sexta-feira, 29 de junho de 2007

Arte pela Arte

Maga Patalógica é, obviamente, pseudónimo de pessoa ligada ao PC e ao actual executivo autárquico que pauta os seus comentários por uma preocupação atenta de defesa incondicional de quem mais lhe ordena, neste caso, não o povo, mas o seu Partido.

Compreendo a sua posição e não a censuro por isso, uma vez que se tem exprimido com correcção.
Interessante, porém, é observar que nunca apresenta argumentos capazes de contrariar ou derrubar as críticas que aqui fazemos.
A sua (e de outros)
estratégia é desviar as atenções tentando acusar-nos de intenções ocultas, de ambições políticas ou qualquer balão de ensaio semelhante.

De facto, quem faz e alimenta um blogue tem, naturalmente, um objectivo. E se alguns casos extremos andam perto do narcisismo e do onanismo, a verdade é que a maioria abraça causas diversas.

Mas quem leva uma vida de compromisso, obediência e submissão a um Partido tem, como é lógico, dificuldade em perceber que se possa olhar para pessoas, coisas e factos de forma interessada e desinteressada ao mesmo tempo.

Nós observamos o que se passa à nossa volta, mais perto e mais longe, ao sabor da actualidade, da fantasia e do humor do momento. E não temos culpa que haja tanta gente disposta a fornecer-nos assunto fresquinho e palpitante.

Depois, tratamo-lo à nossa maneira, com maior ou menor agrado dos leitores. Na certeza de que não temos ambições políticas nem aspiramos a condecorações municipais.

E que só fazemos o que fazemos por prazer, apenas por prazer.

Por muito
estranho que possa parecer, é verdade...

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Quem dá mais?

De derrota em derrota, o Partido Comunista Francês está falido, ao ponto de o Comité Executivo ter decidido colocar no mercado de arrendamento dois andares da sua sede, um edifício classificado como monumento histórico e que é da autoria de Óscar Niemeyer.

Este prédio, situado na praça do Coronel Fabien, está para os comunistas como a Torre Eiffel está para Paris.

Sendo proverbial o rigor e a contenção dos responsáveis comunistas, como é possível terem chegado a esta confrangedora situação que os leva a vender os anéis?

Eu não queria ser impertinente, impenitente nem incontinente, mas ocorreu-me agora, assim, de raspão, a fugidia ideia de que uns quantos membros do Comité Central do PCF tenham vindo passar férias a Sesimbra e travado conhecimento com algumas cabecinhas pensadoras da autarquia, gente de gasto fácil, fogo de artifício, carnaval e palhaçada.

Como diria o outro, é Cunhal não se leva a mal...

Lá como cá

Se houvesse alguma dúvida, ela desapareceria agora mesmo: a nossa tradição é, inegavelmente, judaico-cristã.
Basta, para tanto, atentarmos nesta exemplar sentença para percebermos que, em Israel como em Portugal, a Justiça tem vários pesos e medidas, com alguns cidadãos a serem mais iguais do que outros perante a Dama cega de espada na mão.

O presidente israelita Moshe Katsav (acusado de violação e assédio sexual por quatro das suas colaboradoras) conseguiu evitar a prisão entrando num acordo com o Procurador-Geral.

O ainda presidente reconhece o assédio, actos indecentes e ameaças a uma testemunha.
E vai também indemnizar as queixosas.
Mas escapa à prisão, aceitando demitir-se.

Salomão não deve estar lá muito satisfeito com esta Justiça...

O Mário é fixe

O velho "capitão" nunca falta nos momentos difíceis... dos outros.
Mal ouviu falar do caso Guy Roux , o diletante e dilatado Wilson disponibilizou-se logo para participar na criação do "Clube dos Poetas Mortos", ou seja, dos velhos treinadores que ainda não perceberam que o Bento mudou.

Há um par de anos, Artur Jorge, poeta encartado, esqueceu-se de que era amigo do Toni, roubou-lhe o lugar e, como é ingénuo, foi buscar Wilson a Marrocos. Ao deserto, sim, ao deserto.

Pouco tempo depois, e como paga, o bondoso Mário murmurou coisas bonitas ao ouvido do lírico Damásio, e foi a vez de o Artur ir para o deserto.
E o Mário ali tão perto... tão perto que ficou a substituí-lo.

Hoje, o Artur está em França, numa divisão menor. Não tarda que vá fazer companhia ao Guy Roux.

Há um ano, o que o (leia-se Co) Adriensen (ou lá como se escreve) não percebeu é que o insinuante Pinto é galo velho e não Costa de concorrência, detesta gente com personalidade.
O Jesualdo já compreendeu que ou ganha tudo ou passa a usar gel e brinquinho, se quiser ficar.

Fernando já reza a todos os Santos e começa a pintar o cabelo para parecer mais novo.

Só por curiosidade, que idade tem o Scolari?

Pourquoi pas?

A Liga Francesa de Futebol acaba de proibir o treinador Guy Roux de exercer a sua profissão, por ter sido considerado demasiado velho, aos 68 anos.
Por três votos contra dois, foi atirado para o lixo um homem que cometeu a proeza notável de treinar a equipa da sua terra natal, Auxerre (da 1ª Divisão, note-se), durante 42 anos.

Eu não sei que idade têm os iluminados que julgaram Guy Roux, mas não posso deixar de pensar nos inúmeros casos de altos dirigentes, políticos, gestores, o próprio Papa, que são mais velhos do que aquele competente treinador.

Fabio Capello foi campeão com o Real Madrid. Ou talvez tenha sido o inverso, o Madrid a ganhar graças a Capello. E vai abandonar o clube. Apesar de ter contrato por mais duas épocas e só ter 61 anos.

Em Portugal, há treinadores que nunca mais porão os pés no escalão maior.

Não há dúvida, os ventos sopram a favor dos treinadores jovens, ambiciosos, que mexem em computadores, que têm olheiros, espiões e dezenas de adjuntos, que se julgam cientistas, desenhadores de elipses e parabólicas, magos da bola parada.

Talvez Sócrates queira aproveitar a pista vinda de França e determine, desde já, a reforma aos 68 anos. Football oblige !

A "plantaforma"

A Câmara Municipal de Sesimbra – presumo que através do seu serviço de Trânsito, da responsabilidade de Augusto – difundiu hoje o seguinte comunicado:

A Câmara Municipal de Sesimbra informa que o sistema de cargas e descargas na Av. 25 de Abril, entre o Largo de Bombaldes e a Praça da Califórnia, será alterado a partir do próximo dia 1 de Julho.
Assim, as cargas e descargas, apenas serão permitidas de segunda a sexta-feira entre as 9 e as 17.30h, sendo o acesso à
plantaforma (o sublinhado é meu) controlado por funcionários da C. M. Sesimbra.
Fora deste horário, o acesso à referida
plantaforma (o sublinhado é meu) será vedado, apenas se permitindo o acesso em caso de emergência.

Gratos pela compreensão.

Fico sem saber a quem se dirige o apelo à compreensão alheia: se aos automobilistas, se aos leitores desta pérola. Mas talvez se possa encontrar uma plantaforma de entendimento.

terça-feira, 26 de junho de 2007

Será que a Tia não o lê?

Nem de propósito. Poucos dias depois do fiasco bravo que foi a hasta pública do empreendimento a haver – Deus saberá quando – na Avenida dos Náufragos, Fernando Patrício, líder da bancada da CDU na Assembleia Municipal, garante-nos, no último número do “Notícias da Zona”, que o desenvolvimento turístico é uma prioridade da CDU. Pois claro…

O leitor perguntará: como? Patrício responde. É que neste mandato tem-se realizado um conjunto de actividades culturais, desportivas e outras, de forma a projectar o nome de Sesimbra, no distrito, no país e no mundo.

O leitor perguntará: quais? De novo, Patrício responde, destacando, no plano desportivo, entre outras, o Europeu de hóquei em patins no escalão juvenil, a taça nacional de kayak de mar (ter-se-á Patrício esquecido do Mundial de Pesca Desportiva de Alto Mar, em 2004?), o fórum do desporto e a parceria com as escolas de mergulho. Haverá aí alguém capaz de dizer a Patrício que esta sua montanha de actividades pariu um ratito de laboratório?

Claro que há também a cultura. Aqui, o nosso articulista não foi de modas, e eis que nos espeta com a inauguração do cine-teatro, a Feira Festa (sim, a Feira Festa!), a abertura da Fortaleza à população, o Carnaval, os santos populares e, para que conste, “os vários espectáculos entre muitos outros”. Por momentos, e embalado por esta cantilena, fiquei à espera de que a imagem do Senhor das Chagas voltasse a dar à costa para que, segundo Patrício, a Dr.ª Felícia, do alto do seu génio criativo, e de uma penada, tivesse inventado a festa e o arraial e o mesmo Patrício pudesse incluir o padroeiro dos pescadores no seu rol orgulhoso. Mas não. De positivo, ficámos apenas a saber que, com este executivo, e neste mandato, tivemos, entre outras novidades, os santos populares e o Carnaval como valores acrescentados na promoção turística do concelho.

Podemos mesmo imaginar o deslumbramento do casal Terry, na sua mansão de Beverly Hills: “Can you believe it? Amazing Augusto! Can you imagine? A fado karaoke? Felícia did it! This year, we won’t miss the hip hop pop saints in Sesimbra city”. E a Feira Festa? Imaginem, por essa Europa fora, em França, no Luxemburgo, na Alemanha, os cartazes alusivos à Feira Festa, e a onda de choque que as suas imagens geraram junto das “comunidades”, a catadupa de reservas em hotéis do concelho a que deram azo? Tremendo!

Para mais, tivemos a quinzena do peixe-espada preto, a Famtour e a Arte Xávega. Tudo isto, e “os vários espectáculos entre muito outros”, como é sabido, trouxeram, até nós, magotes de gente, turistas em barda, legiões boquiabertas que puderam beneficiar da nova rotunda do Marco do Grilo (que não é obra do PC, mas que Patrício, mês sim, mês não, vai buscar ao congelador para atar e pôr ao fumeiro do jornal) e a futura rotunda Vila Alegre, a fazer a meias com o Seixal, mas que seria impossível sem o contributo de Xavier de Lima.

Só por reinação pode Patrício vir falar do potencial turístico da inauguração do Cine-Teatro, quando as trutas dispendiosas do music hall actuaram para uma maioria de convidados e o cinema, presentemente, quando não está às moscas, definha na bilheteira.

Brincalhão, este Patrício! Mas Deus o guarde assim, criativo e folgazão, por muitos e bons anos. Obrigado, Patrício! Confesso que já não me ria tanto há algumas semanas. No meio disto tudo, só uma dúvida me assalta… Será que a Tia não o lê?

Páginas soltas

Algures em Lisboa, ao princípio da tarde.
Um jovem brasileiro colocou três pedras sobre um monte (ou acervo, é mais fino) de jornais gratuitos antes de se afastar duas dezenas de metros, com uns quantos exemplares debaixo do braço, para despacho rápido.

Porém, e sem aviso prévio, levantou-se forte ventania que não deixou pedra sobre jornais que foram levados em todas as direcções, numa farândola colorida de notícias, anúncios e entrevistas.

Atarantado, o moço chamador corria atrás das páginas soltas, gritando por elas como o pastor que tenta reunir as suas ovelhas. Em vão, quase tudo o vento levou...

