terça-feira, 30 de setembro de 2008

Célula de crise


Argumentando que a crise financeira teve o seu início durante a presidência portuguesa da União Europeia, Nicolas Sarkosy pediu a José Sócrates que nomeasse um grupo de trabalho e reflexão capaz de encontrar uma solução antes que o descalabro seja total.
Sócrates, imitando Carlos Queirós, acaba de divulgar a lista dos convocados:
Manuel Pinho, Mário Lino, Zézé Camarinha, Pinto da Costa, Fátima Felgueiras, Valentim Loureiro, Isaltino Morais, José Veiga, Maya e José Castelo Branco.
O grupo está a estagiar em Custóias e segue viagem amanhã, rumo a Guantânamo.
A única declaração que conseguimos captar foi de Mário Lino que afirmou: "Crise? Jamé!!"

Humilhação


Só vi a 2ª parte, mas devo confessar que raramente presenciei um tal baile, uma tão grande humilhação como o Porto sofreu esta noite frente ao Arsenal.
Eu pouco percebo de futebol, mas aquilo parecia um treino, deu para tudo, até para falhar quatro ou cinco ocasiões clamorosas.
Talvez agora, o professor (de quê?) Jesualdo perca o seu ar de catedrático enjoado e sobranceiro.


CECA integral


Neste clima de depressão à escala mundial, sabe bem descobrir trechos de antologia, daqueles que nos enchem de esperança num futuro mais risonho.
Ao ler a deliciosa "Sesimbr'acontece", deparei com um estrondoso panegírico ao inefável CECAS, que diz que é uma espécie de Centro de Estudos Culturais e de Acção Social Raio de Luz.
Talvez seja.
Mas a parte interessante do elogio da insuspeita "Sesimbr'acontece" é o primeiro período do texto que constitui um invulgar exemplo de banalidade, confusão e retórica postiça.
Lá podemos ler que "ao completar quase 30 anos, o Centro... tem desempenhado um papel determinante na divulgação...etc".
Repare-se que não foi ao longo dos quase 30 anos que o Centro desempenhou o tal papel, mas sim agora, recentemente, ao completar os tais 30 anos. Simplesmente notável!
Este é o erro grave de forma. Depois vem o de fundo, quando o autor da prosa realça o papel do CECAS na divulgação e promoção do património cultural e ambiental do concelho de Sesimbra.
Eu pergunto apenas: alguém
(a não ser a "Sesimbr'acontece") deu por isso?
Dizem os cauteleiros que há horas de sorte.
Eu diria que também há períodos muito infelizes...

Outubro é já amanhã

A avaliar pela análise exterior do livro de Belarmina Vieira, recentemente editado pelo Pelouro das Bibliotecas Municipais, a colecção “Livros de Sesimbra”, que, pelas suas características, seria o lugar natural daquela obra, está morta e enterrada. Manifestamente, a Dr.ª Guilhermina Ruivo não tem qualquer empenho político em dar continuidade a um projecto emblemático que – de livre vontade – herdou da anterior gestão autárquica. É mais uma página triste numa história pusilânime feita de ausências, desistências e desvergonhas. Convém não esquecer que, logo em Janeiro de 2006, na ressaca do Outubro Vermelho, uma figura destacada do PS local como Manuel José Pereira invocava, com mal disfarçado orgulho, nas páginas do “Jornal de Sesimbra”, a herança luminosa da “Eventos” e dos “Livros de Sesimbra”. Espero bem que ele me venha a ler e que não deixe de suscitar o assunto numa próxima reunião da Comissão Política onde tem assento. Afinal, Outubro é já amanhã.

Tipo mangas


A revelação da escandalosa distribuição de casas da Câmara de Lisboa por amigos, colegas, vizinhos, funcionários, veio reforçar a certeza de que Portugal é um país sem vergonha nem dignidade onde toda a gente procura (e muitos conseguem) furar o esquema, sacar o seu, meter a cunha útil, atropelar, esquivar, fugir ao Fisco, à Polícia, ao Direito e à Moral.
O empregado leva para casa lápis, esferográficas, papel, agrafador, tranquilamente, sem o menor peso na consciência, achando que roubar o patrão é tão natural que nem pecado chega a ser.
A mulher-a-dias não hesita em surripiar à patroa detergente, esfregão verde, toalhas, como se tal fosse um direito adquirido, é normal, é costume, é assim.
Diz-se à boca (nem sempre) pequena que nos hospitais, nos lares da Misericórdia, as funcionárias roubam papel higiénico, detergentes, sabonetes, bolos, iogurtes, tudo o que podem.
E toda a gente sabe, todos se encobrem, é a desonestidade nas suas formas mais variadas.
Em Lisboa, não se vê um polícia nas artérias mais concorridas e não faltam os chicos-espertos a usar os corredores dos autocarros enquanto os tansos cumpridores gramam os engarrafamentos. Ninguém respeita os sinais vermelho, raros são os que não falam ao telemóvel enquanto conduzem. Os camiões e carrinhas descarregam a qualquer hora, em qualquer lado, em segunda fila, o mesmo fazendo os espertalhões que ligam os 4 piscas e vão, calmamente, beber uma bica ou comprar tabaco. E nunca se vê um polícia por perto.
É a bandalheira generalizada, para a qual não há estatísticas nem estudos de impacte comportamental.
Portugal não é um país de brandos costumes, apenas uma aldeia que já não consegue limpar o estigma da corrupção, onde ninguém acredita que a GNR vá para a estrada fazer prevenção, que os árbitros sejam sérios, que os fiscais das Câmaras não recebam luvas, que os empregos nas autarquias não sejam só para amigos ou filiados no Partido, que os juízes sejam isentos, que os médicos não pensem só em dinheiro, que os professores sejam competentes e que a Comunicação Social seja imparcial.
Portugal é o país da febre da bola, graças à manipulação promovida pelos grandes empresários da especialidade com a bênção do poder político.
É assim tipo um país tipo golpista, estão a ver?, tipo ó meu, então como é?
É o país que temos. Por nossa culpa e para nosso mal...

À luz do petróleo


Há pouco tempo, uns dias de paragem dos camionistas quase causou o pânico em Portugal por causa da falta de gasolina.
Sendo conhecida a altíssima dependência dos países ocidentais, causa certa estranheza que a maioria dos países da OPEP não feche a torneira do petróleo ou não eleve o seu preço para 500, 600 ou mil dólares o barril.
Muitos desses países são (mais ou menos abertamente) inimigos da civilização ocidental, pelo que não se percebe por que razão não desferem o golpe de misericórdia nos infiéis ocidentais.
Suspeita-se que, por sua vez, eles precisem dos ocidentais, que recebam vantajosas contrapartidas. Mas quais?
Em resumo: o que impede que a Venezuela e os países árabes exportadores imponham de forma devastadora a sua lei?
Alguém nos pode esclarecer?

