não existe numa vastíssima área do País.
O concelho de Sesimbra, pérola da Costa Azul, ainda apresenta cobertura muito insuficiente, apesar de ser uma região turística e estar às portas de Lisboa.
Aliás, na Grande Lisboa, existem inúmeros bairros onde as pessoas vivem em condições miseráveis, pelo que o que se verifica nas prisões pode parecer inadmissível, mas é apenas o retrato de um Portugal envergonhado, escondido, mas real, muito longe do Portugal porreiro, pá.

O ministro da Justiça, Alberto Costa, prometeu resolver a questão dos sistemas sanitários nas prisões até ao fim de 2007. Claro, não cumpriu, é normal.

Porque não se lembrou, porque se esqueceu, porque não lhe ocorreu, por isto, por aquilo, talvez numa óptica de prioridades que o tenha levado a considerar que aquela coisa dos baldes era um problema de merda...

Só por graça...

O SOL é um semanário respeitável e deveria vigiar de perto o que escrevem os seus colaboradores.
Eu bem sei que o assunto é irrisório, é apenas futebol, mas só um benfiquista doente ou um ignorante absoluto poderia escrever o que
hoje se lê :" Benfica empata com o Leixões e compromete luta pelo título".

Compromete? Luta? Título?
Mas em que planeta vive este jornalista?

O Benfica e o Sporting há muito que apenas disputam o Campeonato de Portugal dos Pequeninos...

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Impagável Ana

Os cépticos e os mal intencionados podem negar, sorrir, troçar, mas factos são factos, e Ana Gomes esteve hoje no Iraque para uma reunião com o presidente e o primeiro-ministro iraquianos.

A ideia era falar do papel da União Europeia naquele martirizado país, e Ana Gomes fez mais uma das suas deslumbrantes descobertas, deixando o mundo ocidental de queixo caído quando declarou que "o Iraque não precisa de dinheiro". Ora tomem!

Como cheguei atrasado (por ter ido ali, num instante, comprar o "Público"), não pude confirmar, mas deduzo que a dra. Ana Gomes tenha falado inglês.
Ipso facto (não é inglês) depreendo que tenha concluído, mais ou menos, com "What you need is love".

Por mor destas proféticas palavras (ou por outra obscura razão que não ouso adiantar), a verdade é que hoje nevou em Bagdad, coisa que nunca tinha acontecido.
Dir-me-ão, calhou, foi por acaso, simples coincidência, nada mais.
De acordo, Ana Gomes não será a santinha da Ladeira nem a Fàtinha de Felgueiras, mas lá que tem um dom, ai dona, eu seja ceguinho se não tem.

E depois, como é amiga da galhofa, à saída (isso já eu ouvi), virou-se para o nosso embaixador e fez este trocadilho engraçadíssimo:
-Tá a ver, Embaixador? Neve, neve em Bagdad! E logo hoje. Olhe, snow houver mais nada, neve say good-bye. Tem pilhas, não tem?

É a nossa Ana, who else?

Quadro de Honra

O jornal PÚBLICO, na sua edição de hoje e no suplemento P 2, escolheu Armando Vara e o seu pedido de licença sem vencimento como tema da rubrica "Blogues em Papel".

E reproduz textos de blogues famosos como "portugaldospequeninos" ou "corta-fitas".

Mais tiveram a bondade de colocar a nossa Magra Carta nesse quadro de honra, transcrevendo na íntegra (com o título "Estamos Conversados") o texto intitulado "Varaexpresso" aqui publicado ontem.

Registamos com agrado e dedicamos esta apreciável distinção a todos quantos gostam do que fazemos e também (e muito em especial) aos que não morrem de amores por nós...

Tempos modernos

O Tribunal de Grande Instância de Paris rejeitou um pedido de Cecília (ex-Sarkosy) para que fosse proibida a venda de uma biografia sua não autorizada e que contém várias afirmações polémicas que são atribuídas à ex-mulher do presidente francês e cuja divulgação ela considera abusiva.

O certo é que o livro foi ontem posto à venda, ficando no ar a dúvida quanto aos limites da liberdade de expressão, se é que assim pode ser designada esta manobra comercial que consiste em escrever uma biografia sem o acordo da interessada e visada.

Com que direito alguém revela afirmações (supostamente verdadeiras) produzidas em privado? Não será isto violação da intimidade?
Exprimir opiniões sobre o comportamento visível, exterior, de alguém, é perfeitamente aceitável desde que feito com correcção.
Fazer uma biografia é algo que pressupõe (e deveria obrigar a) uma concordância entre o autor e a pessoa em causa.

