sexta-feira, 30 de novembro de 2007

121

E pronto. Está atingida a apreciável média de 4 textos por dia.

Quatro, como os Beatles, os três Mosqueteiros e os que o Porto levou em Liverpool...

A César...

Afinal, o chefe do Governo anunciou a sua intenção de baixar o IRS já em 2008 e de fixar o salário mínimo em 500 euros, em 2010.

É verdade, embora surpreendente, a notícia é verdadeira, só que se trata do chefe do Governo Regional dos Açores.

Por isso, nada de confusões, e não demos a Sócrates o que é de César...

Porquê?

No próximo domingo, um referendo ditará se Hugo Chavez vai ser ou não o presidente da Venezuela para toda a vida.

Perante tão absurda ambição, mais de 100.000 venezuelanos protestaram de forma impressionante naquela que foi a maior manifestação de sempre.

Tudo pode acontecer naquele país, mas parece claro que, qualquer que seja o resultado do referendo, muito dificilmente Chavez conseguirá calar o povo...

Capoeira

Na mesma lógica de honestidade que preside à contagem dos grevistas, o senhor Pinto de Sousa acaba de recusar o juiz encarregado de o julgar.

O senhor Sousa não é o único Pinto desta capoeira cheia de buracos que é o Apito Dourado, e é acusado de mais de 180 crimes, certamente lapsos e coincidências que a sua defesa explicará facilmente.

Mas, previdente como se calcula que seja, o senhor Pinto de Sousa fez saber que não lhe agrada o árbitro que o sistema judicial escolheu para avaliar o seu desempenho nas jogadas em que interveio.
Vai daí, opinou que lhe palpita que este juiz não vai ser imparcial e pede outro mais mal passado.
E o processo pára. E o tempo passa.
E será que o próximo será ao gosto requintado do senhor Pinto de Sousa?

No fundo, um bom juiz, um juiz imparcial será um que aceite e compreenda que o Porto pagou férias no Brasil à família Calheiros sem esperar qualquer favor em troca.
Porém, um juiz desses é peça de museu, não deve haver dois no Mundo.

Não haverá por aí um clone para satisfazer o paladar delicado dos Pintos todos desta capoeira?

Ai, Dona...

Ao fazer o ponto da situação sobre a greve, às 13 horas, o senhor Secretário de Estado da Administração Pública, João Figueiredo, apresentou o valor de 20,03% para a adesão.

Por seu lado, os Sindicatos falam de 80%.

Eu sei que é sempre assim, mas não podemos olhar para uma tal disparidade e aceitá-la como coisa natural, normal e costumeira.
Os mais modernaços e pedantes (mas ignorantes) chamar-lhe-iam recorrente.

Ora, isto apenas significa que não podemos confiar nem no Governo nem nos Sindicatos, tão evidente é que ambos mentem.
E mentem, descaradamente, com a conivência prévia e tácita de milhões de portugueses que acham que isto é de boa guerra, faz parte do jogo.

Quem, perante uma realidade mensurável, verificável e quantificável, torce e retorce os números, que crédito nos merece?

Que crédito merece quem se senta à mesa da negociação anunciando à cabeça que não sairá do valor que apresenta? Será isso negociar?

E como classificar quem pede 5 embora esteja predisposto a aceitar 2,5?

Desculpem lá, mas somos é um país de ciganos, sem ofensa para os Quaresmas todos.
Ou não é assim?

Querem ver que o burro sou eu?


Em três actos

O senhor Scolari falha os socos, mas não erra em certas estratégias, ainda que elas cheirem, à légua, a esperteza saloia.

Sejamos claros. Se o senhor Madaíl não fosse o anjo da guarda ou o padrinho, não sei bem, de Scolari, teria aproveitado o vergonhoso incidente que sabemos para despedir, com justa causa, o treinador brasileiro.
Porém, por isto, por aquilo, não o fez.

Ora, Scolari sabe que tem a cabeça a prémio e que só um brilharete no Euro 2008 o manterá no lugar.
Por isso, e em jogada de antecipação, disse a um jornal brasileiro que já decidiu sair após o Euro.
Boa malha.
Se a coisa correr mal, ele não deixará de recordar que já avisara que ia sair e que não é por causa do falhanço que sai. Enche o peito e abala com ar de grande senhor.

Se correr bem, o amigo Madaíl terá todos os motivos para lhe renovar o tacho.
E ninguém irá falar da promessa da saída.

Aliás, se for preciso, Scolari dirá que nunca disse tal coisa e que o jornalista é que interpretou mal. Sim, porque o burro não é ele, embora se interrogue.
Portanto, a encenação está feita, os actores são os do costume.

E os otários irão de bandeira às costas...

Há muitos

Estive há pouco num local onde há inúmeros televisores com informações várias a desfilar permanentemente em rodapé.
Ora, uma dessas recomendações reza assim " Efectue a sua presença na máquina de pagamentos automática".

Eu fico desnorteado perante uma tal maravilha da natureza discursiva.
Pergunto a mim mesmo, o que será efectuar a presença. Efectuar um pagamento, percebo, mas uma presença, confesso que me transcende.

Depois, a máquina é automática ou é o pagamento que é automático?

Um espírito simples teria escrito apenas "Efectue o pagamento na máquina". Mas não.
Pagaram a alguém para conceber aquela frase admirável.

Ainda meio tonto, ao sair, encontrei o Coronel José Arada, pessoa por quem tenho amizade e alta consideração, e logo lhe expus os motivos da minha perplexidade.
Analisados os contornos da proposição, deles fez o senhor Coronel a mesma leitura estarrecida que eu fizera e, logo ali, me concedeu a sua inestimável caução no sentido de eu partilhar com os milhões de leitores desta Magra Carta tão invulgar espécimen de retórica informativa.

Vendo bem, não anda longe daquele inesquecível pregão "Há chapéus para meninos de palha"...

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Mesquita por cordas

A expulsão de Luísa Mesquita era mais do que previsível e anunciada. É roupa suja que tem vindo a ser batida e revirada no lavadouro televisivo, sem honra nem brancura para as partes envolvidas.

O PC continua na patética tentativa de olhar para nós todos como se fôssemos burros.
Será que o senhor Jerónimo chega a acreditar que alguém (fora do santuário da foice) possa engolir aquela conversa da renovação, da cura de juventude, do lifting do Partido?

Aquele documento que, candidamente, o senhor Jerónimo mostra às câmaras de televisão, é uma coisa de bradar aos céus, é o deputado tornado coisa do Partido.
Igual àquilo só o vínculo que (antes do 25 de Abril) os clubes usavam para prender um jogador de futebol para a vida toda.

Contudo, confesso que não percebo por que motivo Luísa Mesquita não se divorciou, não se demitiu, não rasgou o cartão, não bateu com a porta.
Por que esperou e se pôs a jeito para que a expulsassem?
Será que vai criar a Filarmónica dos Expulsos do PC?

Só espero que a onda jovem do PC não chegue a Sesimbra. Primeiro porque, feliciamente para os da terra, já lá enrola na areia uma onda jovem.
E depois porque o presidente Augusto, apesar da barbicha, ainda não é velho.

Velho era o outro, o da barba hirsuta e laca no cabelo.
Não, senhor Jerónimo, não se engane, não os confunda, eles escrevem no mesmo raio de jornal, mas não são propriamente almas gémeas.

Por isso, esqueça Sesimbra, é terra onde não há mesquitos...



Ingratos

É da natureza humana esta permanente insatisfação que nos rói a bonomia.

Ao ler o que está a passar-se na Câmara de Lisboa, e depois das convulsões que ditaram a eleição de António Costa, só me resta concluir que os sesimbrenses não sabem apreciar a felicidade que é ter um tal elenco governativo, gente dialogante, amiga do ambiente, divertida, sempre pronta para a contradança, carnaval todo o ano, folclore e reinação, é pro menino e prá menina, ondas jovens, autocarros ao serviço dos trabalhadores, solidariedade com desempregados do Seixal que encontram lugar certo no largo do Município, uma vereadora da Cultura cheia de ideias, empreendedorismo e queda para ser personagem em livros de aventuras, ao lado do tio Sequerra, um presidente jornalista, um ex-presidente também jornalista, uma vereadora de biblioteca que varre a Filosofia Portuguesa para o lixo não reciclável...

Que mais quer o povo?

Recapitulação

Todos os dias ouvimos falar de acordos, palavra grave que a grande maioria das pessoas pronuncia abrindo o primeiro o, como em cornos ou em corvos.

Ora (já estou cansado de lembrar) esse o é sempre fechado, no singular e no plural, como sucede com pilotos ou moços. Estamos de acordo?

Uma vez mais (meninos, atenção, aí ao fundo), rúbrica não existe. A palavra, a única forma correcta, é rubrica, sem acento gráfico e com a sílaba tónica no i.

Pronto, ficamos por aqui...

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Anedota

O Tribunal de Contas apurou que o Sistema Nacional de Saúde apresenta um buraco de não sei quantos milhões de euros.
Ora, hoje, o senhor ministro da Saúde foi ao Parlamento explicar aos deputados que o Tribunal de Contas usou critérios errados. Não disse que eram diferentes, afirmou que eram errados.

Mais disse aos jornalistas que explicou tudo, divergência a divergência, euro a euro.
O mais curioso é que apenas os deputados do PS perceberam e aceitaram as explicações.
Os outros todos são burros.
Mais que burro é, com certeza, o Tribunal de Contas que, por ironia, é presidido por um socialista.

Fica a dúvida: se Guilherme de Oliveira Martins (graças a uma oportuna ubiquidade) pudesse ter estado sentado junto dos outros deputados socialistas, será que também ele teria aceitado as explicações de Correia de Campos?

Como querem que levemos a sério esta gente?

Vai tudo dar ao mesmo

Ouvi, agora mesmo, o governador do Banco de Portugal dizer que seria imprudente baixar impostos antes de 2010.
Entre outras razões, porque Portugal assumiu determinados compromissos que tem de cumprir.

A primeira observação que se impõe registar é que, afinal, o cumprimento sempre conta, ao contrário do que, por vezes, alguns pretendem.

Outra dedução é que, em 2009, o PS vai mesmo baixar impostos, claro, e Vítor Constâncio dir-nos-á então, com toda a naturalidade, que não há qualquer contradição.
E isto pela boa razão de que a conjuntura em 28 de Novembro de 2007 não era a mesma de qualquer mês de 2009.
Nunca falha, jura-se hoje a pés juntos uma coisa e amanhã faz-se o contrário porque as circunstâncias mudam sempre que e como nós queremos.
Nem que se tenha de arranjar um crescimento negativo.

Já agora, uma pergunta inocente: se temos um Governo, por que razão não chamam Governador a José Sócrates?

Ou será que, na prática, quem manda e governa é Vítor Constâncio?


Já chega

O senhor Scolari, um emigrante brasileiro contratado pelo senhor Madaíl, completa hoje cinco anos na tarefa pela qual é pinguemente pago.

Há, porventura, quem o ache dedicado, ao ponto de exceder a sua função de base e desempenhar o papel de guarda-costas de Quaresma.

Eu não gosto do homem nem do técnico, é o meu direito.

Por isso, não lhe dou os parabéns por este lustro sem lustre.

E espero que não venham mais cinco...

Antes quebrar...

Depois do braço-de-ferro com os grevistas, Sarkosy enfrenta nova prova de fogo, com os disparos sobre a polícia, os incêndios, o vandalismo dos (eufemisticamente) chamados jovens que protestam contra a morte de dois rapazes num acidente que envolveu uma mota e um carro de polícia.