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Seca integral


A Cinemateca Portuguesa celebra os seus 50 anos e um dos pontos altos das comemorações será a projecção da integral de Manoel de Oliveira.
Ao que me disseram, a Direcção da Cinemateca pagará 5 euros a cada espectador e garante a distribuição de mantas, rebuçados, inibidores de ressono e despertadores...

Olha o balão


A televisão está cada vez mais podre, mais venal, mais promíscua, mais vocacionada para o embrutecimento e a manipulação.
A escolha dos temas a tratar obedece a critérios inconfessáveis que visam levar a carneirada dos espectadores por caminhos que insuspeitas entidades superiores determinam.
De repente, os holofotes deixaram de estar apontados para os assaltos violentos, embora estes não tenham cessado.
Ainda ontem, três estações de serviço foram roubadas por homens de cara tapada, caçadeiras de canos serrados, o filme do costume que só já não tem honras de abertura de telejornais porque há a crise financeira mundial e porque a SIC resolveu homenagear uns milhares de energúmenos que desfilaram pelas ruas de Lisboa, a caminho do estádio da Luz, gritando obscenidades, insultando, provocando, tudo sob o olho atento das câmaras e a satisfação dos operadores de som.
Chama-se a isto reportagem, informação, neste país de trampa onde só agora descobriram que Sócrates plagiou o PS de Zapatero apenas trocando o Cambio por Mudança.
Pelos vistos, à falta de imaginação, toca a copiar, descaradamente.
Mas alegrem-se os corações porque a generosa UEFA promoveu a sua secundária Taça a Liga Europeia e o próximo Europeu terá 24 selecções nacionais. As televisões agradecem, a Sport TV Oliveirinha esfrega as mãos e o povo delira com as repetições dos mil jogos em câmara muito lenta, ópio do bom, toma lá, patego.
Por este andar, as competições domésticas mais não virão a ser do que reles jogos a feijões, aquecimento bocejante para as grandes emoções que a dona UEFA faz o favor de nos oferecer.
Crise? Qual crise? Enquanto houver futebol, olé, ólé, que bom que é!

Irlanda e Ventos...


"A Filha de Ryan" é daqueles filmes que ficam para a história, com o cenário poderoso de uma Irlanda bravia, o rugido do mar, um tema musical sublime, a febre de um amor proibido, um clima carregado de ódio e suspeita, um oficial bonitinho que arrastava a perna (ferida em combate) e a asa à mulher do professor primário interpretado pelo pachorrento Robert Mitchum.
Hoje a notícia é a escolha da recente musa de Woody Allen, a vistosa Scarlett Johansson que, pelo andar da carruagem, vai ser (não a filha mas) a mulher de Ryan Reinolds, um actor desconhecido a quem coube melhor sorte do que ao bisonho mestre-escola.
Até ver, porque com uma Scarlett nada é menos seguro, ou não fosse esse o nome daquela que enfeitiçou o sedutor Clark Gable em "E Tudo o Vento Levou"...



O que diz Lula...


O presidente Lula da Silva assina hoje o acordo ortográfico que irá sendo posto em prática progressivamente, até se tornar obrigatório em 2012.
Contra fatos não há argumentos, ainda que fraturantes, porque o bom é inimigo do ótimo e o ótico se vai fundir com o óptico.
A verdade é que todos nós portugueses vamos ser fundidos nesta amálgama desnecessária, evitável e incompreensível.
Mas dócil como é, o português acabará por ser mais papista do que o Papa e não tarda que os eruditos progressistas da nossa praça desatem a escrever ato, pato, ônibus e outras coisas bonitas.
É um sinal dos tempos esta assinatura de Lula, recheada de promessas folclóricas e desastrosas...

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Acima, acima, gajeiro


Piratas assaltaram um cargueiro e capturaram trinta tanques de guerra provenientes da Rússia e destinados ao Sudão, tendo levado o barco para a Somália, país sem rei nem roque onde os novos corsários assentaram arraiais e juntam as sucessivas presas.
A pirataria dos mares tem vindo a aumentar desde há vários anos, e os alvos tanto podem ser ricos barcos de cruzeiro como (aparentemente) banais cargueiros.
Imagine-se porém o que podem valer (e destruir) trinta tanques de guerra.
Barcos não são disfarçáveis nem camufláveis nem colocáveis em buracos como os talibãs no Afeganistão.
Será que os satélites, os Google todos associados, não conseguem localizar os esconderijos dos piratas?
No tempo do Corsário Negro o óculo de longo alcance e o gajeiro eram as únicas armas de detecção, mas hoje custa a compreender a impunidade destes piratas que praticam o barcojacking com o mesmo à-vontade com que qualquer dos nossos meliantes assalta uma bomba de gasolina.
Será a Somália um paraíso parecido (salvo seja) com a Suíça ou Mónaco? Uma espécie de off shore de flibusteiros?
Ou será que os verdadeiros piratas (os de colarinho branco) circulam mais por Genebra e Monte Carlo?



O aeródromo do Seixal

Um mês depois de ter apresentado, na rubrica da Livraria Municipal, o livro Noventa e Tal Contos, de António Cagica Rapaz, como tendo sido editado pela Câmara Municipal de Sesimbra em Julho de 2008, a emérita Sesimbr'Acontece vem agora rectificar a informação prestada aos leitores, restituindo os factos à exactidão da sua verdade: trata-se de uma edição de 2000, que (há muito, acrescento eu) se encontra esgotada, e que teve a chancela da Junta de Freguesia de Santiago.

A "Magra Carta" não pode deixar de enaltecer a atenção subitamente dedicada ao autor (cujo livro mais recente foi proscrito das instalações da Biblioteca Municipal por exclusiva ordem da respectiva Vereradora, tendo mesmo sido alvo de uma mal disfarçada tentativa de boicote camarário aquando do lançamento no Clube Sesimbrense), e de louvar a relativa contrição da agenda de acontecimentos. Mas, perante a ignorância autárquica de um facto público e notório, que é do conhecimento de qualquer pexito ou camponês que se preze, não pode deixar de pensar que nos estamos a tornar estrangeiros na nossa própria terra. Como se, ali para as bandas do Seixal, houvesse algum aeródromo em laboração contínua...