Ali perto, um varredor municipal, ecologicamente fardado de verde, dava largas à sua legítima indignação de profissional que vê o seu labor posto em cheque pela imprevidência de um qualquer maçarico de sotaque estranho.
"Isto é andar a brincar com quem trabalha" - clamava o técnico de higienização de superfícies pedonais.

Enquanto isto, os candidatos à presidência da Câmara, debruçados à janela dos seus inúteis e gigantescos cartazes, sorriam, divertidos.

Não me espantaria que o director de Marketing e Distribuição do jornal gratuito, depois de ler este texto, aproveitasse para, em dias de vento, pôr uma pedra no assunto e dispensar os serviços do jovem brasileiro.

O vento se encarregará da distribuição. E o vento é gratuito. Como o jornal...

Jardim das delícias

A notícia, palpitante, aparece em vários jornais.
Ontem, no Jardim da Estrela, um homem de cinquenta anos, economista, terá (alegadamente, se calhar) proposto a um jovem de 16 anos a quantia de 200 euros para lhe fazer sexo oral.

O facto de o homem ser economista surge mencionado repetidas vezes, talvez para reforçar a ideia de que é conhecedor dos valores de mercado.

Para o leitor menos habituado a estas transacções é importante ter uma referência digna de crédito, não apareça algum senhor bem-posto a querer fazer respiração OPA a OPA.

Enfim, o homem (economista) foi detido. Registe-se que levava 11 mil euros numa mala, o que prova que deve ser bom economista ou, pelo menos, poupadinho.

O jovem assediado é que não aceitou a tentadora proposta, talvez por princípios éticos, por convicções religiosas ou, simplesmente, por achar que 200 euros era muita "fruta", desconfiando que aquilo não passasse de 31 de boca...

Tripla?

É sabido que o futebol apela para o irracional e desperta vulcões de paixão que, por vezes, se manifesta de formas surpreendentes.

Evoquei, há dias, a confissão de Pedro Abrunhosa sobre o acto de criar que o senhor considera ser igual ao de defecar. É um ponto de vista, como diria o Luís Delgado...

Hoje, ficamos a saber que a mais recente criação do insigne artista se intitula "Luz".

Sendo o homem portuense e estando ao rubro a guerrilha entre dragões e águias, esta "Luz" não parece surgir por acaso, ficando por explicar a verdadeira intenção de Abrunhosa com tal criação.

Ou seja, qual é o papel desta defecação? Será Renova folha tripla ... à moda do Porto?

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Self - service

Ana Paula Oliveira é uma árbitra assistente brasileira que a FIFA decidiu retirar das suas listas com o pretexto de que a moça vai posar nua para a revista Playboy.

Parece acertada a medida tomada pelo organismo superior do universo futebolístico, uma vez que é preciso demonstrar firmeza no esforço preservativo da imagem imaculada não só do Futebol em si como a da própria FIFA.

Pode haver quem ache que nada têm a ver o cu (que a moça vai mostrar) com os calções de árbitra. Mas enfim, eles é que sabem...

Pela minha parte, apenas trago esta notícia à colação com o generoso e desinteressado intuito de dar algumas ideias aos fornecedores de fruta para os senhores árbitros.

Talvez não fosse mal pensado que, em vez de irem ao Brasil contratar jogadores de duvidosa valia, convidassem a mocinha Ana Paula e mais algumas colegas a virem até cá exercer os seus talentos.

Assim, e em nome da paridade, cada trio de arbitragem passaria a incluir uma "minina", inovação que, de forma discreta e legal, dispensaria todos os Araújos e/ou Reinaldos de se darem ao trabalho de levar a fruta ao hotel, uma vez que ela já lá se encontraria no seio (salvo seja) da equipa.

Sublinho que não cobrarei um tostão por esta sugestão e dispenso qualquer outra forma de pagamento, mesmo que seja fruta...

Adivinha quem ...

O actor norte-americano Sidney Poitier completou 80 anos e acaba de escrever um livro sobre a sua vida, a sua infância de menino pobre, quase analfabeto, com um sotaque cerrado das Bahamas, o ferrete da pele negra, arrumador de carros e lavador de pratos em Nova Iorque, a entrada difícil num curso para actores de cor, as lições de língua inglesa por um velho judeu que não voltou a ver e a quem nunca pôde agradecer.

Foi um longo caminho até à consagração que o "Óscar" materializa, recompensa ainda mais apreciável quando se é de raça negra e interveniente convicto em causas de cidadania.

Casado com uma branca, Sidney Poitier trouxe para a sua vida o tema do filme "Adivinha Quem Vem Jantar", a insólita e ousada entrada de um jovem negro numa família americana a rebentar de preconceitos.

Seis filhas foram o fruto de um casamento duradouro e feliz.
A memória dos pais está muito presente ao longo do livro, a ternura, a saudade, o reconhecimento, os ideais, os princípios, as linhas de rumo que o levaram até onde chegou.

Podia ter morrido cedo, podia ter ficado toda a vida no bairro de Queens, a lavar pratos ou a arrumar carros, e nunca teríamos sabido que existiu um Sidney Poitier.

Pode parecer fácil, após uma vida de êxito, vir agora fazer considerações, filosofar, dar graças pela felicidade de um percurso cheio de amor da família, fama, dinheiro, uma longa metragem com um final que, aconteça o que acontecer, só poderá ser feliz.

Não sei quantos de nós poderemos, quando chegar a altura, olhar para trás e pensar que fizemos bem, que estamos em paz com a nossa consciência, que valeu a pena, pelos outros, sobretudo, e por nós, um pouco.

Uma curandeira, tinha Sidney poucos dias, previu que ele seria conhecido no Mundo inteiro, ombreando com os grandes do planeta.

Falta saber se o seu destino estava traçado ou se foi Sidney Poitier que o escreveu como fez agora com este livro, a pretexto dos 80 anos que não lhe retiraram o encanto nem toldaram o brilho do olhar inteligente e subtilmente irónico ...

sábado, 23 de junho de 2007

Santos Populares

A rivalidade entre o Benfica e o FC Porto não se fica pelos confrontos sobre o relvado.
Em campo, sucede que os resultados estejam dependentes de um remate bem colocado, uma defesa acrobática, uma desatenção (ou uma atençãozinha) do árbitro ou de uma bola que bate no poste ou na barra.

Ultimamente, é a barra que tem estado no caminho dos dois clubes, não a da baliza mas a dos tribunais.
Pelo lado do Benfica, alinha Vale e Azevedo, equipado com vários processos às costas, o mais recente decorrente de apropriações estranhas na compra e venda de jogadores.

Às riscas azuis, ainda sem ter chegado à barra (calma, lá chegaremos), temos o JN, não o Jornal de Notícias mas o nosso Jorge Nuno a quem, maldosa e injustificadamente, acabam de acusar de ter influenciado mais um jogo, este entre o Nacional e o Benfica.

Já é má vontade. Coitado do homem, já não lhe bastava ter de arranjar fruta para os árbitros dos jogos do Porto, agora ainda lhe imputam (salvo seja) responsabilidades em jogos alheios.

Vale e Azevedo só foi atirado à barra depois de ter deixado o Benfica, ao passo que o angélico Jorge Nuno, apesar de se manter no cargo, já anda a ser perseguido.
Deve ser a pressão alta no último terço do campo, o terço e bênção na capela dos Mártires onde o bom homem já tem uma peanha à espera...

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Pontos de vista

Está no ar em cada sexta-feira, depois das 19 horas, na Antena 1.
É o "Contraditório", programa que conta com a colaboração de Luís Marinho, Ana Sá Lopes, Luís Delgado e Carlos Magno.

Luís Delgado é o senhor "desse ponto de vista", bengala frequente mas que não constitui erro. Carlos Magno é imperial, erudito, lúcido na análise, versátil, muito bom na língua portuguesa. Exemplar.

Hoje, falaram, entre outras coisas, de eutanásia, e Ana Sá Lopes teve esta frase de antologia : "Eutanásia é uma coisa que eu não gosto dela".

Já não me parece correcto dizer "que eu não gosto" em vez de "de que eu não gosto".
Mas a senhora jornalista disse o que, infelizmente, se ouve cada vez mais, em frases como "É uma pessoa que eu não sei o nome dela".

Será que cujo lhes parece esquisito? Não conhecem? Afinal, trata-se de uma pessoa cujo nome não conhecemos. Simplesmente.

Mais adiante, a mesma senhora jornalista disse que a Ségolène Royal meteu o marido na rua.
Eu não sei o que se passa na cabeça dos portugueses que, ultimamente, usam o ver meter com o sentido de pôr.

Ora, pôr pode ser sinónimo de meter, mas meter não é, forçosamente, o mesmo que pôr.

Eu ponho o livro na estante e meto a caixa na gaveta. Há neste verbo meter a ideia de introduzir que pôr não tem sempre. Ou não será assim?

Duas conclusões :

1) - a senhora jornalista Ana Sá Lopes precisa de aprender com o Carlos Magno porque, do ponto de vista (olá, Luís) da língua, revela flagrantes carências.

2) - a senhora Ségolène Royal, se calhar, pôs o marido na rua, precisamente porque talvez ele não metesse...

Banco de urgência

Uma das características do futebol é a abundância de frases feitas, cansativas e previsíveis.
Já ninguém deveria ter pachorra para ouvir falar em treino condicionado, atingir os objectivos, concentração, pressão alta, último terço do campo, etc.

Costuma mesmo dizer-se que nada se pode inventar, no futebol já tudo foi inventado.
Afinal, não.
Pelo menos à primeira vista, Jo Berardo (que confessa nada perceber de bola) terá tido uma ideia absolutamente inovadora que consiste na criação de um banco para o Benfica.

Contudo, se pensarmos melhor, o Benfica não precisa de um banco porque isso já ele tem há muito tempo, o chamado banco de suplentes.

O que falta ao Benfica é um bom treinador, ambicioso e de pulso forte, além (naturalmente) de bons jogadores para colocar no banco, admitindo que os que sobem ao relvado serão melhores.

E precisa igualmente de correr do banco com indíviduos que lá andam a ganhar fortunas sem nada fazerem de útil.
Por exemplo, o senhor Carraça (triste nome) ganha 25000 euros por mês.
Alguém já viu obra do Carraça?

Afinal, Berardo nada inventou com a ideia do banco, mas pôs o dedo na ferida.

Só se esqueceu de dizer que aquilo que mais falta faz na Luz é uma vassoura...

Talvez ...

Eu tenho esta mania de interpretar palavras, gestos, poses, silêncios e sombras, é instintivo, não é por mal.

Por isso, a palavra rigor no cartaz de António Costa me chamou a atenção e desencadeou um processo associativo com um velho slogan socialista.

Não sei se sou eu que sou maldoso ou se os ventos de Lisboa estão a trazer para a blogosfera cheiros estranhos e pouco apetecíveis.

Ontem, foi a sugestão fornecida, de novo, pelo candidato socialista que, desta vez, não aparece de braços cruzados mas em mangas de camisa, talvez para mostrar determinação, ao melhor estilo (será tipo?) "vamos a isso, vamos a eles, quantos são, até os comemos".

Isto enquanto promete fazer com rigor. Fazer? Foi fazer que o Dr. Costa disse?

É que este verbo é algo traiçoeiro e faz-me pensar na imagem lançada hoje pelo patético Abrunhosa com aquela fórmula do "criar igual a defecar". Ou seja, "criar igual a fazer".
Ou não será?

Do Abrunhosa, criatura manhosa, ovelha ronhosa, (depois do tristemente célebre "Talvez F...") tudo se espera.