Independentemente do que o inquérito venha a apurar, parece claro que aquele incidente foi o pretexto para reacender o vulcão de uma violência cega e desproporcionada, própria de quem pretende provocar tumultos de uma grandeza que a situação original não justifica.

Sarkosy, enquanto Ministro do Interior, esteve no olho do furacão há dois anos e continua presente nos espíritos o epíteto de "escumalha" que lançou sobre os insurrectos.

Agora, como Presidente da República, tem de estar aberto ao diálogo, mas não pode deixar a autoridade de um Estado de Direito cair na rua, aos pés de desordeiros organizados que não hesitam em tudo queimar em nome de uma pretensa revolta de jovens.

Sarkosy já garantiu que serão levados diante da Justiça todos quantos cometerem crimes contra pessoas e bens.
Não será uma atitude muito popular, mas é a única possível, a que a maioria das pessoas de bom-senso deseja.

Sem isso, o caos poderá chegar misturado com as prendas de Natal...

Triste fado

A derrota de ontem sofrida pelo Sporting fez lembrar a que o Benfica também consentiu no mesmo campo e frente ao mesmo Manchester United.
Curiosamente, ambas as equipas portuguesas começaram bem os jogos, marcando primeiro e por intermédio dos seus laterais-direitos.

Mas, depois, ambos os encontros me fizeram pensar nas emissões televisivas sobre a vida dos animais.
Não pela analogia fácil com leões e águias, mas pela fatalidade a que as nossas equipas raramente escapam.
Toda a gente já viu aquelas imagens cruéis de gazelas lindas mas frágeis perseguidas por feias hienas ou belos leopardos.

As gazelas, durante algum tempo, enquanto têm fôlego, saltam, fazem acrobacias, executam passos de dança, pintam a savana de cores garridas.
Mas as hienas rondam enquanto o leopardo estende as longas patas e afia as presas.
E o inevitável acontece, o leopardo acaba por cravar os temíveis dentes na gazela que se debate, que consegue ainda, por momentos, libertar-se, deixando em nós uma pálida esperança.

Até que o leopardo acentua a pressão e abocanha a pobre gazela que se entrega, desiste de lutar, como a cabra do senhor Seguin que o lobo acabou por devorar.

Há neste paralelismo uma espécie de mimetismo, no fatalismo e na fatalidade, numa certa forma de resignação que se apodera dos nossos jogadores cedo de mais, ainda quando tudo é possível.
Como se uma força superior lhes dissesse que não são dignos de ombrear com o grande Manchester, que não adianta lutar porque o destino está antecipada e irremediavelmente traçado. Que é apenas uma questão de tempo e de forma, está escrito, não adianta.

E eles, que começaram bem, que chegaram a criar uma ilusão de proeza, baixam os braços, entregam-se, rendem-se, vá lá saber-se porquê.
E saem conformados, como se a derrota e o fim do jogo lhes trouxesse uma espécie de libertação, como o homicida que fica aliviado depois de confessar o crime.

É nestas alturas que sentimos que ainda estamos longe de poder brincar no recreio dos grandes...

Só podia ser isso

O semanário SOL mostra hoje o título seguinte "Detido sexagenário que assassinou 18 pessoas".
A seguir relata os factos. Aconteceu em França, o homem chama-se Nicolas Panard e, entre 1980 e 2002, terá matado 18 pessoas, quase todas homossexuais.

Pergunto eu: qual a razão para gritarem bem alto que o assassino é um sexagenário?
Será que o homem (de 68 anos) matou por ser sexagenário?
Quando iniciou a série de crimes, teria 41 anos, é bom que se diga.

Parece haver uma fixação neste qualificativo, uma espécie de incómodo que leva muita gente a aplicar o termo sexagenário como forma de arrumar a pessoa dessa idade na prateleira da irremediável velhice.

Se uma senhora de 60 anos é atropelada, não falha, lá vem no jornal que uma sexagenária foi vítima de um acidente rodoviário.
Porém, até hoje, nada li sobre ocorrências com quinquagenários ou trintenários, por exemplo.

No fundo (e embora eu esteja muito longe dessa idade), suspeito que haja alguma inveja relativamente aos sexagenários porque, de todos os escalões etários, é o único que inclui sex ...

Mais bem ditas

Eu sou um bocado chato, mas não tenho má fé, afirmação que repito como se precisasse de me justificar.
A verdade é que, nestas coisas da língua portuguesa, os frutos me caem no regaço, os gavozes me vêm à rede. E eu não resisto.

Esta manhã, uma excelente jornalista do Rádio Clube disse que "a derrota do Sporting lhe garante o acesso à Taça UEFA".

Talvez esta gente seja distraída e saque das palavras sem lhes tomar o pulso, sem lhes medir o sentido. Ou talvez sejam apenas ignorantes, não havendo quem os chame à pedra.
A senhora deveria ter dito que, apesar da derrota, o Sporting vai à UEFA.
Ou que a derrota não impede o acesso à UEFA.
Eu (quase) garanto é que há por ali muita deficiência para quem tem um microfone à frente.

Logo a seguir, no mesmo Rádio Clube, um analista financeiro disse que a taxa da Euribor teve uma subida a pique.
Admirável imagem, sublime metáfora, ou lá o que for!
Faz lembrar o crescimento negativo que os economistas tanto usam e que eu continuo sem perceber o que seja. Mea culpa, certamente.

E, como não há duas sem três, o senhor António Macedo falava, há minutos, na Antena 1 (serviço público) de Câmaras melhor governadas.

Deveria o senhor Macedo saber que há Câmaras com melhor organização e Câmaras mais bem governadas. Percebido?

Dito isto, vivemos em democracia e cada um pode dizer o que e como entende, mas há quem tenha a obrigação de não agredir a língua portuguesa.

Vá lá, façam um esforço.

Se ao menos o provedor do ouvinte, José Nuno Martins, visitasse este blogue...

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Por supuesto

Esta peripécia da interpelação do rei Juan Carlos ao plebeu Chavez tem sido glosada em todos os tons, mas com um acorde comum, a afirmação de que sua Alteza mandou calar o presidente da Venezuela.

Ora, em abono (da família real e) da verdade, o rei de Espanha limitou-se a fazer uma coisa que nós só podemos aprovar, ou seja, algo que não ofende.

Sim, porque, afinal, o rei não fustigou nem injuriou Chavez, apenas lhe fez uma simples pergunta.
Com efeito, Juan Carlos não mandou calar Hugo Chavez, simplesmente lhe perguntou por que motivo não se calava. Nuance, matiz, cambiante.
Ora, como toda a pergunta tem resposta, incorrecto foi Chavez que não respondeu.

Espero que a família real e o Zapatero que a engraxa exijam um pedido de desculpas a Chavez.

É o mínimo que o democrata venezuelano deve ao rei, ao Zapatero e ao povo espanhol...

Com elas ou sem elas?

A famosa "Ginjinha" do Rossio fora encerrada pela tenebrosa ASAE, no passado dia 15, por falta de condições sanitárias adequadas.

Ora, é com indisfarçável gáudio que vos revelo que a nossa "Ginjinha" reabriu hoje para que possamos reabrir as nossas sedentas bocas e saborear o que a bela Amália nos aconselhava como forma de dar de beber à dor.

É caso para dizer, calha que nem ginjas.

Ou, como dizem os cauteleiros do Rossio, só ASAE a quem joga...

À moda do porto

Hoje fui almoçar com dois amigos, um recente e outro ainda mais recente, malhas que os blogues tecem, afinidades esboçadas, perspectivas que se inscrevem na linha da partilha que constitui (para alguns de nós) uma espécie de ideal de vida, se não é pomposo pôr as coisas nestes termos.

Um deles teve de abalar mais cedo, com a exposição Hermitage na linha de mira.
Antes disso, o outro esgueirou-se e, em jogada de antecipação, pagou a conta. Acontece.
Bem protestámos, mas ele recusou o que nós pretendíamos, ou seja, contas à moda do Porto.

Serve o intróito para recordar que este procedimento tão conhecido nada tem a ver com a cidade do Porto nem com a franqueza da sua gente.
Em verdade, esta fórmula (que consiste em dividir a despesa por todos os intervenientes) tem a sua origem no mar, ou seja, foi adoptada por marinheiros que iam a terra beber uns copos em cada porto onde os barcos atracavam.

Para evitar aquela confusão do "hoje pago eu tudo, amanhã pagas tu", acharam ser mais simples que,
em cada farra em terra, em cada porto, cada um pagasse a sua parte.
E assim foi instituído o modelo das contas à moda do porto.

É uma boa opção, diria mesmo que é de gritos, enquanto a outra (à moda do Porto) é de apitos...

Ao ritmo da Bessa nova

O Boavista é uma equipa original no xadrez do futebol português.

Além do antigo grande Belenenses, é o único clube a ter subtraído um campeonato aos três maiorais, Porto, Sporting e Benfica.

Teve a curiosidade de passar a presidência de pai para filho, tudo em família.

Tal pai tal filho que são peças importantes do processo Apito Dourado.

E agora justificou o acerto da chicotada psicológica que (outra originalidade) não recaiu sobre o treinador, mas sobre o presidente, o filho do pai.

Resultado: o Boavista conquistou a sua primeira vitória na Liga.

Outras originalidades surgirão, certamente, a seu tempo, quando o novo presidente abrir a caixa de Pandora do passivo.

A menos que ele não saiba já tudo...

Zim, zenhor

A presidência portuguesa (haja o que houver) vai ficar muito mal nesta fotografia (a preto e branco) da Cimeira UE- África.

Ao querer agradar a gregos e a troianos, metemos os pés pelas mãos e acabámos por transformar um ditador numa vítima de segregação, o que é um Mugabe chato.

Claro, o astuto Robert, quando lhe perguntaram se sempre vinha, respondeu logo que Zim, bamos lá atão, bué da fixe.

Vai ser divertido...

De braços abertos

Hoje fiquei a saber mais duas coisas aparentemente contraditórias.
Por um lado, Portugal ocupa o 3º lugar no ranking (já houve tempo em que se dizia classificação, lista, tabela, etc) dos países onde o crime mais subiu no último ano.

Ao mesmo tempo, consta que somos dos melhores a integrar os imigrantes.

Ora, em parte (e só em parte) os crimes são cometidos por estrangeiros.

Mas é indiscutível que os Portugueses sempre foram amigos de se misturar com outros povos, de onde a abundância de mestiços por onde nós passámos e deixámos a semente da nossa cultura.

A prova desta hospitaleira propensão encontra-se até na região de Sesimbra onde há casos de homens que abandonam mulher e filhos para acolher e integrar imigrantes.

Em regra, moças brasileiras...

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Pela nossa saúde

A saúde, a morte, os acidentes de vária ordem, as catástrofes naturais, tudo isto é uma mina para os fabricantes desta novela aterradora em que estão transformados os telejornais.

Todos os dias nos informam, de forma pormenorizada, sobre as doenças que constituem as principais causas de morte no nosso moribundo país, espécie de desfile macabro na "passerelle" da desgraça.

Há pouco, na RTP, o esfíngico José Rodrigues dos Santos lá repetiu (pela centésima vez) que os acidentes vasculares cerebrais são a principal causa de morte em Portugal.
Só falta alguém abrir o envelope e gritar que o vencedor é o AVC.