É uma casa portuguesa


O homem que denunciou o chamado "Lisboagate" está ameaçado de morte.
Para quem não sabe, recordo que se trata de um conjunto de casos de favorecimento a amigalhaços na distribuição de casas pela Câmara Municipal de Lisboa.
Há um telefonista de João Soares, motoristas, uma secretária de Amália Rodrigues, enfim, é um exemplo acabado do modelo português da cunha, do jeitinho, do compadrio,da porta do cavalo, da transparência de vão-de-escada.
Nestas coisas, não há Direitas nem Esquerdas, são todos iguais na promiscuidade e na pusilanimidade.
E, como também é habitual neste belo país, tudo será abafado e o homem corajoso que denunciou os abusos terá muita sorte se não for espancado ou aparecer morto.
Para terminar esta fábula mal cheirosa com uma nota de vago humor, fazemos votos para que, além deste Lisboagate, não surja algum Alvercagate...

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Mea culpa

Ontem, de certo modo, fui injusto. Desconsiderei os prodígios inefáveis que o CECAS-RL tem operado na clericalização da toponímia concelhia. Não fora o génio onomástico da veneranda associação, e ainda hoje as principais artérias da freguesia campestre sofreriam, para geral desconsolo, da falta de evocação de um Karol Wojtyla ou de um Manuel da Silva Martins, que, como se sabe, são figuras idiossincráticas, indispensáveis à caracterização da identidade sesimbrense. Com o beneplácito laico de Augusto, a sombra da sotaina sofreia-nos os passos. Quem disse que a religião é o ópio do povo?

Agora parece...


O dia de ontem trouxe duas notícias de extrema gravidade pelo que de simbólico revelam.
Por um lado, Valentim Loureiro é formalmente acusado de graves ilegalidades enquanto presidente da Câmara de Gondomar.
Já não se trata de mariscadas, árbitros permissivos e golos mal anulados.
Agora estamos perante um caso de abuso de um poder que lhe foi conferido pelo voto democrático do povo de Gondomar. Já não é o dirigente verboso e arrogante a passear o charuto pelos relvados do jogo rasteiro das aldrabices da bola que o pagode quase aceita como normal.
Agora é o cidadão, o autarca acusado de factos concretos, dificilmente desviáveis para canto com a bravata taberneira do costume.
Agora, a coisa é séria, e pode fazer História.
Teresa Costa Macedo entregou, em tempos, à jornalista Felícia Cabrita, um documento escrito pelo seu próprio punho e no qual denunciava o envolvimento em casos de pedofilia de Carlos Cruz e alguns diplomatas.
Depois negou a autoria do escrito.
Agora, os peritos garantem ser sua a caligrafia, razão pela qual Teresa Costa Macedo é acusada pelo Ministério Público de mentir. Não é difícil imaginar o peso da mentira de alguém que sabe o que aquela senhora sabe.
Agora vai ter de falar, de explicar o que escreveu e, sobretudo, o muito que tem ainda para revelar.
Agora parece que as coisas estão a ir, pelo seu pé, rumo à verdade e, talvez, à Justiça.
Agora parece que as máscaras começam a cair...

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

À atenção do Dr. Cristóvão


Seis meses passaram. O Outono já chegou. Outubro está a chegar...

Presunção


A aparência, a fachada, o look, tudo isto hoje é julgado primordial para a imagem das figuras ditas públicas.
Outro factor importante é o nome, embora neste caso o bilhete de identidade seja quem mais ordena, a não ser que o interessado faça alguma pirueta, invertendo a ordem dos nomes e/ou dos apelidos.
Outra saída é o recurso abusivo ao nome de um famoso que, para tal, não é ouvido nem consultado. Assim sucedeu, por exemplo, com um jovem jogador que, de Guimarães, foi para o Inter de onde foi despachado para o Porto.
O rapaz não esteve com meias medidas e achou-se digno de ser conhecido por Pelé.
Como presunção e Paulo Bento cada um toma o que quer, o pequeno não sente o menor constrangimento quando diz "Pelé, sou eu". Isto, apesar de a única semelhança com o grande Edson Arantes do Nascimento residir na cor da pele. Mas pele é pele, não é pelé...
Daqui não virá grande mal ao mundo, tanto mais que (ao que se sabe) o ridículo não mata.
No campo oposto, o da humildade ingénua, temos o caso de outro jovem futebolista que joga no estrangeiro e marca muitos golos.
O seu defeito (digamos assim) é que não tendo nome pomposo, não se lembrou de usurpar outro nem retocou o seu. Com efeito, o rapazote chama-se Tó Zé Marreco, nome que não lembra ao diabo, mas que é o seu.
Eu não tenho jeito para conselhos, mas sempre alvitraria que o Tó Zé arranjasse um consultor de imagem, não sei, talvez o Zé Castelo Branco, para fazer dele uma vedeta, com nome adequado à condição de grande goleador.
Não sugiro que mude o nome para Hulk porque essa aberração já foi cometida. O mesmo sucede com Pitbull, outra pérola do mau-gosto.
Maradona ou Beckenbauer seriam arrojo grosseiro, mas Tó Zé qualquer coisa, tudo menos Marreco.
Excepto se a grande aposta do homem for impor-se no futebol marcando muitos golos e assim vencer a enorme desvantagem de ter um apelido ingrato.
Só não o aconselho a fazer como os pais do craque Cristiano que puseram ao rapaz o nome de um presidente dos Estado Unidos.
Por favor, Tó Zé, antes Marreco que Bush.


Tim-Tim por Tim-Tim

Já em linha, e sob o sugestivo título de “Associatisvismo” (questões de Plantaforma, está bem de ver), o número de Outubro da emérita “Sesimbr’Acontece” assevera-nos, à cabeça, que, “ao completar quase 30 anos, o Centro de Estudos Culturais e de Acção Social Raio de Luz tem desempenhado um papel determinante na divulgação e promoção do património cultural e ambiental do concelho”.

Não duvido por um momento que assim seja. Mas bem gostaria que, numa próxima oportunidade, os responsáveis da agenda de acontecimentos indicassem aos leitores aí uma meia-dúzia de acções de mão cheia levadas a cabo pela veneranda colectividade (a coisa ficará, assim, à razão de uma façanha por lustro). E que, já agora, explicassem, tim-tim por tim-tim, o que raio é que elas determinaram...

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Desde logo, a Língua...


Diz-nos o SOL que foi hoje apresentado em Lisboa um livro intitulado "Cuidado com a Língua",obra que, entre muitas outras coisas, nos ensina o sentido de expressões como "amigo de Peniche" e que se deve escrever paraolímpicos e não "paralímpicos.
Daqui saúdo a iniciativa dos autores e não resisto a lembrar a longa maratona que aqui tenho percorrido em defesa da Língua Portuguesa.
Não reclamo medalhas nem pódio, apenas registo com prazer que não sou um corredor solitário.
E a corrida vai continuar porque não falta por aí quem me forneça inspiração...

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Será verdade?