Mas ao sorumbático António Costa alguém deveria sugerir que mude de consultor de imagem e de fornecedor de slogans.

Quem contratar? Não sei, talvez Mário Lino. Ou o Manel Pinho, já que não me ocorre nenhum começado por F...

Fazer criação

O sublime Pedro Abrunhosa dá hoje uma entrevista fracturante ao não menos estruturante diário Destak.
Entre outras tiradas dilacerantes, rasgantes e arrombantes, o enorme artista evoca um poema de João Cabral Neto em que é dito que "o acto humano de criar é muito parecido, senão igual ao de defecar".

Ainda bem que aceitei o Destak que me ofereceram na rua. Caso contrário morreria sem saber que criar é um acto humano. Ainda assim, tenho as minhas dúvidas porque as galinhas criam os pintos, mas enfim, demos de barato.

Agora a semelhança com a defecação deixa-me interdito. Confesso que não esperava imagem tão poética. É linda, delicada e original.

Sensível como é, o nosso Pedroca logo acrescenta (esta é da sua lavra) que o "acto de criar é medonho, não é bonito de ver. O meu ninguém vê".

Agora se percebe o mistério dos óculos escuros, é uma forma de se esconder, de não permitir que o vejam. Imagino o artista Abrunhosa, fechado na retrete, em pleno esforço de criação.

Certamente gastará vários rolos de papel para nele inscrever claves de sol, fusas e colcheias, antes de limpar o único olho que não usa óculo escuro.

Mais papel e mais palavras para quê? Este artista é português. Infelizmente.

Parabéns, Augusto!

Começaram as obras na Casa do Bispo, futura sede do Museu Municipal. Por agora, apenas vai avançar o serviço de cafetaria ao ar livre, em regime de esplanada, no logradouro situado nas traseiras daquele vetusto edifício. Por beneplácito municipal, e durante alguns anos, o serviço será assegurado pelo Núcleo Sportinguista de Sesimbra, que, por acaso, está sedeado num prédio cujas traseiras confinam com as da Casa do Bispo. Parabéns, Augusto!

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Augusto e o deserto

Deserto. Não, não falo do outro, o do lamentável ministro da Ota. Falo do estado em que, ontem mesmo, à míngua de propostas, ficou a hasta pública para a construção de um empreendimento turístico na Av. dos Náufragos, que, ainda há pouco tempo, o “Sesimbra Município”, à guisa de maqueta, exibia galhardamente nas suas páginas. De vereador dos planos a Presidente dos projectos, o mesmo Augusto que, há dois anos, queria transformar Sesimbra no primeiro destino turístico da península de Setúbal não consegue agora atrair investimentos no sector. Há pessoas assim, que são capazes de criar o deserto à sua volta.

Carta na mesa

Estimado senhor Escriba,

Peço-lhe antecipadamente que não interprete mal o meu gesto, tanto mais que me aconselhei com a senhora Ana Avoila, cá do Sindicato, e ela também acha que mereço um aumento de ordenado.
Como lhe será fácil verificar, reconhecer, admitir, etc. etc. etc., como diz? é só um, pronto, seja feita a sua vontade.

Pois como ia dizendo, tenho puxado pelo bestunto e só hoje já escrevi oito ensaios, sem contar esta missiva que tem por finalidade solicitar ao senhor Escriba uma avaliação baseada em critérios objectivos e que conduza a um reajustamento justamente (bem boa esta) calculado.

Na expectativa de um despacho favorável, tomo a liberdade de informar o senhor Escriba da minha intenção de concorrer a assessor de Imprensa da Câmara, caso não atenda a minha pretensão.

Mais esclareço que, se decidir convocar-me para negociações, irei acompanhado da camarada Avoila cujo falar franco me enche as medidas.

Este seu criado,

Carteiro, letra C. 2º Escalão

ETC .

Esta manhã, o brilhante homem de Letras que é, sem dúvida alguma, Vasco Graça Moura, cometeu o erro em que caem quase todos os portugueses, ou seja, disse por três vezes et cetera.

Ora, minhas senhoras e meus senhores, estimado público, esta expressão latina significa (apenas para quem não souber) e outras coisas mais, pelo que a recomendação que faço, aqui desta estação central de Correios, é que a usem uma só vez.
Por muitas que sejam as coisas que poderíamos acrescentar, é inútil repetir os etc, um só chega.

Por isso, espero que tenham tomado a devida nota e que não me obriguem a voltar a este assunto. Estamos entendidos?

Se assim é, creiam que fico satisfeito, contente, alegrote, aliviado, todo inchado, etc.

Recuo elogiável

Cá está. O Governo acaba de anular aquela lei obtusa que exigia a declaração de doações entre pais e filhos ou entre cônjuges, por exemplo. Estão a ver, não estão?

Não tarda que as oposições levantem a voz para acusar o executivo de Sócrates de novo recuo.
É verdade que recuaram na Ota e também em alguns encerramentos de maternidades e de escolas, mas estes são os ossos do ofício, só sai a quem joga, só não erra quem não faz, etc.

Na verdade, devemos felicitar o Governo por emendar a mão, por retirar uma lei infeliz.

Agora, fico aqui a pensar se estarão igualmente dispensados de declaração os donativos, as jóias, os casacos de pele, as viagens, os carros, enfim, o leque de presentes que alguns senhores oferecem às "afilhadas".

Mais espero que os inúmeros (e injustos) processos contra Pinto da Costa venham a ser arquivados, visto que nenhuma lei obriga a declarar a "fruta" que o generoso presidente oferecia aos homens do apito e aos que andavam sempre com o pau (da bandeirola) no ar...

Solidariedade

Há pouco, fui ver "Atrás das Nuvens", um agradável filme português com mais uma boa interpretação de Nicolau Breyner.

A curiosidade é ter sido eu o único espectador naquela sessão.
É certo que a Lusomundo tem inúmeras salas e múltiplas sessões, mas não é menos exacto que tive a sala só para mim, nem tendo sequer desligado o telemóvel, circunstância que me permitiu atender uma saborosa chamada do Escriba.

Ainda emocionado pela experiência desta sala mergulhada na escuridão e na solidão, senti crescer em mim uma sensação de solidariedade para com os administradores do Cineteatro de Sesimbra tão criticados em certos blogues quando a sala não atinge coeficientes de ocupação à altura das expectativas.

Para todos, programadores, operadores, arrumadores, vendedores de pipocas, bombeiros de serviço, para toda essa imensa e devotada equipa que proporciona aos munícipes o milagre da Sétima Arte, do fundo do coração e daqui da parte de trás das nuvens, ficam esta palavras redentores de compreensão e de indefectível solidariedade.

Tudo embrulhado num chi-coração e num sorriso vibrante como o do leão da Metro...

Qualquer semelhança seria pura coincidência ...

Pierre Jourde é professor e escritor. Nasceu numa aldeia de onde saiu cedo, mas da qual conservou recordações fortes e nítidas.
Um dia resolveu escrever um romance para falar das suas raízes, do universo rural onde cresceu, da memória de um tempo distante.

Levado pelo entusiasmo, achou interessante falar das pessoas, dos pequenos segredos e mistérios de uma povoação onde todos se conheciam.
Para o fazer mudou-lhes os nomes, e contou o que sabia de histórias de álcool, adultério, consanguinidade, usurpação de bens, intrigas várias que acabaram por chegar ao conhecimento dos visados que se reconheceram nas personagens.
Resultado: o escritor, ao voltar à aldeia, com a família, quase foi linchado.

Os agressores estão agora a ser julgados em tribunal.
Este caso ocorreu, algures, numa aldeia da França profunda, e não acredito que tal pudesse verificar-se em Sesimbra, por exemplo, terra onde quase nada acontece, gente pacata, amiga do seu amigo, pouco haveria para contar, escassa lenha para queimar...

Quem dá mais?

O velho Manchester City acaba de ser comprado por um senhor chamado Thaksin Shinawatra, antigo primeiro ministro tailandês que esteve envolvido em escândalos de corrupção e fraude eleitoral.

É estranho como um desporto nobre como é o futebol atrai gente com atributos duvidosos.
Felizmente que isto só acontece lá por fora, Deus nos guarde e resguarde.

Claro, há o caso de Vale e Azevedo que tem culpas no cartório de advogado, mas de resto é tudo boa gente, gente séria.

Não acredito que os nossos gloriosos clubes alguma vez caiam nas mãos de pessoas suspeitas de práticas menos límpidas.

Por isso, ficaria muito desapontado (e mesmo destroçado) se amanhã me anunciassem que foram compradas equipas prestigiosas como o Gondomar, o Felgueiras ou o Boavista...

Academia ou asilo?

Parece que o brasileiro Derlei vai assinar pelo Sporting.
Posso estar enganado, mas estou em crer que é um mau negócio para os leões.
Derlei deu tudo o que tinha para dar (e mais ainda, sabe-se lá como) ao serviço do Porto.

Recordo que se lesionou seriamente numa entrada estúpida a um adversário, junto à linha lateral, lá longe, no meio campo contrário, coisa estranha e despropositada, cego de "pujança".

Espremido que foi, logo o Porto o despachou para a Rússia.
Se ele estivesse capaz, teria ido para o Chelsea, mas Mourinho não é parvo.

Recambiado pelos russos, aterrou na Luz onde apenas conseguiu marcar um golo.
Então e agora vai para o Sporting? Vai pagar para jogar ou faz um contrato por objectivos, tanto por golo?

Aquilo ali em Alcochete ainda é Academia ou já é lar de 3ª idade?

Falta de pontaria

No desempate entre Holanda e Inglaterra (Sub-21) foram precisas 32 grandes penalidades.
Posso admitir que uma tal crueldade constitua um espectáculo excitante para quem assiste, mas é sobretudo uma provação terrível para os jogadores.
Pior que isso, é uma medida injusta e estúpida.

Este lamentável episódio mostra como a verdade desportiva pode ser substituída pela lotaria de um tiro ao boneco de feira popular.

E confirma a minha ideia de que seria infinitamente mais adequado, em caso de empate no fim do prolongamento, declarar vencedora a equipa que tivesse conquistado mais pontapés de canto.

Se se verificasse novo empate, ganharia quem tivesse cometido menos faltas.
As grandes penalidades só em último recurso.

Não é preciso génio para sugerir esta fórmula. Michel Platini, presidente da UEFA, percebe mil vezes mais disto do que eu. Mas o circo continua. Por que será?

Pontaria

Como opinar não custa, continuo a achar que os cartazes de campanha eleitoral de muito pouco ou nada servem, não passando de frases ocas, chavões estafados, poses patéticas, despesa inútil.
Já aqui falei do RIGOR de um António Costa de braços cruzados como quem espera uma vitória que lhe há-de cair nos ditos, embora nada faça para convencer o povo votante.

Hoje deparei com outro cartaz em que o Dr.Costa declina o tema, desenvolve o conceito, glosa o mote ou goza com a gente, não sei bem.
O que sei é que o cartaz mostra o senhor e diz "FAZER COM RIGOR".

Desta vez, lembrei-de de um curioso slogan a um laxante que rezava assim "Tome (o laxante X) e faz você muito bem".

Se calhar, fazer com rigor, é fazer a horas certas, delicadamente, sem deixar marcas na sanita e, ainda menos, nas cuecas finas. É a chamada certeza no c... fazer. Será?

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Ora toma

Há uns anos, o delicado socialista Jorge Coelho proferiu a famosa afirmação/promessa em que anunciava que quem se mete com o PS, leva.