Com o pretexto de informar, os telejornais assustam, aterrorizam as pessoas que já não sabem como viver, só sabem como morrer.
E falam de cancro, de AVC e outros problemas graves como se fosse uma novidade as pessoas morrerem assim.
Então, pergunto eu, de que havemos de morrer? De constipação? De dores de dentes? De treçolhos? De risco ao lado?
Acabem com esta paranoia, deixem-nos viver em paz e morrer como tiver de ser porque, fatalmente, terá de ser.

E, neste campo, uma (quase) anedota. Uma senhora foi agredida por um sem-abrigo na sala de acompanhantes do Hospital da Universidade de Coimbra, tendo falecido de seguida.
O filho, entrevistado pela sacrossanta RTP, contou que, perante o sucedido, queixou-se usando o livro de reclamações.

Provavelmente, quando for a um restaurante e achar o bife duro, manda vir a Polícia Judiciária...


Calcanhar daqueles

O futebol apresenta inúmeros ângulos de observação e curiosidades que podem ser interessantes para quem gosta de olhar o jogo de certa maneira.

O Benfica ganhou em Coimbra e o golo decisivo foi marcada por Luisão, de calcanhar.
Só isso já é digno de registo, uma vez que Luisão é um jogador francamente tosco, um verdadeiro tamanco, grandalhão, possante, assustador, mas tecnicamente muito limitado.

Ora, o toque de calcanhar é um gesto que, em geral, pressupõe ou traduz habilidade, execução fina.
Por essa razão ficou para a história o golo de Madjer, há 20 anos, em Viena, quando o Porto foi campeão europeu.

Eis-nos, pois, perante dois toques de calcanhar, a mesma causa e o mesmo efeito, golo.
Porém, não estão no mesmo patamar de excelência. A diferença reside na forma.

Por estranho que possa parecer a quem menos liga a futebol, o que
Luisão fez foi rude, em força, denunciado. Aliás, a bola só entrou porque o guarda-redes foi pouco lesto.
Foi um golpe
comparável ao efectuado pelos jogadores de râguebi quando, com o calcanhar, cavam a relva para lá colocarem a oval.
Já o gesto de Madjer foi elegante, subtil, totalmente inesperado, digno de artista.

É certo que ambos deram golo, mas a qualidade é diferente.
Daqui por 20 anos ninguém se lembrará de Luisão e, menos ainda, do facto de ele ter marcado um golo daquela maneira.

Em contrapartida, Madjer continua a ser recordado, pelo seu talento invulgar e porque, em verdade, ninguém esquece um calcanhar daqueles...

domingo, 25 de novembro de 2007

25 não há só um

Não sei se repararam, mas hoje é dia 25 de Novembro.

Como dizem ainda alguns cauteleiros, há horas de sorte.

E, para Portugal, o 25 de Novembro que sabemos foi um dia de sorte...

Cavalgaduras

A propósito da atitude da GNR.

Presenciada por alguém que me contou, a cena tem por palco as imediações de um campo de futebol, no Barreiro.

Estamos em 1961 e muitas pessoas estão na bicha (sim, na bicha, é português) para comprar bilhetes para o jogo.
Dois guardas republicanos, a cavalo, impõem a ordem.

A certa altura, um dos animais de quatro patas desata a mijar, abundantemente, salpicando de forma nojenta as pessoas.

O guarda sorri, alarvemente, e não arreda o cavalo nem um milímetro.
Ninguém ousa refilar.
Por uma simples razão: quem o fizesse, seria preso imediatamente, sem a menor hesitação.

Moral da história: os cavalos costumam ter moscas.

E parece que, em 46 anos (quase tantos como a longa noite fascista), só as moscas mudaram...

Ó da guarda

O Inspector-Geral da Administração Interna, Clemente Lima, diz que a GNR olha o cidadão como um inimigo.
E tem toda a razão.

De facto, toda a gente sente e percebe que tanto a PSP como a GNR têm uma atitude hostil, assumem o papel da autoridade repressiva, o papão, e não o protector, o garante da tranquilidade dos cidadãos.

As brigadas da GNR na estrada não fazem prevenção, mas apenas caça à multa, à imagem de um Governo que saca da arma dos impostos e nos assalta em cada esquina do IRS e do IVA ou em cada bomba de gasolina.

A Polícia e a GNR conservam a mentalidade salazarenta da ameaça latente, do peso de quem tem pistola e usa farda, das costas quentes de quem tem o Poder a cobri-lo.
A noção de serviço público, a presença tranquilizadora, a bonomia, a inspiração da segurança, nada disso transparece na atitude dos polícias.

A Polícia não está com mas contra os cidadãos. É o que se sente.

Da mesma forma que os juízes têm estranhas concepções da Justiça, neste país em que o fosso entre ricos e pobres, poderosos e débeis, é cada vez maior.

A política é o ganha-pão e a chave da fortuna para muita gente a quem o 25 de Abril proporcionou poleiros dourados, e a maioria dos políticos, a nível regional ou central, não está nada interessada nos cidadãos que lhes pagam vencimentos e mordomias.

Como querem que os polícias sejam melhores?

sábado, 24 de novembro de 2007

No xadrez

O antigo campeão mundial de xadrez, Garry Kasparov, é agora líder de um movimento político (Outra Rússia) que contesta os métodos utilizados por Vladimir Putin.

Em causa estão eleições próximas que Putin tenciona vencer sem oposição, tudo fazendo para não haver outros candidatos.
Kasparov organizou uma manifestação e foi preso. Claro.
É a democracia modelo-Putin, prática de consumo doméstico que não permite ingerências e que nunca é trazida à colação em cimeiras nem baixeiras.

Kasparov parece não ter ainda percebido que no tabuleiro da Rússia as regras do xadrez são escolhidas e ditadas pelo tio Vladimir e que, provavelmente, o vão fechar numa torre de onde se não foge a cavalo nem com cunha de bispo por mais ortodoxo que seja.

O ex-campeão não é hoje mais do que um peão sem força para dar xeque ao Rei.

A menos que mate...

Clemente a valer

O "Expresso", na sua edição na Internet, faz eco de uma entrevista com o Inspector-Geral da Administração Interna, Clemente Lima, que afirma que a autoridade não se defende a tiro.

Por ironia, a notícia que se encontra logo por baixo deste título diz apenas "Taxista assassinado no Parque das Nações".

Mais palavras, para quê?

Rotina

Esta noite, mais um taxista foi assassinado, desta vez no Parque das Nações.

Nos últimos anos, o número de vítimas mortais em assaltos tem sido impressionante e revela, entre outras coisas, um verdadeiro desprezo pela vida das vítimas e total indiferença perante o risco de consequências penais.

Por outras palavras, os criminosos apostam na ineficácia da polícia e na passividade da Justiça que reputam de lenta e tolerante.
Os exemplos que vêm a público só podem encorajar quem, por si, já está disposto a arriscar, um pouco como o automobilista que pisa o risco, confiando na ausência de radar ou no extravio da notificação, de onde uma convicção crescente de impunidade.

A sociedade muda, a criminalidade tornou-se frequente e impiedosa, enquanto a polícia confessa nas televisões a falta de meios e desmotivação.
Com
advogados habilidosos e juízes brandos, o terror reina.

Os sociólogos e outros teorizadores explicam tudo muito bem, mas as famílias de gasolineiros, taxistas e empregados bancários vivem com o coração nas mãos e o luto na alma.

Enquanto isso, o pacto da Justiça e a reforma do Código de Processo Penal enchem os telejornais onde as mortes violentas de gente indefesa não passam de faits divers para entreter o pagode...

Patetice

José Ramos Horta, presidente da República de Timor, vai hoje propor Durão Barroso para Prémio Nobel da Paz.

Porquê?
Será para pagar alguma dívida pessoal?
Que fez Durão pela paz, além de ter ficado na fotografia da cimeira dos Açores?
Quem encomendou o sermão a Ramos Horta?
Por que não Scolari? Ou Alberto João?

Claro, Durão Barroso vai agradecer penhoradamente e dizer que não merece tal distinção.
E não merece.

Ramos Horta, porque no te callas???

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Sabedoria chinesa

O presidente Nicolas Sarkosy revelou coragem e determinação ao longo dos muitos dias de greve nos transportes públicos e noutros sectores.
Estavam em causa privilégios de certas categorias profissionais que Sarkosy prometeu rever no sentido de uma maior coerência e justiça social.
Os sindicatos acabaram por aceitar negociar e a greve chegou ao fim.

Agora, Sarkosy vai dar a conhecer as medidas que decidiu tomar relativamente ao poder de compra dos franceses.
E vai fazê-lo depois de regressar de uma viagem de três dias à China.

O pior (para os trabalhadores franceses) é se Sarkosy muda de opinião depois de observar de perto a realidade do "milagre" chinês explicado por condições desumanas de trabalho e salários de miséria.

Se calhar, vai chegar à conclusão de que os franceses deveriam dar-se por felizes com o nível de vida que têm e desistirem de reivindicar sempre mais...

Bora lá

Ontem, um dos nossos verbosos políticos queria dizer que o Governo pretende fazer dos juízes meros funcionários públicos.
Vai daí, não esteve com meias medidas e sacou do engraçado verbo funcionalizar, na mesma lógica (errada) do contratualizar.

Se tivesse dito funcionarizar continuava a ser erro e feio, mas faria mais sentido, por ter a ver com funcionário e não com funcional, Confúcio me valha.

É como a teimosia em dizerem culpabilizar em vez do simples e correcto culpar.

Eu acho que os nossos doutos políticos deveriam pensar na hipótese de acabar com as gramáticas e os dicionários que só servem para atrapalhar.
Cada um diria o que e como entendesse, cabendo aos outros o esforço de compreender.
Que diabo, ou há liberdade ou não há.
No tempo do fascismo é que havia a mania de obrigar as pessoas a juntar as letras e a saber as quatro operações.

Mas iço à munto tempo quacabou, grassas adeus e há revulssão dabril.

Eu cá axo melhor açim e se der algum êrro passiênssia, irrar é o mano, acontesse...

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

O velho, o minino e o burro

Acabo de ler no "Público" uma frase saborosa do senhor Scolari. E não resisto a meter veneno.

Em tom de desafio, o insigne Felipão lança "Conseguimos o apuramento e o burro sou eu?"

Gostaria de tranquilizar o distinto técnico. De burro ele nada tem, pelo contrário.

Quanto mais não seja porque burro dá coice e Scolari dá murro. Não acerta, mas dá.

A única ligação (remota, claro) ao burro, só se for porque Scolari tentou esmurrar o sérvio para (diz ele) defender o minino cigano.

Este binómio burro-cigano tem raízes profundas nos mercados, e o futebol é cada vez mais negócio de feira, com compra, venda e troca de jogadores.

Por isso, e reforçando a minha ideia, o senhor Felipão de burro nada tem, porque ou se é uma coisa ou outra.

E mais cigano que Scolari nem o minino Quaresma...

Relíquia

O homem vive de noite, tem negócios discretos, guarda-costas e afilhadas.

Mas gosta de ler e tem uma verdadeira adoração por Eça de Queiroz.

A tal ponto que exige que o tratem por Basílio e abriu um bar de alterne (propositadamente na rua das Flores) a que chama, com deliciosa ironia queirosiana, " A Ilustre Casa de Rameiras"...

A trouxa e os trouxas

Os portugueses gostam de folclore e vão atrás de festas encomendadas.

A euforia pelo apuramento para o Euro 2008 mostra a pequenez deste país em que as pessoas se contentam com pouco, não refilam nem exigem.
Quem conhece um bocadinho de futebol sabe que o nosso grupo era fraquinho e, pelo valor virtual dos jogadores, Portugal tinha a obrigação de ter alcançado cedo e facilmente a qualificação, sem estar à espera do último jogo e a jogar para o empate.