Se há alguma espécie de lógica nestas coisas, eu diria que a corrupção no futebol está na ordem natural, é irregularidade quase tão previsível como marcar um golo com a mão.
Contudo, há causas que deveriam ser sagradas, como, por exemplo, a protecção de crianças e idosos.
Por isso (e por outras razões) nos enoja tanto o que se passou na Casa Pia.
Vem isto a propósito de rumores insistentes que correm acerca de comportamentos indelicados alegadamente assumidos por responsáveis pelo lar de idosos CASCUZ, no Zambujal.
Custa a crer que alguém possa ter-se aproveitado em benefício pessoal de bens e outras vantagens que uma instituição daquela natureza possui.
Sempre ouvimos falar do excelente serviço social e humanitário prestado pela CASCUZ e é penoso ouvir, aqui e ali, insinuação graves sobre abusos ali cometidos por pessoas supostamente altruístas e responsáveis.
Fica-nos a esperança, em nome de quantos ali trabalham e de quem lá vive a derradeira fase da sua vida, que toda a verdade seja apurada e que a CASCUZ possa prosseguir a sua acção tão elogiada num passado ainda recente.
Quero acreditar que o esclarecimento ocorra rapidamente, para tranquilidade de quantos consagram a sua energia e o seu afecto às pessoas idosas e às crianças que ali têm encontrado um porto de abrigo e de protecção.
Que se faça luz e depressa, é o que podemos desejar.
E quem não deve, não teme...


Uma sugestão


Como é fácil perceber, os assaltantes das bombas de gasolina só lá vão porque presumem que lá existe dinheiro.
Assim sendo, talvez não fosse má ideia se nas caixas Multibanco passassem a estar disponíveis talões para aquisição de gasolina.
Desta forma, nas estações de serviço, os automobilistas pagariam a gasolina com os talões provenientes do pagamento previamente efectuado nas caixas Multibanco, reduzindo a valores insignificantes o dinheiro, pois quase toda a gente dispõe de cartão.
Será utopia?

sábado, 20 de setembro de 2008

Mudanças à vista


A política faz-se cada vez mais com recurso a meia dúzia de frases sonantes do que com ideias concretas, promessas quantificadas, factos tangíveis, objectivos claros, compromissos sérios e convicções firmes.
Os políticos são vendedores de banha-da-cobra, acrobatas de feira, engolidores de espadas, cuspidores de fogo e de mentiras, deitando mão de frases bacocas trabalhadas pelos mesmos consultores que concebem o burro da Euribor e outras patetices pretensamente modernas que tanto servem para vender telemóveis como cerveja preta.
Num clima de assustadora crise, José Sócrates parece um galo a cantar no alto de um monte de estrume, enchendo o peito para clamar que isto está fantástico, que o país está preparado para enfrentar os ventos adversos e que está à beira da meta dos 150 mil empregos novos.
Paradoxalmente, o Partido Socialista acaba de revelar que o seu emblema para a próxima campanha eleitoral ser´"A Força da Mudança".
Mudança? Porquê e para quê? Então isto não está tudo a correr pelo melhor? A violência não está controlada? Os alunos do 12º ano não obtiveram notas sensacionais? O défice não está contido? A Saúde não revela melhoras? Então...porquê mudar?
Será o subconsciente a falar? Ou será, como dizia o outro (o do "Leopardo", de Visconti) que é preciso que alguma coisa mude para que fique tudo na mesma?
Nos tempos que correm, leopardos só no jardim zoológico e apenas temos os gatos que alguns teimam em nos vender por lebres...

Solidário, mas pouco


A imprensa britãnica anuncia hoje que a multimilionária JK Rowling, "mãe" de Harry Potter, ofereceu 1 milhão de libras ao Partido Trabalhista.
Fonte geralmente bem informada, segredou-nos que, mal soube da notícia, Jerónimo de Sousa telefonou para Lanzarote a fim de, como é natural, se inteirar do estado de saúde do camarada Saramago.
E, quando a conversa resvalou para as mundanidades decadentes da Europa capitalista, o chefe Jerónimo evocou, como não querendo a coisa, o gesto magnânimo da escritora.
Elegantemente, D.José declarou-se surpreendido e incomodado, explicando que o tempo dos escritores comprometidos, enfeudados aos Partidos, é coisa de um passado que não é oportuno recordar.
Contudo, e num alarde de generosidade, dispôs-se a enviar 26 exemplares do "Ensaio sobre a Cegueira" para serem vendidos a 50 cêntimos cada exemplar na próxima festa do "Avante".
Segundo o Nobel José, é o livro que melhor simboliza o ideário comunista...

Tardou, mas...


A questão das prescrições é das mais sensíveis no panorama da Justiça, havendo muita gente que pense que a maioria (ou a totalidade) dos processos poderiam ser encerrados sine die, deixando assim em aberto a possibilidade da sua reactivação em função de elementos supervenientes.
Não sei se do ponto de vista prático, administrativo ou funcional haverá inconvenientes de vulto, apenas sei que a prescrição é um bónus para os supostos criminosos.
Em França, aconteceu agora que três indivíduos pudessem ser identificados, capturados e julgados nove anos após a violação de uma mulher e o espancamento do marido que ficou inválido.
Quando já pouco faltava para a prescrição, os criminosos foram detidos graças à persistência da Polícia e aos vestígios de ADN deixados no local.
A lição a tirar é que esta problemática merece reflexão séria, uma vez que o comodismo de usar o caixote da prescrição pode ser quase tão censurável como o crime em causa.
As impressionantes possibilidades que o exame do ADN abre à investigação, só por si justificam um olhar novo e diferente sobre a questão.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Votos condicionados


Ouvi hoje que o PS vai dar liberdade aos seus deputados para votarem como entenderem a lei dos casamentos de homossexuais, creio.
Esta informação, aparentemente inocente, constitui uma confissão assombrosa da submissão das bases democráticas aos jogos de interesses dos partidos políticos.
Pensando bem, a chamada disciplina partidária é um atentado à democracia, é a ditadura à boa maneira salazarista.
Quando um partido-patrão faz o favor de conceder aos seus deputados liberdade de voto está a reconhecer que estes, ao entrarem na casa da Democracia, são meros funcionários às ordens do capataz supremo e que, em cada sessão de trabalho parlamentar, deixam a dignidade no bengaleiro.
Quem é eleito pelo povo deve honrar o compromisso assumido e não se prestar a jogos palacianos.Os deputados deveriam votar sempre em plena liberdade, obedecendo apenas à sua consciência e de acordo com as suas convicções e ideais.
Julgo eu, se calhar erradamente...