Que o digam Charrua e António Caldeira, o bloguista a quem o eng... eng... , enfim, José Sócrates mandou instaurar um processo crime.
Em nome da liberdade de expressão, certamente.

Mas quem se mete com o PC, leva também.

Foi o que aconteceu agora ao advogado e ex-casapiano Pedro Namora que foi afastado da direcção dos Recursos Humanos da Câmara de Setúbal por ter enfrentado politicamente a senhora presidente, a tal que ficou no lugar de Carlos Sousa que o PC convidou a sair.

Assim vai a democracia em Portugal...

Prémio Blog com Tomates


E de novo nos chegaram Ecos da Falésia. Harmónicos, melódicos, ritmados. Música celestial. O que nos havia de acontecer!

Foi grande a gentileza da Sininho ao atribuir-nos uma nomeação no âmbito do prémio “Blog com Tomates”. Para saber mais sobre este galardão, destinado a premiar os blogues que lutam pelos direitos fundamentais do ser humano, o leitor pode consultar o Blog com Tomates em pessoa.

Manda a verdade dizer que a Sininho acertou em cheio, pois por estas bandas só labora “gente do campo”. Cada qual com o seu troféu (felizmente veio um par), vamos agora saborear a distinção, exibir a rubra imagem com mal disfarçado orgulho e começar a pensar nas nomeações que teremos fazer.

Merci, Sininho.

Carteiro e Escriba

Regional

O senhor Eng. Eduardo Pereira foi condecorado pelo senhor Presidente da República.

O jornalista, senhor Dr. David Sequerra, atento e oportuno, mostrou ser homem para quem a gratidão não é palavra vã.

E vã dai, perdão, vai daí, logo dedicou um Bilhete Postal ao Eduardo, um "velho" amigo.
Vem na 2ª página do jornal que ambos tão bem conhecem, "O Sesimbrense".

Vale a pena ler, é um pedaço de prosa simples, mas enternecedora, repassada de melancólica delicadeza, , não uma carta laudatória (como frisa o nosso David) mas apenas um bilhete postal.
Gesto nobre deste David que se sente" arauto da justiça regional" e se confessa leitor assíduo das "Ondulações" do engenheiro.
E termina "Parabéns, Eduardo! Estou contigo".

Nada mais natural. E é da mais elementar justiça (regional) o David estar com o Eduardo, se nos lembrarmos que foi o seu amigo que lhe proporcionou o lugar tão ambicionado de Director de "O Sesimbrense".

Ainda que, para tanto, ambos tenham achado ser de inteira justiça (regional) deitar pela borda fora um homem (Carlos Batista) que tanto fez pelo jornal.

Parabéns, David, por este bilhete postal. Todos nós, os que o conhecemos (e o Batista em particular) estamos consigo.

É da mais elementar justiça. Regional...

Sai uma pastoral

O Vaticano acaba de divulgar uma "Pastoral dos Cuidados na Estrada", isto é, uma espécie de dez mandamentos dos condutores.

Entre outras medidas, pede-se aos automobilistas que se benzam ao entrar no carro, que rezem enquanto conduzem ou que não façam do veículo um espaço de pecado.

Há quem acuse a Igreja de não se aproximar das pessoas, de não se adaptar aos novos tempos, de continuar fechada e retrógrada.
Agora que surge esta iniciativa piedosa, certamente vamos ouvir os rezingões do costume, pois é, se nos benzemos lá nos esquecemos de apertar o cinto, se não podemos falar ao telemóvel por que motivo será permitido rezar, se o pecado não cabe no carro como vão certas raparigas governar-se, não é?

A vida não está fácil para a Igreja, e é preciso ter uma paciência de santo para aturar tanta crítica.
Como bom católico, não quero deixar de dar o meu contributo e, desde já, proponho à Santa Sé que estude uma pastoral consagrada a essa forma generalizada de crime que é o aborto tentacular, ou seja, a incorrupção voluntária de cupidez.

Estas vergonhosas práticas não têm lugar num qualquer vão-de-escada, mas sim em hotéis, salas de reunião de empresários, autarcas, dirigentes desportivos, etc.

Em Itália, o fenómeno é tão conhecido ou mais do que em Portugal.

A diferença é que, lá, a Justiça é rápida e eficiente...

Pobre François

Ségolène Royal pode ter falta de muita coisa, mas de ambição e de desembaraço, garanto que não.
Como se sabe, o seu companheiro François Hollande (ainda) é o secretário geral do PS, logo alguém com legitimidade para se considerar como um candidato natural à presidência da França.

Contudo, a mulher não lhe permitiu tal veleidade, e a mediatização que Ségolène conseguiu (apesar de vencida por Sarkosy) deu-lhe asas ao ponto de, numa assentada, ter aplicado um duplo golpe no pobre François.

Primeiro, pôs-lhe as malas à porta, dando por terminada uma relação que rendera quatro filhos, o que não é coisa pouca.
Depois, já fez saber que quer ser líder do PS, o que significa, correr de lá com o ex-companheiro.
Que mais terá este homem para perder?

Lá diz o velho provérbio francês "La vie é belle, la femme é que dá cabe delle".

Se as mulheres entram todas assim na política, coitados dos homens, todos eles, Vincent, François, Paul et les autres...

O gato e o rato

Segundo li, os senhores Juízes da 4ª Vara Criminal do Tribunal da Boa Hora pediram a intervenção dos directores-gerais da Saúde e do Trabalho por terem encontrado, num dos seus gabinetes, um rato em estado de decomposição.

Esta caricata notícia poderia levar-nos a sorrir, mas, vendo bem as coisas, dá que pensar.
Ratos mortos há-os em toda a parte, até em restaurantes chineses, se bem nos lembramos.

Contudo, as altas excelências que são os nossos doutos Juízes é que não podem ser ofendidos, beliscados nem perturbados nos seus sacrossantos gabinetes por cadáveres putrefactos de nojentos roedores.

Quem acompanha os processos Apito Dourado (agora parece que vai) e, sobretudo, o da Casa Pia (ainda não prescreveu?), só pode duvidar da eficácia da nossa Justiça e exclamar "Aqui há gato".
Mas agora ficamos a saber que não só há gato como há rato. Morto, mas rato, ainda assim.

Bem andaram ao reclamar (exigir, não?) a presença imediata dos dois citados directores-gerais. Suponho que a Judiciária já esteja em campo, com uma brigada de agentes acompanhados por gatos adequadamente treinados.
Sim, porque se o bicho está morto é porque o mataram, e o crime não pode ficar impune.

A TVI e a SIC já difundiram fotografias do rato, mas (tanto quanto pudemos apurar) ninguém o identificou, por enquanto.
O largo da Boa Hora está cheio de jornalistas, e o director da PJ vai estar em directo nos telejornais das 20 que é boa hora para estas intervenções.

José Sócrates já encomendou cem ratoeiras e vinte gatos para São Bento, enquanto Durão Barroso, Sarkosy e Ângela Merkel já fizeram saber que só cá vêm se houver garantias formais de todos os ratos terem sido erradicados.

Mais precisaram que, se essas garantias vierem de Manuel Pinho ou Mário Lino, não aceitam. Jamé...

A verdade a que temos direito

Anteontem, num comentário, um incógnito Toureiro, muito preocupado com a minha identidade, chamou-me mentiroso por causa do aumento dos gastos da edilidade com horas extraordinárias. Hoje, foi aprovada em sessão de Câmara uma alteração orçamental para reforço de uma dotação relativa a… horas extraordinárias. Por muito que custe ao Toureiro, esta é a verdade. A que temos direito…

terça-feira, 19 de junho de 2007

Onde está o Wally?

Para variar, propomos hoje algo de verdadeiramente diferente. Nada mais, nada menos, do que um teste à perspicácia do leitor sagaz. Nas diversas fotografias - correspondentes a várias sessões - que, no mais recente número do "Sesimbra Município", ilustram a reportagem do Orçamento Participativo, há uma figura que está em todas, sem que tenha qualquer responsabilidade autárquica ou qualquer vínculo ao município. Será que anda com a casa às costas?

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Cá vamos, cantando e rindo!

Metodicamente, sistematicamente, a Dr.ª Felícia parece apostada em perverter tudo o que é festividade religiosa, tradicional e popular. Os festejos dos Santos Populares não escapam a esta regra sem excepção. O ano passado já tivemos a inovação insólita do Karaoke. Este ano, junta-se-lhe o Hip-Hop, mailas Sevilhanas. Para o ano, quem sabe, virá o techno, o acid, o house!?

Mas o que mais me intriga e desgosta é o facto de as marchas na vila de Sesimbra – infelizmente só uma persiste – saírem este ano, ao contrário do que é habitual, na noite de 24 de Junho, e já não na noite de São João. Se eu fosse uma pessoa mal intencionada, até era capaz de ficar a pensar que a inusitada deslocação no calendário se ficou a dever a razões de oportunidade, uma vez que o recital de Luís Taklin no Cine-Teatro está precisamente agendado para a noite de 23. Mas não, não pode ser. Seria vergonhoso…

Aliás, música é o que não falta a estes Santos. Como princípio, a coisa aceita-se, mas tantos nomes juntos num só programa, nem no festival da Eurovisão. E já nem falo nos “cachets”. O que na verdade mais me preocupa - e nisto não estarei sozinho - são as horas extraordinárias dos trabalhadores da Câmara, que no último trimestre simplesmente dispararam…

domingo, 17 de junho de 2007

Gozo e Gaza

As tensões entre palestinianos e judeus duram há décadas, apesar das mil tentativas de reconciliação, caminhos, atalhos e carreiros para a paz.
Tudo tem sido inútil, com o filme a ter trezentas e uma partes, ora agora ataco eu, ora agora desrespeitas tu o cessar-fogo.
Até que surge algo de verdadeiramente novo.

Os judeus, fartos de tanta guerra, resolveram parar para descansar e ler banda desenhada.
Foi então que um rabino mais fino, descobriu "A Zizânia", obra em que o genial Goscinny (pai de Astérix) inventa um espião romano que semeia a discórdia entre os irredutíveis gauleses.

Não sei como se diz Eureka em hebraico, mas deve ter sido essa a exclamação proferida pelo rabino.

Nem Ana Gomes, nem Manuel Pinho nem (ainda menos) Mário Lino teriam sido capazes de tal ideia, mas o rabino veio a Portugal, falou com um dos arguidos no processo "Apito Dourado", um tal qualquer coisa Costa, e mandou-o parlamentar com os palestinianos.

O resultado está à vista : guerra feia, violenta, entre as duas facções irmãs, sangue do mesmo sangue, o Hamas e a Fatah.

Enquanto a zizânia alastra até à Cisjordânia, os judeus, felizes da vida, dão marradinhas no Muro das Lamentações, cheios de gozo, pensando em Gaza...

ÚLTIMA HORA

Parece que o professor António Balbino Caldeira é acusado de se ter apropriado do canudo de Sócrates para, dessa forma, poder afirmar que o nosso Primeiro não acabou o curso.

Ao que apurámos, à porta das instalações da PJ, o professor, quando entrou, levava consigo o canudo.
Porém, ao ser minuciosamente revistado e apalpado, o canudo não foi encontrado.

Fica, pois, no ar a palpitante e angustiante interrogação:

-Onde teria ele metido o canudo?

Bem feito

O professor universitário António Balbino Caldeira, autor do blogue "Do Portugal Profundo", vai ser ouvido como arguido num inquérito judicial ligado ao imbróglio do diploma universitário de José Sócrates.