Pelos vistos, é mais fácil (e lucrativo) desnudar alguém em público do que fumar um cigarro no café da esquina...


O massacre continua

É conhecida a ideia de que é em Coimbra que melhor se fala português.
Talvez seja, não sei, embora por lá sempre se tenha trocado o V e o B. Mas enfim, admitamos.

Acontece que, há dias, soube da existência naquela cidade de um grupo de teatro para crianças cujo nome é "Teatrão".
Se lhe tivessem chamado "Teatrinho" ainda teria percebido, é uma designação simpática, carinhosa, bem de harmonia com a sua vocação e a juventude que o caracteriza.

Fico admirado, numa cidade universitária onde o bom-tom e a elegância imperavam, com a escolha de um termo brasileiro que tresanda a rudeza, a vulgaridade e a um estilo popularucho que se situa a léguas da elevação que a arte teatral supõe e sugere.

É mais uma nódoa na língua portuguesa, caída no melhor pano que é Coimbra...

Obviamente

A loja do pai de Vanessa Fernandes, o antigo ciclista Venceslau Fernandes, em Gaia, foi assaltada por dois homens que roubaram duas bicicletas, no valor total de 800 euros.
Por aqui se ficaram os prejuízos que, aliás, o seguro deverá cobrir.

Quando ligou à filha e lhe contou o sucedido, Vanessa apenas exclamou :"Phone-ix"...

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Amigo da onça ou do leão?

Há cerca de uma hora ouvi o senhor Fernando Correia que fazia uma grande entrevista a Octávio Machado.
Isto nada teria de extraordinário se não se desse a circunstância de o Sporting estar no ponto mais crítico dos últimos anos.

A certa altura, o senhor Fernando Correia (que é sportinguista) perguntou a Octávio se ele encara a hipótese de voltar a treinar um clube.
E a resposta foi sim.

Resumindo, no dia seguinte a mais uma derrota do Sporting, o senhor Fernando Correia vem, inocentemente, lembrar a todos os adeptos e dirigentes do clube que existe, algures em Palmela, o salvador da caverna do leão.

É uma delicada lembrança que certamente muito terá agradado a Paulo Bento.

Com amigos como o senhor Fernando Correia, o Paulo Bento não precisa de arranjar inimigos...

Fado Hilário

A propósito do uso de substâncias proibidas, estimulantes vários, no futebol, várias vezes exprimi a minha surpresa e alguma pena pelo facto de antigos jogadores (que nada têm já a perder) não confessarem os pecados que cometeram.

Ora, acabo de ver num outro blogue que o "magriço" Hilário, nome grande do Sporting nos anos 60, revelou, em 1982, que se drogou muitas vezes, em particular em jogos de competições europeias.

Confessa-se mesmo um "magriço" drogado. Tomava profaminas, mais para conforto psicológico do que para ganhar força adicional, pois era um atleta possante.
E afirma que 99,9% dos jogadores o faziam.
Obviamente, esta percentagem é um exagero, mas muitos recorriam ao doping, é um facto.

Não me espanta a confissão de Hilário porque o considero um homem de carácter.
E acredito piamente no que afirma.
Ao pôr assim sob suspeita uma proeza histórica da selecção nacional, no Mundial de 66, em Inglaterra, Hilário lança uma pedra no charco, é verdade.
Mas, pelos vistos, o seu grito não encontrou eco, não deu lugar a investigações por parte das entidades responsáveis e interessadas.
Histórias proibidas não faltam. Hilários, coragem e dignidade é que escasseiam.
A prova é que esta revelação foi feita há 25 anos e ninguém ligou.

Não é só Al Gore que conta verdades inconvenientes...

Já faltou mais...

O homem que anda há anos a espalhar a guerra pelo mundo, vestiu agora o manto da inocência, pegou num ramo de oliveira e dá milho às pombas brancas da paz que pretende instaurar no seio da grande família israelo-árabe.

É um tanto patética esta súbita inspiração de George Bush, um gesto teatral de velho actor cabotino prestes a sair de cena e que se recusa a abandonar sem proferir uma tirada que fique para a História.

Seria bom que fosse bem sucedido, mas ninguém o leva a sério, menos ainda agora que a contagem decrescente para a sua saída já começou e se torna mais palpável em cada disputa pré-eleitoral nos sucessivos estados da grande Nação americana.
Cada voto na urna, cada discurso, cada promessa, cada ovação, cada banho de multidão dos diferentes candidatos é um pontapé no traseiro de Bush, é a página do livro impiedoso do devir político que vai sendo virada.