País das maravilhas


A Justiça deste país é muito estranha.
Ficámos hoje a saber que sete empresas andaram durante 10 anos a combinar preços de fornecimento de refeições para hospitais e escolas, marosca essa que lhes rendeu 170 milhões de euros.
Mais nos dizem que, se forem condenadas, terão de pagar uma multa de 38 milhões de euros.
Ou seja, o crime compensa.
Para mim, leigo na matéria, o que faria sentido (em caso de condenação) seria o reembolso dos 170 milhões roubados ao Estado mais a multa de 38 milhões.
E os responsáveis? Limitar-se-ão ao pagamento da multa ou cumprirão pena de prisão por roubo?
Este caso faz pensar noutro em que um senhor (filho de outro senhor empresário) beneficiou de informação privilegiada e, num fim de semana, ganhou muitos milhões comprando e logo vendendo acções.
Condenado, pagou uma multa muito inferior ao lucro ilícito. Alguém percebe?
Mal acomparado é como se um clube conquistasse trinta pontos com ajuda dos árbitros e, depois, perdesse três em tribunal.
Sem que alguém fosse preso e com o presidente a ser indemnizado pelo Estado por ultraje à sua imagem.
Sorria, estamos em Portugal...

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Vamos a elas


Tzipi Livni não será um nome tão feminino como Ágata ou Vanessa, mas é o que puseram a uma menina israelita que, volvidas cinco décadas, está a caminho da cadeira do poder em Tel Aviv.
Não bastava uma Ângela Merkel em funções, Hillary Clinton na senda de Obama, a tal boneca Palin a espevitar Mc Cain, Carla Bruni a dizer segredinhos a Sarkosy, duas ministras da Defesa, em França e em Espanha, a gorda Oprah omnipotente, vem agora esta filha de Abraão engrossar a lista das mulheres influentes do planeta.
Há até quem se interrogue se Evo Morales não será Eva.
E as coisas só poderão piorar pois o machão Brad Pitt ofereceu 100 mil dólares para a causa do casamento de homossexuais.
Mas onde é que isto vai parar?
Agora percebo por que razão o PSD apostou na esbelta Manuela. Chama-se a isto visão prospectiva, e não me admira que nessa hábil escolha tenha havido o dedo esfíngico do tio Aníbal...

Pois é...


Quem votou em Cavaco não pode estar surpreendido com a flacidez lapalissiana das suas declarações. Ninguém espera do homem um desarrincanço como o direito à indignação (que servirá de epitáfio a Soares) nem uma tirada épica com a voz de trovão de Manuel Alegre.
Mas, que diabo, talvez não fosse mau que o nosso Aníbal fosse um pouco mais longe do que a perplexidade e a preocupação.
Acerca da crise dos combustíveis, o Presidente da República tem de ser capaz de dizer mais do que tratar-se de uma questão complexa.
Todos percebem que o Governo mama mais IVA quando os preços são altos, o que leva o possidónio dr. Manuel Pinho a eufemismos bacocos e as petrolíferas a gozarem com o pagode, jogando ao monopólio mas a doer, porque nós somos obrigados a passar sempre nas casas delas e a pagar com mangueira de palmo.
Por isso, neste interlúdio hipócrita protagonizado por Governo, Autoridade (?) da Concorrência (?) e petrolíferas, os portugueses estariam no direito de esperar do Chefe de Estado um murro suave mas firme na mesa do poker fechado a que aqueles parceiros continuam a jogar.
Mas não, em Cavaco o risco ao lado não faz pregas, a popa lacada nem estremece, a esfinge só diz o óbvio, sem rasgos nem ousadias.
É a cooperação estratégica, senhores, e a questão, está bem de ver, é complexa...

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Honni soit


Não. Nem isto é uma entrada do Escriba, nem os senhores em amena cavaqueira no daguerreótipo são o Dr. David Sequerra e o Dr. António Cagica Rapaz. Não. Honni soit qui mal y pense...

Isto é a gente a falar...


Os nossos queridos irmãos brasileiros, paulatinamente, ou seja, usando um pau latino, vão destruindo, com um sorriso, a língua portuguesa.
O primeiro golpe foi desferido num dos maiores símbolos da idiossincrasia lusitana, a bicha.
Talvez porque o tio António de Oliveira nos ensinou a sermos obedientes, nós cultivámos com fervor a ordem e o respeitinho.
Por isso, chegados a qualquer lado, aceitávamos como coisa natural termos de esperar, caladinhos e pacatos. Era assim nas repartições de Finanças onde pedíamos e agradecíamos o favor de nos deixarem pagar a dízima e as outras contribuições necessárias e recolhidas a bem da Nação.
Agora, pagamos o IMI, o IVA, o IRS, o IRC, sem bichas mas nas filas. Porquê? Temos vergonha do nosso vocabulário? Quem não gostar de ouvir que volte para o Brasil onde nos chamam galegos.
Dantes, dizíamos que encontrámos um tal Fagundes. Hoje, o cidadão português moderno diz um tal de Fagundes. Porquê o de? Fico à espera...
Pior, não sei se por culpa brasuca ou não, toda a gente diz que mete o livro em cima da mesa ou mete o chapéu na cabeça. Mete? Meter não é sempre sinónimo de pôr porque encerra a ideia de introduzir. Ninguém introduz um chapéu na cabeça, e em cima da mesa só podemos pôr (ou colocar) o livro.
O uso indiferenciado e tantas vezes errado deste verbo, é coisa que me mete (aqui sim) confusão...
Já agora, nós não falamos que o Sporting perdeu. Nós dizemos que os leões foram derrotados. Falamos de, falamos com, falamos sobre, falamos para, mas não falamos que.
Tenho dito.

Exigência ou sugestão?


Nesta farsa vergonhosa do preço dos combustíveis só os consumidores desempenham um papel bem definido, o de vítimas.
De resto, o presidente da ANAREC anda há uma semana a ameaçar fazer queixinhas à Autoridade da Concorrência, como se esta ignorasse o que se está a passar.
Por seu lado, o presidente da GALP enche os telejornais explicando com suprema lata que é normal o preço do petróleo baixar, o dólar valer muito menos que o euro e, ainda assim, a gasolina continuar cara, subindo sempre e depressa, baixando raramente, tarde e pouco.
E ninguém o contraria nem desmonta os seus argumentos inquinados de hipocrisia.
Enquanto isto, o angélico ministro Manuel Pinho fala do assunto como se o Governo nada tivesse a ver com isto. Beatificamente, limita-se a dizer que seria bom que o preço da gasolina baixasse. Bela tirada, admirável pensamento, poética intenção!.
O tema, claro, é uma mina para as televisões que enviam jornalistas ignorantes registar as palavras deste e daquele, sem que algum seja capaz de fazer uma pergunta incómoda, frontal e criteriosa. Estendem o microfone, gravam o depoimento da excelência e depois ouvimos trinta vezes as professorais declarações.
A melhor saída veio de uma senhora jornalista que caracterizou as inócuas palavras de Manuel Pinho como sendo "uma exigência sob forma de sugestão".
Lá está, isto está a precisar é de um Chavez ou de um Jardim porque o Governo esfrega as mãos com o totoloto do IVA e a Oposição está muda, como se tivesse engolido a mangueira da gasolina sem chumbo...