Acho bem.
Toda a gente ouviu as amplas, claras e convincentes explicações do nosso Primeiro-Ministro, pelo que só gente de má índole pode continuar a achar que há (ou houve) ali factos estranhos. Francamente.

Por outro lado, é tempo de pôr em sentido este tipos dos blogues que se acham no direito de criticar tudo e todos, armados em sabichões e árbitros de elegâncias. Chega, basta, stop.

Por mim, juro dizer a verdade, só a verdade e nada mais do que a verdade, ao afirmar que sempre achei o senhor Arquitecto um autarca ao nível do Ezequiel, o que é um considerável elogio . Ou não será?

A Dra. Felícia? Oh, lá, lá, ora essa, ela é a musa inspiradora desta Sesimbra moderna, buliçosa, arejada, empreendedorista, acontecedora, farol de infinito, arco-íris de esperança nas trevas da ignorância e da incompreensão.

O Dr. Sequerra? O David? Como dizer? Para mim é um Neruda, um Eminguei (menos 5 quilos), um jornalista, um historiador, um monumento kádakaza, a Mona Lisa d' "O Sesimbrense".

Não fui eu a criticar as singelas e baratas (no fundo) cerimónias de inauguração do Cineteatro, adoro o Represas, sou fã dos fiéis, de isqueiro na mão, braços no ar a ondular, o homem faz-me pele de galinha, o maroto.

Nada de confusões, eu, pessoalmente em pessoa, é assim, sou vidrado por filmes japoneses, quanto mais compridos melhor, é mais fita pelo mesmo preço.

Que fique bem claro, amiga Maga, não fui eu a atirar a primeira pedra aos 7 Sá Morais...

sábado, 16 de junho de 2007

Maga, mas patológica

A Maga Patalógica escreveu o seguinte num comentário à entrada anterior:

Ganhem eleições, escolham os vereadores, e metam em prática essa vossa iluminada politica cultural (que ainda não se percebeu qual é) para o cinema João Mota. Só têm um problemazito, que é convencerem os Sesimbrenses que voçês não são os incompetentes que são, para poderem ganhar eleições claro.

Confesso que a Maga se tornou parte da mobília. Deus a guarde por muitos anos. Resolvi responder-lhe aqui, e assim:

Ó Maguinha Patalógica (ou será Patológica?), lamento muito desapontá-la, mas aqui nos correios ninguém deseja concorrer a eleições, e, por isso, não pretendemos convencer quem quer que seja. É puro prazer, percebe?

Eu não sei se a política cultural para o João Mota tem de ser assim tão iluminada, mas, pelo sim pelo não, com sessões de cinema a terminarem presentemente à uma e meia da manhã, talvez seja melhor manter acesos os Petromax. Acaso julgam que o fuso horário em vigor por estas bandas é o de Havana, ou o de Caracas?

Já agora, Maguinha, que falou em competência, experimente escrever "voçês" sem cedilha. Vai ver que lhe soa melhor.

E não se amofine. A verdade é que os munícipes são uns chatos, uns cinéfilos de trazer por casa, uns ingratos, é o que é. Porém, pagaram bilhete, o que os torna clientes. E o cliente tem sempre razão.

Hara-kiri

A Augusto e a Felícia, não há santo que lhes valha. Ontem, no Cine-Teatro João Mota, passou o filme “Os Sete Samurais”. Durante a primeira parte, a casa esteve “meia cheia”. Depois do intervalo, apenas um resistente espectador se manteve na sala. Como o povo é ingrato! Logo ontem, que a Câmara Municipal lhes proporcionava uma sessão de cinema com a duração de 208 minutos, mais um intervalinho pelo meio. Era banzai! pela certa até à uma e meia da manhã. Felizmente, as horas extraordinárias estão controladas...

Sesimbrexpresso

Que "O Sesimbrense" erre é coisa a que já nos habituámos, mas quando o famoso "Expresso" atropela a gramática, é a prova de que os nossos jornalistas precisam de voltar à escola.

Na edição de hoje lê-se :

1 - "Helicópteros contra incêndios atrasados".
Quem? Os aparelhos ou os fogos?

2 - "Carros a utilizar na presidência europeia regressão à Alemanha".
Lindo, não é?

3 - "Lino gasta demais em investimento".
Já não vai a menos...

Na semana passada, houve quem escrevesse "Assim hajam propostas".
Bem hajam estes brilhantes jornalistas...

Depois, ficamos a saber que há "cem mil lisboetas com esgotos para o Tejo". Os outros, provavelmente, terão vistas para o Tejo. E para os esgotos, não?

Mais nos dizem que Helena Roseta roubou a Carmona o slogan"Dar a cara por Lisboa", sendo este o tema de um jantar, na próxima 2ª feira.
Com que cara vai ela comparecer?

Perante isto, que a Dra. Isabel Peneque não desanime. Como vê, não está sozinha.

Continue, é o incitamento que aqui deixo bem expresso...

Sem intenção...

O até há pouco Presidente da República Francesa, Jacques Chirac, perde hoje a sua imunidade presidencial, escudo invisível que evitou que fosse ouvido em processos antigos (enquanto presidente da Câmara de Paris) e um mais recente, sendo este menos grave.

Empregos fictícios na Câmara podem dar alguns amargos de boca a Chirac que é homem de apetite requintado e que gastou fortunas em gastronomia no palácio do Eliseu.

Agora, regressado à condição de cidadão comum, vai ter de se explicar...

Este episódio leva-me a pensar que a imunidade que protege os nossos altos governantes é mais um dos incontáveis privilégios que a si mesmos eles ofereceram, talvez por saberem que mais vale prevenir que remediar e que quem vai ao mar avia-se em terra.

Se é certo que a imunidade os torna intocáveis, e mesmo inimputáveis, isso não deixa de ser curioso tratando-se de pessoas que deveriam ser exemplares e demonstrar um sentido de responsabilidade inexcedível.

Mas se escolheram o preservativo da imunidade, eles lá saberão porquê.

Embora haja quem acredite que foi Sem Intenção De Aproveitar......

Sem limites

Por maior boa vontade que eu queira ter, “O Sesimbrense” não me dá tréguas. No número que saiu ontem, há um novo erro de palmatória, que deveria fazer corar de vergonha a sua directora. Na peça alusiva à sessão nocturna de 31 de Maio, que teve lugar na Biblioteca Municipal por ocasião do Dia do Pescador, afirma-se, a dado passo, a propósito do tríptico da pintora Maria Helena Leite, tratar-se de obra que foi agora adquirida pela Câmara Municipal. Por razões evidentes, o lapso pode e deve ser desculpado ao jornalista estagiário que assina a peça. Mas sempre terá de ser imputado à directora do vetusto jornal, que, sendo natural de Sesimbra - e não sendo nenhuma criança -, tinha a obrigação de saber que esta pintura foi adquirida pela edilidade nos anos 60, para decorar a primitiva Biblioteca Municipal, então instalada na Capela do Espírito Santo, quando António Telmo era o director da instituição. Ou será que a directora do jornal não lê o que nele é publicado?

Claro que a Dr.ª Peneque, que se permitiu falar de cátedra sobre a cultura no concelho no festival autárquico de 2 de Junho, não deve fazer a mínima ideia de quem seja o filósofo António Telmo, ou então paira muito acima dele. Com a mesma ligeireza com que agora deixou passar esta calinada, ignorou também, enquanto directora de “O Sesimbrense”, a homenagem que Sesimbra prestou ao escritor, e antigo colaborador do jornal da terra, no passado dia 26 de Maio. A ignorância é muito atrevida. E, pelos vistos, ilimitada…

Nova Ordem?

O Ministério Público acusa elementos da Polícia Judiciária de terem agredido violentamente, na fase de investigação, a mãe da pequena Joana, morta ou desaparecida, no Algarve, há três anos.

Não sei se Leonor Cipriano matou e/ou fez desaparecer a filha.
Não sei se foi, de facto, torturada, mas as marcas que vimos não indiciam queda na escada.

Esta ocorrência leva-me, contudo, a pensar que PODE haver alguma saturação no seio da PJ perante os inúmeros casos de arrogância, leviandade e autoritarismo de juízes que tão depressa são inflexíveis e ásperos em casos aparentemente benignos como deixam em paz ou com penas leves criminosos reconhecidos.
Sem falar nas oportunas prescrições.

Daí (porventura, não sei) algum desnorte de quem acredita estar perante alguém culpado de crime odioso e que nega o que, para eles, é evidente.
Não se pode, obviamente, desculpar a brutalidade das forças policiais, mas podemos tentar ver para além do abuso de autoridade.

Num campo quase oposto, assistimos (com muita preocupação) às metamorfoses da Polícia de Segurança Pública que, progressivamente, vai abandonando a farda azul, o bonezinho, o sapato leve, o traje civilizado, para nos surgirem matulões armados de bastões enormes, capacete, viseira, escudos parabólicos, botas demolidoras, verdadeiros robocops (ou lá como é), cuja missão parece ser impor uma nova ordem militarizada.

As fardas estão, lentamente, a ganhar tons mais escuros, até chegarem ao preto. Por que será?

Por alguma razão, os cidadãos vêem a GNR como um bando de controleiros furtivos emboscados na caça à multa, e a PSP como a tropa de choque à boa maneira americana.

Não sei por nem para onde vamos. Mas vamos mal...

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Um Óscar para O Delfim

Ontem à noite estavam duas – duas! – pessoas no Cine-Teatro João Mota para assistirem à projecção do filme “O Delfim”, de Fernando Lopes. A bem da Nação, desistiram. Na mesma semana em que o “Jornal de Sesimbra” nos revela uma Dr.ª Felícia muito entusiasmada – sem que ninguém perceba bem porquê – com a excelência mirífica da informação camarária, a divulgação das actividades do Cine-Teatro já deu nisto: um Óscar para o maior fiasco.

Ao que a “Magra Carta” soube, outras sessões têm estado às moscas, ou quase. Depois do esbanjamento insustentável de muitos milhares de euros com o programa inaugural, segue-se a inevitável dieta, que, lamentavelmente, parece não incluir o teatro...

Ou talvez sim... O drama de Augusto e Felícia vai começar no dia em que perceberem que o caso de ontem é exemplar: toda a gente tem este filme em casa. Compraram-no há uns poucos de anos, em DVD, juntamente com um jornal diário de grande circulação. Mas ao drama há-de seguir-se a tragédia, quando nos prestarem contas da gestão da sala.

Judiciali...quê?

Depois da jeitosa obrigatoriedade, da delicada honorabilidade e do impagável desde logo, o palavrão fino da moda é judicialização que vem sempre acompanhado por da política.

Ora bem. Judicial eu sei o que é, diz respeito a juízes e/ou a tribunais.
Judiciar também conheço, é decidir judicialmente.

Mas judicializar o que será? Tornar judicial? Quererão estes artistas da palavra dizer que a política está a tornar-se judicial?

À primeira vista, o que esses inovadores pretendem é acusar os políticos de estarem a aproveitar os casos de Justiça (ou de polícia) para as suas guerras partidárias.
Ou seja, estão a servir-se da Justiça com intuitos meramente políticos.

Judicializar (se a coisa existisse) seria tornar a política judicial, o que não é o caso.
O que, de facto, verificamos é que a Justiça está a ser invadida, contaminada e manipulada pelos políticos.