Os americanos já começaram a despedir-se de Bush, alguns com pena, a grande maioria com alívio e esperança no futuro.
Inevitavelmente, mais dia, menos dia, Bush cruzar-se-á com Obama e talvez tenha o desplante de lhe dizer ( como para exorcizar velhos demónios) "Porreiro, pá", enquanto, lá por dentro, mordido de despeito, estará certamente a pensar "Fuck you, Barack"...

Voltando à vaca fria

A propósito de burros, os burros são como as cerejas. Ou serão as conversas? Pouco importa, a propósito de burros, lembrei-me agora da história dos dois compadres que andavam a tentar perceber como funcionava o comunismo.

Um deles tinha dois burros de carga e o outro possuís duas vacas leiteiras.
Um dia, o dono das vacas disse ao compadre que, como mandam as boas normas comunistas, já que ele tinha dois burros era justo que lhe desse um, ao que o bom homem acedeu sem hesitar.

À noite, porém, a mulher fez-lhe ver que, sendo assim, ele também teria direito a uma das duas vacas do compadre.

Encantado com a perspectiva, logo se dirigiu a casa do compadre a quem formulou o pedido. Sorridente, o compadre leiteiro apenas respondeu que a coisa não era bem assim.
Mas porquê, compadre? Ora, explicou o maroto, "o comunismo só funciona com burros".

Honni soit, etc. e tal...

Feno de Portugal

O nosso excelso Primeiro-Ministro explicou aos burros que nós somos que não fará o referendo pela simples e evidente razão de que este Tratado de Lisboa é totalmente diferente do outro. Claro.

Agora, com a escolha do Governo a recair em Alcochete, o ministro Mário Lino vai dizer que nós, além de burros, ouvimos mal, pois o que ele disse não foi "jamé, jamé" mas sim "já mexe, já mexe", ou seja, Alcochete é que é bom, a coisa já está a andar.

E, se for preciso, fará como Sócrates, este Alcochete "tout court" é totalmente diferente do outro, o do Campo de Tiro de Alcochete.

Nós, pobres criaturas de Cristo, quando os nossos governantes têm a gentileza de nos explicar assim as coisas, até conseguimos acreditar que a outra banda é um deserto tão inóspito que até poderia ter servido de alternativa ao Dakar.

No fundo, um Lisboa-Poceirão não fica atrás do Lisboa-Dakar. Ou fica?

Para que conste...

Em Abril 2005, Paulo Pedroso apresentou queixa contra o blogue "Do Portugal Profundo", exigindo mesmo que fosse eliminado da Internet.

O Tribunal acaba de condenar Paulo Pedroso e o seu irmão João, seu advogado, ao pagamento de 2.500 euros a António Balbino Caldeira, autor do blogue.

Não foi com certeza o mesmo juiz do caso Calheiros...

Varaexpresso

Armando Vara é o respeitável empregado de balcão da Caixa no nordeste transmontano que, por obra e graça do Espírito Santo ( o Outro, não o BES), chegou à Administração da empresa da qual ambiciona agora sair para servir o concorrente BCP.

Fá-lo-á com idêntico amor à camisola, com certeza. Mas, pelo sim, pelo não, pediu à Caixa uma licença sem vencimento, ou seja, pretende manter o vínculo ao banco do Estado, para o que der e vier.

Por outras palavras, o amigo Armando, enquanto a vara vai e vem, não quer largar a asa do tacho, perdão, da Caixa.

Em termos de ética, estamos conversados. É o amigo Vara, who else?

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Bom sinal

Ontem, a Magra Carta teve 198 visitas.

O Ratinho agradece...

A casinha

- Ó senhor Primeiro-Ministro, desculpe lá, mas o senhor tinha dito que mudava de casaco...

- Pois disse.

- Então... mas esse casaco é o mesmo...

- Desculpem, meus amigos, eu disse e mantenho. Eu sou um homem de palavra. Disse que mudava de casaco e mudei. Este casaco não é o mesmo. Se repararem bem, este tem aqui uma casinha na lapela que o outro não tinha. É aqui que coloco o emblema da Universidade Independente...

Estados deste sítio

Nos USA prossegue a caminhada que vai conduzir à substituição do senhor Bush.
Depois do Iowa, foi a vez do estado de New Hampshire ir a votos.
Amanhã é a Carolina do Sul.