Lá está


Isto é como as anedotas, ninguém lhes conhece o autor, apenas as apanhamos no ar e as transmitimos sem lhes apurarmos a filiação.
Refiro-me às bengalas, ou seja, palavras ou expressões que colocamos no início ou no meio das frases talvez para encher, porventura para ganhar tempo, eventualmente a fim de ajustarmos a linha de pensamento, por isto, por aquilo, até elas se transformarem em sinais, marcas, figuras de estilo capazes de identificarem ou caracterizarem a pessoa falante.
Há alguns anos, era o digamos. Depois surgiu o pois. A seguir, veio o é assim. Mais tarde instalou-se o desde logo. O último grito da moda das bengalas é (a meu modesto ver) o lá está.
São excrescências vocabulares que nenhuma falta fazem no discurso, mas que pretendem ser um condimento saboroso, colorido, espécie de cartão de visita.
Daqui não vem mal ao mundo, é apenas uma curiosidade que poderá (remotamente) levar a Ana a retirar algumas pedras dos seus sapatos antes de recorrer a alguma destas (ou outras) bengalas.
Lá está, é puro divertimento...

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Falar é fácil


Ouvir os nossos comentadores é passatempo delicioso e a quadra é festiva. Há pouco, o excelente Luís Delgado (o homem do ponto de vista) não se coibiu de percepcionar não sei o quê e de garantir que a ideia é transmitida boca-a-boca.
Nada tenho contra a sensual prática do boca-a-boca, mas julgo que a divulgação de notícias será mais eficaz quando feita de boca a orelha, ou a ouvido, se preferirem.
Depois, achei muito interessante a explicação do senhor Presidente da República relativa ao estatuto dos Açores que, a seu ver, poderia constituir um perigoso precedente e levar à redução dos poderes presidenciais.
Talvez por isso, pela sua visão prospectiva, haja quem veja Cavaco Silva como um bom Precedente da República...

Banda (mal) desenhada


A Associação dos Revendedores de Combustível dá até 3ª feiras às petrolíferas para baixarem os preços, uma vez que o petróleo está cada dia mais barato.
Se assim não acontecer, ameaça apelar para a Autoridade da Concorrência.
Parece que andam todos a brincar com (e a explorar) os consumidores. As petrolíferas fingem não saber que o preço do petróleo está em queda há várias semanas. E a Associação, ingenuamente, admite a hipótese de a Autoridade da Concorrência não ver os telejornais e desconhecer o que se passa no reino do petróleo.
Será que os senhores desta Autoridade autista estão todos de férias?
No meio desta farsa, o Governo distribui diplomas a TODOS os alunos que cometeram a fabulosa façanha de completar o 12º ano. E lá foi o primeiro Sócrates com uma extensa comitiva de ministros e secretários de Estado distribuir medalhas nestes jogos olímpicos da Educação, como se fosse proeza de tomo concluir o ciclo dos liceus.
É o país do general Tapioca a que só falta o inefável Chavez a mandar todos al carago...

Só o tempo não volta...


O último grito da moda coloquial é o pleonasmo estampado em expressões como "há uma semana atrás".
Não há cão nem gato que não coloque aquele supérfluo atrás que faz ali tanta falta como uma viola num enterro.
Mas parece que a asneira é fina e vai tudo atrás dela.
Aliás, não é de admirar, quando se ouve o douto Marcelo dizer que não sei já quem "corre atrás do prejuízo".
Juízo é que escasseia, sobretudo àqueles que pronunciam paraolímpicos como se fosse paralíticos.
A nossa língua continua a recuar. Para trás, claro...

As novas armas


Em tempos, os países afirmavam a sua superioridade, impunham a sua lei através da ameaça que o seu poderio bélico constituía.
Pouco a pouco, fomos assistindo a uma certa forma de nivelamento de forças e à noção do risco flagrante de catástrofe universal em caso de conflito generalizado.
O nuclear, as armas químicas, o terrorismo suicida, tudo isso conduziria ao aniquilamento global, sem vencedores nem vencidos, todos desintegrados.
As duas armas mais poderosas são hoje o petróleo e o gás, como amanhã (se o houver) será a água.
Estamos a assistir à chantagem latente de uma Rússia possuidora de potentes armas energéticas e à arrogância mentecapta de um Chavez sentado à beira dos poços de petróleo com os quais desafia os americanos e o Mundo.
À imagem de Saddam Hussein.
Angola faz de Portugal uma colónia vergada à miragem do petróleo, dos diamantes e dos negócios colossais para a meia dúzia das grandes empresas do costume.
Chavez brinca à batalha naval correndo com o embaixador americano. Angola brinca às eleições, vira o disco e toca o mesmo, enquanto Portugal, atento e venerando, aplaude, sorri e finge acreditar que a democracia vem aí, devagarinho, estas coisas levam o seu tempo.
Quando o pescador chegou a casa, vindo do mar, mais cedo do que ela esperava, logo a mulher lhe recomendou "Não te descalces que vais ao petróleo".
Já nesse tempo o petróleo tinha um poder providencial...

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Será culpa dos carteiros?


Toda a gente sabe que os portugueses que vivem no estrangeiro votam maioritariamente PSD.
Não surpreende por isso que os admiráveis democratas socialistas se tenham lembrado de proibir aquela gente de votar por correspondência, como sempre se fez, querendo agora obrigá-los ao voto presencial.
A manobra é vergonhosa, não tanto pela marosca que gritantemente envolve mas, sobretudo, pela hipocrisia rasca patente na justificação do líder parlamentar Alberto Martins que nos vem, candidamente, falar de credibilidade e verdade democrática.
Por outras palavras, o voto por correspondência não é sério. Sê-lo-ia se fosse favorável ao PS, mas como o preferido é o PSD toca a alterar as regras do jogo.
Por amor à verdade, só falta o PS exigir um teste ADN a cada eleitor no momento do voto presencial, não vá dar-se o caso de o Zé não ser o Zé mas a Zoé.
É por estas e por outras que os portugueses se afastam da política, tanta é a mentira, tantas as jogadas sujas.
Diz o seráfico Martins que não nasceu ontem para estes combates. Infelizmente, é verdade...