Em resumo, inventaram um palavrão inutilmente e, com ele, estão a dizer precisamente o contrário do que pretenderiam.
Ao que o pedantismo conduz...

Provérbio

No fundo, a culpa é de Sócrates, ao querer à viva força promover o ensino da língua inglesa.

Ironicamente, foi um professor de Inglês, Fernando Charrua, a atingir o nosso Primeiro-Ministro com um comentário jocoso julgado insultuoso pelo instrutor do processo disciplinar que nem se deu ao trabalho de ouvir o acusado.

Perante tão estranha forma de justiça, julgo que é tempo de colocar as peças no seu lugar, ou seja, confrontar vítima (Sócrates) e juiz com o acusado, ou seja, pôr Charrua à frente dos dois...

Haja vergonha

Nós, portugueses, somos muito engraçados, em especial o senhor Madaíl.

A presença desta personagem à frente da Federação é a prova mais flagrante das manobras e compadrios que envolvem as diversas Associações regionais que elegem o presidente.

Quem não se lembra das vergonhosas peripécias de meninas nos locais de estágio (caso Paula), das broncas no Mundial da Coreia, com a saída de António Oliveira e relatórios que nunca vieram a público, enfim, uma série de lamentáveis ocorrências cuja responsabilidade nunca foi apurada, tendo o senhor Madaíl sobrevivido a todos os escândalos.

Depois, este senhor correu com o técnico Agostinho Oliveira porque este se atreveu a pedir ao Felipão que o respeitasse.
Para o seu lugar, entrou José Couceiro que, até hoje, só tem feito má figura por onde tem passado.

Os Sub-21 perderam (e bem), e o senhor Couceiro tentou limpar-se acusando o árbitro.
Agora é o próprio Madaíl a lançar insinuações e acusações sobre holandeses e belgas a quem o empate serve perfeitamente.

Este tipo de comportamento, por parte de altos responsáveis do país do Apito Dourado e da "fruta", é o grau zero da desfaçatez e da indignidade...

Lar, amargo Lar

No seu blogue (Sesimbra), o Dr. João Aldeia publicou recentemente uma fotografia da mata do Desportivo e vários foram os comentários que se seguiram.

A questão central é a dos espaços verdes que Sesimbra não possui, excepção feita ao jardim municipal que, infelizmente, é de muito reduzidas dimensões.

Ora, sucede que este jardim se encontra em frente do Lar para pessoas idosas que nele encontram um pequenino oásis ali mesmo à porta. À falta de melhor...

O que se afigura deplorável é que um Lar, este ou qualquer outro, não disponha de espaços verdes suficientemente vastos para permitir passeios tranquilos a quem precisa de ar puro e condições para um mínimo de exercício.

Há pessoas que deixaram de poder andar satisfatoriamente, mas outras (a maioria, não sei) só teriam a ganhar se houvesse um pequeno parque junto ao Lar.

Por muito bons que sejam os cuidados e por melhores que sejam as instalações, não deixa de ser um complexo habitacional fechado, concêntrico, claustrofóbico, um armazém, uma arrecadação para velhos, um campo de concentração, uma verdadeira antecâmara da morte.

Quem para ali entra deixa à porta o pouco de alegria de viver que lhe possa restar.

As coisas são como são. Mas terão de continuar assim para sempre?

quinta-feira, 14 de junho de 2007

E coisa e tal

No seu último número, o “Notícias da Zona”, jornal de referência, e coisa e tal, dá-nos conta do lamentável espectáculo oferecido por Esequiel Lino na sessão consagrada aos 30 anos do poder local democrático, que se realizou no passado dia 2. Nada que nos surpreenda. Neste artigo indignado, e assinado pela própria direcção do periódico, fica-se ainda a saber que a preparação do evento e a sua condução por parte de Odete Graça não terão ficado isentas de críticas. Verdadeiramente surpreendente é a gente ler no jornal de referência, e coisa e tal, que tudo isto se passou na magnífica sala “Carlos Sargedas”. Há sempre um Portugal desconhecido…

É verdade

É verdade, estamos todos na União Europeia, vamos mesmo ter a honra de, daqui a dias, assumir a presidência da venerável instituição.

Também é verdade que temos uma moeda comum, o euro.

Neste cantinho da Europa, apanhamos choques tecnológicos e sonhamos com o TVG e um novo aeroporto internacional.

Mas não passamos de parentes pobres.

Em França, a partir de Julho, o salário mínimo, para 35 horas de trabalho semanal, vai ser de 1280 euros.
Continua a ser verdade que a moeda é igual para todos.

Só que uns são mais iguais do que outros...

Branco é...

Ao que consta, a defesa de Pinto da Costa vai requerer a nulidade das escutas telefónicas.
Nada mais natural, quando toda a gente percebe que, num contexto de corrupção, ninguém assina cheques em nome do árbitro nem tira fotografias com "fruta" na cama do hotel.

Por isso, os envolvidos em esquemas de corrupção só podem ser apanhados se estiverem distraídos, falando ao telefone, por exemplo.
Daí a extrema importância das escutas.
Estas podem, eventualmente, ter sido feitas ao arrepio dos procedimentos legais estabelecidos.
Mas o que verdadeiramente importa é que não tenham sido feitas ao arrepio da verdade, não tenham sido manipuladas, isto é, que sejam fidedignas.

Ora, ao pretender anular as incómodas escutas, Pinto da Costa está, implicitamente, a admitir que é culpado...

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Jamais

O jornal Sol mostra hoje um video em que o presidente Sarkosy aparece numa conferência de imprensa com um mais que visível grãozinho na asa.

A cena teve lugar a seguir ao almoço, e um repórter da Magra Carta, surpreendido, perguntou ao alegre Nicolas o que bebera à refeição.

Sem pestanejar, o senhor presidente declarou que ingerira apenas água.
Estupefacto, o nosso repórter (atrevidote, como sabeis) insistiu, insinuando que talvez tivesse andado por ali algum bom vinho francês.
Ao que o presidente ripostou:
-Vinho, eu ? Jamais, jamais.

Conselho do repórter : Nunca digas jamé.

Mas onde é que eu já ouvi isto?

Como disse?

A escola da Ajuda subiu no ranking porque os alunos escolhem bem o timing das compras na shop antes de irem ao casting da televisão, após o que bebem uns shots que lhes dão os inputs suficientes para conseguirem os feedbacks que são a base do know-how indispensável a uma performance digna de verdadeiros champions.

Ó man, tás a curtir este speak?

Finalmente

A acusação contra Pinto da Costa surgiu. Finalmente.

Por um lado, ninguém terá ficado surpreendido, tão grandes e antigas são as suspeitas.
Mas, por outro, poucos acreditariam que se chegasse a este ponto, o que só foi possível graças a Maria José Morgado, determinada, convicta e isenta.

Agora, vêm alguns dizer que a acusação não tem consistência porque o jogo com o Estrela não tinha qualquer importância para o Porto, campeão anunciado. É verdade.
Porém, este caso faz lembrar outro, ocorrido em França, com o presidente do Marselha, Bernard Tapie, que foi apanhado em flagrante delito de corrupção, precisamente num jogo muito pouco relevante.
E Tapie acabou na prisão.

A semelhança entre os dois casos apenas mostra que, quando o sentimento de impunidade atinge determinado patamar, perde-se a prudência e a moderação e, continuadamente, o cântaro vai à fonte...

O que sucedeu até agora é que, na fonte, estavam sempre uns senhores simpáticos com martelinhos de plástico, iguais aos do S. João, no Porto.

Mas agora, está lá a senhora Morgado com uma marreta implacável.

Bem pode o matreiro Pinto dizer que fruta são rosas, senhora.
O milagre é pouco provável...

O meu Santinho

Continua a fazer-me sorrir a fórmula "noivas de Santo António", ambígua e marotinha, capaz de fazer corar o Santo e de o levar até a deixar cair o Menino que traz sempre nos braços.

Ontem, lá casaram onze donzelas, na Sé, comovidas, felizes, radiantes, todas de branco, mesmo uma de outra raça. Foi bonito, uma pequena multidão acompanhou, partilhou da alegria geral e viu partir os casais em adoráveis automóveis antigos.

Já achei menos ortodoxo o facto de cinco casamentos terem sido celebrados apenas no Registo Civil, ignorando a Igreja.
Tendo em conta a tradição e o simbolismo dos casamentos de Santo António, não fará grande sentido, mas enfim...

Quanto à minha observação (algo brejeira, mas inocente) inicial, aceitemos que, no fundo, um santo também é um homem e lá diz o povo que um homem não é de Pádua...

terça-feira, 12 de junho de 2007

CambalhOTA

Um Governo existe, entre outras coisas, para tomar decisões e mandar executar.
Sócrates tem apresentado como bandeiras a coragem, a frontalidade e a determinação inquebrantável.

Vezes sem conta, ouvimos dizer que a decisão sobre a localização do novo aeroporto estava tomada e que a escolha recaíra na Ota.

Ora, se era essa a convicção, se estava decidido há tanto tempo, por que motivo o Governo não pôs um ponto final no assunto, recusando polémicas e diálogos?

Se estava seguro da sua decisão, por que não avançou?

Em questões como impostos, idade e montantes das reformas, encerramento de maternidades, escolas e SAPs, o Governo decidiu e avançou. Porquê então este recuo na Ota?

Um Governo sério, depois de tomar uma decisão que foi maduramente reflectida, não pode dar ouvidos a quem não concorda com a escolha.
A ser assim, a governação passaria a ser feita através de referendos.
A ser assim, para que serviria o Governo?

O pregão mais sonante de Sócrates, o seu espírito reformista, o seu "empreendedorismo" (brrrr...), tudo isso caiu por terra com estas tréguas que soam a rendição.

Não digo que ali tenha havido batOTA, mas esta travagem brusca bem pode acabar em cambalhOTA...

Frutas e legumes

Esta coisa da Política Agrícola Comum é complicada e surpreendente.
Se bem percebi, Bruxelas (terra das couves) pretende agora reformar a Organização Comum do Mercado de frutas e legumes, estando em equação, uma vez mais, a produção de tomate.

A Comissão Europeia propõe ajudas sem obrigação de produzir, oferta que não agrada ao nosso Ministro da Agricultura, uma vez que, dessa forma, não se assegura a matéria-prima necessária para a indústria.

O leigo que eu sou nesta matéria (prima) deduz que os nossos agricultores, uma vez de posse das ajudas, têm três opções : comprar jipes, diversificar as culturas ou manter-se fiéis à prática tradicional.

Isto se, para tanto, tiverem capacidade e ânimo. Ou seja, se tiverem tomates...

Caricato

O futebol, bem vistas as coisas, poderia ser comparado a uma canção, havendo, por um lado, a música e, por outro, a letra.

A música ( e a coreografia inerente) será a fonte de inspiração dos jogadores que os leva a correr,a saltar, a executar gestos de múltiplos recortes e efeitos, consoante os caprichos da bola e a arte de quem persegue vários objectivos, alcançar a baliza contrária, recrear-se com o esférico ou ludibriar os adversários.

A letra será a fraseologia utilizada por todos quantos se julgam capazes de comentar, opinar, dissertar, perorar ou cacarejar em torno de um tema redondo e tautológico como é o jogo da bola.

E, como há que inventar para mostrar imaginação e espírito inovador, vão chamando nomes novos a coisas e gestos velhos.