Aquele imenso país tem uma infinidade de estados um tanto unidos mas muito independentes, símbolo de uma profunda regionalização que nós gostaríamos de copiar para esta aldeia que é Portugal, um Estado que já não é Novo, um país que, embora pequeno, tem vários estados.

Tem o estado da Nação que os senhores deputados debatem por debater porque ganha sempre o senhor da maioria absoluta.

Tem o estado lamentável a que isto chegou, na saúde, na educação, na Justiça, na protecção social, na banca, nos níveis de corrupção, na insegurança,etc.

Tem o estado comatoso do desemprego e da esperança no futuro.

Tem o estado sólido das promessas por cumprir.

Tem o estado líquido dos fiascos de Foz Coa, do Alqueva e da água que rodeia o deserto da margem sul.

E tem o estado gasoso dos cigarros e das flatulências do senhor Pinto da Costa maliciosamente denunciadas pela nossa Carolina do Norte...

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Foi você que falou em superioridade moral?


Salazar, tal como Sócrates, não discutia a pátria. Mas nunca a entregou. Jamais!

O roto e o nu...

Para desopilar, falemos de futebol e da interessante tese do senhor LF Vieira que explica o castigo leve a Luisão pelo facto de o brasileiro ser capitão de equipa.

Julgava eu que essa condição deveria implicar maior responsabilidade, mais elevado sentido dos deveres. Mas não, serve de circunstância atenuante. Curiosa filosofia...

Por outro lado, o que este lamentável episódio revela é a flagrante ausência de espírito de equipa, e aí a culpa maior é do treinador porque uma das suas funções é, precisamente, fomentar a solidariedade, o companheirismo, a união, a entrega sem falhas à causa comum.
Pelo que se vê, o Benfica está bem entregue.

Com um Sporting preso por arames, seria preciso o Porto fazer um enorme esforço para não ser campeão...

A rua e os jornais

Com uma candura que não pode deixar de nos impressionar, veio agora a Dr.ª Peneque, no editorial natalício de “O Sesimbrense”, dar-nos conta de que a Liga esteve confrontada com “a herança de graves irregularidades contabilísticas”, situação que, pelos vistos, já foi ultrapassada. É admirável o sangue frio com que a senhora directora nos fala destes sérios problemas. Afinal, tudo parece resumir-se ao aborrecimento causado por uma teimosa unha encravada...

Bem sei que nada me liga à Liga, a não ser a inevitável repulsa motivada pela forma como são conduzidos – para o abismo – os destinos da veneranda, e hoje tão serviçal, publicação. Por isso, noutras circunstâncias, metia a viola no saco e mandava passear as contas da Liga. (Nos entrementes, espero que esta ligue ao que se passou – seja lá o que tiver sido – e tire daí as consequências devidas.)

Desligado da Liga, nem por isso perdi, no entanto, a condição de munícipe, e aí é que a porca pode torcer o rabo, pois, tanto quanto sei, a Liga vem recebendo mensalmente, nos últimos anos, um relevante subsídio camarário destinado a auxiliar o desenvolvimento das suas actividades. Ora, a Dr.ª Peneque, no seu escrito natalício, dá claramente a entender que as graves irregularidades verificadas têm, de alguma sorte, posto em causa a possibilidade de concretização de muitos dos projectos da Direcção da Liga.

Perante isto, será de esperar que a Câmara Municipal se interesse pelo caso e procure saber quando, e como, foram as alegadas irregularidades praticadas, para poder avaliar se deve, ou não, manter o subsídio mensal que a Liga recebe. Para tanto, poderá pedir à Liga todos os esclarecimentos necessários. A urgência na acção é tanto maior quanto o falatório vai crescendo nas ruas da vila, apontando nomes mais ou menos conhecidos e somando números grandes e redondos (para que conste: não alimentaremos quaisquer alusões nos comentários deste blogue). Não sei se Augusto dá ouvidos ao que se diz na rua, mas tenho a certeza de que lê jornais. A menos que se enfade com o que escreve…

Talvez

Um blogue é, pelo menos para mim, um passatempo e um campo de jogos.
Já disse várias vezes que nada pretendo da política, não sou militante nem tenho compromissos. O que aqui faço é apenas por prazer, desinteressado, diletante, absoluto.

Depois, é a regra do jogo, há uma meia dúzia de pessoas que gosta, uma ou outra dá-se ao trabalho de comentar e a grande maioria, como é natural, ignora.
Aceito isso, não é novidade.

E, como cada jogo tem o seu tempo, também este estava a chegar ao fim, ao cair do pano de 2007. Um ano inteiro, a um ritmo diário intenso, acaba por saturar os leitores e achei que era altura de arrumar o saco e deixar de distribuir correio. Simplesmente, sem dramas nem exéquias.