Magia e azia


O futebol é um jogo simples e, em certas alturas, é aconselhável conservar a bola, por forma a não permitir iniciativa ao adversário.
Um velho senhor (José Maria Pedroto), que sabia alguma coisa de futebol, costumava lembrar uma coisa elementar, ou seja, que a bola se guarda colectivamente, ou seja, fazendo-a circular. Foi o que os nossos craques não souberam fazer. Por isso, à cambalhota de Nani seguiu-se a cambalhota no resultado.
Da magia passámos à azia.
E isto também porque Quim mostrou não ser melhor que Ricardo.
Lamentável a forma como o histérico Valdemar Duarte, da TVI, relata o jogo como se estivesse na rádio, esquecendo que estamos a ver o mesmo que ele.
Ainda por cima, elogiou vezes sem conta o desempenho táctico da equipa, enaltecendo exuberantemente a obra (?) de Queirós, vá lá saber-se porquê.
Já o comentador (Luís Sobral, creio) esteve muito bem, como sempre, sóbrio, sábio e sensato.
O "burro" brasileiro é que deve ter gostado...



terça-feira, 9 de setembro de 2008

A patetice segue dentro de momentos


Como o avião para Miami está atrasado, instalei-me no salão VIP e saquei do computador portátil para alinhavar duas considerações sobre Carlos Queirós que parece apostado em igualar Scolari na asneira.
Primeiro, os Sub-21 já foram eliminados, após o indecoroso empate, em casa, com a atabalhoada Irlanda.
Claro, não é culpa do Carlos inglês, mas até parece. Com efeito, é no mínimo ridículo afirmar que "marcar 9 golos em dois jogos é magia". Ó Carlos, contra as ilhas Faroé e Malta!
Eu não sei se aquilo é magia, mas a asneira e a baboseira são já mania.
Eu não sei se o burro é o outro, mas este já está a dar coices no telhado como a mula da Cooperativa do velho Max nascido na Madeira onde hoje os irlandeses envergonharam as nossas vedetas das passerelles, figuras de um (des)conjunto onde há um rapaz que tem a ousadia de se fazer chamar Pelé.
Não haverá por aí quem lhe assoe as ventas?

Adeus às teclas

Diz-se que quem fala no barco quer embarcar, o que talvez tenha algum fundo de verdade no que toca aos cruzeiros de homens muito homens, salvo seja e honni soit.
Por mim, amarro aqui o bote e volto para férias.
Até à próxima maré...

Porta fora


Todos sabemos que vergonha, honradez e dignidade são (ou foram) virtudes que distinguiam os homens que as circunstâncias colocavam em funções de responsabilidade.
Hoje, está implantada a ideia de que os políticos estão dispensados desses atributos.
Mais: é aceite com naturalidade que político sério seja um político condenado ao fracasso, cordeiro facilmente devorado pelos lobos implacáveis.
Daí que tenha sido possível a miserável perseguição de Menezes a Marques Mendes, com o autarca de Gaia de língua de fora, assanhado, sedento de poder ao ponto de não ser capaz de esperar pelo termo normal do mandato do então presidente do PSD.
O resultado foi o que se viu...

Igual vergonhosa figura fez Paulo Portas quando se atirou sujamente a José Ribeiro e Castro, sob pretexto de levar modernidade e ambição ao CDS-PP.
O resultado é o que se vê...

A diferença é que alguns Menezes podem ir, aqui e ali, fazendo rombos no casco do PSD sem que haja risco de afundamento, tantos são os comandantes capazes de segurar o leme.
Já o CDS-PP é uma casca de noz, uma jangada sem vela nem rumo, conduzida por um náufrago desmiolado, um lírico perigoso, um flibusteiro da intriga que deitou a bússola fora e garante ser o único a conhecer a rota das estrelas.
O resultado está à vista desarmada e destroçada como a jangada.

A única saída (se ainda houver uma) é o partido ficar reduzido à sigla CDS, deitando borda fora o PP, não o Partido Popular, mas o senhor Paulo Portas...

Insaciável Lobo


António Lobo Antunes acaba de ser distinguido com mais um prémio, nem percebi bem qual, tantos eles são, por esse mundo fora.
Este rendeu-lhe 130 mil euros, além do prestígio.
Na calha está já nova jornada gloriosa, por iniciativa do Governo francês que o vai agraciar com a comenda das Artes e das Letras, ou coisa parecida.
De comenda em comenda, o Lobo vai devorando honrarias e distinções, sem perder aquele ar de quem é sempre surpreendido pela escolha, quase pedindo desculpa por ser um escritor de excepção.
Numas hipotéticas olimpíadas da Literatura, o nosso António viria carregado de ouro, teria gasto a corda da bandeira que trepa no mastro e riscado o disco do hino nacional.

Enquanto isso, o tio José lá vai fazendo caretas e esbracejando à porta da Fundação que o doutor Costa lhe ofereceu (porquê ninguém sabe), estendendo aos passantes bilhetes postais antigos onde escreveu, com letra desalinhada, que o Nobel é ele, não o Lobo.
A vida tem destas ironias, e ninguém percebe por que carga de água atribuíram o Nobel ao homem.
Enfim, o Boavista também foi campeão nacional, pela mãozinha marota do senhor Loureiro.
Honni soit qui mal y pense...

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Pela popa ou "The Love Boat"


As coisas acontecem diante dos nossos olhos boquiabertos (como diria o outro) e o mais simples é colocá-las lado a lado, no jeito das conclusões de Hercule Poirot, e lembrar que está em Lisboa um cruzeiro de 2 mil gays.
Não, não são 2 mil réis, isso era noutro tempo, quando no Cais do Sodré desembarcavam marinheiros americanos, camones dos bons que distribuíam dólares às meninas e socos aos malandrecos indígenas.
Não, agora são mesmo gays, homens sexuais, como diz o Herman que, como é público, percebe do assunto.
Por coincidência (só pode ser) começa hoje a festa do Avante. Imagino que os 2 mil acabadinhos de chegar talvez preferissem umas festas não avante mas na ré. Ou na popa, por onde eles gostam de atracar.
Mais fiquei a saber que o nosso Vítor Baía chamou cobarde ao Scolari por este nunca ter revelado os motivos pelos quais o afastou da selecção.
Mais o acusa de ter encarregado um jornalista de divulgar umas asneiras a seu respeito.
Ou seja, o nosso Baía ainda não digeriu a ofensa e ataca Scolari porque não disse avante e mandou largar pela popa.
Perante isto, meus amigos, só me resta pôr o saco de lado e voltar para férias.
Por mais uns dias...

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Foi terror que pediu?