Camisola e botas passaram a ser camisa e chuteiras.
Ataque, jogada ou lance desapareceram para dar lugar a movimento. Em vez do simples fechar, hoje temos cortar as linhas de passe. O modesto contra-ataque morreu, havendo no seu lugar a imaginativa transição defesa-ataque.

Assim falam os treinadores de boné enfiado na cabeçorra até ás orelhas; os comentadores que não se cansam de falar em sinaléticas e nas corridas atrás do prejuízo; os jogadores, de cabelos eriçados e brincos nas orelhas, muito concentrados, para atingirem os objectivos.

Os festivais da canção da bola são intermináveis e os ensaios têm lugar todos os dias do ano, aos microfones de Rádios e Televisões, em fastidiosas, pomposas e ridículas conferências de imprensa.

Que se há-de fazer?

segunda-feira, 11 de junho de 2007

De encontro

O “Notícias da Zona”, que hoje voltou a dar à costa, apresenta-se, na sua contracapa, como um jornal de referência em termos de actualidade e informação plural, isenta e rigorosa. Não duvido que assim seja, mas faz-me espécie que, segundo o quinzenário, Augusto tenha declarado que o novo site camarário é “um site moderno que vai de encontro às necessidades dos munícipes”.

Os leitores mais benévolos estarão em crer que um dos dois, a jornalista ou o autarca, foi inadvertidamente de encontro à língua portuguesa. A mim, depois de ter lido alguns conteúdos (como agora se diz) do novo site, ninguém me tira que Augusto quis mesmo dizer, preto no branco, o que veio publicado, tantos foram os atropelos verificados com a estreia do portal.

Tempo de manjericos

O mesmo filósofo chinês ( o das gravatas) dizia-me que a irresponsabilidade e o autismo dos políticos nos entram pelos olhos dentro quando contemplamos os ridículos, inúteis, pomposos e caros cartazes que inundam Lisboa.

A sabedoria (que eles não possuem) ter-lhes-ia explicado que NINGUÉM, em seu perfeito juízo, vota num candidato por lhe ver visto a cara ou a gravata num cartaz.

Por outras palavras, os cartazes (como diz? Outdoors?) de NADA servem, a não ser para satisfazer a vaidade dos cavalheiros e para encher os bolsos das agências de comunicação.
Será que ninguém vê isto? Estarei eu a ser mauzinho?

Esta manhã, dei de caras com o quinteto maravilha do CDS-PP, cinco violinos em segunda mão. Pergunto eu, ou melhor (em bom português modernaço), coloco eu a questão:
- Acaso o senhor Portas imagina que, ao olhar para aquelas cinco criaturas, alguém sente um desejo irreprimível de lhes entregar um voto?

Da mesma forma, será que o senhor enge... enfim, o Secretário-Geral do PS acredita que o RIGOR do António Costa, de braços cruzados, inspira confiança e exprime determinação?

Por mim, punha-os a todos a desfilar, de arquinho e balão na Avenida e entregava a Câmara ao Rui Rio.

A Câmara e o que resta do PSD...

O triunfo de Sarkosy

Os resultados da primeira volta das eleições legislativas em França apontam para uma vitória estrondosa da Direita, com o maior relevo a ser atingido pela UMF de Nicolas Sarkosy.

As patéticas ameaças de Ségolène Royal na véspera da sua derrota (risco de motins) fica como o símbolo do desnorte e da decomposição do PS que sai humilhado e desfeito.

Pior está o PC que quase não tem representação no Parlamento e se encontra a braços com uma crise financeira sem precedentes, tendo já vendido parte do património.
A própria sede está à beira do leilão.

A Frente Popular não terá qualquer deputado, regressando assim ao ponto em que se encontrava quando o "generoso" Mitterrand introduziu (à pressa) o modelo proporcional por forma a limitar a pesada derrota e a promover o partido de Le Pen, para confundir e perturbar a Direita tradicional.

Em alta continua Sarkosy que tem jogado com maestria as cartas da competência, da abertura e da paridade.

Resta saber o que vai suceder à Esquerda, em particular a um PS que se esgatanhou por causa da eleição presidencial e, agora, está destroçado.
Culpados não faltarão, quem pegue no leme é que não se vê. Será voSê, golène?

domingo, 10 de junho de 2007

Dia desta raça

Um dos critérios para se medir o nível de parolice de um povo é observar a importância que atribui a palermices como a que o ministro Lino proferiu acerca da margem sul.

Em qualquer país a sério, a pueril declaração teria provocado um sorriso divertido e um encolher de ombros, antes de se enfiar a anedota na gaveta das coisas a esquecer.
Mas não, por cá a indignação continua, dia após dia, orgulho e amor-próprio de toda uma população que se sentiu enxovalhada, que rasga as vestes, arranca os cabelos, clama no deserto, espuma baba de camelo e exige desculpas que o homem não pede, é claro.

Tudo isto acontece neste país onde o senhor Charrua terá (alegadamente) chamado um nome feio ao nosso Primeiro (aqui d'el-rei), ópera-bufa de escola primária cuja professora deve ser uma nostálgica da Mocidade ou da Legião.

E os telejornais enchem-se com estas palermices enquanto as pensões encolhem, a idade da reforma se alonga, o desemprego aumenta e a saúde piora.

É este o país que temos, um país que volta a estar embrulhado na nossa gloriosa bandeira e a rezar pelos nossos Sub-21 que lutam como heróis, apoiados por meia dúzia de emigrantes a quem o Governo pede remessas de euros enquanto lhes fecha os consulados...

Pedro

A propósito de filósofos, ontem foi dia grande na Biblioteca Municipal, com uma soberba dissertação de um escritor, pensador, mestre de bilhar, filólogo, etc. chamado António Telmo, um nome ímpar no panorama da Filosofia Portuguesa do nosso tempo.

Cada lição de António Telmo é um processo de encantamento em que a erudição descodificada se alia à poesia, com a espontaneidade e a ironia subtil de quem não procura produzir efeitos teatrais nem discursar de cátedra, mas apenas partilhar o saber, ajudar a pensar e a ver o Mundo com outros olhos, como quem contempla o Mar reconhecendo nele um sinal fascinante da presença divina.

O mestre veio de Estremoz até Sesimbra, sua terra de adopção, para apadrinhar o lançamento do primeiro livro daquele que, com esta obra e por mérito irrecusável, ganhou o direito a fazer parte do cenáculo da Filosofia Portuguesa.

O livro (notável) intitula-se "O Anjo e a Sombra", o pensamento envolve a figura de Teixeira de Pascoaes, e o autor chama-se Pedro Martins.

Não usa barba comprida, não tem ar de asceta, tem apenas a força tremenda das suas convicções, uma inteligência fulgurante e uma humildade discreta que o leva a procurar sem tréguas o conselho, a palavra de mestre Telmo, para melhor moldar os seus próprios pensamentos.

Talvez não pareça, não é certamente um anjo, saiu definitivamente da (relativa) sombra e é um motivo de orgulho para esta Sesimbra, terra que escolheu para ser a sua...

Chinesices

Um filósofo chinês (que vendia gravatas na Praça do Chile) disse-me um dia que, muitas vezes, nós não gostamos de determinadas pessoas por causa dos seus defeitos. Ou daquilo que nós rotulamos de defeitos.
Esta é a atitude mais comum.

Porém, confidenciou-me o filósofo, pior, muito pior e mais tortuoso, é quando não suportamos alguém não pelos seus defeitos mas pelas suas qualidades...

quinta-feira, 7 de junho de 2007

EU DECIDO !! Importa-se de repetir?

Vamos lá ver se nos entendemos. Este episódio rocambolesco das incontáveis sessões de um badalado Orçamento Participativo é simplesmente uma das máscaras matreiras com que a Democracia nos engana.

Ou seja, o executivo (este ou qualquer outro) camarário resolve mostrar urbi et orbi a sua transparência e o seu empenhamento na coisa comum e informa, com tambor e trombeta, que cada um dos munícipes pode intervir, fazer-se ouvir, ter uma palavra a dizer e, até, decidir na feitura do Orçamento.

Santa ingenuidade de quem acreditou numa tal patranha. Por isso se contam pelos dedos os que foram ao engano.
Maior ainda a (aparente) ingenuidade de quem planeou a coisa, imaginando que o povo acorreria.
Suprema ingenuidade a dos que pensarem que o PC é ingénuo e inocente.

Em verdade, eles bem sabiam que as salas ficariam às moscas, mas o importante era a vastíssima acção de propaganda à volta de uma suposta participação numa coisa que estava decidida antecipadamente. Obviamente.

É assim a democracia que temos, não por sua culpa mas pela forma como dela se servem pessoas que apenas estão interessadas no seu "tacho".
Ingénuos são os que não vêem que os políticos precisam dos votos para serem eleitos, o que explica as mentiras, as promessas falsas, os beijos às criancinhas, o folclore das campanhas.
Depois, garantidos os lugares, os vencimentos e as mordomias, esquecem os compromissos e gozam à farta os anos do mandato.
É isto a democracia à portuguesa.

De resto, uma nota para dizer que o tal Orçamento não é Participativo, já que não é ele que participa. No máximo, seria (digo bem, seria, poderia ter sido) Participado.

Mas nem isso foi, não chegou sequer a ser um particípio imperfeito. Foi, isso sim, um enorme embuste e um colossal fiasco...

quarta-feira, 6 de junho de 2007

À dúzia sai mais barato?

Ontem, na Maçã, foram vistas doze almas solitárias sentadas à mesa do Orçamento Participativo. Bem pode Augusto, ao falar para a rádio ou para os seus vereadores, dourar a pílula com números implausíveis, que, mesmo nos feudos reconhecidos, a mobilização dos comunistas é o que se vê: um proverbial fracasso.

Aprender um pouco de antropologia não faria mal nenhum a esta gente. O bicho-homem não é bem aquilo que eles julgam. O velho homem de sempre não deu ainda lugar ao homem novo que, pensava Zeca Afonso, já teria vindo da mata.

Para seu governo, conviria que Augusto percebesse que o bem-comum raramente norteia as motivações dos seres humanos. O homem do campo tem quase sempre por horizonte as estremas das suas courelas, e nada mais. Se a Câmara asfalta a estrada que fica à porta de sua casa, logo o camponês vocifera contra o trânsito automóvel que passou a ter à perna. No Zambujal, há cerca de dois anos, as obras de saneamento foram recebidas com duas pedras na mão. As coisas são assim mesmo: ante a perspectiva de alguns meses de ruído, poeira e lamaçal, as pessoas preferem ter fossas para a eternidade.

Pelos vistos, Augusto não aprendeu nada com Esequiel. Este, que compreendia lindamente a natureza humana, pôde manter-se vinte longos anos na ribalta, quase sem deixar obra, mas distribuindo prebendas e migalhas com uma aura messiânica que fazia a inveja dos ungidos.

Agora que o disco do POPNA está riscado e a cassete do SAP já não convida à dança, convém que Augusto perceba que, daqui a dois anos, centenas de facturas lhe vão ser apresentadas. A despesa chama-se revisão do PDM. Comece, pois, Augusto a deitar contas à vida. O que ontem se passou na Maçã não foi um jogo a feijões. Dizem que à dúzia sai mais barato. Mas nem sempre.

Coisas de poetas

O Círculo dos Poetas teve, durante anos, uma atitude diletante, elitista, algo sobranceira, funcionando como um Olimpo de semi-deuses ou uma plêiade de espíritos superiores nada preocupados com o reles mundo que os rodeia.