Mas foi então que veio ao meu encontro este caso do Ratinho que me leva a repensar a decisão e a concluir que, afinal, um blogue pode valer a pena.
Se conseguirmos, todos os envolvidos, ajudar o Ratinho, posso concluir que teremos levado a carta a Garcia...

Câmara frigorífica

É evidente que, infelizmente, em Sesimbra e no país, há mais Ratinhos vítimas da prepotência patronal.
Sucede que nós conhecemos o Ratinho, sabemos o que está a acontecer e não podemos colaborar, através do silêncio cúmplice e cobarde, com quem está a destruir um homem, na sua integridade física e na sua dignidade.

Um funcionário (cujo nome não quero revelar, por razões óbvias) explicou-me que o Ratinho está impedido de trabalhar e é colocado numa espécie de "solitária", uma divisão em que um sádico servo da Direcção liga o ar condicionado frio, verdadeira tortura tanto mais grave quando todos sabem que o Ratinho teve um cancro.
Venceu a doença, mas tem uma constituição frágil e não pode suportar aquela
crueldade nojenta executada por quem tem um poder superior.

Se têm razões para tanto, se há justa causa, despeçam-no.

Não têm é o direito de torturar alguém que mal se pode defender...


segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

O Óscar da cobardia

Acabo de ter conhecimento de que o nosso amigo Ratinho foi agredido por colega(s) nas instalações do Hotel do Mar, tendo a GNR tomado conta da ocorrência.

Significa isto que, infelizmente, era bem verdade o que constava, tendo agora os responsáveis do hotel dado cobertura a esta escalada de violência que culminou em cobarde agressão física.
Embora desconheça o seu eventual envolvimento no caso, sabe-se que o Director se chama Óscar e daqui sugiro à Rádio Santiago que investigue e faça reportagem, para informação de todo o povo de Sesimbra e de outras pessoas que certamente ignoram o que se passa num hotel que já foi o orgulho dos sesimbrenses.

Pode o João Capítulo mostrar desta forma a solidariedade que o Ratinho merece e levar a Rádio a cumprir a sua missão primeira, informar em tempo útil.
Este lamentável incidente vai seguir os trâmites previstos na lei.

Ratinho, não estás sozinho!

Batalha naval

Há poucas horas, vedetas iranianas ameaçaram disparar sobre navios de guerra americanos.

Nestas circunstâncias, fica sempre a dúvida sobre o que realmente aconteceu e receia-se que uma das partes mais não faça do que procurar um pretexto.

A questão, porém, é que não se trata de um tiro simbólico no porta-aviões e outro virtual no contra-torpedeiro.

O Mundo inteiro sabe que a corda está perigosamente esticada entre o Irão e os USA e que o espaço de manobra da diplomacia é tão estreito como o dito de Ormuz...

Hélas, três vezes hélas...

O Mundo conhece-o há séculos como o mais puro dos idealistas, símbolo da independência absoluta, da insubmissão a toda e qualquer forma de poder, da entrega a causas desesperadas, de luta contra demónios e gigantes.

Afinal, também ele, acabou por depositar a espada ferrugenta e a lança alquebrada aos pés do grande capital.

Paes do Amaral comprou D.Quixote...

Simples e fácil

Apesar dos esforços de uns quantos teorizadores que pretendem erguer o jogo da bola ao patamar da ciência, a verdade é que o futebol é uma coisa simples, ainda que envolta em ambiguidades absurdas.

Por exemplo, não faz qualquer sentido as duas equipas entrarem em campo já com um ponto
na algibeira.
Ou seja, se lhes convier, podem levar os 90 minutos a jogar a passo, para o lado e para trás, sem um único remate à baliza. E saem como entraram, com um ponto no papo.
Não é fantasia, já aconteceu em Campeonatos do Mundo.

Ora, a solução é simples. Bastaria que, para um empate valer um ponto, cada equipa tivesse de marcar, pelo menos, um golo.
Um 0-0 daria zero pontos.
Esta simples medida teria ainda (e sobretudo) por efeito acabar com a atitude puramente defensiva de muitas equipas que se limitam a jogar para o empate a zero, renunciando ao ataque e praticando jogo destrutivo.

Devo confessar que esta ideia tão brilhante como simples não é minha, fui apenas buscá-la ao livro "Líbero e Directo", da autoria de António Cagica Rapaz e que é do melhor que alguma vez se escreveu sobre o universo do futebol.