O cinema São Jorge vai ser o palco do Motelx, um festival de cinema de terror que durará cinco dias.
Ao que parece, a organização resolveu dispensar os filmes previamente contratados e prefere fazer economias, não gastando um cêntimo com essas produções e limitando-se a projectar as mais recentes imagens da onda de violência que assola o país em sessões contínuas.
Deste cartaz realista, destacamos os seguintes títulos:

- "Assalto à bomba de gasolina", filme em 31 partes com actores encapuzados.

- "Os reféns do BES", sem legendas, falado em brasileiro.

- "Tiro ao alemão", rodado no Allgarve.

- "A toque de caixa", filmado em vários tribunais, patrocinado pelo Multibanco.

- "Pretos e ciganos", drama pungente cujo título inicial foi "Venha o diabo e escolha".

- "As noites da Ribeira", versão moderna de "Aqui não, Bóbó".

- "Carrozeco", ou a angústia das grandes cilindradas.

- "Nada de alarmismos", espécie de "Música no Coração" realizado por Joseph Sócratys.

- "Paga e não bufes", assaltos quotidianos legalmente levados a cabo por Shell, Galp, BP e outros.

O Governo comprou todos os bilhetes de todas as sessões e o doutor Pedro Silva Pereira continua a dizer que as estatísticas nem são assim tão más. Pois não...

Santos e pecadores


Ninguém duvida da vitória do todo-poderoso MPLA nas eleições angolanas, e a única nota curiosa foi dada pelo presidente José Eduardo dos Santos ao prometer varrer do Governo todos quantos ponham os interesses pessoais à frente do bem-estar do povo.
Ficámos todos muito comovidos ao ouvir o santo homem que, de forma clara, garantiu que correria com todos os corruptos do Governo.
Os mais ingénuos ficaram radiantes com a intenção anunciada.
Os mais marotos perguntam se restará alguém nos ministérios.
Os mais distraídos julgam que estas eleições foram organizadas pela UEFA ou pela nossa Liga de clubes.
Dantes havia uma oração que rezava mais ou menos isto "Já o galo preto canta, já os anjos se levantam, etc."
Em Angola, o galo negro há muito que deixou de cantar e os anjos obedecem aos Santos que são os donos daquela república tão democrática que até vai às urnas.
Milhões de urnas e de minas ainda enterradas, milhões de estropiados, tal é o balanço e o fruto da luta fratricida que instaurou naquele riquíssimo país uma oligarquia insaciável.
Não foi para isso que tantos angolanos se bateram, não é esta a liberdade sonhada.
Miséria e terror a pretexto de uma pátria constituem um embuste que nenhum simulacro de eleições pode apagar.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

À mão??!!


Nem tudo vai mal neste nosso mundo. O petróleo está 40 dólares mais barato e as nossas queridas gasolineiras continuam a manter os preços lá em cima.
É um facto.
Mas há sinais de esperança.
A nossa deliciosa ASAE obrigou ao encerramento da cantina da Assembleia da República. Durante dois meses, os nossos queridos deputados vão deputar para outro lado, com senhas de restaurante, no Gambrinus ou no Tavares Rico, coitados.
Imagine-se (é verdade) que a ASAE não permite a utilização das mãos para fazer sair água das torneiras. Por razões de higiene.
Por este andar, não tarda que obriguem à colocação de luvas nas casas de banho dos homens e determinem o número máximo autorizado para as tradicionais sacudidelas post-libertação das águas.
Sim, porque se não deixam mexer
com as mãos nas torneiras da cozinha, por que hão-de ser mais liberais quanto às torneiras dos deputados?
Se usarem de igual rigor, nenhum deputado poderá proceder às usuais manipulação próprias da circunstância e do aperto ocasional.
Talvez a solução seja pedir a um colega deputado o obséquio de...enfim... estão a perceber?
Talvez haja quem não se importe. Afinal, se assim for, será a bem da Nação...

Banha banhista


A democracia tem destas coisas e, para certas mulheres, usar bikini é um direito e uma garantia, direito de fazer má figura e garantia segura de não passarem despercebidas.
Agora que se fala tanto de empreendedorismo (adorável vocábulo), deixo aqui uma sugestão para um negócio de sucesso mais que certo: a venda de espelhos.
Ao ver na praia mulheres de idade respeitável, com barrigas e rabos mais respeitáveis ainda, só posso concluir que não devem ter espelhos em casa.
É difícil perceber o que leva certas banhistas a mostrar o que deveriam esconder a todo o custo. Eu sei que gostos não se discutem, mas para tudo deveria haver um limite.
Mais avisada andaria a Polícia Marítima se deixasse os barquitos em paz e desse voz de prisão a portadoras de banhas exuberantes e com fios dentais enfiados no mais profundo de nádegas descomunais.
Não é uma questão moral, é simplesmente um problema de salubridade mental, de decoro, de respeito por quem está pacatamente sentado sob o toldo e não pediu para ver aquele desfile de carnes balofas penduradas, mamas caídas, rabos a transbordar do magro tecido, como uma maré que enche sem controlo.
Minhas senhoras, o bikini por si só não faz milagres, não aspira a celulite, não derrete a banha. Pelo contrário, acentua, sublinha, atira pela borda fora o excesso de bagagem.
Caras leitoras das revistas pindéricas, lembrem-se das criancinhas que brincam, inocentemente, na areia. Não as traumatizem, não as assustem, tenham piedade.
O que vemos nas nossas praias é o Portugal da Maria, dos delírios da Lili Caneças, das meiguices do Castelo Branco, das tardes da Júlia, das profecias da Maya.
É o que somos, não há nádega a fazer...

Assaltos no mar raso


Um dos meus amigos tem um barquinho de recreio em Sesimbra e acaba de o pôr à venda, revoltado com a impiedosa e ditatorial fiscalização dos ninjas da Polícia Marítima, os tais que aplicam multa de 300 euros a quem não leve a bordo um alfinete-de-ama.
No seu caso, embirraram por causa do rádio e, claro, saiu a coima da ordem, 300 euros, parece que é a tabela. E parece que 20% do pecúlio assim arrecadado vai para o bolso dos vigilantes dos mares que, destemidamente, arriscam a vida em abordagens temerárias a aiolas, charutos, pirogas, colchões de borracha, lanchas a remos e outros perigosos cruzadores do oceano.
Eu não sei o que pode a edilidade local fazer, mas esta violência que se apoia numa legislação afilhada da santa Inquisição está a provocar ondas de legítima indignação e a afastar turistas daquela bela praia.
Portugal é o país da caça à multa, dos guardas escondidos, dos abutres do estacionamento, da ratoeira ao utente, desde os tempos da famigerada licença de isqueiro até aos nossos dias, com a ajuda de radares dissimulados e o arrojado esforço destes heróis do mar dos Ursos que dantes andavam ao reminho pela borda d'água...