Foi conseguido o "obijetivo", dirá o pugilista Felipão. Pois foi, mas tristemente, sem brilho nem glória.
Bem comparado foi como o apuramento do Sporting frente ao Fátima.
Foi conseguido, mas na aflição, no sofrimento e na mediocridade exibicional.

A diferença é que os sportinguistas não festejaram aos pulos, em histeria pueril.
Agora, o Felipão está zangado por causa das críticas, esbraceja, vocifera, só falta bater.
O homem ainda não percebeu que o seu tempo está esgotado, que é hora de emalar a trouxa.

Mas não fará tal coisa porque, para ele, a árvore das patacas é cá...

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Recorrente

O advogado de Paulo Pedroso é o seu irmão João que já anunciou que vai recorrer da sentença que absolve o jovem da Casa Pia que denunciou abusos cometidos pelo ex-deputado socialista.

Ora aqui está um caso em que se pode (e deve) usar com propriedade a palavra recorrente.
De facto, Paulo Pedroso é recorrente, no sentido (correcto) de alguém que recorre.
Não sei é se será recorrente na (errada) acepção de costumado, repetitivo, habitual, frequente, etc.

O que me parece é que Pedroso poderia processar os juízes por conivência com difamação.
Para ser coerente, deveria fazê-lo.

Se ele, em consciência e de boa fé, acusou o rapaz da Casa Pia de o ter difamado, pode entender que os juízes, ao concordarem com o jovem, estão a caucionar e a legitimar o que ele (Paulo) sente como sendo difamação.

Tem lógica, não tem?

Ou estarei a ser advogado do diabo?



Porta dor, isso sim...

Na linguagem humilde e singela de gente pacata, diz-se que algumas pessoas têm, sofrem de ou apresentam deficiências.
Serão, pois e simplesmente, pessoas com deficiência.

Mas não. Tudo o que é personalidade mediática adoptou a fórmula requintada que é "portador de deficiência".
Como a expressão me parece rebuscada e inútil, senti logo uma incontida aversão igual à do
piroso desde logo.

E fui ver o que o meu velho dicionário tem para me dizer. Assim, confirmei que portador é aquele que, em nome de outrem, leva ou conduz uma coisa, um recado.
Ou ainda aquele que recebe um título "ao portador".

Ora, infelizmente para eles, os deficientes não agem por conta de outrem.
Pelo contrário, são eles próprios que sofrem e vivem com o mal, um mal que trazem em si e que não transportam, como a tola expressão parece sugerir.

À força de buscarem termos eruditos, estes senhores tornam-se ridículos e ofendem aqueles de quem falam.
Será assim tão esquisito ou boçal dizer que há pessoas com deficiência?

O que me parece é que certos figurões são portadores de grave ignorância agravada por irremediável petulância...

Um TIC magistral

Como estamos todos recordados, o Ministério Público, em tempos, achou que não havia elementos suficientes para acusar Paulo Pedroso. E arquivou o processo.

Logo o ex-deputado intentou um processo por difamação contra Ricardo, o rapaz da Casa Pia que ousou denunciar o senhor doutor todo Pedroso.

Ora, ontem, o Tribunal de Instrução Criminal absolveu Ricardo, considerando haver boas razões para se acreditar na denúncia feita pelo
o ex-aluno da Casa Pia.
Com efeito, o TIC regista a aparente autenticidade das emoções que acompanharam os relatos do rapaz e que lhe conferem a dimensão de experiências vivenciadas.

Aposto que este desfecho (que certamente não constitui surpresa para Catalina Pestana) é um sinal de esperança no correcto funcionamento da Justiça.

Posto isto, quem quiser continuar a acreditar na inocência de Paulo Pedroso, faça favor...

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Deprimente

O Tribunal da Relação de Coimbra determinou que a pequena Esmeralda vai ser definitivamente entregue ao pai biológico.
Transitoriamente, explica o juiz Jacinto Meca, ficará com os pais adoptivos, mas no fim do ano será despachada para o homem que, por acaso, dormiu com a mãe da menina.
É a nossa Justiça.
E, se desse vontade de fazer ironia amarga, diria que pouco há a esperar destes juízes.

Não adianta virarmo-nos para Meca...

Especialistas

Segundo o escorreito "Correio da Manhã", os jovens da Casa Pia envolvidos neste mais recente processo estão a ser apoiados por (e cito) por "especialistas em abusos sexuais".

Olhem que já é azar.
Vítimas (alegadamente, friso) de pedófilos, caem agora nas mão de gente ainda pior.
Isto, se nos cingirmos ao que nos diz o jornal que fala ainda de frequentes "mal-estares".

Por estas e muitas outras, é sempre bom passar os olhos pelos nossos jornais...

Amigos do seu amigo...

A Associação de Amizade Portugal-Cuba, uns quantos simpatizantes do regime de Caracas e os comunistas do costume vão desejar as boas-vindas ao democrata Hugo Chavez.
É uma iniciativa louvável e que peca apenas por tardia.

De facto, a vida destes estadistas é assim feita, viagens, cimeiras, comícios, comités, comitás, bem obrigado, muchas gracias, etc.

E foi o que sucedeu.
Não houve tempo para avisar todos quantos teriam gostado de estreitar nos seus braços ou dar una miradita ao excelente Chavez, irmão do peito descaído do eterno Fidel.

Os mais desconsolados dos amigos de Cuba, os que dariam tudo para estar em Figo Maduro, são certamente os inúmeros cubanos detidos por delito de opinião...

Profissionalismo

A surda desgarrada entre Esequiel, o desmancha-prazeres, e Augusto, o homem dos grandes planos, teve já o condão de furar o muro do silêncio e dar a conhecer aos leitores do «Raio de Luz» aquilo que o jornal, no seu número de Outubro, deliberada e descaradamente omitira: a aprovação, pela Assembleia Municipal, de uma moção de censura à Câmara Municipal. Para que conste: o senhor Xavier não brinca em serviço, nem que, para isso, tenha de mostrar que é mais papista que o Papa. Nada que nos deva espantar, tão certo é o emérito plumitivo ter recentemente destinado às penas do inferno meia dúzia de hereges, que presumivelmente não tecem loas ao seu genial projecto. O problema é que, neste caso, o Papa é outro e não veste de branco.

O lado lúdico do blogue

A qualidade e a quantidade dos comentários de leitores como João 100 Terra ou o Atento, por exemplo, suscitam interesse especial e certa curiosidade no que diz respeito às suas identidades.
Confesso que não faço a menor ideia de quem sejam nem procuro saber, porque esta é a regra do jogo, o anonimato só acrescenta condimento saboroso a estes jogos florais.

É curioso, porque me faz pensar nos bailes do velho Carnaval de Sesimbra em que a máscara era rainha.
Nunca me preocupei em tentar descobrir quem se escondia ou disfarçava a sua identidade. Fazê-lo era desvirtuar não tanto a regra mas o espírito da atmosfera carnavalesca.
Pela mesma razão, nada farei para espreitar e tentar perceber quem está Atento ou não tem Terra.

Não menos curiosa é a viragem operada num Carnaval que passou de dentro para fora, que saiu à rua e se despiu. De tudo, de roupa, de mistério, de sortilégio.

O Carnaval antigo era o domínio do oculto, do fingimento, nas salas de baile, com trajes cúmplices do disfarce, cabeleiras, luvas, máscaras, caraças, camuflagem, intriga, jogo escondido, segredos, manipulação, sensualidade até ao limite da transgressão.

Era um mundo de intimidade, de proximidade, de insinuação, entre gente que se conhecia, que se pressentia, que se adivinhava até ao limiar da dúvida. Era um universo fechado.

Hoje, o Carnaval de Sesimbra é igual ao de tantas outras terras pelo país fora, despido, desnudado, marcado por ritmos e trejeitos estranhos, mostra tudo, nada sugere, é outra coisa.

E há quem goste...

Alguém percebe?

Ontem, mais uma vez, a televisão dava conta dos milhares de chamadas feitas por imbecis irresponsáveis para o 112.
Parece que, todos os dias, 25 ambulâncias saem para nada, com os prejuízos que isso representa.

Contudo, nunca ouvimos, até hoje, uma proposta, uma sugestão, uma ideia para contrariar esta onda de atentados à acção providencial do INEM.
Eu não sei se há ou não hipótese de localizar e/ou identificar as chamadas, mas, mesmo que não haja, deveriam as entidades envolvidas tornar público, fingir que sim, que é possível saber quem telefona.
Pelo menos, a dúvida ficaria, o receio também e pior nunca seria.

Assim, o que cada reportagem faz é revelar, confirmar a impotência do INEM que, por dever, continua a ir atrás de todas as chamadas enganadoras, o que deve dar gozo e encorajar os criminosos que dessa forma se divertem.
Mau não seria igualmente se a moldura penal para estes crimes (porque o são) fosse agravada e divulgada.
Talvez se tornasse num factor de dissuasão.

Na mesma linha de pensamento, nunca percebi a razão pela qual as televisões noticiam e mostram imagens dos efeitos de chamadas anónimas a avisar da existência de bombas.
Todos esses avisos são
(felizmente) infundados, mas provocam enorme reboliço, voos ou comboios atrasados, algum pânico e, claro, matéria de sensação para as gulosas televisões, o que deve encher de satisfação os autores da brincadeira e incitar outros a imitarem a proeza.

Então não seria mais sensato, mais útil, ocultar tais factos?

Ou será que, pelo contrário, tudo é bom para animar os telejornais?

Pelos vistos, os nossos governantes não se incomodam...

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Paredes de vidro

Inesperadamente, o mais recente número do venerador «Raio de Luz» proporciona-nos aliciante espectáculo: enquanto Augusto, na sua habitual coluna de opinião, aborda sobranceiramente a moção de censura com que a Assembleia Municipal o pôs em cheque, ao mesmo tempo que procura minimizar as dissonâncias, recentemente verificadas, na votação de algumas importantes deliberações camarárias, para concluir ironicamente pela ausência de oposição, Esequiel, na sua não menos habitual coluna de opinião, manifesta evidente apreensão perante a dita moção de censura, lembra que Augusto não tem maioria absoluta, adverte para a efemeridade do poder, recorda que não é com vinagre que se apanham moscas, que a situação política mudou, que cautela e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém, e por aí fora, numa ladainha sombria que não pôde deixar de me divertir. O abrangente excesso de zelo do senhor Xavier já deu nisto: pela amostra, agora descuidadamente revelada, ficamos todos a saber que há mosquitos por cordas entre os netos de Estaline. Não era nada que já não se soubesse, mas agora, simplesmente, transparece. Não deixa de ser sumamente patético ouvir Augusto dizer que não se passa nada, que tudo corre no melhor dos mundos; e, ao mesmo tempo, na página que fica ao lado, aparecer o desmancha-prazeres Esequiel a lançar um aviso aflito à navegação e a tirar o tapete ao homens dos grandes planos. Deve ser da idade, mas a Tia está a perder qualidades.

Em tempo real

O nosso admirável primeiro-ministro disse, há dias, que foram criados 106 mil postos de trabalho desde que assumiu o poder.

Contudo, o engenheiro esqueceu-se de referir que, ao mesmo tempo (seria tempo real?), foram destruídos 167 mil empregos de maior qualificação, quadros superiores, intelectuais e científicos, técnicos de nível intermédio.
Entretanto, há a tal promessa dos 150 mil postos de trabalho que, na altura propícia da campanha eleitoral, o engenheiro garantiu.