Até as pessoas que gostam de futebol o apreciam...


Vara (inven) Cível...

Na 10ª Vara Cível de Lisboa começa hoje o julgamento do processo movido por Paulo Pedroso contra o Estado Português.
Como se sabe, Pedroso esteve preso uns meses até ser libertado e recebido em triunfo no Parlamento, num espectáculo verdadeiramente indecoroso.

Recorde-se que o senhor só não foi a julgamento porque a juíza achou que as provas não eram suficientemente fortes.
O que é muito diferente de ter sido considerado inocente.

Talvez não lhe tivesse ficado mal aceitar as coisas como estão e fazer-se discreto, surgindo esta tentativa de vingança como um sinal de arrogância e uma fuga para a frente igual à de Pinto da Costa que fez idêntica exigência e que, para já, levou uma tampa.

Neste momento, também o advogado de Bruno Pidá está a preparar um recurso a contestar a prisão preventiva do seu cliente.
São iniciativas legais, é certo, mas que não apagam os factos, ainda que destes a Justiça possa fazer leituras diversas.

Com efeito, a simpática família Calheiros fez férias no Brasil pagas pelo FC Porto. Foi provado. Mas o juiz achou não ser certo que tal obséquio tivesse por finalidade obter favores do árbitro.
E ambos se safaram, Calheiros e Porto.
Talvez o senhor Calheiros devesse ter processado o Estado por ter posto em causa a probidade do seu apito.
Mas não o fez, e isso prova que este árbitro, por vezes, julgava bem os lances...

sábado, 5 de janeiro de 2008

Burros?

Eu pouco percebo do assunto e não sei com que linhas o Sporting se cose, mas não percebo por que motivo não vão já a correr buscar o Manuel Fernandes que o iluminado Koeman não quer em Valência...

Ainfa falta muito para o Natal?

Já nem me lembro quando foi o Natal, mas foi há muito.

Rapidamente, voltámos à normalidade, ao dia-a-dia penoso, aos problemas do costume, perdido que se encontra no espaço infinito aquele balãozinho de fraternidade e de compaixão que o "jingobel" encheu.

A realidade fria e triste está de volta e é difícil imaginar quadro de maior degradação humana do que aquele que, segundo a imprensa de hoje, mostra um homem que infligia maus tratos à mãe e a obrigava a prostituir-se para lhe pagar a droga e o álcool. Por fim, assassinou-a.

Felizmente, o "24 Horas" revela-nos que Cristiano Ronaldo tem nova namorada.

A vida é bela...

E o vencedor é...

A decisão de cancelar o rali Lisboa-Dakar revela, para a generalidade das pessoas, bom senso e prudência.
Outros acham que ameaças não constituem novidade e sempre se foi em frente.

Ora, a verdade é que esta opção representa, antes de tudo, uma grande vitória do terror, chantagem triunfante cujos ecos chegaram aos quatro cantos do Mundo.
E que deixa no ar a possibilidade de futuras ameaças de acções terroristas noutras competições desportivas, manifestações religiosas, etc.

Ninguém quis correr o risco de disputar 8 etapas na Mauritânia sob esta temível pressão.
Por isso, não se pode condenar a sensatez dos organizadores.
Mas que os terroristas venceram o rali, lá isso é indiscutível.

E bem forte devia ser o receio pois ninguém imagina que se anule uma prova destas por Dakar aquela palha...

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Indiferença

O que está a acontecer com o António Ratinho não é caso virgem.
A confirmar-se o que me contaram, trata-se de uma prática frequente de patrões que exercem coacção psicológica sobre empregados que tentam levar à exaustão e à demissão.
É uma luta desigual e cobarde uma vez que o poder e os argumentos são muito diferentes, é David contra Golias.

Mas este caso não ocorre algures no interior de Portugal, é no Hotel do Mar, a vítima é um homem reconhecidamente sério e, acessoriamente, um artista plástico.
E é uma pessoa, com direitos que devem ser respeitados, com família e amigos que, estranhamente, estão silenciosos.

Uma das razões de ser deste blogue, talvez a principal, é a partilha, a nossa convicção (ou ilusão) de que aquilo que escrevemos vos agrada e interesse, na vasta variedade dos temas.
Ora, parece que estamos equivocados.

Sobre questões frívolas ou de baixa politiquice fervilham os comentários. Agora, perante um drama de pessoa identificada, conhecida, numa empresa de renome, houve apenas um comentário, um só, de leitor que conheço.
Não falei com o Ratinho, não o alertei para esta diligência que fiz, e não esperava eu que surgisse alguém com a solução imediata do conflito.