Contudo, recentemente, resolveram descer da sua nuvem e começar a intervir na realidade concreta, nas questões do dia-a-dia, no ambiente, na economia ou na política, por exemplo.

E fazem-no de forma original, divulgando na Internet, todos os dias, uma quadra, apenas quatro versos, mas quatro versos que têm o peso de uma pirâmide de Gizé, a força do Colosso de Rodes, a luz nítida do farol de Alexandria e a precisão ambígua do oráculo de Delfos.

Em cada manhã, o universo da política, da alta finança, da Comunicação Social, toda a gente espera com sofrida ansiedade o veredicto da quadra dos poetas, uma quadra que tão depressa é poética como áspera, assustadora ou animadora, irónica ou venenosa, tolerante ou implacável, suave ou demolidora, meiga ou dura.

E essa simples quadra, aos poucos, foi-se tornando no maior motivo de receio, num verdadeiro terror, sobretudo para os políticos que, com um nó na garganta, temem ver surgir a quadra dura do Círculo...

É justo

Passei esta manhã pela via estreita que constitui o acesso ocidental à Carrasqueira e verifiquei, com surpresa e agrado, que o piso se encontra em bem melhor estado, sem os altos nem os buracos até aqui conhecidos.

Não ouso crer que a reparação possa ter por origem a nossa chamada de atenção, mas, seja como for, é da mais elementar justiça assinalar a acção.

Se foi feita por pessoal da Câmara, tanto melhor, é sinal de que nem tudo vai mal...

terça-feira, 5 de junho de 2007

RIGOR

As campanhas eleitorais são, cada vez mais, um folclore cansativo e dispendioso. E inútil.
Sim, inútil, porque a jantaradas, comícios e arraiais só vão os da casa, os incondicionais, os das quotas em dia... de festa.

O resto resume-se a fachada, cartazes gigantescos e presenças na televisão, tudo salpicado com meia dúzia de palavras ou frases fortes, apelos, promessas e juras.

Mas, em verdade, quem liga à conversa deles? Quem lê os programas? Quem escolhe em consciência e com conhecimento de causa?

O pessoal vota por clubite aguda, encolhendo os ombros, chutando para onde está virado ou levado por uma imagem ou uma palavra.
É com isso que os políticos jogam, tentando encontrar uma ideia, um conceito, um rasgo de originalidade capaz de levar à decisão (ou ao engano) o eleitorado.

Talvez por isso, o PS tenha espalhado por esta Lisboa inúmeros cartazes com uma fotografia de António Costa e uma palavra julgada (pelos criativos) poderosa e decisiva : RIGOR.
Não pude deixar de sorrir, ao lembrar-me de Raymond Barre, antigo Primeiro-Ministro da França que, com toda a simplicidade, explicava ao povo que era preciso apertar o cinto, fazer sacrifícios. Que tinha muita pena, mas só podia conduzir uma política de austeridade.

Claro, foi vencido pelos especialistas em promessas (leia-se PS) que, chegados ao poder, logo meteram a viola no saco e confessaram que, hélas, o apertar do cinto tinha de continuar.
Ah, mas com uma diferença, já não seria austeridade mas rigor.

Ou seja, o aperto seria igual mas rigor é palavra mais bonita, significa que os sacrifícios teriam uma utilidade certa, o que não sucedia com a horripilante austeridade do professor Barre.

Pelos vistos, os nossos socialistas foram à velha cartilha francesa ( do mon ami Mitterrand) e dela extraíram (à falta de poção mágica) o elixir do rigor.
Afinal, nada se perde, nada se cria, não é?

Mais estranho é que o homem que garante rigor, promete determinação e aponta novos rumos para Lisboa, surge no retrato de braços cruzados.

Foi lapso ou simples falta de rigor?

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Mau tempo

Nesta minha função de distribuir correio vejo muita gente, falo com inúmeras pessoas, conheço-lhes a caligrafia, tiro-as pela pinta e não sou desajeitado nessa coisa das parecenças.

Há muito tempo, quando me calhou o sector do campo, entreguei muitas cartas (de namoradas e outras) ao senhor doutor Aurélio de Sousa.

Menos correspondência tinha o senhor Ezequiel Lino, algum postalzito modesto e pouco mais.
Só depois do 25 de Abril o senhor Ezequiel ascendeu ao pedestal da notoriedade.

A parte curiosa da questão é que sempre os achei muito parecidos, tão semelhantes que, um dia, me aconteceu ter-me dirigido a um (que estava de costas) tomando-o pelo outro.

As parecenças físicas foram acompanhadas de mimetismo ideológico e sempre os imaginei próximos, razão pela qual fiquei banzado quando me disseram que eles quase se pegavam, há dias, numa assembleia qualquer, não percebi.

Fiquei triste, foi o desmanchar de um presépio onde, durante anos, eles figuraram, lado a lado, irmanados no semblante e nos ideais.
Mas a vida é assim, caiu o Muro, o Fidel, coitado, está como há-de ir, o Chavez é um louco, aonde irá isto parar?

Dizem até que há mau tempo no Canal que o Chavez mandou fechar. Ele não faz aquilo por mal, são coisas que, às vezes, dão às pessoas.

Só espero que o mau tempo entre o Dr. Aurélio e o senhor Ezequiel seja coisa passageira.
Tão amigos que eles eram. E eu que o diga...

Viver à conta

Eles estão por toda a parte os anúncios recheados de promessas de vida fácil, leve agora e pague depois, sem perguntas, sem formalidades, a filantropia no seu zénite.
Cetelem, Cofidis, Conta Viva e outros aparecem mal nós entramos na Internet.

Quando dela saímos a rede aperta-nos a malha nas páginas de jornais e revistas, nos cartazes da via pública, nos autocarros, em todo o espaço visível, sempre insinuantes, maviosos e, sobretudo, traiçoeiros.

O esquema está rodado há muitos anos, as prestações são tão razoáveis, tão acessíveis que a pessoa nem conta o número de meses, de anos, que vai levar a reembolsar.

Atentos e solícitos, eles não se esquecem de nos lembrar que, de onde aquele veio, há mais e que colocam à nossa disposição novo empréstimo.
Nem nos perguntam se, desta vez, é para as férias em Cuba, para o carro novo ou um vison para a brasileirinha gostosa nossa vizinha.

E assim vamos vivendo, acima das nossas posses, abaixo da nossa sede de fazer figura, atrás de ilusões de jet set do Laranjeiro.

E assim estes falsos beneméritos vão fazendo a desgraça de muita gente de fraca cabeça e forte presunção.

É uma forma de extorsão suave feita à luz do dia neste paraíso em que enriquecem monstruosamente bancos e instituições afins, à custa da miséria alheia, da pelintrice e da irresponsabilidade.

E é tudo legal, Deus seja louvado...

Pó, sol e dó

Antes que alguma desgraça ocorra, pede-se aos serviços camarários de Sesimbra envolvidos no fornecimento de refeições que deixem de colocar facas (e mesmo garfos) ao alcance dos trabalhadores.
Eu explico.

Acabo de ter conhecimento de que um polícia japonês, completamente exausto ao fim de dois meses de trabalho sem um único fim-de-semana sequer, esfaqueou-se na barriga para conseguir algum descanso.

Ó almas cristãs, tende piedade desses pobres labutadores que trabalham de sol a sol, à beira de estradas poeirentas (no mercado da Lagoa não, por acaso), que percorrem milhares de quilómetros nas inóspitas paragens deste concelho ao volante de carrinhas, pick-ups (ou gira-discos) e camionetas, sim, tende , ele é o , ele é o suor em bica, uma verdadeira escravatura.

Ao ver o que fez este tresloucado japonês, percebo melhor o carinho, o desvelo, a ternura de sucessivos autarcas que continuam a disponibilizar autocarros que vão buscar os trabalhadores a casa e os levam de volta, ao chegar o crepúsculo, na paz do Senhor.
Assim é que é bonito, só vos fica bem, senhores autarcas.

Eu sei, eu sei, há quem vos censure, quem vos atire pedras embrulhadas em pérfida ironia, mas não ligueis, meus filhos.

Se o progresso e a modernidade nos conduzem ao desvario do pobre japonês, antes assim, retrógrados, ortodoxos, chamem-nos o que quiserem, não faz mal. Antes assim, orgulhosa e solidariamente sós.

Viva a Casa Dos Uniformes usados, gastos na labuta árdua, sim, mas no respeito dos direitos e garantias das massas trabalhadoras.
Estamos para ficar...

Até ao fim...

Nós bem sabemos que paira sobre os autarcas uma nuvem de suspeita que envolve dúvidas, interrogações e desconfianças sobre negócios menos limpos que rondam a grande área do urbanismo.

Basta olharmos para casos conhecidos para se avolumarem as perplexidades, mormente quando ao terminar o(s) mandato(s) o senhor evidencia sinais de riqueza que não possuía ao entrar.

Como foi? Milagre da multiplicação dos pecúlios? Euromilhões sucessivos? Sapatinho na chaminé? Mãozinha estendida à caridade à porta da Câmara? Herança de tio no Brasil? De sobrinho na Suíça? Tecas de peixe na lota? Sim, como é, como foi? Alguém sabe?

Por estas razões, sabendo da carga negativa que carregam os pobres (à entrada) autarcas, fiquei com o coração aos pulos (estilo Nani), ao ler que António Costa está a ser hoje julgado, no tribunal da Figueira da Foz.
Lembrei-me logo de Santana Lopes (que foi presidente da Câmara daquela cidade) e pensei em possível rasteira ao candidato do PS a Lisboa, maroteira que o tivesse colocado no banco dos réus (agora diz-se arguidos ou acusados, não sei bem) antes mesmo de ser eleito e poder ceder a tentações vindas de Braga ou outras partes (ou parques, continuo a não saber bem).

Muito aliviado fiquei (os franceses dizem soulagé) ao verificar que, afinal, há mais Antónios na costa portuguesa e aquele que está a ser julgado é um antigo cabo da GNR que (alegadamente, é assim que se diz) terá matado três raparigas.

Pode, pois, o PS dormir descansado porque o seu António de Lisboa irá até ao fim. E ao cabo...

domingo, 3 de junho de 2007

Será a explicação?

Os italianos têm a fama e o proveito de serem finórios, pelo que não estranhamos quando nos dizem que os políticos daquele país têm mordomias e regalias que fazem crescer água na boca aos nossos democratas feitos à pressão no dia 26 de Abril.

Só para se ter uma ideia, os gastos de representação da presidência de Nápoles são 12 vezes superiores aos da presidência alemã.

Muita gente pensa que o 25 de Abril foi o totobola que saiu a milhões de portugueses que foram a correr inscrever-se nos partidos, expediente que lhes proporcionou lugares confortáveis nas inúmeras instituições que a democracia criou, com a ajuda maciça da Comunidade Europeia.

Assim surgiu uma nova classe profissional, a dos políticos, associada à qual se multiplicaram os "companheiros de rota" progressivamente instalados na Função Pública, em particular nas autarquias, células onde a rotatividade vai assegurando os "tachos" e cimentando a situação de incontáveis subalternos protegidos pelos timoneiros de cada partido.
Assim se explica tanta incompetência.

Quem tem um bocadinho de vergonha, afasta-se, contribuindo assim para a permanência de incapazes e, tantas vezes, desonestos governantes que vivem rodeados de acólitos da mesma mediocridade e de sacos multicores.

Claro, há excepções. Quais? Ora deixa ver... sim... há-de haver, há com certeza... tenho um nome debaixo da língua... há, há, juro que há...