A este propósito, ocorre-me uma saída "brilhante" de outro socialista emérito, François Mitterrand, que, quando lhe deu jeito, prometeu criar 1 milhão de empregos...só para jovens.
Foi eleito, claro, como Sócrates. Mas não cumpriu, como Sócrates não vai cumprir.

Um jornalista teve a coragem de lhe lembrar o compromisso.
E perguntou-lhe o que contava fazer com aquela promessa.
Resposta de Mitterrand: "Vou continuar a fazê-la".
É o que faz Sócrates, continua a prometer.

Talvez o engenheiro se desdobre em acções de promoção e propaganda.
Talvez seja omnisciente e omnipresente, fazendo tudo em tempo real.

Parece é estar longe da realidade em que vivem os Portugueses para quem o défice controlado não é a prenda que mais gostariam de encontrar no sapatinho...

Presidentes

A história é simples e dava para um filme interessante, do estilo de um recentemente estreado.
Há uns anos, a empresa Metro do Porto comprou ao Salgueiros o seu velho campo de Paranhos por um valor 10 vezes superior ao preço de mercado.

O Presidente da Metro era Valentim Loureiro.

O Presidente da Câmara (ligada ao negócio) era Nuno Cardoso que é actualmente sócio de Carlos Abreu.

Carlos Abreu era, ao tempo da transacção, Presidente da Comissão Administrativa do Salgueiros.

Alguém pode pôr em dúvida a lisura de processos e a seriedade de tantos Presidentes?

Por mim, prefiro o "Camembert " Président...

Dilema

Trabalhadores da Valorsul deslocam-se hoje ao Ministério da Administração Interna para exigir a retirada das forças policiais do cenário de greve.

Entretanto, e neste preciso momento, dois dos três meliantes que assaltaram uma agência bancária em Moscavide estão ainda no interior do estabelecimento que, naturalmente, está cercado pela Polícia que deteve o terceiro homem.

Como é evidente, ninguém ali em Moscavide deseja ver a Polícia retirar-se do cenário do conflito.

Imagine-se a dor de cabeça do senhor ministro da Administração Interna perante dois requisitos tão opostos.

Deve estar a filosofar com o seu Secretário de Estado sobre quem pode ser prior de uma paróquia destas...

domingo, 18 de novembro de 2007

Nação valente

Caro doutor Madaíl,

Custa-me dizer-lhe isto, mas a triste figura que os nossos rapazes têm vindo a fazer é culpa sua.
Primeiro, por ter escolhido quem nós sabemos para seleccionador.
Depois, por não ter movido as suas reconhecidas influências na UEFA para nos arranjar um grupo mais difícil.
Francamente, doutor, ... Arménia, Cazaquistão, Azerbaijão... o que é isto?
O senhor obriga os nossos craques a jogar contra maltrapilhos, desconhecidos, bárbaros das estepes?
O senhor esquece que temos o melhor jogador do Mundo (ou convencido de ser), vedetas rutilantes, a fina flor do futebol?
Já imaginou que motivação eles poderão ter ao defrontar jogadores cujo nome só é conhecido da família e dos vizinhos?
Não, dr. Madaíl, a culpa é sua.
Muito fazem os nossos príncipes milionários ao aceitarem descer ao nível dos primatas da bola, dos que (como muito bem observou mestre Scolari) correm muito.

Aqui ficam o meu reconhecimento, a minha gratidão e o meu orgulho nesses bravos rapazes que (apesar da ofensa que lhes fizeram de os colocarem ao nível daquela gentalha de Leste) souberam honrar a camisola das quinas e alcançar mais uma vitória heróica e inesquecível.

Não faltarei no Dragão, de cara pintada e enrolado na bandeira para, com a mão sobre o coração, cantar o Hino em honra destes egrégios valentes que nos hão-de levar à terra prometida do Euro 2008...

sábado, 17 de novembro de 2007

O jogo da História

Numa Europa que envelhece em cada ano que passa, a miscigenação e o multiculturalismo são fenómenos naturais e irreversíveis, desejáveis até.
Contudo, os novos europeus não se estruturam apenas administrativamente e, durante décadas, temos tido e continuaremos a ter zonas de ambivalência e equilíbrios dolorosos.

O futebol mostra-nos, de forma eloquente, as marcas desta difícil assimilação.

Há alguns anos, no estádio de Alvalade, teve lugar um jogo amigável entre Portugal e Angola que acabou por ser o mais violento que alguma vez presenciei.
Foi, inegavelmente, não um encontro de confraternização mas uma explosão de ódio, com entradas verdadeiramente assassinas que fariam de Binya um menino de coro.

O mais chocante foi o facto de a grande maioria dos jogadores angolanos viver e actuar em Portugal, defrontando naquela noite companheiros de equipa, em certos casos.

A França apresenta na sua selecção um muito elevado número de jogadores de raça negra, e, por exemplo, Zidane é de origem argelina.
Contudo, a confrontação racial e histórica persiste.

Ainda agora, num jogo amistoso entre a França e Marrocos, disputado em Paris, a maioria da assistência manifestou a sua hostilidade aos franceses, tendo havido uma monumental assobiadela ao hino nacional, a Marselhesa.
O mesmo sucedera, há tempo, num jogo com a Argélia.

Em futebol, deveria jogar-se com e não contra. Mas o peso da História resiste à magia do jogo...

Feios, velhacos e burros

Este episódio dos árbitros e dirigentes apanhados com a boca no apito ilustra exemplarmente a velhaca queda dos portugueses para a delação e outros golpes miseráveis.

De repente, toda a gente aponta a dedo aqueles insignificantes protagonistas, e goza com o baixo preço da transacção.
O país mesquinho rebola-se porque, finalmente, deitaram a luva aos "gajos".
Alguém armou a cilada, tipo Pide, e os desgraçados caíram nela.

É gente menor que faz um jeito a troco de quase nada, como aquelas infelizes que, à beira da estrada, estão dispostas a fazer tudo por meia dúzia de euros.
E enquanto os predadores de escândalos, nos cafés malcheirosos, comentam alarvemente, os corruptos de alta cilindrada bebem champanhe e fumam charuto em hotéis de cinco estrelas.

Os senhores dos apitos que contam para as ligas de muitos milhões usam cartões de crédito para as compras, têm contas na Suíça e não caem em armadilhas manhosas algures nas berças.

Mas o país é tacanho e contenta-se com as migalhas.

Até nisto, somos um Portugal de pequeninos...

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

As maçãs de um pecado pouco original

Ao que parece, dirigentes e árbitros foram apanhados em flagrante delito de corrupção, coisa pouca, menos de oitocentos euros, como no tempo da vida barata.
Talvez haja algum presunto à mistura, imagino, mas o que fica deste caso é o ridículo de se pretender transformar a armadilha montada numa forma de mostrar que a Justiça funciona.

Faz lembrar os traficantes de droga que permitem que a polícia intercepte um saco, enquanto, ali ao lado, eles carregam um camião, tranquilamente.

É a mistificação organizada, e dá vontade de rir quando o responsável pelos árbitros de Viseu vem garantir que estes dois são os únicos que envergonham a classe.

O mais divertido é que o senhor, perito em metáforas, para melhor ilustrar a sua tese, explica que estas são as duas únicas maçãs podres.
Mais afirma que vão ser retiradas para não estragarem o resto da fruta (sic).

Como disse? Fruta? Ah, como é traiçoeira a língua portuguesa...

Almerindo faz-se à Estrada

Se há em Portugal uma classe profissional que o Mundo deveria invejar-nos é a de gestor público.

É difícil imaginar homens (mulheres são raras, como as aves) mais eclécticos, mais universalistas, mais competentes do que os gestores públicos, gente que salta de posto para posto, indiferentes às especificidades das empresas, capazes de tão depressa (e bem) dirigir uma corticeira como uma central nuclear.

Vem esta reflexão a propósito da transferência do dr. Almerindo Marques da velha RTP para a revigorada Estradas de Portugal.
É verdade que a televisão tem muito a ver com estradas e auto-estradas da informação, do conhecimento e do entretenimento.
Por isso, quase parece natural e lógica esta mudança que Mário Lino propôs e Almerindo aceitou.

Sempre foi assim a este nível de cargos, com gente próxima do poder (qualquer que este seja) a saltar dos petróleos para a banca ou das Comunicações para a energia.
Muitos saltam (às vezes, à vara) do Governo para administrações surpreendentes, como Fernando Capachinho Gomes rumo à Galp.

Há alguns anos, um presidente da TAP saiu e foi aterrar na RTP.
Outro deixou os aviões e atracou nos portos de Setúbal e Sesimbra onde está actualmente ancorado o eng. Carlos Lopes.

Eu acho que Sócrates deveria começar a pensar numa remodelação ministerial e a olhar para o interminável leque de super-gestores polivalentes e destemidos que não receiam novos desafios.

Só falta saber se Almerindo Marques (que vai despedir José Rodrigues dos Santos) leva o futuro desempregado para director de comunicação das Estradas de Portugal, um lugar bastante espinhoso pois vão ter que nos explicar muito bem conceitos suspeitos como solidariedade geracional e contribuição rodoviária....

Pobres arguidos

O Juiz de Instrução Criminal do Tribunal de Gondomar suavizou a acusação do professor de Música que cometeu 20 ilícitos relacionados com abusos sexuais sobre alunas menores de idade.

O senhor Juiz mandou o caso para julgamento, mas propôs que a moldura penal não fosse agravada em um terço, pelo facto de se tratar de uma relação professor-alunas.

Não restam dúvidas, continuamos a viver num país de brandos juízes, com a particularidade de a condescendência favorecer sempre os arguidos.

Ontem, foi o moldavo que abusou da filha mas, coitado, não teve intenção porque estava com um grão na asa.

Agora, é a relação de proximidade que, em vez de agravar, atenua a gravidade dos crimes.

Será que estes juízes vivem no mesmo mundo em que nós vivemos?

E vá lá, vá lá

O jogador do Benfica Augustine Binya foi castigado pela UEFA com seis jogos de suspensão por entrada violenta sobre um jogador escocês.

O Benfica considera a pena dura e desproporcionada em virtude do comportamento do jogador "antes e depois do lance".

Pois é, mas o castigo não contempla o que Binya fez antes ou depois, mas sim aquele gesto brutal...

E então?

O semanário SOL conta que dois dirigentes desportivos e dois árbitros foram apanhados pela polícia (após denúncia) a transaccionar dinheiro.

E qual é a novidade? Desde quando isso é notícia ou surpresa?

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Brando procurador

O tribunal de Portimão deu como provado que um imigrante moldavo, Ivan Mereuta, ejaculou na boca da filha de 4 anos e que ameaçou partir-lhe os braços e as pernas se revelasse o sucedido.
Foi condenado a sete anos de prisão.

Agora, em recurso para a Relação de Évora, o procurador do Ministério Público pede a absolvição do arguido, invocando que Ivan Mereuta agiu sem consciência nem intenção por se encontrar embriagado.

Mais palavras para quê? Este procurador chama-se Magalhães e Menezes e é português.

Aposto que não tem filhas...

Claro como água

Pegando neste caso exemplar das Estradas de Portugal, talvez fosse bom que o presidente Pólvora explicasse (com urgência) se é verdade o que consta sobre o triunvirato da água e, se há algo de concreto, o que têm os sesimbrenses a ganhar com o negócio.

É simples, é rápido e pode dar milhões.

A ganhar a uns, a pagar a outros.

Temos de acreditar que o único objectivo do presidente Pólvora é a felicidade dos sesimbrenses...

Sim, porquê?