O que poderia ter sido reconfortante era ter lido meia dúzia de palavras de encorajamento, para que o Ratinho sentisse que não o abandonamos.
Se calhar, é lirismo da minha parte, mas tive essa esperança.
Espero que alguém tenha possibilidade de proporcionar um acordo, um apaziguamento, o Ratinho merece.

Por mim, fico desiludido e muito dividido quanto à utilidade deste blogue que não gostaria de ver reduzido a um prazer solitário...

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Vai um bocejo?

Atentos, como estamos, por estas bandas, à programação da Biblioteca Municipal de Sesimbra durante o mês – e o ano – em curso, não podemos deixar de louvar a iniciativa da respectiva vereadora Dr.ª Guilhermina em trazer até nós, para apresentar um debate sobre a nova Lei da Imigração, a Dr.ª Celeste Correia, uma senhora deputada à Assembleia da República pelo PS e, o que é mais, uma das preclaras mulheres socialistas – esse fabuloso grupo a que a Dr.ª Guilhermina também pertence e que gira sob a égide genial da Dr.ª Maria Manuela Augusto. Estamos certos de que este tema entusiasmante – que se inscreve, aliás, no âmago da actividade de qualquer biblioteca municipal que se preze – suscitará um interesse inusitado por estas paragens. Não sabemos quem virá para o debate, não sabemos se virá mais alguém, não sabemos sequer se chegará a haver debate, mas a presença concertada da Dr.ª Celeste e da sua confrade Dr.ª Guilhermina tranquiliza-nos. As coisas querem-se previsíveis…

Justiça fedorenta

Como era de esperar, o "gato" Quintela nem sequer foi julgado.

Pagou uma multa de 400 euros, uma baga(quin)tela", no fundo, e saiu do tribunal para logo pegar no carro.
Parece que ficou no ar a hipótese de trabalho comunitário, tal como sucedera com Luisão.
Santa ingenuidade!

Afinal, ninguém se admira, esta é a ditosa Pátria nossa amada, um país a duas velocidades, a dos ricos e famosos que ultrapassam, gozam e insultam os remediados e pobres.

Um país que diz que tem uma espécie de Justiça...

Tanganhada

A propósito da mensagem (não a de Fernando, mas de outra Pessoa) do Presidente da República, os três clientes habituais da "Quadratura do Círculo" falavam ontem de discursos e de tangas, chamando à colação a recente alocução de Natal feita por Sócrates e recordando a célebre tirada de Durão Barroso.

Como gosto destas coisas, logo dei por mim a pensar que um discurso de tanga não é o mesmo que um discurso da tanga. Coisa diferente será ainda uma tanga de discurso.

Estes matizes linguísticos servem apenas para mostrar como é rica e subtil a língua portuguesa que bem dispensa adendas e remendos de mau gosto com que tantos a mutilam.

Como não quero ferir a susceptibilidade dos ocasionais leitores, não explico as diferenças entre os cambiantes da tanga acima expostos.

Por várias razões e porque, como reza a nossa máxima, quem sabe ler, lê...

Entre mortos e feridos...


Há muitos anos o semanário "Paris Match" teve o seguinte slogan "Le poids des mots, le choc des photos", ou seja, "O peso das palavras, o choque das fotografias".
E de facto é sabido que as palavras pesam, prendem, seduzem, cativam.
Da mesma forma que podem rejeitar, afastar, assustar, desagradar.

Em jornalismo, os títulos são pensados para agarrar o leitor, o que lhes confere uma importância considerável no processo de captação da atenção.

Neste preciso momento, o SOL está a anunciar que
"Discussão num bar fere homem com tiro".

Não contente com isso, o SOL insiste e afirma que "
Incêndio num prédio no Estoril fere duas pessoas".

Talvez eu esteja errado, mas fica-me a esquisita sensação de que (como tão bem dizem os senhores juristas) estes dois títulos estão feridos de propriedade...

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

O António Ratinho precisa de ajuda

Por alguma razão se diz que santos da casa não fazem milagres e Sesimbra não tem tratado bem o artista que é António Ratinho, um homem que nunca (ou muito esporadicamente) teve o apoio que o seu talento justificaria.
Como não é hipócrita nem bajulador, lutou sozinho para levar até ao público as suas obras.

Mas não é do artista que venho falar, mas do homem, do profissional de hotelaria que trabalha há décadas no hotel do Mar, sempre com total entrega e competência.
Por razões que desconheço, e segundo me garantiram, o nosso António Ratinho está a sofrer uma vergonhosa perseguição por parte dos responsáveis do hotel que procuram empurrá-lo para rua, negando-lhe o exercício normal da sua profissão, confinando-o a um espaço onde nada tem para fazer e onde está a mergulhar numa terrível depressão que pode levá-lo ao suicídio.

Porque o caso é extremamente grave, tomo a liberdade de fazer aquilo que a minha consciência ordena e que é denunciar, por esta forma, o que se está a passar com o António Ratinho.
Se as minhas informações não são exactas, peço desculpas antecipadas à Direcção do hotel do Mar.
Mas se elas correspondem à verdade, deixo aqui um apelo para que façam justiça e tenham respeito por um homem bom e um ser humano com Direitos.

Não sei se cabe aos serviços sociais da autarquia, se à Junta de Freguesia, se à Rádio Santiago, não faço ideia, mas alguém tem de apurar o que se passa.

E, pelo menos a partir de hoje, ninguém pode dizer que não sabia.

Não é um caso banal dos noticiários rascas da TVI. Trata-se de Sesimbra, é o Ratinho, está em perigo de depressão grave ou mesmo de vida.

Será isto suficiente para mobilizar algumas boas vontades?

Gostaria de receber muitos comentários sobre este preocupante assunto.
Alguém pode confirmar? Alguém pode ajudar?

Ainda estamos a tempo de proporcionar ao Ratinho um bom ano de 2008.

Será pedir muito?

Isto agora é da Joana, ou de quem quer?!

Não sei se o Externato de Santa Joana, em Sesimbra, será trilhado pela cavalgada laica do governo socialista da nação. Creio e espero que não. Mas haveria de ter a sua piada ouvir muita boa gente perguntar: isto agora é da Joana, ou de quem quer?!

Outra música

O semanário SOL está a dar uma notícia que não causa a menor surpresa, ou seja, diz-nos que Carlos Paredes continua a faltar sem se justificar.

Ora bem. Carlos Paredes há muitos anos que nos falta, que nos faz muita falta, por pertencer àquele número muito restrito dos insubstituíveis.
Carlos Paredes, é o pai, o Mestre da guitarra portuguesa, é único, deixou um vazio do tamanho da melancolia que nos invade quando ouvimos a sua música sublime, cântico eterno que está para além do fado. Paredes é o grito da alma lusitana, a saudade, a sede de absoluto.

Este outro Carlos Paredes é um futebolista que o Sporting contratou às cegas, embalado pela música de algum empresário virtuoso acompanhado à viola por dirigentes (no mínimo) incompetentes.

Este Paredes tem falta, de pernas, de pulmão, de tudo. Quando (raramente) joga faz muitas faltas, já não acompanha o ritmo, está desafinado, tem a corda partida.
Quando não joga, não faz falta.

E agora parece ter perdido a partitura, esqueceu-se de voltar ao palco da Academia leonina onde os tais dirigentes analfabetos rezam para que não volte, criando assim condições para um despedimento com justa causa.

Como é estranha a vida, com um Carlos Paredes que gostaríamos de nunca ter perdido e outro que ninguém quer ver de volta.

Os nomes são iguais, a arte é que é diferente...

Entre o preservativo e as cuecas

Quem tem telemóvel e, sobretudo, Internet é assaltado com mil propostas de toques e textos para todos os gostos.

Os nossos amigos brasileiros são especialistas em e-mails pintados de cores celestiais, com dissertações poéticas, patéticas, pirosas, sobre a vida, a amizade, a ternura, as meiguices todas servidas com músicas a metro, enfim, um rosário de puerilidade pastosa.

Acontece que algumas pessoas fazem suas as palavras desses autores xaroposos para presentear conhecidos e amigos com votos de Natal e Ano Novo.
Acidentalmente, tive conhecimento de que uma das personalidades que aderiram a tão pindérica prática foi o presidente da Câmara de Sesimbra.

Por enquanto a ASAE ainda não fiscaliza o recato, o bom gosto ou a delicadeza dos cidadãos, nem há lei que ameace nem condene certas opções, mas surpreende e choca (ou talvez já não) que um autarca formule votos de Ano Novo dizendo que um amigo é como as cuecas, por estar sempre muito perto, ou como o preservativo, por nos defender.

Quem me conhece sabe que nem sou inimigo de uma boa facécia, mas há um tempo e um modo para cada coisa. E mensagens deste calibre, em ocasiões como estas, não, muito obrigado.

Não é por nada, é uma simples questão de decoro...