O Governo revela que o prazo da concessão da rede rodoviária nacional à Estradas de Portugal é de 75 anos, mais do que a esperança de vida em Portugal para quem não morre prematuramente em acidentes no asfalto.

Para nos tranquilizar, o simpático poder socialista explica-nos, com muito carinho, que não nos preocupemos, que não oiçamos as aves agoirentas nem os comentadores tendenciosos, porque fica tudo como dantes, ou seja, a empresa continuará a ter apenas capitais públicos, portagens só nas auto-estradas, túneis e pontes, e não haverá imposto adicional.

Eu bem sei ("O Leopardo", lembram-se?) que é preciso que alguma coisa mude para que tudo fique na mesma.

Mas os que não viram aquele admirável filme (e desconhecem a famosa reflexão de Burt Lancaster) ficam perplexos.
Tentam acreditar que tudo isto não é apenas uma manobra pra aliviar o Orçamento de Estado, e quando lhes dizem que fica tudo na mesma, estupidamente perguntam:

- Então, por que se deram a tanto e tão vertiginoso trabalho?

(A)normalidade

Se o programa não for alterado por qualquer motivo imprevisto, a actual Provedora da Casa Pia, Joaquina Madeira, estará esta noite na RTP a responder às perguntas de Judite de Sousa.
Estamos todos recordados que Joaquina Madeira, há poucas semanas, negou o que Catalina Pestana denunciou, ou seja, que os abusos de crianças continuam.

Ora, soube-se ontem que um educador da Casa Pia foi constituído arguido por haver fortes indícios de violação dos deveres.

No fundo, talvez tudo isto não passe de um jogo de palavras e que Joaquina Madeira tenha dito qualquer coisa do estilo "Não, não há nada, está tudo normal".

Porque, infelizmente, abusos e violações tornaram-se uma normalidade por trás dos muros altos da Casa Pia...

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

O vereador da Farinha Amparo

Na minha ausência – olá, Carteiro! – Augusto já teve uma “de cabo de esquadra”, e quer agora levar outra avante, que é simplesmente de “bradar aos céus”.

O pretenso desagravo camarário – não sei bem como chamar a tão estrambótica deliberação – à moção de censura da Assembleia Municipal é algo mais do que um patético sinal de desnorte, mas não chega a ser um tique estalinista, pois mostra à puridade que Augusto já não se mexe sem a adjacente bengala laranja, muleta que lastimosamente o ampara em seu penar arrastado , e com a qual, lazarento, há-de chegar às urnas no dia do Juízo Final. Em suma, um caso de anedotário.

Enredado em semelhantes puerícias, esquece-se o furioso Augusto de que, brevemente, terá de submeter à sanção da Assembleia revoltosa a pródiga pantomina com que pretende entregar os recursos aquíferos do concelho de Sesimbra ao sovkoze da Margem Sul. Dar aquilo que se tem para depois o ir comprar a uma empresa intermunicipal, em não se tratando de senilidade precoce, revela uma desfaçatez atroz. Esperemos que, neste caso, os membros do PSD na Assembleia Municipal não sigam o exemplo nada recomendável do seu vereador, que, uma vez mais, nutriu com o voto da Farinha Amparo a indigência política deste lamentável edil. Não nos obriguem a ir para a rua gritar!

Honni soit...

Acabo de ler no Jornal de Notícias uma frase que provocou em mim profunda indignação.
Admito que poucas pessoas sejam tão sensíveis a estas pequenas coisas como eu sou, mas nada posso fazer, saltam-me à vista.
E, neste caso, bem poderia acrescentar "desarmada" pois é a grande especialidade do alvo da notícia.
Observem bem.

"Ricardo Carvalho é baixa".

Eu bem sei que a moda dos tablóides está a expandir-se, que muitos procuram criar pequenos escândalos, fazendo insinuações deploráveis, mas há limites, e o JN é uma referência na classe.

Por isso, por favor, senhores do JN, deixem-se disso.

Tanto mais que o rapaz tem mais de um metro e oitenta...

Campo de Tiro ao Boneco

O ministro Mário Lino diz que só vai pronunciar-se depois de ler o estudo comparativo Ota-Alcochete que está a ser feito pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil.

O certo é que, depois do seu célebre "jamé", Mário Lino receia cometer outra argolada, e (segundo fontes próximas contactadas pela Magra Carta) anda tão ansioso que passa os dias a falar pró LNEC...

Para quê?

O processo Casa Pia tem sofrido atrasos tais que parece haver um forte desejo de se alcançar a prescrição.

Hoje,
no Tribunal de Monsanto, foi ouvido Paulo Pedroso, o senhor deputado que, em tempos, foi levado em triunfo no excelso palco que é a Casa da Democracia, a Assembleia da República.

Não sei se os juízes estão a queimar tempo, para se ir a penaltis, ou se o regimento é cego.
Afinal, que esperavam ouvir da boca sagrada de Pedroso? Que conhecia os rapazes? Que foi à casa de Elvas? Que participou em orgias?

Santa ingenuidade ou serão para trabalhadores!
Claro que o homem negou tudo, até a existência de uma marca na nádega.
Se, ao menos, tivesse mostrado a nádega, já se poderia dizer que para alguma coisa teria servido o interrogatório.
Mas não, Pedroso nada mostrou, apenas tudo negou.
Como Valentim negará, como os Pintos de Sousa e da Costa negarão. Claro!

Eu não sei quem é ou não culpado, mas sei que há rapazes que foram abusados.
Porque acredito nos psiquiatras que os ouviram.
E acredito na seriedade da dra. Catalina Pestana.

Por isso, não acredito na inocência de Paulo Pedroso...


A marosca

A expressão é de Francisco Louçã e ilustra na perfeição a manobra que o Governo socialista se prepara para levar a cabo ao oferecer, antes do tempo, um verdadeiro cabaz de Natal às Estradas de Portugal.

Durante anos, os socialistas espernearam e mostraram um dedo inquisidor a Manuela Ferreira Leite, Durão e Santana por causa das receitas extraordinárias a que recorreram para conter o défice.

Ora, o que agora vão fazer com as EP é uma jogada hipócrita e altamente lesiva para os portugueses.
Se a concessão for até 2099, o escândalo é ainda maior e a carga fiscal vai ser suportada por várias gerações.
Por isso, o Governo designa este exercício vergonhoso por "solidariedade geracional".

O outro truque de pantomina é dizerem que não haverá qualquer novo imposto, apenas uma "contribuição rodoviária" que sairá do imposto sobre combustíveis.
Imposto este que, como se sabe, sobe dia sim, dia sim.

É esta uma atitude exemplarmente demonstrativa do que é a governação socialista, toda ela assente num discurso rendilhado, povoado de eufemismos e promessas falsas.
Depois multiplicam-se as operações de mistificação e de cosmética.

Mas o pior é não vermos alternativa.

Por isso, perante tanto descaramento e manipulação, não admira que aumentem os nostálgicos de um homem austero que, noutro tempo, governou Portugal sem recorrer a contribuições rodoviárias nem apregoar a solidariedade geracional.

E não consta que andasse em carros de luxo...

Lá longe...

O texto "Realmente" suscitou um primeiro e simpático comentário assinado por Edgar Melitão.

Se não há aqui usurpação de nome e se a memória não me falha, este Edgar era o responsável pelo belo grafismo da antiga agenda cultural "Sesimbra Eventos" que tive o prazer de distribuir, de porta em porta, um prazer quase tão grande como o que os assinantes tinham ao ler.
Aliás, eu próprio fui assinante daquela publicação que em muita gente deixou saudades.

Por outro lado, se a minha fonte informativa está certa, o Edgar Melitão encontra-se algures na Nova Zelândia o que confere à sua intervenção um valor redobrado.

Não vou dizer (nem com ironia) que a Magra Carta tem dimensão mundial, mas é agradável verificar que alguém que está tão longe nos acompanha.
E, pelos vistos, com gosto.
É quanto basta para ficarmos felizes.

Um abraço, Edgar. Obrigado pelo sinal de vida e de apreço.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Realmente

Não vislumbro porquê, mas alguém perguntou a opinião do dr.João Soares sobre a reacção do rei de Espanha aos grosseiros propósitos de Hugo Chavez.

Pois o dr. João Soares achou que Juan Carlos se excedeu quando mandou calor o ditador venezuelano.

É a opinião do dr. Soares. Está o senhor no seu direito de falar, já que o interrogaram, suponho eu.

É pena é que, em vez de lhe pedirem a opinião, não tomem uma atitude real e o mandem calar...

O papel do papel

Um dos pressupostos da implantação maciça da informática, com legiões de computadores e a tentacular Internet, era a queda em desuso do papel.
Ora, nada disso acontece, bem pelo contrário.

As pessoas enchem os seus ficheiros no computador, mas, pelo sim pelo não, continuam a imprimir boa parte dos textos com que trabalham.
Nunca se sabe, pode haver um corte de energia (há quem lhe chame, graciosamente, apagão), um erro de manipulação e lá vai tudo ao ar.

Apesar das edições oferecidas na Net, os jornais continuam a ter o seu papel (duplo sentido bem metido) e até surgiram vários jornais gratuitos.
Por outro lado (e é o maior mistério) aumenta em cada dia a publicidade nas caixas de correio.

No meu trabalho de carteiro, estou em feroz concorrências com rapazolas que enchem todos os orifícios onde cabe um papel.
Muitas vezes, metem montes de folhas por baixo da porta ou deixam em cima dos caixotes do lixo. Ou no chão.
É um desperdício colossal que me leva a duvidar da eficácia deste tipo de publicidade.

Como se vê, a redução no consumo de papel foi um prognóstico que saiu furado, o que vem comprovar a sageza do provérbio chinês que diz que fazer previsões é algo de muito falível e arriscado.
Sobretudo quando se trata do futuro...

Outro bom exemplo

Hoje estou com queda para samaritano.
Olhando o descaramento do ministro da Justiça, ao gastar aquele balúrdio na compra de cinco carros novos, só posso elogiar a sobriedade espartana do presidente Augusto Pólvora que investe tudo nos autocarros que são unidades de transporte colectivo.

É pena que esta preocupação com o bem-estar dos seus funcionários não encontre paralelo na infeliz decisão de transformar a sala de reuniões em gabinete pessoal.
A sua aura de austeridade, modéstia e simplicidade ficou turva e pode dar lugar a comentários cáusticos dos adversários políticos.
Não havia necessidade...

Na mesma linha de pensamento redentor, recordo que alguns bloguistas mal intencionados têm verberado o facto de o senhor presidente escrever no prestigiado "Raio de Luz".
Ora, a verdade é que o senhor arquitecto, além de presidente da autarquia, é um cidadão livre, com direito a exprimir ideias e estados de alma num jornal.

O que se poderia exigir (passe o exagero) era que a sua augusta pessoa escolhesse uma publicação com pergaminhos, irrepreensível na isenção, intocável na moralidade, requintada no cunho estilístico.
Temos de reconhecer que o "Raio de Luz" é a escolha certa, estão bem um para o outro, o insigne Raio e o excelso articulista.

Aliás (cá está a veia samaritana), não é caso virgem, e ainda hoje lá temos, no igualmente insuspeito "Jornal da Madeira", um brilhante artigo do não menos notável democrata Alberto João Jardim.

Com atitudes destas, com uma tal proximidade entre um jornal (só um?) e a Câmara, não sei se chegamos a algum patamar aceitável de cidadania responsável, mas, pelos vistos, já chegámos à Madeira...

Bom exemplo

Em tempos de contenção, cinto apertado e restrições orçamentais, o ministro da Justiça que temos não hesitou em comprar cinco carros novos no valor de 176.000 euros.

Não sei se há Justiça em Portugal.

Mas ministro há.

E carros novos também...

Bonomia e simpatia

A língua de quase toda a gente é solta para dizer mal, mas é bem mais contida quando se trata de elogiar.
E, muitas vezes, a crítica destrutiva é precipitada e infundada.
Por isso, há que dar o benefício da dúvida e não opinar assertivamente enquanto não se está na posse de todos os dados.

Há dias, vi numa rua duas passadeiras para peões, uma a uns sete ou oito metros da outra.
E, em cada uma delas, havia uma placa onde se podia ler "Passagem obrigatória de peões".

A minha primeira impressão foi de profunda estranheza, perguntando a mim mesmo se quem pintou o alcatrão de amarelo não estaria a precisar de férias com urgência.
Para mais, não é o local da rua onde a maioria das pessoas costuma atravessar.
Estive quase para vos contar aqui a insólita medida que obriga os peões a atravessar num sítio estranho em duas passadeiras tão chegadas.

Porém, como não sou de intrigas, enredos nem provocações, preferi aguardar, admitindo que deveria haver uma explicação.
Ora, hoje mesmo, fiquei a perceber a razão de ser da engenhoca.
Entre as duas passadeiras, na faixa da direita, está estacionado um camião que recolhe os escombros, o entulho, os restos mortais de um pequeno prédio que está a ser demolido.
Uma máquina faz o vaivém, da esquerda para a direita, entre as escavações e o camião, o que obriga os peões a utilizarem obrigatória e logicamente as duas passadeiras, contornando o camião.
Ora aí está, tudo se explica.

A moral desta história (verdadeira) é que não devemos precipitar-nos em juízos de valor sobre pessoas e instituições, como sejam, actores, políticos, jornalistas, vereadores, presidentes de Câmara, etc.
É aconselhável prudência, moderação, tolerância e compreensão.

Há que ter muito tacto e muito cuidado porque há pessoas dessas que, pelos seus pensamentos, palavras e obras, parecem pretensiosos e incompetentes e... são mesmo.

Radioscopia

Acaba de ser conhecida a lista das doze autarquias com excesso de endividamento.
Sesimbra não é uma delas.

Aguarda-se a todo o momento a divulgação dos resultados do inquérito à competência e à obra feita...

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Ó Júlio

De passagem pelo blogue da Junta de Freguesia de Santiago deparei com uma foto de um senhor de chapéu branco, chamado Júlio Roberto. Pelos vistos, é filósofo.

De repente, pareceu-me o Júlio Silva, o fadista sesimbrense que vai repartindo o seu tempo entre a sua terra de adopção e o Brasil.
O chapéu esbranquiçado e o nome ajudaram à confusão, mas logo percebi que não era a mesma pessoa porque o nosso Júlio não é Roberto.
Nem Boneco, como o Luís que mora ali naquela boa zona do Largo da Marinha.

Seria simpático a Junta trazer à colação o Júlio Silva, inesquecível intérprete do fado do cigano que matou o cavalo na feira da Agualva.

Enfim, não foi um Júlio fadista, mas um Júlio filósofo que o senhor Presidente da Junta recebeu no passado dia 8. Fica o registo.

E a convicção de que o fado, pelo menos na voz do Júlio, talvez seja uma forma particular de filosofia.

E fica-me ainda a dúvida se o senhor Júlio Roberto não será alguma coisa à Júlia Roberts...

Por que não?

Ao fazer uma visita ao nosso colega "Pexito do Campo" fiquei a saber que existe uma Associação dos Profissionais da Usabilidade.
Juro que é verdade, e a culpa não é do nosso simpático Pexito.

Não duvido do interesse da coisa, o que me surpreende (ou talvez não) é o termo. Usabilidade!
A moda é para evitar os verbos e arranjar substantivos quanto mais compridos melhor.

Assim, em vez de se falar da dificuldade do uso ou de usar, diz-se que a usabilidade é má, deficiente ou complicada.
Isto, cada um é como cada qual, albarda-se a frase à vontade do dono.
E não me surpreenderia começar a ouvir ou a ler considerações sobre a impensabilidade de se fazer o aeroporto em Cacilhas.

Ou sobre a desdobrabilidade do cartaz. Ou a insubstituibilidade do jogador.

Ou a inalcançabilidade de Saturno. Ou a apresentabilidade da rapariga.

Ou a incomestibilidade do gavoz ranhoso.

Nada disto é (como já ouvi várias vezes) inverosímel...

Sem palmatória

Um "Visitante" deste blogue censura-me (na entrada "Caso a Caso") por não ter relevado um erro que Félix Rapaz terá dado ao falar na Sesimbra FM. Não sei, não ouvi.
Ora, este "Visitante", no seu comentário, teve a pouca sorte de escrever delapidar em vez de dilapidar. Acontece.

Esta crítica sugere uma explicação que pode ser interessante, ou seja, eu confesso que não sou imparcial na revelação de erros que detecto.
De facto, e aqui mesmo, em comentários, tenho encontrado falhas que deixo passar sem observações.
Primeiro, porque não sou polícia da gramática. Segundo, porque tenho um critério de intervenção.

Há pessoas que têm a possibilidade de influenciar o público, pela escrita ou pela fala.
São todos quantos têm acesso aos órgãos de comunicação, facto que lhes confere especial responsabilidade.
A esses (nos limites do pouco que sei) o que não perdoo é a vaidade, a mania de usar termos pretensamente eruditos ou neologismos bacocos, por exemplo.
Sempre que os caço em falta, mostro-lhes um cartão amarelo, tentando, ao mesmo tempo, ser didáctico, apresentando as soluções que julgo serem apropriadas.

Também não deixo passar os erros de quem faz comentários maldosos ou presunçosos, os que (como o Visitante) querem dar lições e acabam por meter o pé na argola.
Contudo, como já sucedeu, a quem aqui escreve de forma cordial, não vou ferir só porque se equivocou.
Além disso, procuro citar apenas casos que me pareçam de interesse geral, não o pequeno lapso, a cedilha a menos ou a consoante trocada.

Não sei se será lá muito católico o meu critério, mas é o que uso, por instinto, por gosto, sem preconceitos.

E, já sabem, honni soit qui mal y pense...



À deriva

Um camião-cisterna virou-se e derramou líquido corrosivo na A1, perto de Aveiro.

Em Matosinhos, houve uma explosão da refinaria da Petrogal.

Londres está envolta em fumo negro devido a um incêndio em armazéns.

E nunca um qualificativo teve tanta propriedade como o de Mar Negro onde vários navios naufragados estão a provocar uma tragédia ambiental, devido ao derrame de toneladas de fuel-óleo.

Neste último caso, importa referir a negligência de muitas décadas por parte das autoridades internacionais que permitem a circulação de navios sem condições mínimas de segurança e de navegabilidade.

Os armadores e outras empresas intervenientes, numa óptica de poupança e lucro cego, arriscam tudo até ao limite do razoável, ficando para a comunidade os prejuízos resultantes da ganância e da incúria.
Os desastres ambientais sucedem-se e, até hoje, nada se viu de concreto e eficaz em matéria de prevenção, controlo e repressão.

O mesmo se passa com os nossos inúmeros incêndios visivelmente provocados por mãos criminosas.

Conheceis algum caso de condenação?

As descargas poluentes, de suiniculturas e outras empresas poluidoras, já aconteceram mil vezes.

Conheceis algum caso de condenação?

Mas, se algum de nós não pagar a água ou a luz, não tarda que a venham cortar...

Praxe em julgamento

Finalmente, em Fevereiro próximo, serão julgados os alunos da Escola Agrária de Santarém considerados responsáveis por formas violentas e degradantes de praxe exercida sobre uma caloira.
Os factos aconteceram há cinco anos e Ana teve a coragem de denunciar e a paciência de esperar.

Esperemos que o tempo não tenha diluído a gravidade de actos nojentos e cobardes praticados em situação de revoltante desigualdade, numa relação de forças que coloca de um lado uma caloira indefesa perante uma matilha de rapazolas estúpidos e cruéis que, em maior número e ao abrigo de pseudo-leis académicas, insultam, ofendem, humilham e violentam colegas sob o pretexto de cumprir uma pretensa tradição.

A praxe pode ser aceite (e até ser desejável) se levada a cabo no respeito das pessoas, numa espécie de jogo ou encenação, num ambiente de festa e confraternização.
Mas nunca para permitir a um bando de imbecis usar da força da experiência e do número para verdadeiros linchamentos.
Oxalá os juízes exerçam sobre eles uma praxe à medida da crueldade e da cobardia desses energúmenos.

Divagando...

Quando a competição maior do nosso futebol era organizada pela Federação tinha a designação de Campeonato. E o vencedor era Campeão.

Com a criação da Liga surgiu aquela coisa pretensiosa e ridícula que era a Super-Liga.
Depois, deixou de ser Super e passou a normal, Liga, simplesmente.

Contudo, o vencedor continuou a ser rotulado de Campeão. Não confere.

Por isso, e na senda dos brasileirismos pueris, se Campeonato dá Campeão, Liga dá quê? Ligão?
O pior é que à Liga pouca gente liga, e os jogos têm cada vez mais fracas assistências.

Daí que se possa dizer que temos uma imitação de campeonato de fraca na liga...

Caso a caso

Estas notas breves sobre a língua portuguesa não suscitam grande entusiasmo nos leitores, mas dão-me muito gozo. Por isso, continuo.

Ontem, o Professor Marcelo voltou a dizer ir de encontro a em vez do correcto ir ao encontro de. Confesso que já estou cansado de ensinar o Professor, embora lhe reconheça o direito de dizer como entende.
É uma das escolhas de Marcelo.

Outra muito do gosto de Marcelo é a forma casuística, para designar que os assuntos são tratados caso a caso.
Ora, diz o meu velho dicionário que a casuística é a parte da teologia moral que trata dos casos de consciência.
E que o adjectivo casuístico significa muito minucioso.

Por isso, melhor seria que o Professor (e muitos outros senhores) dissessem que os assuntos são tratados caso a caso, um de cada vez, um por um ou individualmente, por exemplo.

Foram estas as minhas escolhas...

domingo, 11 de novembro de 2007

HOMBRE

Numa altura em que a monarquia é atacada em vários países, o rei Juan Carlos mostrou que há valores que estão acima de etiquetas políticas ou de modelos de governação.

Perante a grosseria e a boçalidade do tiranete Hugo Chavez, o rei de Espanha mostrou que nem só sangue azul lhe corre nas veias. Lembrou que a bravura e o sentido de Honra que nobres e plebeus devem cultivar é algo que nunca podem esquecer se quiserem merecer a designação de Homens.
E fez a única coisa que havia a fazer, mandou calar o ditador.

Portugal, nas pessoas de Cavaco e Sócrates, olhou para o lado e teve mesmo palavras simpáticas para o indíviduo.
Com a desculpa de termos muitos milhares de compatriotas na Venezuela.

Mas na realidade porque somos o que somos, pequeninos.
Falta-nos o orgulho, a raça e a coragem dos espanhóis.

Porque aquele grito, aquele assomo de dignidade saiu da boca de um Rei, é verdade.

Mas saiu, sobretudo, do coração e das entranhas de um Espanhol.

DesBRAGAmento

O jogo desta noite na pedreira de Braga desfez em pedaços a ilusão que os sportinguistas alimentam há vários anos, isto é, a ideia de que o Sporting é uma grande equipa.

Ora, a verdade é que os leões estão longe da coesão, da consistência, da regularidade, da personalidade, da confiança, da convicção e da ambição de uma equipa que sabe e sente que é capaz de vencer todos os jogos.

Em Fátima (e noutras ocasiões) houve o milagre Liedson, fogachos que disfarçam a mediocridade do grupo e alimentam sonhos que a realidade dos factos põe a nu rapidamente.
E lá vão os leõezinhos de esperança em desilusão, à imagem de um treinador apenas jeitoso, ao nível da fraca gente que o rodeia.

Julgo que hoje o Sporting caiu de muito alto, da altura do seu presidente.
O clube levou um murro no estômago e a digestão vai ser tremendamente difícil.
Algo vai ter de mudar, quanto mais não seja o reconhecimento de que não podem formar e vender estrelas para adquirir nulidades e, ao mesmo tempo, terem a veleidade de querer ser equipa de topo.

A maior ambição deste Sporting é o 3º lugar, porque o Benfica consegue disfarçar a classe com raça, com alma.
E o Porto vai ganhar sem convencer.

Posto isto, ocorre-me perguntar:

- Onde têm estado estes jogadores do Braga?
- Por que milagre correram e jogaram hoje daquela maneira?
- Serão os mesmos que levaram 3-0 do pobre Leixões?
- Que vai para lá fazer o Manuel Machado?

Tudo isto merece reflexão, mas não muita, não vale a pena, é só futebol...

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

O nó da questão

O apresentador (há quem lhe chame pivô) do telejornal da RTP, José Alberto Carvalho, esta noite surgiu sem gravata, gesto que explicou como sendo prática já habitual em certas empresas onde, à sexta-feira, o uso daquele adereço é facultativo.
Até aqui, nada a opor.

Porém, o nó (da questão, não da gravata) é que o jornalista falou de sexta-feira casual, em tradução literal do inglês.
Ora o inglês casual significa (julgo eu) descontraído, à-vontade, desportivo, talvez, enquanto que
o nosso "casual" quer dizer eventual, fortuito, acidental, resultante do acaso.

Por isso, uma sexta-feira nunca pode ser casual, porque não surge por acaso, é parte inalienável do calendário.
Com ou sem gravata, com ou sem bravata, sexta-feira é certa, fatal, mesmo quando não anda a roda.

E ainda que haja greve...

Ai não

As modas têm muita força e esta do NÃO tem que se lhe diga.
Assim, é frequente ouvir-se gente sábia e importante dizer não presença em vez do banal ausência.
O Não dá mais sainete, estou em crer, deve ser isso.

Eu não sei se costumais ver a "Quadratura do Círculo", na SIC Notícias.
Um dos tribunos de serviço é o dr. Lobo Xavier que, desde há uma boa temporada, deixou crescer uma barba grisalha que o torna parecido com Nobre dos Santos, dirigente da FESAP.

Ora, este senhor é muito engraçado, pequenino, com aquela barbicha, faz lembrar um esquilo ou um ratinho da Índia (não sei bem) e diz coisas interessantes na linguagem monocórdica dos sindicalistas.

Anteontem, a propósito da greve, disse que o problema resulta da forma como o Governo negoceia. Ou melhor (apressou-se a corrigir), da não forma como negoceia.
Ó senhor Nobre, a não forma? Importa-se de repetir?

É que, se o não fizer, nós somos capazes de concluir que se trata de uma não asneira, o que é errado. Em verdade, é um tremendo disparate e uma baboseira que ninguém lhe encomendou.

E não está livre de um puxão de orelhas do distinto jurista Lobo Xavier que, daqui por uns anos, pode ser confundido com o senhor Nobre dos Santos.

A não ser que rape a barba, ou melhor, que decida andar com uma não barba...

Nunca falha

A ponte de Portimão vai encerrar na próxima madrugada. Pelo sim, pelo não.
Mas, ao que consta, há 415 pontes em Portugal que se encontram em mau estado, notícia que alarmou a Frente Comum de Sindicatos.

Com efeito, esta organização ficou com os cabelos em pé, não com receio de que os trabalhadores deste país possam ser vítimas de acidentes, mas porque a grande greve anunciada pela dona Avoila vai ser no dia 30 que calha (quem diria?) a uma sexta-feira.

Eu se fosse à dona Avoila mudava a data porque há por aí muita gente a sorrir maliciosamente ao observar que as greves calham sempre às sextas-feiras.
Claro, à 5ª seria melhor, era mesmo a ponte da ordem, mas nem todos os trabalhadores se podem dar a esse luxo.

Por isso, os nossos sindicalistas fazem cálculos e estudos aturados e acabam sempre por achar que a 6ª é o dia ideal.

Mesmo que seja a 13...

O país das maravilhas

Um amigo meu, muito maldizente, ligou-me para dizer que, no seu entender, Sesimbra é mesmo a terra do faz-de-conta.

Os recentes exercícios da Marinha Portuguesa tinham por alvo emigrantes clandestinos imaginários.

A reconstituição da lota foi uma fantasia orquestrada à pressa, nostalgia mascarada de rasteiro oportunismo político.

A quase totalidade da Comunicação Social obedece à voz do dono.

A Oposição política só agora parece querer acordar.

O fogo-de-vistas enche o olho, mas as obras são trabalho do anterior executivo.

A megalomania do presidente da Câmara levou-o a desprezar o gabinete de sempre, exigindo a sala de reuniões.

A Assembleia Municipal CDU propôs uma moção de censura ao executivo comunista.

Se isto não é surrealismo, o que será?

Eu nada respondi, destas coisas pouco sei...

Hetacombe 2

Escrevi ontem sobre os dois cartazes que o PSD mantém no Marquês de Pombal e referi que num deles figura o nome de Helena Lopes da Costa.

Ora, acabo de encontrar a explicação para o facto ao ler que tiveram lugar as eleições para a distrital do PSD-Lisboa, tendo saído vencedor Carlos Carreiras, vice-presidente da Câmara de Cascais.
Talvez (não sei, claro) aquele cartaz tenha ficado ali estes meses todos para promover a senhora que era igualmente apoiada por Manuela Ferreira Leite e Santana Lopes.

Vistas as coisas de outro ângulo, observa-se que dona Helena é "menezista" (gosto do termo) enquanto o eleito é próximo de António Capucho, o tal que se recusa a deixar o lugar no Conselho de Estado a favor de Menezes.

Estão a ver a salganhada?

É o PSD rumo à vitória...

Perseguição

Por várias vezes nos temos interrogado sobre os critérios editoriais do jornal "O Sesimbrense", o que já é uma atitude positiva pois admitimos que eles existam.
Porém, se olharmos um pouco mais além, verificamos que há outros mistérios nesta nossa comunicação social.

Mesmo que não queiramos (e bem sabeis que não sou de malandrices), somos obrigados a acreditar na teoria das conspirações.
Ontem, o incansável "Correio da Manhã" revelou ao mundo que José Mourinho molestou um miúdo de 12 anos, puxando-lhe os cabelos e as orelhas.
Perante tão sensacional notícia, seria de esperar a presença maciça das televisões a entrevistar a directora do Colégio, o aluno, os pais do aluno, o treinador, enfim, todas as partes envolvidas.
E tudo para ser levado ao telejornal com grandes títulos.

E o que se viu? Nada.
Recuemos um pouco para vermos como há aqui uma dualidade de critérios.
Há um intuito flagrante de poupar e de proteger Mourinho, num gesto que contrasta com o massacre cometido pelas mesmas televisões na pessoa de um pacato emigrante brasileiro que veio para Portugal em busca de um empregozito mal remunerado.

Refiro-me, claro, ao amorável senhor Scolari (Felipe para os amigos, como eu) que pagou caro, em termos de imagem, o facto de ser corajoso, temerário mesmo, e amigo do seu amigo.
Ao ver que um sanguinário sérvio ameaçava um menino de etnia cigana, o senhor Filipe, com risco da própria vida, interpôs-se e evitou um possível linchamento do ciganito de brinco na orelhita, uma orelhita parecida com as que o tal Mourinho (alegadamente) terá puxado a outro menino, em Palmela.

Duas orelhas, dois pesos, duas medidas, uma escandalosa perseguição a um homem a quem Portugal deve tudo menos o que a Caixa e a Federação lhe pagam.

Este Mourinho continua a ser ajudado
de forma chocante pelos media, enquanto o inocente Scolari viu o seu nome arrastado na lama, injusta e cruelmente.

A nobreza do meu amigo Felipe é tão grande que ele até falhou o soco no sérvio de propósito, para apenas o intimidar, para mostrar que o gesto é tudo.
Scolari não é um agressor de crianças como outro que nós sabemos mas que a televisão encobre.

Por isso, vou já pôr a bandeira outra vez à janela e escrever ao Provedor do Telespectador. Scolari merece uma segunda oportunidade, entrevista feita pela Judite, uma passagem nas tardes da Júlia, uma manhã com o Goucha e um abraço do Fernando Mendes...

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Heranças do Herdeiro

O Herdeiro de Aécio abusou da minha ingenuidade e empurrou-me para um jogo sobre o ritmo de crescimento das séries geométricas.

As regras são as seguintes:
1 - Pegue no livro mais próximo, com mais de 161 páginas - implica aleatoriedade, não tente escolher o livro;
2 - Abra o livro na página 161;
3 - Na referida página, procure a 5ª frase completa;
4 - Transcreva na íntegra para o seu blogue a frase encontrada;
5 - Aumente, de forma exponencial, a improdutividade, fazendo passar o desafio a mais 5 bloggers à escolha.

O que saiu na rifa ao Herdeiro:

Livro: Generais Romanos
Título original: In the Name of Rome
Autor: Adrian Goldsworthy
Tradução: Carlos Fabião

E a frase é "Pela derradeira vez na sua história, os angustiados romanos promoveram um sacrifício humano, queimando vivos um casal de gauleses e outro de gregos, no Forum Boário, tal como tinha feito depois de Canas"

O que me calhou:

Livro: Justine, de Lawrence Durrell.
Tradução de Daniel Gonçalves.
Editora Ulisseia

E a minha frase é:
E as lágrimas, inesperadas, inundam-lhe os olhos e ela geme: "Pela primeira vez na minha vida, tenho medo, e nem sequer sei o que temo".

Proponho este desafio a : Sininho, Peixe-Aranha, P.Trafaria, Rui Viana e João Aldeia.

Quem quebrar esta corrente não será punido nem amaldiçoado.

À vous de jouer...

Ainda que o hábito não faça...

Os sindicatos da Função Pública voltam à rua no próximo dia 30, em mais uma jornada de luta.
Esta decisão foi anunciada hoje, data em que os bancos, despudoradamente, exibiram os seus lucros faraónicos.
Por isso, as razões de queixa dos trabalhadores ganham uma legitimidade ainda maior.

Nós sabemos que o Estado não é dono de todos os bancos, mas é proprietário do maior deles, a Caixa, que pesa tanto como o BCP e o BPI juntos.
Ora é evidente que nesta voragem dos bancos não há moralidade e só alguns comem.

Mas se é certo que a luta dos trabalhadores é compreensível, não é menos verdade que a imagem dos sindicatos precisa de ser cuidada, em nome da credibilidade.

O estilo de peixeira da dona Ana Avoila talvez tivesse passado na oral nos tempos do PREC, mas hoje, diante de câmaras e microfones, é conveniente aparecer alguém que respire seriedade, competência e moderação.
E, se possível, que inspire alguma simpatia.

Não é, visivelmente, o caso da senhora...